A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 3

[* poema extraído do livro Exercícios Espirituais, 1985, Edições MIC (Estoril)]



A SOMBRA DE POLICHINELO

  


Fora de todas as paisagens
Resta a paisagem do olhar
Enquanto vagueias pelo quarto
Dilacerado
E a sombra te acompanha
Rindo do teu ar louco
Indiferente a sentimentos
Cínica e titubeante
Analogia do seu dono.




terça-feira, 23 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 2

[* poema extraído do livro Exercícios Espirituais, 1985, Edições MIC (Estoril)]


AS HORAS DE ARLEQUIM


Desenlacei o olhar
Da página branca
Da aurora multicolor…
Debrucei-me sobre o raio
De luz que sai de uma telha
Partida, colocada neste lugar
Não se sabe por quem, nem para quê…
Afaguei o pelo quente do meu gato
Dizendo segredos em voz alta
Mas que ninguém pode perceber
Pois partilham a sua nudez
Com os muros leprosos
Batidos pelo sol e os ventos…
Repovoei a mesa de carvões,
De sementes, de tampas de canetas,
De espátulas misteriosas, de conchas,
De cachimbos, de caixas sonoras,
E fui mordiscar uma maçã
Frente às gelosias, com poeira d’oiro
Nas pestanas…
Embati de novo contra a lâmpada
Vermelha das noites estonteadas
Pelo zumbido dos insectos…
Decifrei - a custo – uma inscrição
Gótica nos veios da madeira
Da cómoda, mas sem saber ao certo,
Se a deva tomar como um testemunho
Da progressão do caruncho,
Ou se apenas, como mais uma maliciosa
Partida do meu punhal malaio…
Finquei os dedos no dossel
Do cadeirão, apertando-o
Até ele sussurrar o nome
De São Cristóvão
Isto a propósito do debate
Metafísico
Entre os ramos das árvores
E os pardais, evidentemente…
Sorvi uns decilitros de chá verde
Com a convicção própria de quem
Mergulha num poço onde
Se reflecte o luar…

E deixei-me cair no divã
Exausto por mais esta galopada
Imóvel pelos descampados
Das alcatifas,
Por estes telhados loucos
Como teclados de órgãos
Tangidos por algum frade
Possesso do demónio…






segunda-feira, 22 de maio de 2017

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 1



[* Poema extraído do volume publicado em 1985 pelas Edições MIC (Estoril)]

A Sabedoria da Aranha*



Os que se movem sobre arames tensos
Em praças inundadas de povo
Ao rufar dos tambores locazes;
Os que praticam o ritual´
Do fogo nas crateras dos vulcões;
Os que sabem extrair profecias
Das pirâmides de algarismos;
Os que cruzam os mares
Boreais em veleiros de madre-pérola;
Os que se vestem de vento e de espuma
Nas dunas incertas da memória;
Os que se despedem todas as manhãs
Da claridade diurna, mergulhando
Nos labirintos de quartzo e feldspato;
Os que escutam imóveis as harmonias
Das esferas;
Os que recobrem suas faces com
As máscaras articuladas dos espíritos
Da selva;
Os que se transmutam dentro dos cadinhos
De porcelana dos corpos virginais;
Os que imitam o piar das aves nocturnas
Para desorientar os caçadores;
Os que devolvem as sementes à terra
Com gestos de sacerdotes;
Os que domesticam a sua própria
Sombra nas paredes anémicas dos asilos;
Os que tocam sempre o mesmo realejo
Debaixo das mesmas árvores, das mesmas
Ruas, dos mesmos bairros, das mesmas
Cidades;
Os que inventam festins e palácios e
Jardins e bailes sumptuosos sentados à mesa
De uma taberna sombria;
Os que lavam a roupa na água
Turbulenta dos riachos da serra;
Os que sopram as candeias depois
De todos se terem recolhido a seus quartos;
Os que moem o trigo;
Os que amassam o pão;
Os que o cozem em fornos de lenha;
Os que o movem sem um prévio ritual
De gestos rápidos, olhares furtivos e lábios mecânicos;
Os que desenham um sorriso
Quando se cruzam com namorados
Num jardim;
Os que não contabilizam as boas acções
Numa agenda ensebada;
Os que assobiam canções enquanto esperam
pelo eléctrico;
Os que tomam «actínia» pelo nome
De uma flor exótica;
Os que sonham de olhos abertos;
Os que roubam frutos nos pomares;
Os que riem com os olhos;
Esses,
Esses compreendem que quero dizer
Quando afirmo
Que…
«A poesia deve ser feita por todos.
Não por um» (Lautréamont)





domingo, 21 de maio de 2017

CRÍTICA DA MEDIA DE MASSAS - ANÁLISE DE «VALEURS ACTUELLES»


Embora centrado nesta revista com difusão (quase) só em França, tem interesse pois os processos são aplicados pela imprensa equivalente em todos os países.



quinta-feira, 18 de maio de 2017

BENNY GOODMAN E O SWING DOS ANOS TRINTA


 (clicar nas legendas para explicações sobre estas canções)

                                          

                                                Smoke Gets in your eyes



                                                          KING PORTER STOMP 


                                                      THIS FOOLISH THINGS



                                                 

                                                             St. Louis Blues



                                      Why Don't You Do Right