[*extraído do livro de poesia «Exercícios Espirituais» edições Mic, Estoril, 1985]
Meu amor não precisa
de nome
Não se diz nem vende
com palavras
Se alevanta com os
vendavais
De noite se vai deitar
nos trigais
Meu amor não precisa
de nome
Meu amor escreve-se
como «fruta»
Como breve chuva, logo
enxuta
Ou lenço regaço,
reverb’rado
Em muralha de linho
lavrado
Meu amor escreve-se
como fruta
Meu amor não é uma
ideia
Não discute «razões de
mercado»
É fluxo e refluxo na
barca
Iceberg, vulcão ou
pendão ou farpa
Meu amor não é uma
ideia
Meu amor a todos abre
os braços
Num sorriso de asa
partida
E, se visto a pele dos
sapos,
Desfralda, rindo, os
seus farrapos
Meu amor a todos abre
os braços
Meu amor não tem
mestre nem amo
Representa, em farsa
ou em drama,
Nos canteiros da praça
pública
A dádiva da Rosa
Súbita
Meu amor não tem
mestre nem amo
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