A descoberta de um sítio arqueológico datado de cerca de 31 mil anos, revelando um povo antigo, povoando a Sibéria oriental, durante a época do máximo glaciar era, por si só, uma notícia de grande relevância antropológica.
Com efeito, nessa época do paleolítico como era possível os caçadores-recolectores viverem numa estepe gelada, caçando o mamute e o rinoceronte lanígero, com as tecnologias rudimentares da época?
Mas, como se não bastasse, dois dentes de leite de dois indivíduos distintos aí recolhidos forneceram o ADN para sequenciação total dos genomas.
A sequenciação revelou a existência de um povo desconhecido, aparentado aos Homo sapiens do paleolítico da Europa, mais do que aos Homo sapiens da Ásia.
A sequenciação revelou a existência de um povo desconhecido, aparentado aos Homo sapiens do paleolítico da Europa, mais do que aos Homo sapiens da Ásia.
Noutro sítio arqueológico siberiano, entretanto, um esqueleto fóssil de cerca de dez mil anos, revelava o seu ADN ser de um homem com características muito semelhantes aos mais antigos exemplares americanos cuja sequência do ADN foi obtida.
Ora, neste exemplar com 10 mil anos, cerca de metade dos genes aparentavam-se com os dos dentes de leite acima citados, sendo os restantes genes provenientes de populações asiáticas.
As populações de origem da América seriam provenientes de populações siberianas antigas, geneticamente aparentadas com europeus, que se tinham cruzado com populações asiáticas.
A descoberta da existência deste povo siberiano arcaico vem portanto resolver o mistério da origem do povo que passou pelo Estreito de Behring, então uma faixa de terra chamada Beríngia, que estava emersa devido à descida do nível do mar em centenas de metros, causada pela glaciação.
Note-se que os siberianos antigos, vivendo em plena época glaciar, eram povos nómadas, percorrendo longas distâncias em perseguição da caça. Não admira que, juntamente com a fauna que caçavam, tenham passado pela Beríngia e para lá desta, para o continente americano.
Entretanto, com o aquecimento do clima, a fusão dos glaciares e a subida do nível dos oceanos, as populações que se encontravam na América há cerca de 15 mil anos, ficaram isoladas das suas congéneres siberianas.
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