PÁGINAS SOBRE MÚSICA

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

ANOUSHKA SHANKAR - «ANCIENT LOVE», do álbum RISE


 A faixa - Ancient Love - é a última do álbum «Rise» de Anoushka Shankar, de 2005.

Este álbum RISE é ocasião para uma descoberta de sons subtis, dinâmicos e surpreendentes. 

Espero que fiques seduzido/a por ele, tal como eu fiquei! 

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

A DEMOCRACIA PARLAMENTAR É UM LOGRO

 Praticamente todas as pessoas se conformam com este estado de coisas. Mas, quase todas, tecem severas críticas ao funcionamento do regime de partidos e aos efeitos desse regime sobre a «moral pública», ou seja, quase todos estão de acordo que a democracia parlamentar tem como corolário, a corrupção.

 Porém, eu vou mais longe que esta constatação banal de que existem políticos corruptos em todos os países onde haja democracia parlamentar: Eu nem sequer considero esta corrupção como inerente à natureza humana. Se assim fosse, teríamos de aceitar que não existe possibilidade nenhuma de haver democracia genuína, seja parlamentar ou outra. 

Não; eu assumo que existem determinadas formas de organização do poder político que convidam à corrupção; que são mesmo, estruturalmente, formas corruptas, em si mesmas, até quando seus protagonistas não tenham pessoalmente cometido atos de corrupção, ativa ou passiva. 

A democracia parlamentar assenta sobre o princípio da representação. Mas, este princípio é viciado, se não for complementado pelo princípio de responsabilidade. 

O que entendo por esta expressão? Responsabilidade, por aqueles que votam uma lei ou medida, das suas consequências; se votaram algo que vai contra o programa eleitoral, ou que contradiga as promessas feitas aos eleitores, estes deputados devem demitir-se ou ser demitidos, porque traíram a confiança dos eleitores. Para isso, tem de haver uma espécie de assembleias permanentes, onde os deputados venham prestar contas aos seus respectivos eleitores. 

A proximidade dos deputados aos seus eleitores respectivos não será fácil. Costuma-se objetar com o facto do poder legislativo ser de representação nacional. Note-se que existe a possibilidade de se fazer um sistema em patamares, em que o patamar mais na base - com um número de membros que coubesse numa grande sala pública - discutiria os assuntos em agenda. Dessa discussão, iria resultar uma orientação, que seria levada para a assembleia de grau intermédio, composta por mandatários escolhidos pela base. 

O desenvolvimento dos meios tecnológicos veio proporcionar que tal sistema se instalasse na sociedade, se tal fosse a vontade política da grande maioria. Hoje em dia, a tele- conversa, o voto eletrónico, etc. são meios de viabilizar, de remover os obstáculos a uma democracia descentralizada, direta: É perfeitamente possível, se as pessoas quiserem. Mas, nesta sociedade tecnologizada, também há grande inércia, indiferença e ignorância, que se conjugam para obstaculizar tal mudança. Não há dúvida de que tal é desejado e estimulado pelo sistema. 

De qualquer maneira, o que se verifica é o afastamento da pessoa comum em relação à política. Os chefões dos partidos, os funcionários e os ativistas partidários, adoram isso, pois só desejam que o cidadão comum «participe» com o voto. A fraude é muito clara; participar não é votar. Votar só pode ser assumido como participação ativa, se associado a um conjunto de reflexões e de ações políticas dos cidadãos. 

Num sistema de democracia direta, em que os cidadãos tenham voz nos assuntos que afetam suas vidas, as questões serão debatidas entre eles - de diversas maneiras - e, portanto, haverá uma participação natural e não forçada, num referendo, local, regional ou nacional, ou numa proposta de lei. 

Fosse a participação das pessoas efetiva, isso equivaleria a dizer que a ação dos deputados eleitos, ou de agentes políticos, assim como das instituições, estaria sempre sob escrutínio, que haveria conhecimento sobre quais as medidas votadas e estas seriam comparadas aos programas eleitorais respetivos. Não seria uma democracia perfeita; mas a componente de participação iria dar o controlo efetivo dos eleitos, pelos eleitores. 

Quando a democracia não é compreendida como uma efetiva participação dos cidadãos, incluindo na criação das leis, mesmo que este processo envolva várias etapas, acaba por se transformar numa competição entre as diversas «elites» pelo poder: Interiormente aos partidos e entre os diversos partidos. 

Pode-se imaginar todos os golpes baixos aplicáveis e aplicados, numa luta sem quartel, contra os próprios colegas de partido, já para não falar dos adversários. A demagogia torna-se a arma principal. O engano, a falsidade, estimulam os instintos mais baixos dos eleitores; são estes truques que mais «rendem», em termos eleitorais. O terreno político é propício às demagogias, ao ódio, à ganância, ao racismo, à vaidade. Quem tiver menos escrúpulos, mais indiferentismo moral, é quem triunfa, dentro deste sistema. Há um favorecimento dos sociopatas, dos psicopatas, para ascenderem na hierarquia dos partidos e dos cargos públicos.

Nem sequer abordarei aqui as problemáticas da educação e da informação, que deveriam ser não enviesadas, não controladas por monopólios. Toda a média de massas está ao serviço dos interesses capitalistas e especializada em fazer lavagens ao cérebro do público. No seu conjunto, existem muitos elementos que fazem com que este tipo de «democracia» parlamentar seja uma farsa.

De qualquer maneira, não conheço nenhum exemplo na História em que uma classe, ou grupo poderoso, esteja no poder e conforme-se com ser retirada do poder. As eleições são a possibilidade de alternância consentida pelo sistema, no seu interior, não existe alternativa senão de fora, senão derrubando as instituições caducas, viciadas, feitas para favorecer um restrito grupo. 

O problema, que não é equacionado devidamente pelos marxistas-leninistas, é que a instauração de um novo poder só se pode efetuar pela violência, sendo impossível graduar ou classificar essa violência, como legítima ou ilegítima, sendo essas tentativas classificatórias meras capas verbais para legitimar o poder ditatorial. 

Historicamente, os bolcheviques e até alguns anarquistas, seguiram a palavra de ordem de Lenine, de tomada do Palácio de Inverno, para descobrir, pouco depois, que - eles também - acabaram sendo triturados pela máquina de poder instaurada. 

Depois, os herdeiros da IIª Internacional (os partidos socialistas), sobretudo depois da IIª Guerra Mundial, foram os gestores do capitalismo (por ele instalados). Deve-se-lhes o chamado «Estado de Bem-Estar» ou «Estado Social». Os comunistas, com algum atraso, também se amarraram ao barco do parlamentarismo, sendo eles agora, outra versão, «mais à esquerda» da social-democracia. 

