O reino da mercadoria (o capitalismo) foi sofrendo mutações que o adaptaram aos novos tempos, onde a automatização se substituiu ao trabalho biológico, de humanos e animais.
Assim se forma e se mantém um exército de desempregados, já não o proletariado «lumpen» dos séculos XIX e XX, mas com semelhante marginalidade em relação ao processo produtivo, onde simplesmente não têm lugar (nem como produtores, nem como consumidores).
A curto prazo, vai continuar a haver necessidade de manter esse novo lumpen numa falsa economia, em que pensam estar a contribuir para sua sustentação económica. Muitas das actividades na era pós-industrial são, na verdade, de utilidade marginal ou nula em termos de produção e acumulação de capital. Porém, esta organização social é conveniente, quer aos magnates, quer aos Estados, que estão ao abrigo de explosões sociais, insurreições e revoluções.
É - no entanto - um mercado artificial, criado à medida de uma sociedade decadente, vivendo do capital acumulado no passado e de novas acumulações, obtidas pela sobreexploração de países ex-coloniais ou neocoloniais*.
No longo prazo, haverá duas soluções possíveis:
A solução malthusiana (Thomas Malthus) consiste em fomentar guerras, fomes, catástrofes de toda a ordem, que dizimem a população supranumerária, para que os recursos terrestres cheguem para os restantes. Penso que tem sido, até agora, a orientação predominante.
A outra solução é a redistribuição da riqueza e do poder, mas não de maneira autoritária, como no «socialismo» ou «comunismo» estatista. Antes num novo paradigma, em que autonomia, autodeterminação e autogestão sejam - de facto - os princípios constitutivos das comunidades.
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[*Portugal é uma neocolónia dos países ricos da UE, ela própria uma província-protectorado da superpotência EUA.]
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