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sábado, 15 de junho de 2019

ENTREVISTA A MICHEL CHOSSUDOVSKY: «Sem desinformação, a NATO desmoronar-se-ia»


Michel Chossudovsky fala sobre as conclusões do colóquio internacional na ocasião do aniversário da NATO, salientando como a opinião publica ignora a natureza desta aliança fictícia, os seus verdadeiros objectivos, o seu funcionamento e os seus crimes.

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Da esquerda para a direita: General Fabio Mini, intérprete, Michel Chossudovsky (de pé), Vladimir Kozyn, intérprete, Giulietto Chiesa, Manlio Dinucci (de pé).
Q:Qual foi o resultado da Conferência de Florença?
Michel Chossudovsky : Foi um acontecimento de máximo sucesso, com a participação de oradores qualificados dos Estados Unidos, Europa e Rússia. Foi apresentada a história da NATO. Os crimes contra a Humanidade foram identificados e cuidadosamente documentados. No final da Conferência, a foi apresentada a “Declaração de Florença” para sair do sistema de guerra.
Q : Na sua introdução, afirmou que a Aliança Atlântica não é uma aliança…
Michel Chossudovsky : Pelo contrário, sob o disfarce de uma aliança militar multinacional, o Pentágono domina o mecanismo da tomada de decisões da NATO. Os EUA controlam as estruturas de comando da NATO, que estão incorporadas nas dos EUA. O Comandante Supremo Aliado na Europa (SACEUR) é sempre um general americano, nomeado por Washington. O Secretário Geral, actualmente, Jens Stoltenberg, é essencialmente um burocrata encarregado das relações públicas. Não tem nenhum papel decisivo.
Q : Outro tema salientado por si é o das bases militares dos EUA, em Itália e em outros países europeus, mesmo no Leste, apesar do Pacto de Varsóvia ter deixado de existir desde 1991 e apesar da promessa feita a Gorbachov de que não haveria expansão para Leste. Para que é que elas servem?
Michel Chossudovsky : O objectivo tácito da NATO - um tema relevante no nosso debate em Florença - foi instalar, sob uma designação diferente, uma “ocupação militar” de facto, na Europa Ocidental. Os Estados Unidos não só continuam a “ocupar” os antigos “países do Eixo” da Segunda Guerra Mundial (Itália, Alemanha), mas usaram o emblema da NATO para instalar bases militares dos EUA em toda a Europa Ocidental e, posteriormente, na Europa Oriental, no prosseguimento da Guerra Fria e nos Balcãs, na continuação da guerra da NATO contra a Jugoslávia (Sérvia e Montenegro).
Q : O que mudou sobre um possível uso de armas nucleares?
Michel Chossudovsky : Logo após a Guerra Fria, foi formulada uma nova doutrina nuclear, focada no uso preventivo de armas nucleares, isto é 'first strike’ (primeiro ataque) nuclear como meio de autodefesa. No âmbito das intervenções USA/NATO, apresentadas como acções de manutenção da paz, foi criada uma nova geração de armas nucleares de “baixa potência” e “mais utilizáveis”, descritas como “inofensivas para os civis”. Os políticos americanos consideram-na “bombas para a pacificação”. Os acordos da Guerra Fria, que estabeleciam algumas salvaguardas, foram cancelados. O conceito de “Destruição Mútua Assegurada”, relativo ao uso de armas nucleares, foi substituído pela doutrina da guerra nuclear preventiva.
Q : A NATO estava “obsoleta” na primeira metade da presidência de Trump, mas agora é reactivada pela Casa Branca. Qual é a relação entre a corrida armamentista e a crise económica?
Michel Chossudovsky : A guerra e globalização andam de mãos dadas. A militarização apoia a imposição da reestruturação macroeconómica nos países-alvo. Impõe a despesa militares para apoiar a economia de guerra em detrimento da economia civil. Leva à desestabilização económica e à perda de poder das instituições nacionais. Um exemplo: recentemente, o Presidente Trump propôs grandes cortes na saúde, na educação e na infraestrutura social, enquanto exigiu um grande aumento no orçamento do Pentágono. No início da sua administração, o Presidente Trump confirmou o aumento da despesa para o programa nuclear militar, lançado por Obama, de 1.000 a 1.200 biliões de dólares, alegando que isso serve para manter o mundo mais seguro. Em toda a União Europeia, o aumento da despesa militar, juntamente com medidas de austeridade, está a levar ao fim o que foi designado como “Welfare State” = “Estado Providência ou de bem-estar social”. Agora, a NATO está sob pressão dos EUA para aumentar as despesas militares e o Secretário Geral, Jens Stoltenberg, declara que essa é a coisa certa a fazer para “manter a segurança da nossa população”. As intervenções militares são combinadas com actos simultâneos de sabotagem económica e manipulação financeira. O objectivo final é a conquista dos recursos humanos e materiais e das instituições políticas. Os actos de guerra sustentam um processo de conquista económica completa. O projecto hegemónico dos Estados Unidos é transformar os países soberanos e as instituições internacionais em territórios abertos à sua penetração. Um dos instrumentos é a imposição de fortes restrições aos países endividados. Para empobrecer vastos sectores da população mundial contribui a imposição de reformas macroeconómicas prejudiciais.
Q : Qual é e qual deveria ser o papel da comunicação mediática?
Michel Chossudovsky : Sem a desinformação distribuída, na generalidade, por quase toda a comunicação mediática, a agenda militar dos USA/NATO desabava como um castelo de cartas. Os perigos iminentes de uma nova guerra com as armas mais modernas e com o perigo atómico não são notícia de primeira página. A guerra é representada como uma acção de pacificação. Os criminosos de guerra são descritos como pacificadores. A guerra torna-se paz. A realidade está deturpada. Quando a mentira se torna verdade, não se pode voltar atrás.
Tradução 
Fonte 