Neste momento, em Portugal, a deceção e a ausência de formação dos trabalhadores estão na origem da subida espetacular de intenções de voto num partido de extrema-direita. Tal como noutros países europeus, estes partidos têm sido apoiados discretamente pela burguesia, não porque ela se identifique com as suas fórmulas e programas, mas porque lhes permite fazer uma política muito direitista, com a ameaça implícita de que «se não formos nós, serão eles». 

O centro, em Portugal, é constituído por dois partidos, que têm nomes que em nada correspondem às suas políticas (partido «socialista» e partido «social-democrata»): Estão permitindo e até favorecendo o tal «monstro» da extrema-direita, assim como o fez François Mitterrand, ainda nos anos oitenta, ao permitir que o Front National de Jean-Marie Le Pen se fosse apresentar nas eleições. 

Enquanto a classe trabalhadora não gerar a sua própria democracia, com critérios próprios,  exercida através de assembleias (onde não haja capangas a comandar quem tem a palavra e indicando quais são os «bons» e os «maus»), ela será joguete de forças partidárias exteriores.  

Preconizo uma forma de sindicalismo e de cooperativismo entre os trabalhadores, em que eles possam realmente manter o controle das organizações em suas mãos. Que estas não se tornem «correias de transmissão» de partidos, como tem sido demasiado frequentemente o caso, em Portugal, nestes 50 anos depois do 25 de Abril

A democracia parlamentar é sempre feita de acordo com a vontade da classe dominante, que a «inventou» e manipulou, de forma a que ela servisse os seus interesses. A democracia proletária, no sentido amplo, é baseada na pertença a um grupo socioprofissional e à adesão a formas de participação igualitária, na deliberação e tomada de decisão, assim como no controlo, pela base, dos mandatários escolhidos.


sábado, 24 de fevereiro de 2024

SOBERANIA ALIMENTAR NA U.E.? UM CONTO PARA (NOS) ADORMECER

 


Considero o vídeo do «Canard Réfractaire» dos melhores, para dar conta do que os globalistas e os chefes da U.E. têm feito da agricultura europeia. Ele explica muito claramente quem tem interesse em liquidar as pequenas explorações agrícolas, que durante séculos foram a base da agricultura na Europa para que o sector alimentar seja entregue a grandes monopólios que vão abastecer-se no mercado mundial, onde os produtos sejam mais baratos. Mais uma vez, constata-se que o que move o capitalismo (pelo menos o contemporâneo) não é a concorrência, mas sim a procura de situações de monopólio.



OS RISCOS DA «INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL» DAS EMPRESAS TECNOLÓGICAS [WHITNEY WEBB]


 Whitney Webb tem razão ao chamar-nos a atenção dos riscos de programas usando Inteligência Artificial («AI» em inglês) pelas grandes empresas tecnológicas. Elas vão criar ainda mais dependências no usuário. O resultado pode ser uma espécie de «Admirável Mundo Novo» de Huxley, mas onde em vez da droga da «felicidade» do romance de ficção científica, será antes o envolvimento permanente numa identidade fictícia, completamente manipulável pelas empresas e pelo Estado.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

ARTE, NEGÓCIO, RUSSOFOBIA E ... PALHAS

 Um dos mais interessantes fenómenos na arte, é quando ela se autonomiza dos chamados «mercados», que apenas são a ditadura dos marchands e das casas de leilões mais afamadas, para venderem, seja o que for!

Monet e os montes de palha no meio dos campos, ou a arte de impressionistas russos seus contemporâneos, aproveitando o mesmo tema, são obras com mais de um século. 

A arte russa, no entanto, está sendo excluída dos circuitos do mercado internacional de Arte, pois vários intervenientes querem destruir tudo o que existe da cultura russa, uma parte integrante da civilização europeia (quer queiram, quer não!), com o seu «ódio de Putin». 

Fui buscar as imagens ao excelente blog DANCE WITH BEARS, do veterano correspondente em Moscovo, John Helmer (de nacionalidade australiana).

O que me interessa realmente é a beleza. É compreender a estética e o espírito das obras: O valor intrínseco e imaterial destas obras. Os «críticos de arte» que se deixam tomar pela paixão do momento, são «moscas» que pousam sobre um quadro, uma gravura, uma escultura... enxotem tais moscas, não deixem que elas pousem e depositem seus fétidos ovos de ódio, nas obras e nos olhares inocentes! 


Claude Monet: Monte de Palha em Giverny
Foi dos primeiros quadros de Monet representando montes de palha. Foi adquirido por Sergei Shchukin para sua coleção em Moscovo; encontra-se agora no Hermitage, em São Petersburgo.



Alexei Savrasov: Fim do Verão na região do Volga, 1873 (Galeria Tretyakov, Moscovo)



Levitan:  Montes de palha - acima á  esquerda, 1894; acima á direita, 1899.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Presidente Lula : Netanyahu e seu governo cometem crimes semelhantes aos dos nazis

[Israel bem pode declarar Lula da Silva «persona non grata»; eu e todos os lusófonos estamos gratos ao presidente do país irmão do Brasil, por dizer a verdade sem rodeios]




Transcrevo artigo de Lucas Leiroz:

Brasil e Israel vivem fortes tensões diplomáticas. Numa declaração recente durante uma visita à África, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva comparou as práticas de Israel em Gaza ao Holocausto contra os judeus cometido pela Alemanha Nazista. As suas palavras foram extremamente reprovadas pelo Estado Sionista e pelo Ocidente Coletivo, levando a uma crise diplomática.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou Lula persona non grata e convocou o embaixador brasileiro em Israel para esclarecimentos. Então, o governo brasileiro reagiu chamando de volta seu embaixador, deixando o Brasil sem representação diplomática em Tel Aviv.

O chefe da diplomacia israelense, Frederico Meyer, acusou Lula de cometer um grave “ataque antissemita” e prometeu “não perdoar nem esquecer” a declaração do político brasileiro. Muitos especialistas acreditam que a crise poderá culminar na ruptura total das relações diplomáticas entre Brasília e Tel Aviv.

Obviamente, o Brasil não está sozinho nas críticas a Israel. Vários países foram ainda mais duros contra Tel Aviv, chegando a uma ruptura completa. Contudo, o valor político da declaração de Lula é notório. Fundador dos BRICS e cumprindo seu terceiro mandato como Presidente do Brasil, Lula é atualmente um dos líderes mais respeitados do mundo, por isso o valor de seus posicionamentos é alto e relevante.

