A Cimeira lança a NATO no Espaço,
custos até às estrelas
Manlio Dinucci
Realiza-se em Londres, em 4 de Dezembro, o Conselho Atlântico Norte dos Chefes de Estado e de Governo, que celebra o 70º aniversário da NATO, definida pelo Secretário Geral, Jens Stoltenberg, como “a aliança mais bem sucedida da História”.
Um “sucesso” inegável. Desde a demolição através da guerra, da Federação Jugoslava, em 1999, a NATO alargou de 16 para 29 países (30, se agora incluir a Macedónia do Norte), expandindo-se para Leste, muito próxima da Rússia. “Pela primeira vez na nossa História - sublinha Stoltenberg - temos tropas prontas para combate no Leste da nossa Aliança”. Mas a Organização do Tratado do Atlântico Norte foi além disso, estendendo as suas operações bélicas às montanhas afegãs, e através dos desertos africanos e do Médio Oriente.
Agora a Grande Aliança ambiciona mais. Na Cimeira de Londres – anuncia, antecipadamente, Stoltenberg - os dirigentes dos 29 países membros “reconhecerão o Espaço como nosso quinto campo operativo”, que se junta ao terrestre, ao marítimo, ao aéreo e ao ciberespaço. “O Espaço é essencial para o sucesso das nossas operações”, sublinha o Secretário Geral, deixando perceber que a NATO desenvolverá um programa espacial militar. Obviamente, não fornece detalhes, mas informa que a NATO assinou um primeiro contrato de 1 bilião de dólares para modernizar os seus 14 aviões AWACS. Eles não são simples aviões radares, mas centros de comando voadores, produzidos pela Boeing americana, para a gestão da batalha através de sistemas espaciais.
Certamente, quase nenhum dos líderes europeus (para a Itália, o Primeiro Ministro Conte) que, em 4 de Dezembro, “reconhecerão o Espaço como o nosso quinto campo de operativo”, conhece o programa espacial militar da NATO, preparado pelo Pentágono e pelos altos comandos militares europeus subordinados, juntamente com as principais indústrias aeroespaciais. Muito menos sabem os Parlamentos, como o italiano, que aceitam qualquer decisão da NATO, sob comando USA, sem se preocupar com suas implicações político-militares e económicas.
A NATO é lançada no Espaço no prosseguimento do novo Comando Espacial criado pelo Pentágono, em Agosto passado, com o objectivo, declarado pelo Presidente Trump, de “garantir que o domínio americano do Espaço nunca seja ameaçado”. Trump então anunciou o estabelecimento subsequente da Força Espacial dos Estados Unidos, com a tarefa de “defender os interesses vitais americanos no Espaço, o próximo campo de batalha da guerra”. A Rússia e a China acusam os EUA de abrir caminho para a militarização do Espaço, alertando que têm capacidade para responder. Tudo isso aumenta o perigo de guerra nuclear.
Mesmo que o programa espacial militar da NATO ainda não seja conhecido, uma coisa é certa: será extremamente caro. Na Cimeira, Trump pressionará os aliados europeus para que aumentem as suas despesas militares para 2% ou mais, do PIB. Até agora, fizeram-no oito países: Bulgária (que elevou para 3,25%, um pouco abaixo de 3,42%, dos EUA), Grécia, Grã-Bretanha, Estónia, Roménia, Lituânia, Letónia e Polónia. Os outros, apesar de permanecerem abaixo de 2%, estão empenhados em aumentá-la. Impulsionada pela enorme despesa USA - 730 biliões de dólares em 2019, 10 vezes superior à da Rússia - a despesa militar anual da NATO, segundo dados oficiais, ultrapassa 1 trilião de dólares. Na realidade, é superior à indicado pela NATO, pois que não inclui vários elementos de natureza militar: por exemplo, o das armas nucleares dos EUA, inscrita no orçamento, não do Pentágono, mas do Departamento de Energia.
A despesa militar italiana, que subiu do 13º para o 11º lugar no mundo, ascende, em termos reais, em cerca de 25 biliões de euros por ano, sempre a aumentar. Em Junho passado, o Governo Conte I adicionou 7,2 biliões de euros, também fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Económico, para a compra de sistemas de armas. Em Outubro, na reunião com o Secretário Geral da NATO, o governo do Conte II prometeu aumentá-la constantemente em cerca de 7 biliões de euros por ano a partir de 2020 (La Stampa, 11de Outubro de 2019).
Na Cimeira de Londres serão pedidos à Itália mais biliões de dinheiro público, para financiar as operações militares da NATO no Espaço, enquanto não há dinheiro para manter em segurança e reconstruir os viadutos que desabam.
Il manifesto, 3 Dezembro 2019
DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT,
em todos os países europeus da NATO
Manlio Dinucci
Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail. com
Webpage: NO WAR NO NATO
Email: luisavasconcellos2012@gmail.
Webpage: NO WAR NO NATO
4 comentários:
Ver declaração e convocatória de manifestações em Portugal:
http://gffreepages.blogspot.com/2019/12/sim-paz-nao-nato-nao-cimeira-belicista.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+FreePages+%28Free+Pages%29
Medea Benjamin tem razão: a NATO está obsoleta e Trump na sua campanha à presidência disse as palavras sensatas «NATO is obsolete», embora depois as tenha contradito pela sua prática como presidente.
https://www.globalresearch.ca/trump-right-nato-should-obsolete/5696524
Só o fim da NATO pode dar paz ao «Sul» e a nós mesmos: https://www.youtube.com/watch?v=hWnflQf5XCY
Uma análise de Guillaume Berlat sobre a NATO:
https://www.les-crises.fr/londres-29-membres-en-otan-exit-par-guillaume-berlat/
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