Imagem: escrita cuneíforme
Gostava de construir novas palavras,
Delas fazer um vocabulário
Só meu, para meus leitores
Que pudesse partilhar
Como num dicionário
Mas sem o estafado sentido
Só me acodem palavras gastas
Daquelas que são ecoadas
Em inúmeras canções
De amor ou desesperança
Lançadas ao desbarato
Enfim, palavras chãs
Se ao menos pudesse
Com elas construir
Algo novo, inaudito
Seria o triunfo do som
Sobre a gramática fria
A síntese genial
Então, como bandeira
Envolveria teu corpo
De cores, sons e sentidos
Na imperfeita obra
Que o poema desvela
E toda a nudez revela
Pois renunciei ser
O mago dos versos
A Lua não me aquece
Prefiro o forte abraço
Do vento oceânico
No meu corpo tenso
Colhi todos os perfumes,
Cores e sabores da vida
Como jardim de mistérios
Serei mais qu' uma ave
Improvisando seu canto
Em harmonia perfeita?
Somos frutos tardios
De jardins tranquilos
Nem mais, nem menos
Nenhuma pretensão
Tivemos de profetizar
A luz que se esvai
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Murtal, 05 de Junho 2025
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