O surpreendente título acima, para muitas pessoas, apenas pode ser completamente compreendido para quem oiça atentamente a vídeo-conversa abaixo, entre Greg Mannarino e Lynette Zang.
De facto, chega-se à conclusão de que, contrariamente ao que muita gente pensa, o facto de bancos centrais emitirem mais dívida não os vai enfraquecer, pelo contrário.
Mannarino coloca a questão de maneira diferente; ajuda-nos a ver a realidade: «se eles têm um produto (único) que é dívida, quanto mais dívida colocarem, mais fortes ficam». É toda uma nova perspectiva que se desenvolve e as pessoas fariam bem em ouvir com atenção, qualquer que seja a sua posição «a priori».
Eu confesso que fiquei confortado com o facto de Mannarino expor claramente muitos dos meus receios de um «fascismo mundial», receios que eu temia expor publicamente, porque temia que as pessoas iriam desprezar completamente as minhas análises, como vindas de um louco, ou paranóico, ou conspiracionista, etc.
Infelizmente, tal como a Cassandra da antiguidade grega, as contemporâneas «Cassandras» (como Lynette e Greg) continuarão a dizer as verdades ao mundo, mas este vai continuar a ignorá-las, senão mesmo, rir-se delas.
Hoje em dia, quase todas as pessoas vivem dentro de uma redoma, invisível para elas, a «matrix» interior, que foi incutida pelos os inputs sociais, culturais, educativos, etc.
Elas nem se apercebem que têm sido manipuladas, assumem as «verdades ideológicas» como sendo suas. Pensam que são as mais espertas, mais inteligentes, etc...
O «Robin Hood» dos mercados, como é designado Greg Mannarino, é um broker (corretor) especial: ele diz aquilo que faz (onde investe, o que compra, o que vende...) aos subscritores do seu site e mesmo, em termos gerais, aos não-subscritores, em vídeos abertos, que qualquer um pode consultar no Youtube.
Mesmo quem não esteja investido na bolsa (como é o meu caso), pode aprender muito com ele sobre o funcionamento dos mercados financeiros.
Mannarino fala sobretudo do fenómeno nos EUA, o que é normal, mas não pensem que é muito diferente no contexto europeu, basta ver ISTO
Greg Mannarino é um famoso e experiente «trader» nos mercados de acções, obrigações e derivados. As suas convicções sobre a evolução das finanças dos EUA e mundial, são portanto alicerçadas na prática, não em teorias ou modelos matemáticos.
Mannarino crê que os Bancos centrais têm puxado para um extremar da dívida, para conseguirem o seu objectivo de controlo: serem eles os emprestadores e compradores de último recurso.
Sem a persistente e coordenada acção dos Bancos Centrais nos mercados, seria impossível as bolhas financeiras e outras, se desenvolverem como têm feito.
Se as unidades de conta - que são os dólares ou outras divisas - correspondem apenas à emissão de mais dívida, o ciclo torna-se muito rapidamente vicioso, ao postular-se, como os bancos fazem, que dívida é «riqueza», em substituição da riqueza real, tangível.
Nesta forma extremada da financiarização da economia mundial, tudo se transforma em ficção. É impossível determinar o preço de qualquer coisa: ninguém pode determinar o montante total da dívida pendente, ao nível mundial, muito menos se pode avaliar correctamente, tanto um activo financeiro (acções, obrigações, etc...), como um activo tangível, por exemplo, o imobiliário.
Esta distorção grave dos mecanismos de preços, tem uma consequência importante, para além da ilusão de riqueza de alguns: ela é causa de muitas decisões erradas na economia, em todos os domínios, em todas as escalas, pois o valor futuro do dinheiro não é estimável (por ninguém!) com um mínimo de objectividade.
A distorção causada pela emissão constante de dívida, para cobrir dívidas mais antigas e juros respectivos («QE» «quantitative easing»), conjugada com a supressão dos juros (juros próximos de zero ou negativos), para possibilitar a continuação do endividamento, tem consequências: inevitavelmente, chegará o momento em que todos esses dólares (ou outras divisas) a mais, a flutuar no espaço digital, acabarão por procurar adquirir «coisas», afectando a economia real.
Até agora, esses dólares têm sobretudo adquirido activos financeiros... daí as bolhas. Mas, num ou noutro momento, irá dar-se uma explosão dos preços em geral, uma hiperinflação, tal como já se verificou n vezes, no passado. As pessoas que não se preocuparam, ou não acompanharam a situação, e mantiveram o essencial dos seus activos em produtos financeiros, ficarão severamente afectadas.
Num instante, como na crise de Weimar de 1923, ruirão fortunas e os membros das classes média e alta ficarão na miséria.
Mas, não se pense que neste processo ocorre uma destruição de riqueza; ela apenas transita das mãos de uns, para as de outros. Nesta transição, os bancos comerciais maiores vão adquirir ainda mais poder.
Aqueles que viram com antecedência chegar esta crise e se posicionaram de forma adequada, estarão depois em condições de comprar «por tuta e meia» bens tangíveis, úteis ou valiosos. Os outros serão varridos, os que se mantiveram na ilusão de que a riqueza é equivalente a ter as carteiras de títulos recheadas de acções e obrigações.
Porém, todo o excesso de dívida [isso inclui, nomeadamente, o dinheiro «cash» e obrigações de empresas, ou Estados], terá que ser «queimado». Assim como o restolho, que se acumula na floresta e tem de ser removido e queimado, para as suas cinzas fornecerem nutrientes para novas plantas. Quanto às acções: elas terão quebras da ordem de 95%, em muitos casos, pois estão agora - em média - 30 vezes acima do valor real das respectivas empresas cotadas em bolsa.
É preciso não esquecer que, quando um grande número de entidades entra em falência, as pessoas que não participaram nos mercados financeiros, que apenas trabalham ou são pensionistas, também serão cruelmente afectadas.
Uma crise desta dimensão não se limitará ao sector financeiro: irá empurrar inúmeras empresas para a falência, mesmo as que tinham viabilidade, no longo prazo.
«O mundo não é governado por primeiro-ministros, presidentes, monarcas, etc. É governado por BANCOS»