Um odor que tresanda
Mistura de suor, sujidade, sangue, lixívia
E tanto mais forte, quanto as pessoas
Fingem não se aperceber de nada
De pouco serve perfume, desodorizante, ou loção
É fedor que se escapa de certos corpos
Por mais que disfarcem
De nada serve toda a técnica de ocultação
Atravessa os salões, insinua-se nos carros
Existem variantes, é certo
Mas, a camuflagem odorífera neles todos
Não disfarça a nota de fundo, o típico
Agridoce de cadáver no início do apodrecimento
Será fortuito encontro, numa mesa de anatomia,
De pedaços de corpo humano e de animal
Será essa a nutrição de requintes perversos
Mas nem todas as pessoas são assim
É preciso ter o estômago bem resistente
Esse odor que tresanda, mas encanta
Que ninguém repara, mas todos sentem
Que intoxica, mas que se respira
Material ou imaterial; em metal, papel
Ou digital, é disso que estou a falar:
O odor do dinheiro
( 02- 14 ANNUS HORRIBILIS 2024)
Podemos escrever poeticamente sobre o dinheiro, mas também refletir sobre ele, enquanto intermediário nas trocas:
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