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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Saga dos neandertais na Ibéria e sua hibridação com H. sapiens



 A imagem popular dos Neandertais como bestas possantes, resistentes a condições adversas, mas de pouca inteligência, veio «explicar» durante decénios a extinção deste grupo de humanos arcaicos, à medida que se espalhava a população dos "Cro Magnon"* que são nossos ancestrais diretos, humanos anatomicamente modernos.

Porém, desde cedo, a imagem de brutamontes dos Neandertais estava posta em causa, pelo facto de existirem várias evidências de importações de tecnologias de talhe da pedra, oriundas dos Homo sapiens, pois estão já presentes em África, antes da última onda migratória para a Europa*. No entanto, essas técnicas foram copiadas e adaptadas por neandertais. As técnicas de talhe «Levallois» são tipicamente de transição entre a cultura Musteriense (típica de neandertais) e de «Homo sapiens sapiens».

Antes de estarem disponíveis as técnicas de análise de ADN antigo, João Zilhão e equipa (1998) levantaram a hipótese de que o Menino de Lapedo (ver vídeo abaixo), possuía inegáveis traços anatómicos de neandertal, embora fosse um «humano moderno».  Zilhão interpreta este hibridismo como sinal de que havia - disseminados na população a que pertencia o menino de Lapedo - genes originários dos neandertais. Tal como acontece com a nossa herança de genes neandertais, os cruzamentos na origem do hibridismo do Menino de Lapedo tiveram lugar muito tempo antes (milhares de anos).

No âmbito da genética das populações é sabido que os genes podem persistir ou desaparecer numa população ao longo das gerações, devido aos efeitos da selecção (selecção «darwiniana»), ou devido ao acaso.  Sabemos que quanto mais distantes no tempo forem os acontecimentos de hibridação  inter- específica,mais os genes importados estarão diluídos nas gerações subsequentes. 

Observou-se uma percentagem maior de genes de origem neandertal em populações atuais da Ibéria, em comparação com a percentagem em populações da Europa Oriental ou Asiáticas.  Este facto reforça um conjunto de evidências de que a extinção dos neandertais foi muito mais tardia na Ibéria, em relação a outras zonas que eles povoaram. 

Os documentários abaixo são interessantes. Em certos pontos, avançam com teorias ou hipóteses, para as quais não existe acordo na comunidade científica. Isso é o normal na ciência, que precisa do confronto de posições para o avanço nas pesquisas, nas investigações no terreno, nos debates teóricos...

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* Os primeiros humanos modernos (chamados de Cro-Magnon) chegaram à Europa há cerca de 45.000 anos. 




 Neandertais SOBREVIVERAM ATÉ 25.000 ANOS ATRÁS 




      CRIANÇA DE LAPEDO : hibridação H. sapiens x H. neanderthalensis


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domingo, 26 de novembro de 2023

CONVERSÃO AO JUDAISMO DO REINO KHAZAR ?

PROF. SHAUL STAMPFER (UNIV. HEBRAICA DE JERUSALÉM):


O prof. Stampfer apresenta argumentos que invalidam a lenda do rei Khazar ter-se convertido ao Judaísmo e o povo do seu reino, juntamente com ele. 

Creio que o reino Khasar, embora muito real, estava tão longe de Espanha, que era fácil fazer passar por verídica, uma história forjada. Na Idade Média, as pessoas ignoravam praticamente tudo da Geografia e da História de regiões longínquas. 
É um caso interessante de falsificação e de persistência de um mito. Qual o interesse em perpetuar uma história que assenta sobre praticamente nada? 

Uma hipótese, é de que o mito da conversão Khazar seria uma explicação para as diferenças genéticas entre judeus Ashkenazi (do Centro e Leste Europeu) e judeus Sefarditas (Península Ibérica e bacia mediterrânica). 
Recentemente têm sido feitos estudos de genética molecular, com o objetivo de esclarecer as origens das várias populações de judeus. Numerosos dados de sequências foram obtidos, nomeadamente: 
- A sequenciação de amostras de ADN autossómico, do cromossoma Y e do cromossoma mitocondrial. Num extenso artigo de revisão (*), pode ler-se a seguinte conclusão:

«Still, in spite of repeated efforts, there is no agreed upon criterion to identify Jews, and samples examined for the distribution of biological or molecular markers all depend on the preconceived biases of the investigators. Races, it is assumed, may differ in inherent properties that are evaluated differentially. But races are not biological-meaningful classification entities. And if so, why is racism a bad property? The answer must be: Because it provides socio-cultural justifications for discrimination on the basis of presumed and irrelevant biological properties.»


(*) «Genetic markers cannot determine Jewish descent», por Raphael Falk