quarta-feira, 24 de abril de 2019

DECLARAÇÃO DE FLORENÇA +CARTA DE APOIO DO «OBSERVATÓRIO DA GUERRA E MILITARISMO»

O risco de uma guerra gigantesca que, com o uso de armas nucleares poderia marcar o fim da Humanidade, é real e está a aumentar, mesmo que não seja percebido pela opinião pública, mantida na ignorância do perigo iminente.
É de vital importância, o empenho máximo em sair do sistema de guerra. Este facto levanta a questão da Itália e de outros países europeus pertencerem à NATO.
A NATO não é uma aliança. É uma organização sob o comando do Pentágono, cujo objectivo é o controlo militar da Europa Ocidental e Oriental.
As bases dos Estados Unidos, nos países membros da NATO, servem para ocupar esses países, mantendo uma presença militar permanente que permite a Washington influenciar e controlar as decisões políticas e impedir as verdadeiras escolhas democráticas.
A NATO é uma máquina de guerra que age de acordo com os interesses dos Estados Unidos, com a cumplicidade dos principais grupos de poder europeus, cometendo crimes contra a Humanidade.
A guerra de agressão conduzida pela NATO, em 1999, contra a Jugoslávia, abriu caminho para a globalização das intervenções militares, com as guerras contra o Afeganistão, Líbia, Síria e outros países, em completa violação do Direito Internacional.
Essas guerras são financiadas pelos países membros, cujos orçamentos militares estão constantemente a aumentar  à custa das despesas sociais, a fim de apoiar programas militares colossais, como o programa nuclear no montante de 1.2 triliões de dólares.
Os EUA, violando o Tratado de Não Proliferação, instalaram armas nucleares em 5 países não nucleares da NATO, com o pretexto da falsa “ameaça russa”, colocando em risco a segurança da Europa.
Para sair do sistema de guerra, que nos prejudica cada vez mais e nos expõe ao perigo iminente de uma guerra aniquiladora, devemos deixar a NATO, afirmando o direito de existir como Estados soberanos e neutros.
Desta maneira, é possível contribuir para o desmantelamento da NATO e de qualquer outra aliança militar, para a reconfiguração das estruturas de toda a região europeia, para a formação de um mundo multipolar no qual se concretizam as aspirações dos povos à liberdade e à justiça social.
Propomos a criação de uma frente internacional NATO EXIT, em todos os países europeus da NATO, construindo uma rede organizadora de base capaz de encorajar, a luta necessária e difícil, para alcançar este objectivo vital para o nosso futuro.
COMITATO NO GUERRA NO NATO/GLOBAL RESEARCH, Firenze (Italia), 07:04:2019
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CARTA DE APOIO DE «OBSERVATÓRIO DA GUERRA E MILITARISMO»

