https://www.zerohedge.com/political/australia-pm-says-enough-enough-no-point-us-pursuing-assange
Albanese diz-se frustrado, mas não faz o óbvio: que seria exigir que o cidadão australiano Assange seja libertado pelo Reino Unido e que os EUA deixem de perseguir o jornalista fundador de WikiLeaks. Argumenta que está frustrado e que «basta é basta», mas não «pode fazer mais nada» senão exprimir a sua frustração! Isto demonstra como o primeiro-ministro da Austrália está subjugado ou submisso ao poder imperial americano. Com efeito, a Austrália tem colaborado com os EUA na construção de uma ameaça muito séria contra a China. Mas, essa colaboração monstruosa para desencadear uma guerra contra o maior parceiro comercial da Austrália (a China) poderia ficar fragilizada. Por isso, o primeiro-ministro australiano nunca se atreveria a exigir o fim da perseguição judicial contra Assange.
É evidente, pela peça citada acima, que Albanese não está a argumentar de forma coerente, pois ele não menciona sequer que Assange se limitou a fazer aquilo que a própria constituição dos EUA garante: a liberdade de informar. Muitos «whistleblowers» (dadores de alarme) fizeram exatamente isso, ou seja, publicaram informação confidencial que causava «problemas» à Administração dos EUA. Inclusive Obama não acionou um processo contra o fundador de WikiLeaks, devido ao facto de - em coerência com esse ato - ter de processar também a imprensa mainstream dos EUA e de países aliados, que publicara extensas peças, revelando os conteúdos de WikiLeaks.
Seja qual for o desfecho deste caso, a pessoa com mais mérito é Assange, pois revelou crimes de guerra das tropas de ocupação da OTAN no Iraque (não esquecer a conivência internacional num dos maiores massacres da história e o maior do século XXI). O autor dos crimes, o governo dos EUA e seus aliados, absolve-se a si próprio: Não houve a abertura de um processo-crime aos responsáveis hierárquicos dos horrendos crimes (mortes deliberadas de civis desarmados, tortura de prisioneiros, etc.) cometidos. Afeganistão, Líbia, Síria, Iémen, são outros países do Médio-Oriente e Norte de África, onde a potência da «rules based international order» mostrou em que consistia: Os EUA exercerem a sua hegemonia, à margem de qualquer princípio ético e as mais elementares regras de Direitos Humanos. A monstruosidade disto tem sido ocultada a uma parte do público, porque a media tem tido o papel nojento de atacar o divulgador desses crimes, da forma mais baixa, enquanto não diz nada sobre a natureza e gravidade dos crimes dos EUA e das potências coniventes(*).
Os próprios atos do aparelho da «justiça» americana, no caso Assange, expõem os imperialistas: Eles não estão interessados, senão em guardar o poder, mesmo que mostrem a todo o mundo que o seu conceito da «justiça» ou de «Direitos Humanos» é um cínico e vazio chorrilho de palavras. São palavras para ocultar os crimes pelos quais têm morrido e sofrido incontáveis inocentes (muitos milhões) em várias partes do mundo.
Assange, tal como outras pessoas que têm denunciado as derivas autoritárias dos governos, são os verdadeiros heróis, são aqueles que eu estimo: Estão ao lado das vítimas, com perigo para sua própria vida e liberdade. Altruisticamente, disseram a verdade.
Os Albanese deste mundo não me impressionam, apenas querem garantir que os seus eleitores sejam mais uma vez enganados e que votem por eles na ilusão de que eles são «pessoas de bem», mas «impotentes» para fazer algo!
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(*) As invasões do Afeganistão e do Iraque contaram com uma coligação incluindo países aliados da OTAN e outros.
1 comentário:
https://consortiumnews.com/2023/05/04/us-officials-confronted-on-assange-hypocrisy/
Neste momento um jornalista, cidadão americano, Evan Gershkovich, está preso pelos russos. A acusação diz que ele estava a cometer atos de espionagem sob pretexto de jornalismo.
É curioso que o Departamento de Estado use, para o jornalista americano preso, o argumento de que ele estava a fazer a sua função de jornalista. Pois esta mesma argumentação não «serve» para ilibar ou renunciar a extradição de Assange. Inúmeros são os factos que demonstram que ele é jornalista, no caso Assange.
Não tenho dados suficientes para ajuizar sobre o caso do jornalista americano na Rússia. No entanto, para casos em que - falsa ou verdadeiramente - jornalistas estejam a fazer o seu trabalho, o caso Assange surge como um «espada de Damoclés» que pode recair sobre jornalistas de qualquer nacionalidade e que estejam a realizar o seu trabalho.
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