O absurdo disto tudo é que muitas pessoas estão ainda em estado de negação psicológica (denial). Recebem estas informações, mas não conseguem descolar da narrativa governamental. Porém, tudo o que diz este notável video não apenas é real, como também está perfeitamente documentado.
A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
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terça-feira, 13 de junho de 2017
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
ESTADO, CAPITALISMO, MONOPÓLIO, GLOBALIZAÇÃO
Debaixo deste título deixo vários pontos de reflexão, que pretendem ir pra além de «uma definição de dicionário» dos acima-mencionados termos.
O Estado tem como elemento fundamental a coacção.
Mesmo quando não tem aspectos odiosos, a coacção existe e é aceite de forma generalizada. Que essa aceitação seja de bom grado ou mau grado, pouco importa. O facto é que a imensa maioria tem em atenção as leis produzidas pelo Estado: por exemplo, dificilmente alguém consegue deixar de pagar impostos, colectados em exclusivo pelo Estado, através das Finanças, do Fisco.
Não se deve confundir o Estado com os elementos que ocupam lugares-chave do mesmo. Como em todo o aparelho, as pessoas que o comandam são importantes, mas não são indispensáveis.
Outro atributo muito citado é o da exclusividade da força armada; não existe no conceito de Estado moderno lugar para forças militares ou militarizadas privadas ou que pertençam a uma qualquer facção particular. Porém, o Estado recorre cada vez mais a serviços de policiamento, de prisões, mesmo a forças combatentes (mercenários) privadas.
O Estado tem o papel de cunhar moeda, sendo isso citado como atributo de sua soberania. Porém, a partir do Euro, muitos Estados renunciaram a ter a faculdade de o fazerem, para confiar o papel de banco central a uma entidade supra-nacional, o BCE.
De facto, o Estado, apenas é um instrumento eficaz de coação porque as pessoas têm a sua vida dependente do mesmo; quer se trate de emprego público (frequentemente o Estado é o maior «patrão» numa sociedade), quer se trate de emprego privado, as relações de trabalho são reguladas por leis e acordos laborais. O que se designa por sector da economia «privada», não é mais do que a oportunidade dada pelo Estado, que alguns aproveitam: as oportunidades de «mercado» do capitalismo e tudo o resto, só são possíveis com inúmeros apoios estatais, directos e indirectos, desde a legislação, tribunais, organização burocrática, forças armadas, ensino, às infraestruturas de toda a espécie...
O capitalismo é frequentemente definido como modo de produção, mas esta definição deverá contemplar a historicidade deste. Pois nem sempre houve capitalismo, no passado remoto, e -provavelmente - será substituído por outro modo de produção no futuro.
A característica mais relevante do capitalismo não é a exploração, pois essa ocorreu também em sistemas feudais ou esclavagistas; é sim, o facto de que a organização da produção é relegada para o domínio individual. Isto é, não se trata de um sistema onde as decisões sobre investimento ou produção estejam centralizadas.
No capitalismo é reconhecido que será, em última instância, o interesse do capitalista (a maior parte das vezes associado a outros) a decidir e não o Estado ou outra entidade. Esse interesse em produzir algo ou fornecer tal ou tal serviço é determinado pela existência de uma necessidade da sociedade, uma necessidade que se traduz numa procura, num mercado.
A coisificação do próprio trabalho e do trabalhador, transformado em mercadoria, é a consequência desta disposição do sistema produtivo, não de uma perversidade intrínseca dos capitalistas.
A existência de capitalismo não se acomoda bem com a permanente intervenção do Estado no mercado.
Isto verifica-se, com uma grande acuidade, por exemplo, com a manipulação por entidades estatais ou para-estatais (bancos centrais) do «custo do dinheiro», ao fazerem baixar artificialmente a taxa de juro das obrigações soberanas. Arrastam assim toda a economia para um jogo perigoso, em que múltiplos actores fazem apostas arriscadas, tomam posições apenas porque os juros estão muito baixos. Com isso, tornam inviáveis os investimentos com menos rentabilidade imediata, dão um sinal ilusório de investimento produtivo, criam ilusões de rentabilidade em empresas e sectores que não são e acaba por ter um efeito destruidor de capital e da poupança.
A monopolização de sectores inteiros da economia desenvolveu-se numa escala sem precedentes no século XX. Os monopólios permitem que os preços ao consumidor sejam mais baixos, num primeiro tempo, apenas. Porém, trazem a destruição de muitas empresas, não só pequenas e médias, como também grandes, que eram a concorrência e permitiam que o consumidor pudesse escolher entre vários produtos/serviços, mantendo uma pressão para baixar os custos e preços. Na fase de domínio do mercado, os monopólios vão ditar os preços aos consumidores, aumentando o lucro em muitas ordens de grandeza. Inevitavelmente, esta monopolização da economia traz custos sociais, desemprego, mas também um abaixamento da qualidade e da diversidade.
Na economia dominada por monopólios, o Estado é apenas um regulador da «lei» instituída pelos monopólios, é um vassalo dos grupos corporativos. Com a financiarização da economia dos países afluentes, em particular a partir das últimas duas décadas do séc. XX, o sector bancário e os grandes fundos de investimento privados (hedge funds), vão dominar a economia e o próprio Estado, na medida em que impõem as normas de acordo com os seus interesses.
