Desesperadamente procuro o sentido; não procuro por pensar que o irei encontrar, mas por impulso irracional, no que existe de humano, no âmago do meu ser.
Não sei se isto é defeito ou virtude, sinceramente. Mas, de facto, talvez seja defeito, pois sofro e nada ganho, nem meu sofrimento a outros aproveita.
Gostava de ser como a árvore ou como o rio que se estende sem perguntar para onde corre, sem se importar com as pedras nas margens.
Mas não sou árvore, nem rio, nem pedra. Gostava de ser animal e sentir. E meu saber ser instinto, e minha vida ser instantes sucessivos.
Mas também não sou o animal, simples produto da Natureza, nela imerso e dela participante. Sou homem, por isso sofro, pois vejo a degradação da espécie e seu sofrimento sob a opressão sádica e violenta.
Mas como posso fazer face a esta monstruosidade? - Deus não tem plano nenhum para nossa espécie, nem para todas as outras. Esta é a conclusão a que chego, agora.
Confortável ou não, esta conclusão parece-me o princípio de racionalidade neste tempo de violência, de desprezo pelas leis dos homens e da Natureza, de triunfo da morte, a par da estupidez e da vaidade...
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Poesia anterior publicada neste blog tem sido recolhida em OPUS I, OPUS II e OPUS III, de 2016 até 2024: https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/opus-vol-iii.html
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