A reação ao horrendo atentado de Nice
vai desenhar um novo mapa da Europa.
Há alguns dias atrás, li algumas
análises e informações que me deixaram perplexo. Diziam essas fontes, algumas
delas provenientes de hierarquias de serviços secretos de França e da Alemanha,
que a população dos países europeus estava a chegar ao limite, devido aos
vários incidentes que envolviam muçulmanos, comunidades de diversos países
estavam à beira de uma onda de violência reativa. Pois bem; diziam também que
faltava apenas uma faísca para fazer explodir essas massas descontentes. Mas
não se tratava de insurreições contra os poderes manipuladores e opressores de
que essas fontes falavam. Mas antes uma radicalização no sentido da
extrema-direita, da xenofobia sem disfarce e violenta.
Os que se sentem ameaçados na sua
identidade reagem com extrema violência a aspetos, mesmo meramente simbólicos,
que venham suposta ou realmente pôr em causa o seu «way of life». O medo tem
sido a constante mais forte, a que movimenta as massas, as induz a fazer isto
ou aquilo.
O «Brexit» foi essencialmente uma
resposta do medo face a uma suposta invasão de estrangeiros.
As massas aterrorizadas farão qualquer
coisa, entregarão todo o poder, renunciarão alegremente às liberdades mais
fundamentais, entregarão o seu destino a qualquer demagogo que lhes prometa
«segurança» e «firmeza contra o inimigo» de forma suficientemente convincente
para suscitar a sua adesão.
As massas são crédulas e gostam de
«acreditar». Estamos, por isso, perante um momento muito difícil na Europa pois,
por um lado temos uma massa desinformada, por outro temos os poderes a
aproveitarem-se (ou suscitarem) de ataques terroristas, que (quase) ninguém
compreende.
Se nós interrogarmos a realidade como
ela deve ser interrogada, fazendo a pergunta chave «a quem aproveita o crime?»,
vamos inevitavelmente virar o olhar para a superpotência dos EUA, cujo império
está em declínio, ameaçado de desagregação, que sabe apenas poder manter os
seus vassalos da NATO debaixo de tutela, infundindo-lhes medo, persuadindo-os
que não poderão lidar com o problema sozinhos. Tentaram isso com a crise
ucraniana e demonização da Rússia; tentaram isso também com o islamismo
radical... Ambos os cenários são «operações em curso».
Os eurocratas, a «nata» dos dirigentes
europeus são vassalos abjetos do «Império» ou seja, dos verdadeiros poderes, da
grande finança, das grandes multinacionais...
É patético que o público se vire para
esses com esperança de que eles irão aliviar os europeus de seus medos
(ancestrais e recentes). É como esperar que a alcateia de lobos cuide e
proteja o rebanho de cordeiros.