COMENTÁRIO DE MANUEL BANET.
É importante, hoje mais do que nunca, conhecer Alan Watts: O filósofo e o homem, os seus ensinamentos e a coerência das suas escolhas de vida. Mas, além disso, foi um dos mais lúcidos espíritos e um brilhante comunicador. Os seus ensinamentos são muito actuais, passados mais de 50 anos!
O audio acima deve ter sido gravado aquando uma de suas múltiplas conferências, nos anos 60 e 70.
O fenómeno da adição aos telemóveis e redes sociais agravou ainda mais o condicionamento brutal a que são sujeitos todos os indivíduos, mas com especial violência, crianças e jovens.
A necessidade de se estar «conectado», a ausência de interacção significativa presencial com os nossos pares, a monotonia e ausência de perspectivas de vida... tudo isso contribui para um enorme empobrecimento da experiência com o Mundo, com a sociedade, de que todas as crianças e jovens precisam.
O mundo dos smartphones é um mundo falso, que se torna um doença obsessiva, muito facilmente. As redes sociais são um ersatz dos verdadeiros contactos sociais, em relação à verdadeira sociabilização de que crianças e jovens necessitam para se desenvolverem, para formarem a sua personalidade, para construírem a sua identidade e relação com os outros.
A questão da irradiação a que estamos todos sujeitos (e mais ainda os utilizadores compulsivos de smartphones), tem sido ocultada como real problema de saúde pública, conforme o interesse das companhias gigantes de produção destes gadgets e as redes de distribuição de sinal para os mesmos. Mais uma vez, verifica-se o princípio de que o «poluidor nunca é pagador» e não é verdade que seja aplicada a regra de «poluidor - pagador»: pois se assim fosse, ou não haveria mais a tal fonte de poluição, ou haveria uma soma exorbitante de indemnizações, que inviabilizaria a rentabilidade do negócio.
Mas, pior ainda que a poluição electromagnética, é a poluição mental decorrente do fenómeno de adição às redes sociais, a necessidade compulsiva de conversar («chat») em todo lugar e a toda a hora, com amigos, namorados, colegas, etc.
As pessoas-zombies, são incapazes de um comportamento humano e civilizado; nem sequer conseguem utilizar a sua «droga electrónica» com moderação e discrição, onde quer que estejam. Parecem incapazes de viver sem esses pequenos objectos, que levam para todo o lado.
Assim, de forma bastante estranha, cumpre-se a profecia de Aldous Huxley do célebre romance «Admirável Mundo Novo», em que as pessoas estavam completamente amestradas, tomando uma «sôma» ou seja, uma droga, que lhes dava uma fictícia sensação de felicidade. Os senhores do mundo apenas tinham de fornecer-lhes esta droga para terem a sociedade inteira, voluntariamente, sujeitando-se à condição de escravos.
Algumas intervenções de ALAN WATTS: