O Prof. Börsing interpreta a peça num órgão Noorlander Valotti.
Jan Peterson Sweelinck (1562-1621) é o músico mais conhecido e importante nos Países Baixos, da época do final do Renascimento e dos princípios do Barroco, época designada por Maneirismo.
A sua influência ultrapassou muito as fronteiras do seu país, pois teve como discípulos distintos músicos da Alemanha do Norte e do Centro, assim como de Inglaterra e França.
O português Manuel Rodrigues Coelho e o castelhano Hernando de Cabezón (filho de António de Cabezón), embora não se possam considerar seus discípulos, têm traços estilísticos, nalgumas peças, que revelam influência do mestre neerlandês.
Esta é uma série de variações sobre a canção que dá título. Neste tipo de peça - tema com variações - o tema, seja ele profano ou sacro, irá sofrer transformações, onde a linha melódica pode ser mais ou menos alterada e ornamentada, fala-se aqui de «glosa» ou de «divisão». Também existem variações que incidem sobre o acompanhamento, a harmonia ou o ritmo.
As variações são uma importante base para o desenvolvimento histórico da música instrumental, iniciada um século antes da peça aqui apresentada, como se pode verificar pelo reportório ibérico da primeira metade do século XVI: numerosas canções foram transpostas para instrumentos de tecla, vihuela (uma forma de alaúde tipicamente ibérica) ou harpa.
As variações sobre obras vocais (profanas ou sacras) tornaram-se, assim, parte do reportório específico para os instrumentos de tecla (órgão, clavicórdio, cravo).
Enquanto a peça polifónica vocal (que fornece a base) é apresentada no início sem «floreados», mais ou menos como era cantada por pequenos conjuntos vocais, as variações vão incidindo sobre vários aspectos, superficiais e/ou estruturais da canção.
Nesta procura de surpresa e de exibição da habilidade de tanger, desenvolveram-se técnicas e linguagens específicas para os diversos instrumentos de tecla.