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sábado, 30 de novembro de 2019

[Manlio Dinucci] F-35 LEVANTAM VOO COM ASAS BIPARTIDÁRIAS


                         


Lorenzo Guerini (PD), Ministro da Defesa do Governo Conte II, comunicou às comissões parlamentares, a passagem para a fase 2 do programa de compra dos F-35, da empresa americana Lockheed Martin. Passagem preparada pelo Governo Conte I: o Vice Primeiro Ministro Salvini (Lega) sublinhou, em Março passado, que “qualquer hipótese de abrandamento ou correcção do programa de compra dos F-35 seria uma perda para a economia italiana”; o Subsecretário dos Negócios Estrangeiro, Di Stefano (M5S) solicitou uma “revisão profunda dos acordos”, mas acrescentou que “se tivermos penalidades a pagar, certamente não entraremos na História por ter traído um acordo feito com empresas privadas: existe toda uma cadeia que deve ser respeitada”. Em Maio passado, o Governo Conte I autorizou “a construção e entrega de 28 caças F-35 até 2022 (os aviões entregues até ao momento são 13), cujos contratos foram completamente financiados”, obviamente com dinheiro público.
Em Outubro passado, em conversas confidenciais com o Governo Conte II, em Roma, o Secretário de Estado USA, Mike Pompeo, pedia à Itália para desbloquear a encomenda para uma compra posterior. O Ministro da Defesa Guerini assegurou-lhe, imediatamente, numa entrevista ao Corriere della Sera, que "a Itália é um país confiável e credível em relação aos compromissos internacionais: contribuir para o programa F-35 é um sinal tangível de nossa confiabilidade". Alguns dias depois, durante uma conferência de imprensa em Washington com o presidente Mattarella, o presidente Trump anunciou exultante: "A Itália acabou de comprar 90 novos F-35. O programa é muito bom".
A Itália confirma, portanto, o seu empenho em comprar 90, com uma despesa prevista de cerca de 14 biliões de euros. A essa é junta-se a não quantificável para a actualização contínua do software de caça. A Itália não é só compradora, mas fabricante do F-35, como parceira de segundo nível. La Leonardo - a maior indústria militar italiana, da qual o Ministério da Economia e Finanças é o principal accionista, com cerca de 30% - está fortemente integrada no complexo industrial militar USA. Foi, por este facto, escolhida para gerir a fábrica Faco, em Cameri (Piemonte), de onde saem os caças destinados à Itália e à Holanda. A Leonardo produz, também, as asas completas para os aviões montados nos USA, utilizando materiais produzidos nas fábricas de Foggia (Puglia), Nola (Campania) e Venegono (Lombardia). O emprego na Faco é de cerca de mil postos de trabalho, dos quais muitos são provisórios, apenas um sexto do previsto. A despesa para a construção da fábrica Faco e a compra dos caças são superiores ao valor dos contratos estipulados pelas empresas italianas para a produção do F-35. Do ponto de vista económico, ao contrário do que o governo alega, a participação no programa F-35 é um fracasso para o erário público.

O Ministro Guerini lançou a fase 2 do programa F-35 “sem uma avaliação de mérito e na ausência de uma declaração, em discordância com as indicações do Parlamento”, denuncia o deputado da LeU, Palazzotto, pedindo que o Ministro explique “em que base, assumiu, autonomamente, esta decisão”. Na sua “explicação”, o Ministro nunca dirá a verdadeira razão pela qual tomou essa decisão, não autonomamente, mas por deliberação do ‘establishment’ italiano. A participação no programa F-35 reforça a ancoragem política e estratégica da Itália aos Estados Unidos, integrando ainda mais o complexo militar industrial italiano no gigantesco complexo militar-industrial USA. A decisão de participar no programa é, portanto, uma escolha política, feita numa base bipartidária. Confirma-o, o facto da Liga, adversária do Partido Democrata, aplaudir o Ministro do Pd: “Observamos com satisfação, que sobre o F-35, o Ministro Guerini anunciou o início da fase 2”, declaram, unânimes, os legisladores da Liga. As principais forças políticas, em contraste uma com a outra, reagrupam-se, seguindo os Estados Unidos, “o aliado privilegiado” que, em breve, instalará em Itália, juntamente com os F-35, as novas bombas nucleares B61-12 projectadas, em particular, para estes caças da quinta geração.
il manifesto, 30 de Novembro de 2019







                                   

DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT, 
em todos os países europeus da NATO


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Webpage: NO WAR NO NATO