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sábado, 23 de junho de 2018

A PANDEMIA DE ALZHEIMER


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As doenças ditas de civilização, como o Alzheimer, são uma manifestação de dois conjuntos de factores principais. 
Primeiro, o aumento extraordinário da esperança de vida nas sociedades afluentes. Este aumento foi tão rápido que os sistemas de pensões, de saúde da população, a estrutura dos empregos, múltiplos aspectos das referidas sociedades foram completamente «apanhados de surpresa». No Japão, por exemplo, estima-se que em 2050, 40% de pessoas tenha mais de 65 anos. Tal como para outras patologias, as demências resultantes de efeitos degenerativos complexos e múltiplos, sendo o Alzheimer apenas uma delas, são inevitavelmente destinadas a crescer, em termos gerais. Isto deve-se ao efeito da senescência, complexo de fenómenos que vai do encurtamento das extremidades (telómeros) dos cromossomas a cada ciclo de duplicação dos mesmos, até à perda da eficiência do sistema imunitário. Este, como sabemos, detecta não apenas corpos estranhos ao organismo (vírus, bactérias, etc), como também as próprias células que deixaram de se comportar normalmente e exibem características de células pré-cancerígenas ou cancerígenas. No caso das doenças causadas por corpos amilóides, que são proteínas do próprio organismo modificadas numa etapa pós-tradução, a acumulação no cérebro, formando placas destas proteínas, inicia-se antes de haver sinais clínicos da doença. Um conjunto de dados poderia indiciar que as referidas doenças cerebrais são uma inevitável consequência da idade.

Mas sabemos também que existem múltiplos factores não intrínsecos, não genéticos, como sejam a dieta, o exercício físico, a interacção social, os bons hábitos de vida, que têm um forte efeito preventivo. São estes, o outro conjunto de factores principais para se compreender as causas da pandemia de Alzheimer.

Na alimentação actual existe uma grande parte que é processada: como parte dos  procedimentos industriais para chegar à prateleira do supermercado em «boas condições» (aparentes) são incluídos aditivos diversos. 
Muitas substâncias podem passar os testes dos organismos que supervisionam a qualidade dos alimentos, mas que têm no entanto, em virtude de uma repetida ingestão, um efeito de longo prazo, que os referidos testes não são capazes de detectar. 
Existem, nos alimentos processados industrialmente, substâncias inflamatórias, que causam inflamação nos órgãos interiores, incluindo o cérebro, os quais reagem - assim como a pele reage a certas substâncias - desenvolvendo uma inflamação. Estas moléculas não causam problemas, se houver uma ingestão ocasional e em baixa quantidade, mas tornam-se patogénicas com a continuação da exposição do organismo. 
A prevenção do Alzheimar e doutras demências, tal como a prevenção da obesidade e da diabetes, passa pela não-ingestão de comidas e bebidas açucaradas, típicas do «fast food», mas também das refeições pré-preparadas congeladas, ou de muitas das comidas embaladas. 
Na comida industrial, adicionam açúcar em mais ou menos todas as comidas processadas, mesmo as não-doces, para - de forma sorrateira - causar uma adicção do consumidor, além de incluírem múltiplos componentes, inócuos em pequenas quantidades, mas com efeitos no longo prazo: alguns exemplos são os sulfitos, as proteínas de soja e a lactose (o açúcar do leite), e muitos mais se poderia referir.
Igualmente importante é uma dieta onde a carne (mesmo a mais saudável), o peixe e os tecidos animais em geral, os ovos, o leite e os seus derivados, estejam em proporção modesta.  
Foi repetidas vezes evidenciado o efeito nefasto na saúde em geral, dum excesso de proteína animal, muitas vezes acompanhado pela ausência ou menor consumo de fibras vegetais na dieta, erros tão comuns nas dietas das pessoas, tanto nas sociedades mais desenvolvidas, como nas camadas da população mais abastadas dos países pobres. 

A prevenção da demência senil, incluindo o Alzheimer, passa por exercício físico regular, moderado, ao ar livre. Passa por haver uma rede de relacionamento social das pessoas mais idosas, incluindo pessoas de família ou amigas com as quais possam manter uma interacção significativa. Infelizmente, a realidade das nossas sociedades está no pólo diametralmente oposto ao deste ideal.

A melhor maneira de prevenir e combater o Alzheimer, assim como a diabetes, o cancro e - em geral - as doenças «de civilização», é dar uma educação não-alarmista, mas fácil de assimilar, a toda a população. 
A prevenção é sempre melhor (e mais barata) que um tratamento, especialmente nos casos em que a génese da doença está correlacionada com uma acumulação de erros de comportamento alimentar, de ausência de exercício físico, de interacção social...

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