Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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quinta-feira, 2 de junho de 2016

As Razões do Coração

De vez em quando, apetece-me regressar ao meu tempo de juventude. Estes foram alguns, dois entre muitos, dos trechos que moldaram o meu imaginário.

Pertenço à geração que participou na revolução do 25 de Abril, cheia de ilusões, entusiasta, por vezes incoerente, mas que acabou por transformar a realidade! 

Após tantas décadas, estas peças, musicalmente e poeticamente não envelheceram, mantêem a sua frescura. Porém, para apreciar plenamente estas canções, deve-se ter em conta o contexto da época (anos 1970) e as escolhas estéticas de um determinado número de criadores. 

Os cantores-autores desta geração foram beber ao folclore por um lado e à poesia contemporânea por outro, para afirmar a sua dissidência em relação ao regime caduco, que morreu às mãos dos militares do MFA.

Nós achávamos, por volta de 1970, que as formas «alienadas» que dominavam as rádios, televisão e espectáculos, deviam ser contrapostas por uma arte comprometida na transformação revolucionária.

Sem utopias, sem ilusões, não há  verdadeira transformação social. Isto é sempre válido, pois as pessoas precisam de mais do que meras razões «racionais» para se comprometerem numa militância, num ativismo.  São as razões do coração, as que verdadeiramente comandam o desejo e a vontade.


Zeca Afonso (Cantigas do Maio); Manuel Freire (Pedra Filosofal)