Abaixo transcreve-se a carta de apoio aos organizadores da rede criada em Florença, pela saída da NATO dos países europeus.
Queridos/as amigos/as,
Foi com grande alegria e esperança que soubemos e acompanhámos o Encontro de Florença e o sucesso da sua realização.
Sabemos que existem diversas forças, nos países da NATO, que se opõem e criticam a transformação desta aliança, num agente agressivo do militarismo e da opressão neo-colonial. Os seus dirigentes, parece não terem aprendido nada com a História. Os meios de comunicação de massas dos países ocidentais estão demasiado controlados pelo complexo militar-securitário-industrial, para preencherem a função de informar com objectividade e neutralidade o público. Muitos sinais inquietantes nos nossos países, por parte dos responsáveis do Estado e Governo, têm aparecido ultimamente, autoritarismo, atropelos à legalidade, indiferença às decisões judiciais.
No nosso país, Portugal, assiste-se a um falso unanimismo pró-NATO nos jornais e tvs, patente na maneira como noticiaram os 70 anos desta aliança político-militar, revelador do grau de controlo dos interesses dominantes sobre a media, incluindo os órgãos de comunicação públicos, em grande parte pagos pelos contribuintes. Por contraste, não vimos quaisquer reportagens, artigos ou entrevistas a personalidades com posições opostas à NATO, publicadas nesses mesmos órgãos de comunicação.
O «Observatório da Guerra e do Militarismo» foi fundado em Janeiro deste ano: tentamos dar informação sobre todos os assuntos relevantes para a paz. Em especial, damos a conhecer – em língua portuguesa- factos reportados noutras línguas, mas que não são reportados, ou são distorcidos na imprensa «mainstream» portuguesa. Estamos abertos a colaborações em Portugal e internacionais, tendo escolhido, desde o início, uma postura de respeito pelas posições de cada participante, sem tentar impor quaisquer ideologias, ou visões de partido ou de grupo. No entanto, temos posição clara em favor da paz e contra o militarismo, pelos Direitos Humanos, em todas as circunstâncias e lugares. 
Nós gostaríamos que existisse uma reunião de pessoas e organizações em Portugal, que desse corpo ao sector português da frente europeia, proposta na Declaração de Florença. Temos a certeza de que existem pessoas e de que até serão numerosas, porém estarão dispersas, ou desalentadas.
Caso tenham contacto com outras entidades portuguesas, transmitam – por favor – as nossas saudações e nosso sincero e incondicional desejo de cooperar com elas.   
Estamos disponíveis para continuar a veicular as informações e análises oriundas da frente europeia contra a NATO e de todas as suas partes constituintes.
Em paz,
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Dear Friends,
It is with joy and hope that we heard about and followed the Florence meeting and its sucessfull tenure.We know several forces, in the NATO countries, that are opposed to and criticizing the transformation of this alliance in an aggressive agent of militarism and neo-colonial oppression. Their leaders seem having learnt nothing from History. The mass media in the Western countries are under the military-security-industrial control, and unable to fulfill their task of informing the public with objectivity and neutrality. Many scary signals  have surfaced in our countries, lately – authoritarianism, violations of the rule of law, indiference towards court rulings.
In Portugal, our country, one can witness a false unanimous pro-NATO position in newspapers and TV’s,  translated in the way they have covered the 70th NATO Anniversary, revealing how under the control of dominant interests they are, even the ones of public property, paid by our taxes. By contrast, we didn’t see in such media, any reports, articles or interviews with people dissenting from NATO’s posture. 
We are open to cooperate in Portugal or internationally. From the beginning, we chose to respect the participant members points of view, without trying to impose any ideology nor partisan neither group views. Nevertheless we have a clear position in favor of peace and against militarism, for the Human Rights, in all circunstances and places.
We would like there is a gathering of Portuguese people and organizations, which will bring about the Portuguese sector of the European front, as proposed in the Declaration of Florence. We are sure there are people, even a lot of them, but some are dispersed or dishartened.
If you have contact with other Portuguese groups, we ask you to please give them our salute and tell them our sincere and unconditional desire to cooperate with them.   
We will continue giving information and analysis from the European front against NATO,  and from each of its constituencies.
In peace,
The publishing colective of «Observatório da Guerra e do Militarismo»