Na prática, isto poderá significar o início de uma nova onda entre as nações emergentes. A posição do Brasil poderia encorajar mais países a endurecerem as suas críticas a Israel, o que seria desastroso para a diplomacia sionista e minaria a influência ocidental no Sul Global. Não por acaso, a condenação a Lula tem sido forte entre os países ocidentais – e conta com o apoio das alas mais reacionárias e pró-Israel da política interna brasileira.

Na verdade, esta não é a primeira vez que o Brasil desafia Israel. Na década de 1970, durante o Regime Militar brasileiro, houve um impasse entre os dois países. Na época, sob o governo do general Ernesto Geisel, o Brasil planejava se tornar uma potência-chave entre os chamados “países não alinhados”, razão pela qual o Brasil assumiu uma postura cética em relação ao Ocidente, chegando a votar na ONU pelo reconhecimento da ideologia sionista como forma de racismo, manifestando apoio ao povo árabe na luta contra a ocupação israelense.

Há muitas suspeitas de que Israel tenha reagido às iniciativas brasileiras da época com operações complexas de espionagem e inteligência, incluindo sabotagem industrial e até suposto envolvimento no assassinato de José Alberto Albano do Amarante, então chefe do programa nuclear brasileiro. Nesse sentido, há temores de que Tel Aviv possa voltar a lançar uma campanha de “guerra secreta” contra o Brasil, mobilizando o seu aparato de inteligência para prejudicar setores estratégicos brasileiros.

Nos últimos anos, especialmente após a ascensão do ex-presidente direitista, Jair Messias Bolsonaro, o Brasil passou por um processo de profunda reaproximação com Israel, revertendo sua histórica política soberanista. Mesmo o próprio Lula até então estava sendo “bem equilibrado” em suas ações e pronunciamentos sobre a crise no Oriente Médio. Por exemplo, ele chegou a condenar a Operação Dilúvio Al Aqsa como um “ataque terrorista”, sendo fortemente criticado pela comunidade árabe no Brasil por tal posição.

No entanto, o agravamento da crise humanitária em Gaza impossibilitou que o Brasil continuasse neutro. Brasília tem uma tradição de política externa baseada na defesa da paz, dos direitos humanos e do direito internacional. Todos estes princípios elementares foram fortemente violados por Israel na sua campanha de agressão contra Gaza. O Brasil foi então forçado pelas circunstâncias a endurecer a sua posição e formalizar uma condenação aos crimes de Israel.

Com isso, Lula dá um passo importante para restabelecer a tradição diplomática brasileira, além de incentivar mais países emergentes a condenarem Israel. Porém, o presidente brasileiro precisa estar ciente das consequências que isso trará ao seu governo. Além das manobras secretas de inteligência por parte de Israel, o Ocidente Coletivo poderá reagir impondo sanções ao Brasil. O governo Lula deve ser forte o suficiente para administrar a situação e sobreviver às pressões externas.

Políticas de reindustrialização são vitais para que o Brasil supere, internamente, os desafios que virão sem enfrentar grandes problemas econômicos. No mesmo sentido, é necessária uma postura mais sólida do Brasil na política externa. O país tem hesitado muito entre posições pró-multipolares e pró-Ocidente. É preciso dar um “passo adiante” e colocar definitivamente o Brasil como um Estado interessado na transição geopolítica multipolar, consolidando um eixo de resistência contra o Ocidente ao lado de parceiros dos BRICS como Rússia, China e Irã.

Só assim será possível angariar apoio internacional suficiente para superar a pressão imposta sobre Brasília.

GENERAL ALEMÃO CRITICA WASHINGTON E OTAN FACE À GUERRA RUSSO-UCRANIANA

General na Reforma Harald Kujat: 



Uma excelente conferência, falada em alemão e dobrada em inglês.

PS: Oiça a dobragem em espanhol, da conferência do general, AQUI

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

EGON VON GREYERZ AVISA: ESTAMOS EM VÉSPERA DE UM ENORME COLAPSO

 

Figura 1: Dívida pública dos EUA (retirado do artigo de Egon von Greyerz https://vongreyerz.gold/war-inflation-gold )


Não pensem que Egon Von Greyerz é um dos «especialistas» que enxameiam a Internet com os seus prognósticos catastróficos. Como gerente de uma das maiores empresas de armazenamento de metais preciosos do mundo, tem de ter uma atitude responsável. 

Ninguém pode assumir que ele seja anticapitalista, nem remotamente. O que me estarrece é que, tanto anticapitalistas como pró-capitalistas, estão a ignorar os avisos deste homem, há uma data de anos, assim como os de um Alasdair Mcleod , entre outros. 

A maior parte das pessoas não percebe o que lhes vai cair em cima, porque não consegue fazer a diferença entre a verborreia alarmista destinada a  arrebanhar «clicks», e a avaliação realista e fundamentada dos riscos, em particular, dos riscos geopolíticos, assim como os económicos/financeiros, os quais vão de par, evidentemente. 

As pessoas estão habituadas a raciocinar, a ver as coisas no curto prazo. Este comportamento pode ter pouca importância nos indivíduos, numa economia que esteja mais ou menos «normal», ou seja, com expansão moderada do PIB, com oportunidades de realizar lucro em várias áreas, de obter dividendos, etc., por cima da taxa de inflação, geralmente baixa, ou, até, muito baixa. 

É este cenário no qual os investidores do Ocidente estão habituados a moverem-se, pelo menos, desde o resgate dos grandes bancos e negócios, no rescaldo da última grande crise do capital, em 2008. 

As pessoas e organizações, que tenham uma visão mais alargada, serão as que ficarão de pé, depois do «tufão» da próxima grande crise, que se desenha.

 No imediato, todos serão severamente afetados. Mas, sobreviverão os que diversificaram seus investimentos para bens sem contrapartidas*, ou seja, bens que não sejam «colateral» duma instituição (banco, fundo de investimento...), que ninguém os tenha na sua custódia**. 

Os outros, ou seja, os detentores de ativos financeiros (ações, obrigações, derivados e «cash», todos estes possuem contrapartidas) serão varridos pela onda de falências em série e pela inflação não controlada, que irá desembocar num paroxismo de hiperinflação

Aliás, este fenómeno de sobre-endividamento das economias não é raro: Há exemplos numerosos, sendo eles causa e consequência de guerras, de ruturas do tecido social, de mudanças tectónicas na distribuição mundial do poder. Quem não percebe isto, é ignorante da História. Há ignorâncias que são fatais. 

