De vez em quando, apetece-me regressar ao meu tempo de juventude. Estes foram alguns, dois entre muitos, dos trechos que moldaram o meu imaginário.
Pertenço à geração que participou na revolução do 25 de Abril, cheia de ilusões, entusiasta, por vezes incoerente, mas que acabou por transformar a realidade!
Após tantas décadas, estas peças, musicalmente e poeticamente não envelheceram, mantêem a sua frescura. Porém, para apreciar plenamente estas canções, deve-se ter em conta o contexto da época (anos 1970) e as escolhas estéticas de um determinado número de criadores.
Os cantores-autores desta geração foram beber ao folclore por um lado e à poesia contemporânea por outro, para afirmar a sua dissidência em relação ao regime caduco, que morreu às mãos dos militares do MFA.
Nós achávamos, por volta de 1970, que as formas «alienadas» que dominavam as rádios, televisão e espectáculos, deviam ser contrapostas por uma arte comprometida na transformação revolucionária.
Sem utopias, sem ilusões, não há verdadeira transformação social. Isto é sempre válido, pois as pessoas precisam de mais do que meras razões «racionais» para se comprometerem numa militância, num ativismo. São as razões do coração, as que verdadeiramente comandam o desejo e a vontade.
Zeca Afonso (Cantigas do Maio); Manuel Freire (Pedra Filosofal)
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