A globalização é um fenómeno correlacionado com a transformação do capitalismo, nos finais do século passado. O capitalismo deixa de estar limitado pelos factores nacionais.
O mercado de bens e serviços passa a ser global. Igualmente, o próprio mercado dos capitais é completamente globalizado, o capital pode circular sem qualquer impedimento, sem que os próprios Estados tenham direito a regular os seus fluxos.
Paralelamente, instaura-se um regime em que a não-existência de alternativa ao capitalismo, adquire carácter de norma.
Exemplifico com o tratado de Lisboa da UE, que instaura a obrigatoriedade dos países signatários (e quem depois aderir à UE) manterem uma economia «de mercado», um eufemismo de capitalista. Não importa que - eventualmente- os povos queiram sair do capitalismo e mesmo que explicitem este desejo nas urnas.
A globalização é um fenómeno exclusivo do capitalismo nos seus últimos estádios, em que a vontade popular deixou de ser - mesmo em termos meramente formais e jurídicos - o fundamento do regime. A globalização é, na essência, um extremar de posições imperialistas, pois através de instrumentos financeiros, consegue-se subjugar países como a Grécia, Espanha, Portugal, Itália, etc, amarrando-os à dívida.
Esta foi contraída por governos, sem o aval do povo, da mesma forma que foi feito com os regimes autoritários de países africanos, nos anos 70 e 80, com ajuda do FMI (programas de «ajustamento estrutural»).
O resultado, num e noutro caso, é um pesado fardo de endividamento, e consequente perda de qualquer semblante de independência nacional.
Note-se que a globalização anula a independência dos países mais fracos, naquilo que ela tem de mais básico, ou seja, deixando de haver possibilidade da população determinar, por escolha democrática entre vários partidos, qual o rumo para a sua própria vida. Note-se que não tem nada que ver com «internacionalismo». Este termo significa o oposto no sentido profundo, não se deve confundir com globalização.
É do interesse do povo e dos trabalhadores de qualquer país e de todos os países, que estes se libertem das cadeias do capital, das opressões, que impedem a sua plena afirmação, como nações oprimidas. Isto é internacionalismo.
O capital, habilidosamente, faz crer que foi a globalização que trouxe os avanços tecnológicos do presente: Porém, sabemos que foram o produto do trabalho humano, de incontáveis cientistas e técnicos, trabalhadores especializados ou não, dos mais variados sectores.
É falacioso o argumento de que «existe uma globalização boa». Porquê confundir este processo destrutivo com outra coisa, com o engenho humano em geral e com a natural tendência para a troca mutuamente vantajosa, na base do comércio?
terça-feira, 18 de outubro de 2016
O PRÓPRIO GRANDE CAPITAL CONFESSA...
ESPANTEM-SE…«a mudança é tão necessária quanto impossível»
Abaixo, transcrevo um artigo de análise do Deutche Bank.
Fui buscar o referido documento ao excelente blog ZERO HEDGE
The price of
dissensus
Anti-global
sentiment has been the loudest message of the current presidential campaign in the
US. The most likely origin has
been a buildup of discontent due to failure to develop a convincing
response to economic slowdown in the last years. This has recently emerged as
the main theme of public discourse. Current presidential campaign has highlighted
to what extent the Change is as necessary as it
is politically impossible.
The underlying
problem can be traced back to the fact that economic interests have become
increasingly global while politics, the ability to decide, remained
passionately local and, as such, unable to operate effectively at the planetary
level.
Power to act has
been moving away to the politically uncontrollable, global space and political
institutions have become irrelevant to the life problems. In that
configuration, growth comes at social costs. Impotence of politics reinforces
dominance of the global which undermines political power further. As a consequence,
mainstream parties are being blamed for bad economic situations and losing
their power and public support. Their representatives, both left and right, are
seen as representing interests of global capital and are perceived as defenders
of status quo.
Politics is viewed
as a problem, instead of a solution while social costs caused by this state of
affairs are being recognized and articulated by the emerging populist wings,
whose main novelty has been their hostility to global oligarchies. These parties have
been gaining traction in these elections. The erosion of cohesion within the
mainstream parties has been causing political reorganizations that transcend
traditional division into political left and right.
The political
landscape is no longer one-dimensional. Political manifold has developed a more
complicated topology. In addition to the left and right, there is a
“transverse” direction which represents the antagonism between the local and
the global. This is illustrated in Fig 1. Double red lines represent
antagonisms. The three corners are labeled metaphorically by the political
representatives who had highest visibility during the campaign.
Relative position
of the three political expressions are no longer defined by the modes of
proposed social organization (left/right), but also where
they stand relative to the global capital interests. The two populist wings are
opposed in terms of their preferred mode of social organization, but are unified in
terms of their opposition to global capital as well as to the political center
which is aligned with it. Although the elections are most likely to be won by
the centrist party, the voice of the populist
wings have been sufficiently loud that they could no longer be ignored. In all
likelihood, the new administration will be facing even more fractured consensus
than before where higher level of compromise and different alliances will have
to be forged -- if that is not done in the
first four years, the problem will return potentially even bigger in the next
elections. The concessions
are expected to have protectionist overtones while compromises and alliances
are expected to be made in the context of fiscal policy.
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