O pior, é quando pessoas incompetentes, seja qual for a sua tendência política e ideológica, estão ao leme de grandes instituições, de países, ou de organismos supranacionais. 

Face ao panorama atual, considero que os BRICS alargados já ganharam, não porque sejam perfeitos, mas porque os dirigentes do «Ocidente coletivo» são de uma incompetência inimaginável, juntamente com sua arrogância, apanágio de imbecis e ignorantes. 

Como as sociedades são governadas de cima para baixo, o que se espera de países tão mal governados é apenas o agravamento constante das condições de vida, numa espiral descendente, até se chegar a uma nova «Idade das Trevas» ... 

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*Contrapartidas: um ativo dado em garantia, uma hipoteca, um contrato em que uma das partes  pode tomar o ativo dado em garantia, caso haja incumprimento.

** A este propósito, veja o documentário de David Webb: https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2023/12/the-great-taking-grande-tomada.html

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

ASSANGE E APOIANTES LUTAM PARA EVITAR EXTRADIÇÃO PARA OS EUA


                                           Filmagem em direto no exterior do tribunal onde está a decorrer o julgamento de extradição de Julian Assange

Chris Hedges explica a importância deste recurso final de Assange, junto do tribunal britânico:

MÚSICA ALHAMBRA : EVOCAÇÃO

                         
 Juan Martin «De Damasco a Córdova» 

Uma peça plena de subtileza  e de força, que nos vem lembrar a enorme dívida da música ibérica e europeia à herança árabe. Este entrecruzar de várias tradições e o diálogo entre elas, são a nossa maior esperança de um futuro melhor.

                        (veja AQUI sobre mesquita/catedral de Córdoba)

domingo, 18 de fevereiro de 2024

AS VACINAS ARN-m ANTI- COVID NÃO SÃO UMA BRILHANTE IDEIA*

 Todo o processo esteve muito errado, logo à partida: desde a irrupção da nova variedade de coronavírus - até ao alarme e instalação dum clima de histeria, amplificado por instâncias governamentais e oficiais - como os guardiães das "boas práticas médicas", incluindo Associações de Médicos, Farmacêuticos e Enfermeiros. As perseguições aos médicos corajosos, que trataram doentes com hidroxicloroquina ou com ivermectina e os que ergueram a voz para condenar a obrigatoriedade de vacinas experimentais;  forçaram, sob chantagem, os membros de vários corpos profissionais, desde pessoal de saúde, aos militares,  a tomarem a vacina; a ocultação sistemática dos efeitos secundários graves das mesmas (desde os ataques fulgurantes de coração, às paralisias e aos "cancros turbo");   falsificações que chegaram ao ponto de contabilizar muitas mortes causadas pelas vacinas contra o COVID, como sendo mortes devidas ao vírus do COVID ... Tudo isto e muito mais, constitui um rol de indignidades, baixezas, de negações flagrantes dos direitos humanos, de crimes. Note-se que isto ocorreu - sobretudo - em sociedades tidas como «civilizadas» e com «elevados padrões éticos».  

Como eu temi e avisei, um crime que não é devidamente denunciado e cujos autores não sejam judicialmente processados, vai ser necessariamente branqueado, as provas incriminatórias eliminadas, os testemunhos valiosos varridos para debaixo do tapete...

Pior ainda, tem havido continuidade e reforço das condutas criminosas, com a garantia de impunidade dos autores iniciais e dos coniventes. [Veja-se a este propósito, entre outros, o projeto de lei liberticida francês, de prisão até 3 anos e 45 mil euros de multa, para quem falar contra a vacina do COVID.]

 Este conjunto de factos, associados à deriva autoritária dos Estados e à sua transformação em apêndices das grandes empresas [desde as empresas de biotecnologia e farmacêuticas, às empresas de  tecnologia, de Internet, de vigilância e controlo dos cidadãos] vai ser visto pelas gerações futuras como um momento em que o Mundo quase mergulhou em nova era de obscuridade, de arbítrio, de violência e de totalitarismo. Isto, no caso otimista de tal situação não se vir a prolongar, a perpetuar-se; Neste último caso, os meus testemunhos e os de quantidade de outras pessoas serão eliminados, seu registo apagado, os relatos dos acontecimentos serão reescritos, para ficarem integralmente compatíveis com a narrativa do poder. É sempre assim, numa idade obscura, de profunda regressão. Mas, o facto de haver - em média - apenas uma situação deste género em cada milénio da História humana, faz com que praticamente a totalidade das pessoas  não esteja preparada: A grande maioria está inconsciente do que se está  passar. 

Mas surge, por vezes, uma pequena luz ao fundo do túnel (dos ecrãs de computador). É isso que vos quero apresentar agora: 

Ela, Ros Nealon-Cook, psicóloga australiana a quem foi retirada a licença profissional; o entrevistador é o Dr. Campbell, que no início da pandemia, começou por apresentar os dados da maneira mais convencional mas, a partir de certo ponto, apercebeu-se duma acumulação de coisas que não coincidiam com o seu saber médico e com o simples bom-senso. Essa tomada de consciência  fez com que tomasse uma posição crítica em relação ao discurso oficial.

 Espero que este vídeo permaneça no YouTube, mas não posso ter a certeza, pois já tantos vídeos sobre o assunto têm sido censurados, não há garantia que este não o seja. Vejam, enquanto é possível, esta extraordinária entrevista entre duas pessoas científicas, profundamente humanas e altruístas, que se mostraram capazes de sacrificar muito para dar o alerta aos seus concidadãos!

O DESMASCAR DA MANIPULAÇÃO PSICOLÓGICA DO COVID:


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* Estas vacinas anti-COVID são um enorme fiasco e um crime, em termos de saúde pública, mas são um «belíssimo negócio» para os empórios gigantes farmacêuticos...

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ABAIXO, ALGUNS ARTIGOS DO BLOG RELACIONADOS COM ESTE ASSUNTO:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/02/perseguicao-de-denunciador-do-escandalo.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2023/11/artigo-cientifico-identifica-sindroma.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2023/10/sabe-o-que-sao-turbo-cancros.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2023/07/vacinas-covid-24-vezes-mais-reacoes.html

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

PSICOLOGIA DO DINHEIRO

Tenho refletido sobre as relações entre as coisas reais e as simbólicas, nomeadamente, o dinheiro. Nas sociedades humanas, a partir de certa altura, o dinheiro começou a ter uma importância maior do que eu chamo as relações reais. Não consigo situar rigorosamente na História, talvez seja muito diferente a cronologia de civilização para civilização, mas o facto é que hoje em dia existe uma «crença religiosa», uma extensa adoração fetichista do dinheiro, é transversal a culturas, a civilizações e a outras crenças.

