UM POEMA DIDÁTICO
A Besta não é racional; pode morrer, mas mata primeiro
A Besta não distingue o bem do mal; é insaciável
A Besta tem fragilidades; e não é sermos destemidos
É cortar-se a energia, o financiamento e o crédito
Assim, cozerá no seu próprio sangue enraivecido
Pode escoucear, mas a cada gesto mais se esgota
Ninguém precisa da Besta; antes pelo contrário
Ela precisa de todos nós; vive do nosso suor
Resgatar um mundo humano: basta querer
Cortem todo o contacto, boicotem todas as relações
Cancelem negócios; o que perdem, depois ganharão
Outra Terra se construirá, sem Bestas desumanas
Ela é como a Hidra, mas afinal tem um número
Finito de cabeças; enquanto elas espalham fogo
Fiquemos abrigados; quando ele se esgotar
O seu grande corpo mole será impotente
Ela tem a astúcia de pôr uns contra os outros
Agora, o jogo está tão à vista, ninguém cai
Quando dá uma dentada, morde sua cauda
Esbraceja no ar como um abutre despenado
Grita impropérios e obscenidades
Enquanto martiriza incontáveis inocentes
Mas o veneno espalha-se no próprio corpo
E abafa, na Besta, os pulmões e o coração
Que em breve seja o seu momento final
A esperança e o alívio dos justos