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sábado, 21 de março de 2020

[OBRAS DE MANUEL BANET] O DIA EM QUE MORREU A CIVILIZAÇÃO DO DINHEIRO


[Por ocasião do Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2020]

                           
                             (imagem: mural de Banksy «Decadência Sustentável»)





Esta esgotada civilização já só se arrasta pelo mundo das aparências
Abandonámos o encanto da Natureza, o encanto do mistério cósmico, a troco de quê?
Duma arrogante e vazia pretensão de saber? Mas de que saber?
Um saber apostado em destruir, em desfazer o que é produto da Natureza.
O próprio saber ancestral dos homens - tudo!- foi espezinhado
Em proveito do deus dinheiro, o deus impiedoso,
Que sacrifica os humanos, os submete aos piores sofrimentos:
Estes ainda suspiram por suas cadeias, por seus alçapões fedorentos...

Há quem diga, perante esta esmagadora evidência, que a humanidade foi um erro do Criador, 
Que, em breve, ela se vai auto-extinguir neste planeta ínfimo, insignificante, nesta galáxia banal.
Mas, eu estou em desacordo com isso - não por ter esperança ou ilusão na bondade intrínseca dos humanos. 
Não; apenas que as civilizações são mortais, que esta civilização está a morrer
Em frente dos nossos olhos. Pois que morra! e nos libertemos! 

A civilização que vier, que não esqueça os abismos de estupidez  Destes longos decénios de decadência... 
Espero que saiba encontrar seu caminho
No respeito dos ecossistemas e do Cosmos. 
Caso contrário, nem valerá a pena construir nova civilização ...

Não sei quanto tempo irá durar a transição; 
Sei que virão grandes perturbações, haverá muita destruição, 
Mas será também um novo amanhecer. 
Que se cumpram as promessas mais belas: 
As que brilham no olhar das crianças.