Se nós estamos tão dependentes de pensar tudo em termos de um mero meio de troca, isso deve-se ao facto de sermos quase todos reféns (salvo os caçadores-recolectores que sobrevivem em locais remotos). Reféns de uma civilização mundializada, que coloca em primeiro lugar e como suprema «virtude», possuir e adquirir dinheiro.

Não sou especialista de ficção-científica, ao ponto de saber se algum autor terá construído uma história de uma civilização baseada numa organização sem dinheiro, sem que a unidade de troca seja o objeto supremo de adoração e a razão de ser de praticamente tudo. Admito que sim. Pessoalmente, a minha observação atenta da vida animal (e da biologia, em geral), levou-me a privilegiar o balanço energético, ou seja, o rendimento entre a energia despendida sobre a energia adquirida, como um critério de primeiro plano, para a tomada de decisão.

As células, os organismos, as sociedades e os ecossistemas estão todos sujeitos às Leis da Termodinâmica. Os seus constrangimentos são tais, que ninguém escapa: Alguém, ao ignorar ou ao deixar de agir em função desse simples cálculo implícito, realizado pelos seres vivos, esse alguém está a condenar-se a uma perda de eficiência, no mínimo e isso pode ir até à perda da própria vida.

Somente a espécie humana parece mostrar, em certos  casos, completa ignorância desta realidade física fundamental. A maior parte das desgraças, a um nível coletivo ou individual, estão relacionadas diretamente com essa ignorância.

O enorme esquema fraudulento que dá pelo nome impreciso de «Alterações Climáticas», não é mais do que a utilização do domínio da energia em benefício de uma elite. Ela nem o disfarça de forma muito eficaz, quando se desloca em jets privados às conferências «climáticas».

Não pensem que a «elite» do dinheiro seja muito astuta, muito esperta, muito inteligente. Ela apenas tem ao seu serviço alguns especialistas em manipulação, tais como psicólogos, sociólogos, antropólogos, especialistas em publicidade, que lhes fabricam narrativas adequadas para manter os povos debaixo de um domínio mental, condicionados pelo medo, pelas narrativas catastrofistas, pela ocultação de certos factos e pela distorção de outros, resultando daí uma imagem completamente falsa do real.

A bolha imaginária envolve os indivíduos; tudo tem de passar-se dentro desta bolha, em termos sociais, como se isso fosse a realidade. Uma Matrix, na sociedade do século XXI, manipulável por aqueles que detêm o controle das narrativas e dos meios de persuasão. Não pensem que estes são limitados, eles vão desde a guerra e seus horríveis efeitos, às mais diversas manifestações de futilidade, que enchem as televisões e as redes sociais.

O investir esse símbolo - o dinheiro - de virtudes mágicas, permite ocultar a manipulação pelas elites. Elas controlam praticamente tudo o que é importante, na vida das sociedades: processos produtivos, meios de coerção dos Estados, mecanismos de remuneração e de distribuição. Ao fazê-lo, tornam opacos os muitos mecanismos pelos quais são desviados esses tais meios: Essencialmente, os produtos da sociedade no seu conjunto, transformados em meios pessoais de poder.

Essa elite constitui a casta depredadora, por excelência: não tem como critério senão a conservação do poder, ou a sua aumentação. Pode haver depredação ecológica, pode haver esgotamento de recursos naturais, extinção de espécies e de ecossistemas etc. Mas, a responsabilidade é sempre atirada para a «civilização», para a «sociedade», a «natureza humana». No entanto, é simplesmente resultado do processo de apropriação dos bens coletivos, da privatização de tudo o que é de todos, da Natureza à cultura, em proveito de uma pequeníssima minoria.


O dinheiro tornou-se «totem e tabu» desta civilização, erigido em justificação máxima, em explicação e em razão última para tudo. Mas, isto - obviamente - é deliberado; não é espontâneo; é conseguido pelo condicionamento constante de todos nós.
Se quisermos continuar a ser escravizados, podemos manter a nossa dependência patológica a essa visão mecanicista, ridícula, como muito bem caracterizou B. Brecht num poema,* inserido numa das suas peças de teatro:
«não sei o que é um homem, só sei o seu preço»

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(*)CANÇÃO DO MERCADOR

(letra de B. Brecht; trad. 1974)


Há arroz lá no fundo ao pé do rio

Nas províncias altas as gentes precisam de arroz

Se guardamos o arroz em armazém

O arroz irá tornar-se mais caro para eles

E os revendedores terão ainda menos arroz

Então poderei comprar o arroz ainda mais barato

O que é afinal o arroz?

Sei lá, sei lá o que é!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é um grão de arroz

Só sei o seu preço


O Inverno chega, as pessoas precisam de agasalhos

É preciso comprar algodão

E não o distribuir

Quando chega o frio os agasalhos aumentam de preço

As fiações de algodão

Pagam salários mais altos

Aliás há algodão em excesso

Em boa verdade o que é o algodão?

Algodão, sei lá o que é!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é o algodão

Só sei o seu preço


Ora o homem precisa de comer

E o homem torna-se mais caro

Para obter alimento são precisos homens

Os cozinheiros tornam a comida mais barata

Mas aqueles que a comem tornam-na mais cara

Aliás há muito poucos homens

O que é então um homem?

O homem, sei lá o que possa ser!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é um homem

Só sei o seu preço




quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

OPUS. VOL. III 3. ODOR IRRESISTÍVEL!



