Uma simples reflexão: E se não tivéssemos feito rigorosamente nada para proteger o planeta das «alterações climáticas»? Não teríamos ficado todos melhor??
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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

DESVALORIZAÇÕES «COMPETITIVAS», DE NOVO?

                     



As desvalorizações competitivas das moedas ou divisas, também conhecidas pelo termo «guerras monetárias» são deliberadas descidas da cotação de uma moeda de um país face às outras, em especial face às competidoras. Esta política é tida como capaz de aumentar a competitividade dos produtos de exportação do país que leve a cabo essa política monetária. É suposto esta política encarecer as importações vindas de outros países, com moeda mais «forte». Esperam assim os governos enfraquecer os seus competidores e ficarem com uma economia mais forte, com uma parte maior dos mercados internacionais para os quais competem. 

Só que esta teoria está toda errada. Aquilo que se observa empiricamente, em relação a situações quer presentes, quer passadas, é substancialmente o contrário:

Os principais atingidos são os assalariados ou as pessoas reformadas, com um rendimento fixo, que sofrem o impacto da perda acelerada de valor da moeda, enquanto o montante dos salários e pensões permanece constante. Isto, obviamente, equivale a uma perda de poder de compra. Logo, o reflexo desta população é de poupar, de não fazer despesas fora do essencial. O resultado disto, é uma quebra no consumo, logo na economia interna do tal país que intencionalmente quebre o poder de compra da sua moeda. É um golpe na sua própria economia. É um castigo cruel e imerecido sobre os que têm pouco ou nada. 

Contrariando também o mito da competitividade externa, verifica-se que os outros países vão baixar os preços para exportação dos produtos em competição no mercado internacional. Isto dá origem a uma espiral descendente, em que todos perdem e ninguém ganha. 

Assim, os que resistem melhor a esta penúria auto-imposta, serão os grandes países, com muitos recursos, matérias-primas e produtos manufacturados cobrindo o essencial. 

Porém, os países médios ou pequenos, mesmo quando prósperos, irão «ao tapete» muito depressa, serão severamente castigados, mesmo que não tenham participado na «orgia de desvalorizações».

No contexto da nova administração Biden, parece que a «MMT» (Modern Monetary Theory) está triunfante como nunca esteve, ou seja, a teoria de que se pode imprimir, imprimir, imprimir, sem restrição para satisfazer o desejo de consumo do povo. Mas, o certo é que a prosseguirem no caminho, já encetado com Obama e Trump, o resultado será uma «Argentina» ou uma «Venezuela».

Nada será mais semelhante ao inferno na Terra do que os EUA, em que 30% da população já está em situação de carência alimentar.

Será uma aceleração da espiral descendente, com o efeito de destruir o resto de valor do dólar, o que irá desencadear a tal mudança de paradigma que os globalistas desejam tanto. 

Mas será o inferno, pelo menos para as pessoas comuns, em todos os países que seguem a doutrina de Washington. 

Quanto aos bilionários, estes estão sempre resguardados, mormente porque suas reservas de «cash» são uma porção diminuta dos seus activos. 

Por contraste, o grosso das poupanças de milhões e biliões de humanos, essas são denominadas em dólares ou moedas (todas, afinal) associadas - quanto mais não seja, pela sua cotação- ao dólar. 

Se a Reserva Federal fizer a vontade ao recém-empossado governo Biden, como tudo leva a crer, haverá uma aceleração da impressão monetária e uma correlativa destruição do valor da que ainda é moeda de reserva internacional, o dólar. 

Quem vê o que está «escrito na parede», põe-se ao abrigo, tendo o cuidado de transformar o máximo das suas posses em activos não financeiros. 

São exemplos destes: metais preciosos, não sob forma de ETF ou participação em fundos, mas físicos; alimentos, em especial os que possam ser armazenados por longo tempo; terra capaz de produzir em tempos de penúria alimentar, um bem ainda mais precioso... 

Por outro lado, as acções, obrigações, imobiliário... e suas bolhas respectivas, serão todas esvaziadas, com os detentores de tais activos a perderem fortunas. Já se viu isso em muitas ocasiões: o século XX teve dois grandes colapsos em 1920-23 e em 1929-36. 

A ignorância da História (aqui económica, principalmente) só conduz a que se volte a repeti-la, com as consequências trágicas que se podem antecipar.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

A ERA DAS GUERRAS HÍBRIDAS E O SEU SIGNIFICADO



Uma potência, os EUA, manteve-se de pé, após o colapso da sua opositora, a URSS, numa guerra «fria» (com muitos episódios «quentes»). Porém, começou também a entrar em colapso, agora. Entrou-se na era da dita « Guerra Híbrida».

Com efeito, os EUA aperceberam-se de que não podiam ganhar uma guerra convencional, mesmo com inimigos muito mais fracos do que eles. 
Como classificar, senão como fiasco, os quase vinte anos de ocupação do Afeganistão, em que os insurrectos Taliban dominam largamente províncias inteiras e estão, há anos, a negociar directamente (contra a vontade dos EUA) com os fantoches do governo «legítimo», instalados e mantidos por Washington? 
E como classificar o fiasco do Iraque, 17 anos depois da mortífera campanha destruidora, não apenas das capacidades militares, como da própria sociedade, do próprio tecido social? - Neste Iraque, a dinâmica vai no sentido de uma rejeição da tutela americana, de uma aproximação ao Irão (o arque-inimigo dos EUA) e de uma impossibilidade real de manutenção, no longo prazo, das numerosas bases militares americanas, mantidas para exercer pressão sobre os vizinhos (Irão, Rússia...) 
As guerras planeadas pelo Pentágono estão desenhadas, não para um triunfo rápido, mas para causar um máximo dano a toda a  sociedade, para fazer daqueles Estados, «Estados falidos». 
- Veja-se o exemplo da Líbia e da quase década de  guerra civil, que está a destroçar os restos dum país, outrora orgulhoso do nível de bem-estar da sua população, na era de Muammar al-Gaddafi... 

As constantes provocações dos EUA contra a República Popular da China, nos Mares do Sul da China, pela sua marinha de guerra, a guerra secreta e psicológica das suas agências de «inteligência» e todo o cortejo de sanções económicas (unilaterais; são, portanto, definidas pela ONU, como actos de guerra), fazem parte da guerra híbrida. Esta, tem sido levada a cabo constantemente por Washington, inaugurada pelo «pivot para a Ásia» de Obama e prosseguida pela administração Trump, embora sob controlo do «Estado Profundo». 
A fraqueza da administração Trump, em relação à política interna dos EUA, impediu que ele levasse a cabo plenamente o seu programa, de centrar a produção dos EUA no seu próprio solo e pondo um termo às guerras e às operações de «manutenção de paz» do Império.
Este  programa entrava em colisão frontal com os interesses da órbita financeira global, da oligarquia que domina, não apenas os mercados, como a política de Washington e das administrações que se vão sucedendo, entre presidentes republicanos ou democratas.

Um Estado em deliquescência, como venho avisando, é muito mais perigoso para a Paz, sobretudo, dado que está numa posição cimeira, como potência militar e como beneficiário dum sistema monetário internacional em crise mas, ainda assim, completamente distorcido para favorecer uma e só uma nação («exorbitante privilégio», como o designou Giscard D'Estaing ).

Qualquer incidente que surja nos mares da China, entre as frotas dos EUA e da R.P.C. será sempre uma ameaça de guerra muito séria. Se a China tivesse um comportamento análogo aos americanos, como o de patrulhar constantemente zonas costeiras do Golfo do México, roçando águas territoriais dos EUA, tal seria visto como intolerável provocação belicosa chinesa, em relação aos EUA.  
Pois, é exactamente o que acontece de forma inversa. Tanto mais,  que os EUA não têm absolutamente nenhuma reivindicação de águas territoriais nessa zona do globo. São, no entanto, causadores de instabilidade permanente, dificultando que a China, o Vietname, as Filipinas, a Indonésia (e outros), encontrem uma resolução negociada, pacífica, das suas divergências em relação à soberania de águas e ilhéus desse Mar.
O perigo que representa o comportamento agressivo dos EUA em relação a seus concorrentes, mostra que deixou de desempenhar o papel de uma «potência tutelar mundial» e que não aspira senão a manter a primazia (a hegemonia) a todo o custo, quaisquer que sejam as consequências, quer para os povos e nações com as quais se confronta, quer em relação à sua própria população.

Com efeito, uma potência mundial que se «respeite a si própria», auto-designada como «nação indispensável», nunca por nunca poderia dar mostras de incapacidade em gerir satisfatoriamente aspectos básicos da vida em comum, desde o combate à epidemia de Covid-19, até à resolução dos problemas profundos de desigualdade e de racismo. 
O mínimo da decência e bom senso, seria, perante as circunstâncias presentes, colocar entre parêntesis as suas ambições imperiais e mostrar uma face mais cooperativa ou, pelo menos, conciliatória com outras nações, para melhor enfrentar problemas mundiais na saúde, entre outros. 
Mas, isto seria não ter em conta o controlo férreo que os neoconservadores (neocons) possuem, em várias esferas do poder de Estado, em especial, na esfera da defesa e das relações internacionais. 
Se houver um agravamento da situação mundial, em especial com um aumento de nível do conflito dos EUA com a China, quem ganha com isso? 
A resposta parece-me que se deve encontrar na guerra interna (dentro do campo capitalista) entre globalistas e nacionalistas. 
Os nacionalistas (nos EUA) querem ver-se livres da herança de intervencionismo, de envolvimento do seu país nos mais diversos cenários internacionais. Querem reconstruir o tecido industrial, destruído pela oligarquia globalista, que exportou a capacidade industrial para países como a China e outros, assim obtendo, no curto prazo, astronómicos lucros derivados da exploração da mão-de-obra desses países, dez vezes (ou mais!) mais barata,  em comparação aos salários da mão-de-obra estadounidense. 
Os globalistas fazem tudo para sabotar a política de Trump, quando esta se orienta na direcção da retirada de cenários de guerra e de ocupação. Eles só ficarão satisfeitos se o expulsarem do poder, pondo lá alguém (Biden) que seja totalmente dócil aos seus propósitos.
Num ou noutro caso, o mundo não tem a ganhar com o triunfo, de uma ou outra facção. 

O único resultado positivo, para o mundo de hoje, seria uma perda efectiva e irreversível da hegemonia dos EUA, das suas classes políticas e empresariais. Sem isso, não é provável que jamais elas aceitem «jogar o jogo», como sendo mais uma nação entre outras; por outras palavras, serem actores num mundo multipolar. 
Não é certo de que tal mundo multipolar seja menos perigoso, nem relativamente mais justo, que o actual. 
Porém, é impossível a manutenção de uma situação de  hegemonia mundial, como desejam os neocons dos EUA. O mundo compreendeu isso; a cidadania americana está a despertar para esta realidade. A oligarquia americana terá de render-se à evidência ou ... será atirada para do caixote de lixo da História.