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segunda-feira, 9 de julho de 2018

CONTAS PÚBLICAS NOS EUA - A CATÁSTROFE APROXIMA-SE

Comento algumas tabelas e gráficos, abaixo, que ilustram o artigo de Egon Von Greyerz

A tabela abaixo faz o historial dos balanços entre as colectas de impostos e os défices federais, desde 1981. Note-se o comportamento exponencial dos défices, enquanto as receitas têm um crescimento linear modesto, no melhor dos casos. 

                 

A dívida federal vai-se acumulando de maneira insustentável. Tenha-se em conta o facto de que a dívida tem sido colmatada com empréstimos obrigacionistas, as «treasuries», sendo que estas obrigações soberanas recebem juros, os quais são inscritos no orçamento federal. Em pouco tempo, o montante dos juros será superior às receitas dos impostos. 


Von Greyerz vê como provável que a dívida atinja o valor de 40 triliões de dólares, em 2025. 

Costuma-se apontar as mazelas europeias, mas a imposição dos programas de austeridade da União Europeia e a política do Banco Central Europeu estão a anular os défices, estão a conseguir controlar as contas públicas (apesar da Grécia, de Espanha, de Itália) 
... Por contraste, o défice dos EUA vai-se acentuando, sendo notória, no gráfico seguinte, a divergência entre os EUA e a UE.

                                                                      








Claro, existe o Deutsche Bank, um banco privado alemão, com uma internacionalização tal que faz dele o maior banco europeu e um dos maiores bancos mundiais: tudo indica que, ao mínimo abanão no sistema, o DB irá dar um grande trambolhão. 
Abaixo, a evolução do valor das acções do DB, em sobreposição com  a evolução do Lehman.


Não existe nenhum pedaço «saudável» na economia de casino ocidental... O colapso do DB será ressentido em todo o mundo como o de um «novo Lehman Brothers», com efeitos em todo o sistema financeiro mundial.                      

É impossível fazer o «bail in» ou «bail out» («resgate interno» ou «resgate externo») de um monstro deste tamanho. Tem activos com dimensão equivalente a 50% do PIB alemão e uma carteira de derivados de 14 vezes o mesmo PIB!


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

DESTRUIÇÃO DO VALOR DAS MOEDAS-PAPEL

Leia na íntegra  aqui o notável artigo de Egon von Greyerz, um especialista em metais preciosos, gerente de uma instituição que armazena ouro e prata fora do sistema bancário, em cofres seguros. Tem transmitido aos seus clientes e ao público em geral a noção da historicidade do que chamamos «dinheiro», mas que deveríamos chamar «divisas», pois não repousa sobre nada senão a promessa do governo que emitiu a respectiva divisa. O termo latino «fiat» na expressão «fiat money» quer dizer isso: o que garante seu valor é meramente um acto de fé. Mas fé em quê? Na palavra do governo....
Abaixo, vejam um quadro* do referido artigo, que poderá dar-nos uma ideia sobre o que está verdadeiramente em jogo e quem vai ser ganhador e perdedor do propalado «reset». 

A elite começou há muito a converter parte da sua fortuna em metais preciosos. 
Não me surpreende, porém, que seus escribas de serviço (em faculdades de economia ou em jornais económicos) se esmerem a difamar o ouro e lhe atribuam responsabilidades nas disfunções de sistemas monetários passados, que ele claramente não tem. 
A cegueira ideológica de pessoas que assimilaram acriticamente uma espécie de vulgata do keynesianismo é vista com agrado pelos muito ricos, para manterem controlo sobre o sistema. Assim, as multidões continuarão a acreditar no sistema financeiro presente e em toda a economia especulativa que ele suporta, não vendo como relevante fazer precisamente aquilo que eles, muito ricos, fazem com o seu próprio património, em tempos de crise: salvaguardá-lo em bens não financeiros: ouro e prata (mais fáceis de transaccionar e transportáveis), imobiliário, terras agrícolas, joias, obras de arte, objectos de colecção... 

(*) 

Egon von Greyerz Warns £, $, €, & ¥ Will Be Worthless Within 5 Years, Gold $10k & Silver $500 GUARANTEED


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A perda inelutável de valor das moedas, nomeadamente do dollar, que funciona como a moeda de reserva mundial, tem como corolário a hiperinflação. 
A inflação monetária pelos bancos centrais emissores, sobretudo desde a crise de 2008, tem beneficiado uma pequena elite, detentora do capital financeiro, que tem tido acesso a empréstimos com juro próximo de zero. Com um privilégio desses, não é arriscado jogar na bolsa e comprar títulos, muitas vezes da própria empresa, para inflacionar a sua cotação. 
Esta hiperinflação está confinada aos domínios da especulação financeira, traduzindo-se em bolhas que acabarão por rebentar. Isto, tal como eu explicava num artigo deste blogue, não se observa agora nos artigos de consumo corrente, não passou ainda de «Wall Street» para «Main Street». Por isso, as pessoas estão completamente despreocupadas, pois não vêem nada parecido com uma hiperinflação no horizonte.
Porém, deveriam estar, pois este género de hiperinflação ocorre assim que os agentes económicos perdem confiança na moeda-papel. Se os bancos centrais estão apostados em fazer diminuir o valor das divisas que emitem, chegará o momento em que essa emissão de moeda (hiperinflação monetária) se irá traduzir na completa perda de confiança da parte dos diversos intervenientes na economia. 
Foi assim com a hiperinflação na república de Weimar (Alemanha, 1922-1923) com o dollar do Zimbabwe (que, quando lançado, estava em paridade com o dollar US), com a crise da Argentina, com a crise venezuelana, etc... Simplesmente, os agentes económicos (internos e externos) deixam de ter confiança no governo (no sistema emissor de papel-moeda), na sua capacidade de pagar integralmente as dívidas. 
Nessa altura, muita gente fica completamente arruinada, de um dia para o outro. Tal acontece, porque o fenómeno da hiperinflação não é de evolução progressiva, que vai aumentando linearmente: a hiperinflação é um fenómeno exponencial, ou seja, a progressão, com o tempo, é geométrica. Num ápice, o valor do dinheiro é completamente destruído.