Fotos desbotadas, imensa tristeza que vem da lonjura
Enterrada na presença pungente que dilacera o espírito
Viver com lastro de tantas recordações, tantas presenças
Ausentes para sempre, que povoam as memórias
Algo que nunca imaginei na juventude , o mundo
Parecia estável apesar de todos os redemoinhos
Mas foi retirando os entes que eu amava
Restando apenas a distância incomensurável
De um passado e todo o absurdo de sermos
Passageiro único de um imenso navio
Ou dum longo comboio sem vivalma
Atravessando planícies monótonas
Para destino nenhum , velozmente.
E o passado, em sonhos esfarrapados
Que me agitam e fazem acordar,
Desfila em sequências caóticas .
Aprendi então a viver no meio
De meus fantasmas familiares
E , enquanto posso, vou saboreando
Os instantes poucos que me restam
De alegria e gratidão, que sabedoria
Me dá, agora que juventude se foi.