Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

SOMOS TOLERANTES? EM QUE SENTIDO?

Quando se invoca a tolerância, não é certo que estejamos todos a falar da mesma coisa; ou que uma equivale à outra.
Detalhando:

1) A tolerância, entendida do ponto de vista do poder, é a atitude daquele que pode sancionar, mas que prefere não agir, porque a conduta a sancionar não põe em causa o seu próprio poder.  
Perante os súbditos, pode capitalizar este «espírito de tolerância», que afinal não é senão uma táctica, pois se as coisas começarem a tornar-se ameaçadoras para o seu poder, então já não hesitará em aplicar a sanção. 

2) A tolerância que consiste em dar o benefício da dúvida aos opositores, mesmo quando estes se opõem às nossas convicções mais profundas. Somos tolerantes, se aceitamos que as nossas convicções por muito legítimas que sejam, não o são mais do que as convicções dos outros. 

Em termos mais profundos, este termo recobre duas concepções muito distantes do mundo e da forma em lidar com ele: 

- No primeiro caso, está-se na órbita do mundo do poder, dos que avaliam tudo e todos em termos de poder, de «estar por cima...»

- No segundo, procura-se a equidade, confia-se no ser humano. Quem adopta tal postura não pretende ser «aquele que sabe»... Pelo contrário, mantém abertura para a perspectiva do(s) outro(s), sem necessitar de deitar pela borda fora a sua própria perspectiva.

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