 Um odor que tresanda

Mistura de suor, sujidade, sangue, lixívia

E tanto mais forte, quanto as pessoas

Fingem não se aperceber de nada

De pouco serve perfume, desodorizante, ou loção 

É fedor que se escapa de certos corpos

Por mais que disfarcem 

De nada serve toda a técnica de ocultação

Atravessa os salões, insinua-se nos carros

Existem variantes, é certo

Mas, a camuflagem odorífera neles todos

Não disfarça a nota de fundo, o típico

Agridoce de cadáver no início do apodrecimento 

Será fortuito encontro, numa mesa de anatomia,

De pedaços de corpo humano e de animal

Será essa a nutrição de requintes perversos

Mas nem todas as pessoas são assim

É preciso ter o estômago bem resistente 

Esse odor que tresanda, mas encanta

Que ninguém repara, mas todos sentem

Que intoxica, mas que se respira

Material ou imaterial; em metal, papel

Ou digital, é disso que estou a falar:

O  odor do dinheiro


( 02- 14  ANNUS HORRIBILIS 2024)





terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

DMITRY ORLOV: «A OTAN JÁ PERDEU O JOGO»


 Dmitry Orlov já tem sido citado neste blog. É cidadão americano de origem russa, cujos pais emigraram para os EUA, quando Dmitry tinha cerca de 6 anos. A partir de um certo ponto, considerou que já não se sentia bem na sociedade americana, tendo emigrado para a Rússia e tornando-se cidadão russo. Mas, independentemente do percurso pessoal, Orlov tem mostrado uma visão acutilante, tanto da sociedade russa em  crise aguda, durante a presidência de Yeltsin, como da sociedade americana nos anos mais recentes. Ele tem uma grande agudeza na análise dos acontecimentos e das grandes fraturas ocorrendo neste momento. Não significa que tenhamos que endossar as suas análises, mas temos vantagem em refletir sobre os seus pontos de vista, por mais audaciosos que sejam; eles não são destituídos de fundamento na realidade e de lógica. 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Burocratas da UE em pânico perante protestos dos agricultores

 Lena Petrova traz-nos imagens da insurreição europeia dos agricultores (aos quais se juntam os camionistas) contra a «Agenda 2030». Esta agenda é um grande objetivo de Davos, da ONU, da UE e dos globalistas mundiais reunidos. A agricultura europeia está condenada, por decisão política dos seus próprios dirigentes. Preferem ter a população europeia refém de «ajudas» alimentares, tal e qual acontece com populações do Sul Global esmagadas pela guerra e pela dependência; situações criadas e mantidas pelos globalistas.

Dentro deste vídeo, além dos clips mostrando os protestos dos agricultores, podeis ver clips de John Kerry e de Úrsula von der Leyen: ambos mostram O SEU DESPREZO pelos agricultores: Úrsula, num modo hipócrita, Kerry num modo cínico.



No artigo publicado em 04 de Fevereiro, 2024, pode-se obter mais informação sobre os planos da UE e dos seus dirigentes globalistas:

AGRICULTORES EUROPEUS JÁ COMEÇARAM A TER VITÓRIAS


domingo, 11 de fevereiro de 2024

A RADICALIDADE DO PENSAMENTO DE FRANCIS COUSIN

 Acabei de visualizar um recente vídeo de entrevista do filósofo marxista radical Francis Cousin. Este inspirou-me a escrever algo novo.

                       

Na verdade, a atualidade não se pode entender, em profundidade, seja qual for a escola de pensamento a que se pertença, se não houver uma compreensão aprofundada do movimento da História.
Este movimento da História baseia-se, na visão de Francis Cousin, na evolução do valor de troca da mercadoria. Como marxista que é, defende que há uma diminuição inelutável, no longo período, da taxa de lucro, durante o processo produtivo e durante todo o circuito da mercadoria, enquanto tal. Tenho contestado a inelutabilidade dessa diminuição tendencial, essa «lei» do marxismo clássico. Já expliquei em detalhe, porque considerava que tal «lei» não existia, na verdade (ver: https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/sera-queda-da-taxa-geral-de.html) .

Mas, entendo a retórica de Francis Cousin e reconheço-lhe certo grau de coerência. Não sou marxista e, no entanto, não tenho complexos em considerar que os processos materiais, nomeadamente, a produção de utensílios, de géneros alimentares, etc., resultantes das indústrias humanas, desde os alvores da História - ou seja, desde o neolítico - tiveram um papel de grande importância, não apenas na geração de um excedente de alimentos facilmente estocáveis, como os cereais, mas também a definição de uma primeira separação de tarefas, a existência de agricultores, de pastores, de artesãos, de soldados, de sacerdotes. A perpetuação destes grupos ia de par com uma estratificação social e logo uma divisão assimétrica da riqueza (sob forma de excedentes) produzida.
Mas, a criação de valor de troca, em si mesma, o método de produção, a abundância com que é produzida, a utilização de instrumentos mecânicos ou outros, que multiplicam a capacidade produtiva dos indivíduos, não determina, só por si, a estrutura política e social na sociedade onde tal valor de troca é produzido. Penso que a apropriação privada dos excedentes, essa sim, tem a maior importância na definição das classes sociais; embora este aspeto seja necessário, não é suficiente. Com efeito, para existirem classes, é preciso que se dê a perpetuação de geração em geração das prerrogativas de agricultores e de artesãos, ou como guerreiros-defensores da casta no poder. Tanto o grupo dominante, como os dominados, sujeitos pela coação mais ou menos brutal, vão submeter-se a desempenhar o seu papel respetivo na estrutura social.
Acredito que não exista uma correlação total, unívoca, entre a infraestrutura produtiva e as diversas superestruturas: a divisão em classes, a organização política, a religião, a cultura, etc. Penso que existem muitas possibilidades de variação, em estádios bastante semelhantes do desenvolvimento das forças produtivas. Seriam assim tão diferentes, em termos de forças produtivas, processos de produção, de produtividade primária, a China e a Europa medieval, no período do ano 1000 A.D. a 1300 A. D.? Creio que não. Porém, havia grandes diferenças ao nível da estrutura de classes, do poder político, etc. O mesmo se pode dizer em relação às civilizações Maia ou Azteca, no mesmo intervalo de tempo, com a Europa medieval ou daquelas, com a civilização Chinesa.
A História é contingente e caótica, na minha visão: Pretender, como o faz Cousin, de que exista uma inelutável progressão conduzida pelo processo material, ou seja, um determinismo, como ele faz com a «evolução do valor de troca das mercadorias» (ou com outro fator singular), parece-me não corresponder à verdade da História. Sei que existe nas sociedades, ao longo dos séculos, uma acumulação de saber científico-técnico, que se traduz na facilidade cada vez maior em produzir excedentes; que estes permitem a existência de «classes ociosas», não envolvidas no processo produtivo, diretamente. Estas podem, no entanto, desempenhar um papel na estrutura da sociedade conducente á sua perpetuação, sendo por isso classificadas como úteis, socialmente.

Igualmente, a sua profecia de que o capitalismo estaria moribundo porque tem de «se negar a si próprio», através de esquemas que são - na verdade - destinados à «não-produção», parece-me exagerada.
Não é falso que a crise do COVID tenha sido largamente manufaturada para congelar a produção e diminuir a pressão do excedente de produtos (principalmente chineses) nos mercados. Também não é falso que as políticas de Zero Carbono, advogadas pelo FEM, pela ONU e por vários governos poderosos, sejam o meio de estabilizar a produção e o consumo a um nível mais baixo, permitindo assim uma «folga», que salvaria os mercados do congestionamento; sendo o «Aquecimento do Clima», uma explicação aberrante, para uso das massas.
Eu diria que o capitalismo pode transformar-se noutra coisa diferente, que não se viu antes. Mas, infelizmente, ela não terá que ver, prevejo, com modelos de socialismo que se implantaram no século passado e que (alguns) sobreviveram. Tenho uma visão pessimista de uma sociedade à «Huxley», onde a maioria está completamente alienada, com pequenos «brinquedos» e uma satisfação elementar, quer tenha  emprego, ou no desemprego, com rendimento mínimo, de miséria, para não se atrever à revolta.
Os processos produtivos vão-se tornando mais e mais automatizados, robotizados, utilizando Inteligência Artificial, chegando a invadir os domínios das profissões ditas intelectuais e antes consideradas ao abrigo de tais ingerências. Isto tornará possível uma acumulação de capital, sem ter que o repartir, seja de que forma se encare, com o trabalho. Daí, que eu esteja em total desacordo com Francis Cousin, que pensa que haverá uma limitação á mais-valia que é retirada ao trabalho humano. Ora, se houver um menor componente de trabalho humano, o rendimento que o capital irá  obter dessa produção, será maior; o lucro, ou mais-valia,  serão maiores. Por outro lado, o trabalho humano precarizado fica desvalorizado; o trabalhador será obrigado a vender-se bem abaixo do que são os custos  do processo automatizado, com utilização de  robots.
Estamos na via da eliminação progressiva do trabalho humano, mas como a mudança se faz sob o capitalismo, com estrita divisão de classes, os patrões poderão dispensar grande número de trabalhadores, que deixaram de ser indispensáveis ao processo produtivo. A questão do «rendimento mínimo universal», põe-se neste momento histórico, porque há que manter a capacidade de funcionamento do mercado, o escoamento das mercadorias e dos serviços:
- Se a classe trabalhadora estiver desempregada numa enorme proporção, ela não poderá consumir de modo significativo: Seria o próprio mercado capitalista que se iria desmoronar. Além disso, criar essa dependência relativa ao «rendimento mínimo» é o meio dos Estados gerirem as massas trabalhadoras em «subemprego crónico» e evitarem a revolta dos desapossados.


Quanto à sua interpretação dos Evangelhos, no sentido de fazer de Jesus um «comunista», não deixa de ser um anacronismo. Tanto Jesus, como as comunidades cristãs iniciais, banhavam e eram herdeiras de uma cultura em que o dinheiro era raro, não era o dinheiro que «mandava» em todos os domínios, como foi o caso desde o triunfo do capitalismo, até hoje.
A radicalidade do cristianismo primitivo envolvia a não aceitação da «lei temporal», a elevação das pessoas a «filhas e filhos de Deus»: estavam todas em igualdade diante de Deus. A partilha dos bens materiais e a Eucaristia, como Corpo e Sangue de Cristo, é literalmente o «corpo» da Eclésia (que quer dizer, em grego, Assembleia da Comunidade).
Se não considero correto designar Jesus, ou os primeiros cristãos como «comunistas», inversamente, reconheço que o cristianismo foi inspirador das várias tendências de libertação social que existiram. Entre muitos exemplos, vejam-se os movimentos dos camponeses alemães e holandeses, no século XVI; a missionação jesuíta no Novo Mundo (do séc. XVI a XVIII), catequizando os indígenas, etc.
O cristianismo foi, certamente, uma das inspirações das diversas vertentes de comunismos e socialismos, incluindo o socialismo libertário ou anarquismo.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Ínfima homenagem a Françoise Hardy



 Não a vi nunca, pessoalmente. Nem à distância, numa sala de espetáculos. Porém, poucas artistas marcaram, tanto como ela, a minha vida. Na infância, adolescência, idade adulta e nesta idade, já perto do fim. Apercebi-me, agora que ela partiu, como foi importante em toda a minha vida. 

Autora e compositora, além de sublime intérprete da canção francesa, foi reconhecida nas várias línguas* em que cantou. Mas, a língua francesa deve-lhe algo muito especial. Foi imensa a sua irradiação artística: Com a sua voz inconfundível, ela exprimiu a música intrínseca dos poemas, os seus e os de uma profusão de poetas.

 A qualidade das letras, das melodias e das orquestrações parece-me patente na discografia de Françoise Hardy: Foi o que procurei ilustrar, nesta amostra, com as mais belas canções**. São das que eu ouço sem me enfastiar: a cada vez, encontro algo de novo,  que me tinha escapado até então. 

Até amanhã na outra vida, Françoise Hardy.


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* Canções em inglês, alemão, italiano, espanhol...



** Playlist por Manuel Banet:

«FRANÇOISE HARDY - INFIME HOMMAGE»


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

O ANO DO DRAGÃO


                     


 O dragão é o animal mítico que vai presidir ao novo ano lunar, que começa no sábado 10 de Fevereiro. Os povos orientais estão muito ligados a esta contabilidade lunar. Com efeito, é nesta ocasião que se dão os encontros da família alargada, quando há um período de tréguas (vários dias de feriado) do duro trabalho, em que se comem deliciosas iguarias e se bebe também. Mas, sobretudo, nestas reuniões familiares ocorrem as íntimas celebrações em memória dos defuntos*. A família reúne-se para ofertar aos antepassados as libações de comida e bebida, em primeiríssimo lugar. Depois, é a vez dos familiares vivos também fazerem o seu ágape (termo grego que tanto designa banquete, como amor altruísta). Tudo isto é colocado sob o signo do ano lunar.


Relevo com dragão numa tumba da dinastia Liao  (916–1125)


Ora este ano que vem, é o ano do Dragão. O animal mítico que estaria na origem do povo chinês. E de muitos outros povos orientais, que -simbolicamente - se colocam debaixo do auspicioso Dragão.   

Assume-se que o dragão sabe proteger o seu povo; que ele é feroz nessa defesa; que tem um sentido muito profundo do dever; tem  obrigação de guardar os tesouros do seu povo, o qual é descendente do dragão.

O famoso e recém-descoberto Homo longi (Homem de Longi) é o «homem-dragão», pois o rio Longi, perto do qual foi encontrado, é o rio Dragão: Que esta espécie extinta tenha contribuído para o mosaico que formou a espécie humana atual, não tenho praticamente nenhuma dúvida. Que seja a mesma espécie que o famoso homem denisovano (primeiro «encontrado» sob forma de ADN arcaico extraído de osso do dedo mindinho, presente na gruta Denisova do Altai- Sibéria), seria lógico. No entanto,  não temos provas definitivas. Porém, temos abundantes provas de que os primeiros colonizadores humanos (Homo sapiens) das Américas, foram povos vindos da Sibéria. Os que se designam hoje como «americanos» são, quase todos,  invasores mais ou menos recentes no continente americano. 

No meu modo de ver, ser-se forte é um elemento necessário na sabedoria dos povos e do governo dos Estados, caso contrário, não estarão ao abrigo de visitas inoportunas, nem de serem obrigados a fazer a guerra para defender o seu território. O lema de «mais vale prevenir do que remediar», aplica-se! 

Também as pessoas do ocidente deveriam pensar agora com a cabeça fria, e não com a cabeça escaldada pela propaganda que recebem da media (esse veneno contemporâneo!). 

O ano lunar é para todos, afinal! É a mesma Lua que gira em torno da Terra, assim como o mesmo Sol que a ilumina: Um bom ano lunar do Dragão, para todos, estejam onde estiverem!

                            

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*Subsistem cerimónias em culturas ocidentais, nomeadamente em países latinos, sob forma de culto dos mortos, em 30-31 de Oubro e 1º de Novembro. 

GUERRA NA UCRÂNIA: A DERROCADA DA NARRATIVA OCIDENTAL [entrevista com Jacques Baud]


Neste episódio de «CONTACT» é entrevistado Jacques Baud, militar suíço reformado, que esteve associado aos serviços de espionagem helvéticos, tem grande experiência: Esteve em funções na OTAN e na ONU. Escreveu 4 livros sobre a guerra Rússia-Ucrânia. 
Não deixe de ouvir; pode ler as legendas em francês, para acompanhar o diálogo. 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

NIKOLA TESLA, O GÉNIO EXTRAVAGANTE


 Nikola  Tesla tem ultimamente sido reconhecido no seu justo valor, como inventor da corrente alterna, que permitiu distribuir a eletricidade a grandes distâncias. Foi também o primeiro a transmitir sinais de rádio sem fio , embora Marconi tenha sido creditado durante muito tempo por esta descoberta. O lado extravagante e as pesquisas esotéricas, nomeadamente em relação às pirâmides egípcias, não são mais, a meu ver, que a consequência da mente sempre  aberta, querendo penetrar os mistérios do Cosmos.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Chris Hedges: «DOMÍNIO COLONIAL NA PALESTINA»


 Um documento importante, esta entrevista a Noura Erakat, jurista e professora na Univ. Rutgers (EUA), feita por Chris Hedges. Documenta mais de um século de colonização da Palestina. Indispensável para se compreender o presente.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

AGRICULTORES EUROPEUS JÁ COMEÇARAM A TER VITÓRIAS


 https://www.zerohedge.com/geopolitical/france-caves-farmers-ireland-solidarity-protests-kick

Os protestos não se limitam às «locomotivas», que são os agricultores franceses e alemães. Também outros países, como Holanda, Bélgica, Portugal e Irlanda, experimentaram o levantamento maciço deste grupo de cidadãos, que estão na base da sociedade, visto que produzem o essencial do que comemos. 

A revolta dos agricultores chama-se Comissão Europeia e as suas negociações opacas, destinadas a satisfazer as exigências de dois grupos de pressão: 

- os globalistas, que queriam que fossem abatidas todas as barreiras, aos produtos da agricultura de países do Sul, mais «baratos» (à custa da destruição de floresta equatorial e tropical, pesticidas, OGMs, e exploração dos seus trabalhadores rurais). Assim, seriam postas em concorrência direta com os produtos da agricultura, muito mais exigente, dos países da União Europeia (não deixa de haver exemplos deploráveis, no entanto) ;

- o outro grupo de pressão (também globalista, mas com «toque ecológico») dos fanáticos do «aquecimento climático» e das políticas de zero carbono, numa aliança onde grupos ambientalistas são manipulados por multimilionários do Fórum Económico Mundial de Davos: Daí sai muita retórica do decrescimento, neomalthusiana, acompanhada de profecias catastrofistas. Tudo isto, destina-se a satisfazer a agenda de bilionários, não a «salvar o planeta», como eles clamam. 

Há algum tempo, cerca de um ano atrás, o governo holandês saiu-se com um plano de eliminar 30% das explorações agrícolas da Holanda, supostamente, para reduzir a «libertação de nitrogénio para a atmosfera». Um misto de distopia orwelliana e de burrice, que qualquer aluno/a do ensino secundário sabe que é um argumento 100%  idiota. 

Mas, felizmente, os agricultores estavam alerta e começaram a mostrar sua força através de manifestações, montados nos seus tratores, que os governos não tiveram coragem de reprimir (como fizeram, selvaticamente, com o movimento dos «gilets jaunes», em França). Não estou certo que as reivindicações principais dos agricultores franceses sejam atendidas mas, pelo menos, já obrigaram o poder a negociar.  

As forças da entropia (= destruição) representadas pelos globalistas foram travadas, mas não derrotadas: Elas querem erradicar a (maior parte da) agricultura dos nossos países europeus, para ter as populações dependentes da ajuda alimentar dos governos. Entretanto, estes importam (a baixo preço) quase tudo dos países pobres do Sul. Reproduzem, mais ou menos, o que fizeram com a desindustrialização da Europa e América do Norte, nos anos oitenta e noventa (e depois). 
Mas, agora trata-se da agricultura; um instrumento poderoso, como já dizia Henry Kissinger, para o qual «quem controlar a produção e os mercados agrícolas, controla tudo, pois a alimentação do mundo inteiro depende destes». Ao menos, ele dizia ao que vinha; os atuais hipócritas querem nos fazer crer que têm «boas soluções ecológicas, amigas do ambiente», para a agricultura. 

Realmente, os agricultores merecem os meus parabéns e total apoio! 

... E  não me importo que cheire a esterco e bosta de vaca à entrada dos Ministérios da Agricultura e dos outros!! Para relembrar aos senhores ministros e restantes funcionários, que eles é que devem estar ao serviço do povo, e não o contrário...