«Sol de Mi Corazón», interpretado na guitarra e voz por Paulina Iñiguez
Sonhos
sem memória embotaram-me a alma…
Assim falava quando queria
designar alguém distraído…
Avô, que dizia tudo em verso…
afinal, estava a comunicar com o autor destas linhas, sem saber: sou seu neto mais
novo, ainda não tinha nascido quando o Avô abandonou este vale de lágrimas.
Ele sofreu muito, mas não viu
aquilo que veio a seguir. Deus poupou-lhe essa desdita. Ele foi-se embora
esperançado no «Homem Novo». Deus foi carinhoso com ele.
Ele dizia «sou ateu, graças a Deus»! Avô és ateu como eu sou
Teu… Avô, és um homem do teu tempo: racionalista, mas sem desprezo pelos
crentes e respeitando a religião dos outros.
Porém, o Avô estava desligado
do universo mental do catolicismo de sacristia. O mesmo se pode dizer de todos
os descendentes em linha direta… uma espécie de tradição familiar.
Desculpa! Não estou aqui a
falar contigo só para contar umas futilidades! Tenho coisas sérias para te dizer,
Avô.
Teu neto, presente pela
primeira vez perante o teu espírito… nunca te tinha visto antes, senão em fotos.
Agora sei como és, na verdade: afável, atento, com teu olhar penetrante.
Tens o sorriso doce e meigo,
mas és capaz de severidade, também. Teu magistério
é o de um pai amado e temido!
Foi triste a tua partida, tão
cedo deste mundo! O raio da Rickettsia …ou lá como se chama
essa bactéria… levou-te em poucos dias!
Tua esposa Júlia, minha Avó, demonstrou – quando
contava histórias sobre ti e sobre a família – quanto te amava, como se sentia
saudosa, mesmo depois de tantos anos.
Seres amado assim para lá do tempo e da morte…
diz tudo!
(Entretanto, chegou-me um muito curioso papel,
«Caução 382509001» … no momento em que te ia falar do teu Filho e meu Pai, Luís
Manuel. Isto desconcentrou-me, fiquei muito preocupado )
Avô, noutra ocasião, se quiseres, voltarei a
falar contigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário