PÁGINAS SOBRE MÚSICA

quarta-feira, 27 de abril de 2022

VER O MUNDO DE OUTRA FORMA?


 
Lenine dizia... mais ou menos, isto: «Há décadas em que não se passa nada de muito relevante; e depois, surgem períodos em que os acontecimentos se precipitam, dando a sensação de que se viveram décadas, durante apenas uns meses ou semanas.»

Esta citação pareceu-me adequada para abrir uma reflexão sobre a mudança e - em particular - a mudança que temos experimentado, nos últimos anos. Temos a sensação de que a História se acelerou, de que grandes transformações ocorreram, de que se passam muitas coisas insuspeitas do grande público e mesmo de muitos dos peritos, que têm o potencial de transformar a nossa relação com o mundo, com o Estado, com a sociedade, com a economia, etc.

Seria muito interessante avaliar as diversas expetativas do que seria o século presente, enunciadas por eminentes intelectuais ou políticos no século anterior (século XX): Muitas delas revelaram-se muito distantes do real, quando confrontadas com os acontecimentos da história recente. Mas este exercício não se destinaria a fazer «chacota» dessas pessoas (nós também, tínhamos perspetivas que se revelaram falsas!), nem a nos mostrarmos mais clarividentes, que os nossos contemporâneos. 

Esse exercício mental seria um bom «remédio» para as pessoas (de quaisquer setores do espectro político-ideológico), que estão cheias de certezas, capazes de dar resposta a tudo, etc. Seria, afinal, um exercício de humildade, se efetuado honestamente. Obrigava-nos a ir aos fatores fundamentais e analisar, não a partir dos nossos desejos, ou das nossas construções ideológicas, mas a partir da realidade.

Veio-me à memória outra citação de Lenine; ele dizia: «Os factos são teimosos!». 

Não creio estar errado, se disser que a economia real deve prevalecer - numa visão de conjunto - sobre a economia financeirizada. 

Com efeito, as necessidades globais em alimentação, energia e matérias-primas, sobrepõem-se (muito visivelmente, agora) aos movimentos erráticos e caóticos do dinheiro especulativo. Porém, este facto não é particular à época atual; sempre foi assim! Mas, quando existia bonança ou, quando o abastecimento dos mercados em relação a esses produtos (alimentos, energia, matérias-primas), estava a funcionar normalmente, a atenção das pessoas era puxada para a componente especulativa da economia, ou seja, para a ganância do lucro, de «fazer dinheiro» com dinheiro. 

Se nós tomarmos um bocado de recuo, agora, neste momento particularmente conturbado da cena internacional, com as repercussões enormes que se estendem em todos os setores da economia, com particular incidência nos aspetos mais vitais, o que vemos? Vemos que a globalização capitalista, a engenharia económica e financeira, para aumentar as mais-valias da exploração do trabalho, com a exportação de fábricas e outros meios para os países do «Terceiro Mundo», onde não havia regulação séria do mercado de trabalho e onde era possível as multinacionais aí instaladas obterem um rendimento muitas vezes superior ao obtido na América do Norte ou na Europa, essa globalização ruiu.

Ela, globalização, ruiu e os países em «piores lençóis» são exatamente aqueles cujas burguesias mais beneficiaram dessa exploração acrescida, durante a fase de expansão e internacionalização mais agressivas do capital. 

As pessoas ainda não perceberam, porque continuam embaladas na ideologia neocolonial, ou no consumismo acéfalo, mas o facto é que as componentes tecnológicas essenciais estão a ser fabricadas pelas nações e pessoas que elas (no fundo) desprezaram. Estas pessoas são técnicos altamente qualificados, engenheiros, investigadores, que enxameiam muitas das instituições de ponta do orgulhoso «ocidente» e, sem elas, simplesmente não haveria capacidade humana para realizar o trabalho de investigação e desenvolvimento, nos vários setores. Eu sei isso muito bem, pois tenho acompanhado na minha área (biologia molecular e genética) essa progressão, mas tenho informação segura de que se passa o mesmo, noutras áreas muito diferentes, mas igualmente ditas «de ponta». 

Assim, o próprio desenvolvimento da economia financeirizada, o capitalismo na fase senescente, veio dar - a ele próprio - a machadada final. 

O efeito político e geoestratégico disto é o que estamos a presenciar neste ano de 2022. Uma separação radical em dois mundos, o eixo Russo-Chinês, incluindo a Índia e muitos parceiros da Ásia Central e do Sul, além de uma ampla gama de acordos com África, América Latina e mesmo em setores da Europa. Por outro, um mundo dito Ocidental, que está mais ou menos limitado à Europa da UE, ao Reino Unido, aos EUA e aos anglófonos Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Neste bloco, os EUA reinam como potência hegemónica, ditando  o que se deve ou não fazer e que posições tomar, até ao pormenor. 

Atrevo-me a dizer que não haverá mais globalização liderada pelo «Ocidente», pois ela foi propositadamente deitada abaixo, tendo os estrategas norte-americanos decidido que era melhor assim para o seu poderio. Esta tendência já se afirmara claramente no consulado de Donald Trump. Agora, apenas está a ser levada ao extremo pelos neocons que decidem a política em Washington. 

Segundo esta visão, é melhor ter uma mão forte, segurando um conjunto de países-vassalos (os da NATO e sua réplica no Pacífico), ao Império ter que se confrontar em permanência com competição, resultante da ascensão económica e geoestratégica dos que não se conformam com sua ditadura. Eles chamam isso: «Rules based order». 

Isto serve também, ao fim e ao cabo, os interesses geoestratégicos da Rússia e da China, que estão apostadas ambas em maximizar a conectividade entre si e com os países da Organização de Cooperação de Xangai. 

No meio, ficam nações falidas, destruídas pela guerra : a Ucrânia é a última de tais nações, mas não devemos esquecer a Líbia, o Afeganistão, o Iraque, o Iémen, e outras... Cada uma dessas nações terá de se reconstruir após guerras cruéis, o que poderá corresponder a decénios. 

Nunca a história volta atrás; O que aconteceu num dado período, deixa um traço indelével que se prolonga até ao presente. Sem inteligência da História, dum modo aprofundado, somos conduzidos por clichés, por preconceitos, por ideologias de pacotilha. 

Nunca é fácil compreender o mundo. Ele não se rege por qualquer «lei», ao contrário do que Marx e os marxistas criam; o mundo dos homens, das sociedades, das civilizações é caótico, ou seja, não é possível se aplicar qualquer «lei, regra ou princípio». 

É preciso compreender isto e compreender que o mundo natural - o mundo das necessidades energéticas, incluindo alimentação, que é afinal energia para o nosso corpo - esse obedece a certas constrições, que não se podem eliminar: as leis da termodinâmica, as leis da vida, das leis genéticas até às leis que governam as populações; as leis da ecologia, dos sistemas renováveis e dos recursos finitos, etc. 

As pessoas que têm formação em biologia ou áreas conexas, têm natural propensão em ver o mundo deste modo: Este modo de ver, se não for transformado numa pseudo- ciência, ou numa forma atualizada da ideologia cientista dos séculos XIX e XX, pode ser um instrumento muito mais fértil, quer para a prospetiva, quer para a planificação flexível. 

Afinal, o melhor modelo é aquele que passou «o teste» de Éons de evolução biológica: Compreender a fundo estes mecanismos não implica compreender tudo o que respeita ao mundo dos humanos e suas sociedades, mas ajuda a colocar a economia, a sociologia e  política,  em perspetiva.

terça-feira, 26 de abril de 2022

[GONZALO LIRA] AVALIAÇÃO DA CAMPANHA MILITAR EM CURSO NA UCRÂNIA


 O blog «Moon of Alabama» publicou uma recapitulação da guerra russo-ucraniana, da autoria de Gonzalo Lira, o chileno residente em Karkov (Ucrânia), que tem dado informação rigorosa e análises que - no geral - se têm revelado acertadas:

A Recap Of The War In Ukraine - by Gonzalo Lira


Gonzalo Lira @GonzaloLira1968 - 

Quick recap for those who haven't followed what's been going on in Ukraine but want to understand: 02/24: The Russians invaded from the south, south-east, east and north, in a lightning campaign. The Russians invaded with 190K troops—against 250K combat troops from Ukraine.

The RF put 30K troops near Kiev—nowhere near enough to capture the city—but enough to pin down some 100K AFU defenders. The RF also launched several axes of attack, with reinforcements on standby (including a famed 40km long tank column), to see where they might be needed.

Crucially—the Russian's blitz on several axes pre-empted an imminent UKRAINIAN blitzkrieg. The AFU had been about to invade the Donbas. This was the immediate motivation for Russia's invasion: To beat them to the punch and scuttle Ukraine's imminent invasion—which they did.

Also, by attacking from the north and south, the Russians disrupted weapons supply chain from NATO. Had the RF only attacked in the east to prevent the AFU invasion of Donbas, there would have been an open corridor for resupply from the West. Threatening Kiev stopped that.

So the main AFU army was left stranded in east Ukraine, with the rest of the Ukr. forces isolated and pinned down—with no easy resupply from the West. The RF then went about hitting AFU command/control and resupply links, further isolating and immobilizing Ukrainian forces.

The Russians soon nominally controlled land the size of the UK in Ukraine—but it was a tenuous control. The south of Ukraine was more fully in Russia's grip. The AFU around Kherson simply scattered. Mariupol became a clear battleground, as did the Donbas proper.

What the Russians initially wanted was to:

  • Short-circuit the imminent Donbas invasion - which they did.
  • Scare the Zelensky regime into negotiating a political settlement - which they failed to do.

Kiev had no intention of negotiating a ceasefire because of orders given to them from Washington: “Fight Russia to the last Ukrainian!” Also, the Neo-Nazi goons around Zelensky threatened him if he negotiated and surrendered because they are terrified of the Russians.

So Zelensky launched a massive PR and propaganda campaign, primarily to motivate AFU forces to fight to the death. Myths were created (Ghost of Kiev), false flags were carried out (Bucha, Kramatorsk) and relentless media stories were flogged relentlessly.

The Russians kept negotiating and trying to NOT destroy Ukraine infrastructure. In fact at first they were even trying to minimize AFU casualties. The evidence for this is overwhelming: The RF did not hit civilian infrastructure - water, electric, phone, transportation. They did not hit AFU barracks, command centers, government buildings, etc.

The Russians' initial priority was for a *negotiated settlement*. But by late March, they realized this was impossible.

This is why the RF withdrew from Kiev. There was no sense putting men near the city when they were not doing what they were supposed to do - putting political pressure on the Zelensky regime to negotiate. This withdrawal was claimed as a “victory” in the “Battle of Kiev”! lmao

Starting in late March, the Russians pulled back and solidified their control over the area they had captured, ceding to the AFU areas that were either pointless to or potentially too costly to control. The Ukraine propaganda machine called all these pull- backs “victories”.

There was still a glimmer that the war might end in a negotiated settlement but that ended in early April. After the Istanbul talks of 3/30, the Ukraine side gingerly agreed to some compromises but within a week publicly disavowed those concessions.

That's when the Russians realized the Zelensky regime was agreement-incapable: Their Washington masters, Victoria Nuland and Anthony Blinken in particular, wouldn't allow a peace. They want this war to sap Russia dry. It is a classic proxy war and Ukraine will pay the price.

Something else the Russians realized: Sanctions. They hurt but Russia bounced back with remarkable speed. They didn't really hurt that bad. But the theft of Russia's $300 billion in foreign reserves by the West DID hurt - badly. The Russians realized they were in a total war with the West and since their foreign reserves were lost forever (likely to be pilfered by corrupt Western politicos), the Russians now have nothing left to lose. By stealing their reserves, the West lost all power over Russia.

This has sealed Ukraine's fate: The Russians now have no incentive to give up what they have conquered. It has cost them too much in terms of men and treasure. And they know that they can't negotiate a ceasefire. The Zelensky regime will simply break it later.

Which means:

The Russians intend to conquer and permanently annex all the south and east of Ukraine. This is why their strategy on the battlefield has dramatically shifted: Now they are carrying out a slow, methodical grinding down and destruction of the AFU.

The war in the first 30 days was speed, feints, nominally capturing vast swathes of Ukraine territory, with the aim of pressuring the Zelensky regime into a negotiated settlement. But the West's total financial and political break with Russia means they have nothing to lose. And they have a lot to gain: The Donbas is mineral rich, the really productive farmlands of Ukraine are in the east and south, Kharkov is a major industrial city, the Sea of Azov has untold natural gas reserves.

And besides - the people love them. Why would the Russians now give up this hard-won prize?

And they *have* won - make no mistake. Ask any military man who is not a system pig, he'll tell you: There is no way for the AFU to retake their country. They have no armor, no air defense, no fuel, no comms - it's over.

The great tragedy is that so many THOUSANDS of young men will die, and die NEEDLESSLY!!,  in order to postpone the inevitable. These brave boys will have fought so valiantly - and died so young, so cruelly -because of the evil of the Zelensky regime.

That's the hard truth.

And in the end, this will be the map that will remain—a bitter image of Ukraine's future. Russia will pour billions into their newly acquired territory. It will prosper and flourish. But the rump-state of Ukraine will be left poor, destroyed, forgotten.

A tragedy.


[Comentário do editor de Moon of Alabama:]

I concur with the above except for two minor detail. The move on Kiev was not intended to hinder resupply to Ukrainian troops in Donbas but to 'fix' potential reinforcement around the capital. That enabled Russian troops to open the corridor from Crimea to the Russian border as well as to cross the Dnieper in the south and to take Kherson. Those were the most important moves for the further development of the war.

I also do not believe that Russia will 'annex' the areas it is liberating from fascist control. Once librated the people in those areas will vote on becoming independent from Ukraine and the various regions, Donbas, Luhansk, Kherson, Odessa, will form states that will become part of the Federal Republic of Novorossia.

That country will be recognized and supported by Russia and its allies.

PS1: A parte final, o comentário, são especulações do autor do blog Moon of Alabama. A posição oficial do Kremlin pode ser lida, entre outros, nesta transcrição da conversa de Putin e António Guterres, sobre a situação na Ucrânia: http://thesaker.is/president-putin-and-un-secretary-general-antonio-guterres-meeting/

[Mitsuko Uchida] W. A. Mozart: Fantasia em Ré menor, K. 397




                                            https://www.youtube.com/watch?v=eNOhBE20zsI

A minha dupla homenagem, ao génio pré-romântico de Mozart e a Mitsuko Uchida que exprime toda a subtileza da música mozartiana, de modo único.

(para uma análise da peça, ver AQUI )
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Meu comentário:

Esta peça, tal como outras composições de Wolfgang Amadeus, tem um inegável toque de sensibilidade romântica. Talvez, o que caracteriza o romantismo seja - antes de mais - uma configuração mental. 

A época dita «rococó» está cheia de exemplos de peças ou de passagens, que soam como românticas aos nossos ouvidos. Provavelmente, porque na época seguinte, durante o Século XIX, muitos compositores se serviram de certas fórmulas como clichés. 
Aliás, não só Mozart revela sensibilidade pré-romântica. Também se pode notar esta tendência (estilo «Empfindsamkeit») nos filhos de Bach, Carl Philipp Emanuel e Wilhelm Friedmann, ou mesmo em Joseph Hadyn.
É notório que o movimento literário «Sturm und Drang» do final do século XVIII, era totalmente romântico. Porém, nessa época - cerca dos anos 1780 - a música ainda se regia pelos cânones do Classicismo.
Creio que o romantismo musical surge como a cristalização de tendências que já se afirmavam no Barroco tardio e no Classicismo.

 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

MESA-REDONDA: A GUERRA NA UCRÂNIA E O COLAPSO DA ORDEM MUNDIAL




Veja esta mesa redonda, com os convidados seguintes: Alastair Crooke Former EU senior diplomat and the founder and director of Conflicts Forum. Scott Ritter Former US Marine Corps Intelligence officer and UN Chief Weapons Inspector. Max Blumenthal American Journalist, author, blogger, and editor of The Grayzone website. Seyed Mohammad Marandi Professor of English literature and Orientalism, University of Tehran. Hosted by the Institute for North American & European Studies (INAES)

---------------- PS1: Em complemento, uma entrevista com Annie Lacroix-Riz:

domingo, 24 de abril de 2022

F. LISZT: «UN SOSPIRO» [VALENTINA LISITSA]

                                           



                                             https://www.youtube.com/watch?v=oHBul0bc55o

«Un Sospiro»: Quem deu este título (em italiano) ? Não foi o autor da peça.
Liszt, já bastante adiantado na idade, compôs algo que é impossível definir; um «noturno»? um «estudo»?

-Afinal, não se trata de um suspiro, mas de respiração ampla, oceânica.
A paisagem musical/poética descreve as ondulações do mar, a brisa salgada que nos enche os pulmões.

A maleabilidade e leveza de Valentina Lisitsa, resultam na interpretação perfeita de «Un Sospiro»


sábado, 23 de abril de 2022

Ucrânia/Palestina - dois pesos, duas medidas





 VIOLÊNCIA nunca é justificada contra pessoas pacíficas que estão a celebrar uma cerimónia religiosa. 

Apenas as pessoas que no Ocidente pretendem ser quem define o que é e qual a gravidade duma «violação dos direitos humanos», pode aceitar o que se passa há meio século na Palestina ocupada por Israel, uma guerra de extermínio, um genocídio, contra o povo da Palestina.

E tudo isto, conta com a conivência, aprovação e apoio concreto, sob forma de muitos milhões de dólares, muitas armas e equipamento de guerra, constante violação dos direitos mais elementares contra um povo indefeso. 

Porque é silenciado tudo isto? Porque só interessa, se for para reforçar a posição do «Império Yankee», ou os seus «reinos vassalos», mas não lhes interessa realmente o destino das pessoas concretas.

Tanto os civis ucranianos, como palestinianos, devem ser aliviados e poupados de toda a violência; não há violência contra civis que seja tolerável; não existe guerra - de baixa ou alta intensidade- que não cause (muitas vezes, uma maioria) vítimas civis.

A visão das pessoas é enviesada por uma insidiosa campanha de lavagem ao cérebro, com a assimilação de povos inteiros como sendo «justos» ou «injustos», «amigos» ou «inimigos», etc. 

Este tipo de raciocínio, propalado constantemente pela media e pelos governos, tem um efeito devastador; é um elemento que permite a continuação de atos cobardes e assassinos. 

Torna impossível qualquer solidariedade ou mero respeito pela «civilização ocidental» e por consequência, connosco também, da parte dos povos das nações que foram oprimidas pelo colonialismo, o chamado Terceiro Mundo. 

Já viram aquilo que os dirigentes e os media ao serviço do grande capital estão a fazer, na indiferença total, permitindo a continuação do sofrimento do povo Palestiniano? E que três quartos do mundo veja as manifestações de solidariedade de povos europeus com o povo ucraniano como hipócritas?? 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

LISBOA TEM 48 MIL HABITAÇÕES VAZIAS (TOTALMENTE) E A PERDA DE POPULAÇÃO É ENORME

Os problemas com habitação em Portugal, em particular nos grandes centros urbanos, nunca foram adequadamente abordados e tratados. Prova de que somos efetivamente uma «república das bananas», por muito ofendidas que fiquem certas pessoas ao lerem isto. 

A redução do número de lisboetas pode ser facilmente avaliada pelas estatísticas. Por alturas do 25 de Abril de 74, Lisboa (Lisboa cidade) tinha aproximadamente um milhão de moradores, hoje (dados de 2016) está reduzida a 504 mil, ou seja, a metade.


Agora, o jornal em língua inglesa «The Portugal News», dá-nos conta da situação objetiva, resultante da miopia dos dirigentes, sejam eles governantes de sucessivos governos, sejam autarcas. 

https://www.theportugalnews.com/news/2022-04-20/48000-empty-homes-in-lisbon/66511


A estupidez e ganância é que levam as pessoas a «facilitar» esta (ausência de) gestão do espaço urbano. 

- A estupidez, porque querem dar a ilusão de que «graças a eles (governantes, autarcas) o país avança, enriquece». Porém, é tudo uma ilusão, uma mercantilização e gentrificação da urbe e, portanto, um atentado à vida, à economia e à cultura do país. 

- A ganância, porque as pessoas com algum dinheiro investem no imobiliário para tirarem rendimento, só no curto prazo, não se importando muito com o deserto humano que estão a criar, ao promoverem (indiretamente, mas sabem que o resultado é esse) a expulsão da população de origem, das famílias modestas, dos trabalhadores dos chamados «bairros históricos» para alugar os apartamentos, apenas durante uns dias por mês, a estrangeiros. Estes negócios, aliás, são muito pouco regulados e fiscalizados. Isto significa que são empresas de serviços turísticos sem as devidas garantias (de higiene, de segurança e de infraestruturas de apoio) e que deveriam ter. 

Eu não sou contra a utilização de casas ou apartamentos em regime de tipo "RB&B", ou "turismo de habitação". Porém, a estratégia inteligente deveria ser a de manter nos bairros - em particular, os históricos - a população autóctone, com os serviços do quotidiano, que podem servir a população, etc. Isto implicaria uma visão dos planificadores, tanto dos ministérios, como das autarquias. Implicaria, por exemplo, lançarem um programa de rendas controladas nestes locais, assim como promover outros apoios concretos às famílias, aos comércios. 

A selva capitalista do imobiliário é potenciada pelo «deixa andar» dos responsáveis, que mais parecem irresponsáveis. De tal forma que o resultado prático disto é a zona histórica da capital estar a ficar esvaziada de população, o mesmo é dizer, estar a morrer.

NB: Em baixo, alguns artigos meus anteriores, que abordam a temática da habitação em Portugal. 

 https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2020/07/um-pais-em-ruina-beira-mar-plantado.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/04/a-bolha-imobiliaria-mundial-atingiu-o.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/02/da-gentrificacao.html

Mendelssohn - concerto n.2 para piano e orquestra








                                               https://www.youtube.com/watch?v=m_E2lyd07u8

Leia AQUI, um pequeno relato de como esta composição nasceu, das circunstâncias que estiveram envolvidas na vida de Mendelssohn e verá que vale a pena!

F. Mendelssohn / Piano Concerto No.2 in d minor, Op.40 Hee-chuhn Choi, Conductor Julius Jeongwon Kim, Piano KBS Symphony Orchestra


 

quinta-feira, 21 de abril de 2022

EXTRADIÇÃO DE JULIAN ASSANGE, REVELADORA DA TOTAL FALÊNCIA MORAL DO OCIDENTE






A reportagem do vídeo acima está essencialmente correta. Qualquer pessoa que tem acompanhado o caso Julian Assange saberá quais os pontos essenciais deste caso.
Não irei, portanto, repetir aquilo que está no conteúdo do vídeo acima.
Pretendo apenas sublinhar três coisas.
1ª A morte do Estado de Direito: No Ocidente a figura do Estado de Direito foi-se afirmando, ao longo de séculos, querendo isso dizer que o Estado não se rege mais pelo capricho ou interesse dos que estão no poder, mas sim de acordo com as leis do país. Estas leis obrigam - segundo o credo da democracia liberal - os governos e os governados. Em particular, ninguém pode ser acusado e julgado por algo que não é crime na nação em que está a ser julgado.
2º A  morte da imagem de uma «esquerda» liberal, preocupada com a proteção dos direitos humanos, seja qual for a etnia, causa, país, etc. onde estão a ser violados. A chamada «esquerda» (do Reino Unido, ou de qualquer país da Europa), se nós tivéssemos de a definir por esse critério, seria o punhado de ativistas que tem persistentemente feito manifestações em frente da prisão onde está encarcerado Assange, e todos aqueles que realmente defendem Assange e denunciam a conspiração real, não uma teoria, para o ter aprisionado sem haver verdadeiro motivo (1) para tal.
3º A morte da media dita «mainstream» ou «legacy», que depois de ter beneficiado do trabalho de Assange e de Wikileaks, foi instrumentalizada (deixou-se instrumentalizar) pelos governos dominados por neocons, nos EUA, para «denunciar» Assange, supostamente por ele não ser um «jornalista», mas sim um «hacker», o que além de mentira absurda, é um comportamento vergonhoso de «arrependido»: Eles, jornalistas mainstream, seriam igualmente passíveis de prisão e condenação por «traição», visto que colaboraram na divulgação das tais imagens e dados objetivos que tanto incomodaram o poder nos EUA. Eles é que traíram Assange e a confiança que muitas pessoas honestas ainda tinham no jornalismo mainstream, agora são considerados apenas como um braço do poder, o da propaganda. 

Face a esta constatação, o melhor que se pode fazer, seja qual for o destino dado a Assange? -Trata-se, para nós, «simples cidadãos», de retirar TODA a confiança aos que se apoderaram dos comandos do governo, da justiça, etc. e que fizeram as piores velhacarias em nosso nome. 
Se nós não lhes dermos confiança, se não fizermos como se eles «apenas» se tivessem enganado, como é que eles poderão sobreviver, no longo prazo? Se ficam expostos como os piores verdugos, os piores criminosos de guerra, que nos escravizam e aterrorizam? Desejais maior prova do terrorismo do poder quando transformam os whistleblowers, ou jornalistas corajosos em bodes expiatórios, pela denúncia dos crimes DELES?
Não ficarão logo derrotados, mas o seu apoio será muito menor, se houver um sobressalto das pessoas - muitas, felizmente - que têm «decência» (a «common decency», de que falava Orwell).
Na verdade, eles sobrevivem graças à passividade de muitos de nós. Nesta e noutras situações, «quem cala, consente» ou seja, não condenar esta iniquidade, é ser cúmplice  dela.
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(1) Leia o resumo do caso por Paul Craig Roberts, AQUI
 

TRATADO "PANDÉMICO" DA OMS / VERSÃO TOTALITÁRIA DO GLOBALISMO

Por muito que classifiquem tudo como sendo uma «teoria da conspiração», o facto é que se acumulam documentos oficiais, da OMS, da ONU, da UE e de governos diversos, todos no sentido da criação de um governo mundial, ou de uma governança mundial, promovida pela via de uma reforma radical dos modos de pagamento e de registo de propriedade e da universalidade do passe vacinal, adossado a uma identidade digital (ID).

Um projeto de tratado a ser subscrito no seio da OMS (1) - uma estrutura da ONU - destina-se a permitir que, face a qualquer «pandemia»*, a OMS decrete em todos os países, uma série de medidas. Esta sobreposição do Direito internacional ao Direito de cada Estado, pode parecer coisa de somenos, a pessoas distraídas ou enganadas. Mas, na verdade, trata-se de um instrumento vinculativo e dotado dos meios coercivos para que os Estados (e respetivas populações) se conformem, cumpram tais decretos, emanados desta agência. 

Note-se, que a OMS é dirigida por pessoas nomeadas por indicação doutras instituições da ONU e pelos Estados-membros. Porém, não respondem, elas próprias, perante as populações. Tal escolha, seleção e exercício dos cargos também se aplica aos comités técnico-científicos da OMS. 

Estes modos de escolha e funcionamento eram satisfatórios, num contexto de entidade de saúde pública internacional, com função de aconselhar os Estados a adotarem políticas sanitárias e medidas concretas para as populações. 

Nada disso, porém, existirá daqui para a frente, na circunstância em que seja decretada uma «pandemia»*. Neste caso a OMS terá um poder real sobre os Estados, implicando que os possa obrigar a adotar determinadas medidas, quer estejam de acordo, ou não.  

Vemos agora o globalismo na ofensiva, neste esforço da OMS em fazer com que todos os países do mundo se conformem, sejam obrigados legalmente a aceitar regras, critérios, definições e medidas decretadas pela OMS. Temos aqui uma primeira forma de governo mundial sob o pretexto «sanitário», onde os Estados são transformados em executores dóceis das decisões da elite tecnocrática/sanitária, auto- instituída.

Se quisermos compreender - ainda melhor - para onde nos querem levar, basta atentar na proposta da União Europeia  de prolongamento do passe vacinal europeu.(2) Trata-se da exigência para o viajante, que teria de possuir - além de passaporte - a identificação digital (ID) associada à credencial «sanitária», atestando que estava com as «vacinas em dia». 

Este projeto recebeu imensa contestação durante a fase de consulta pública, por centenas de milhar de cidadãos da U.E., mas não foi retirado. Provavelmente, farão modificações cosméticas e apresentarão nova versão, edulcorada, mas com o mesmo potencial de controlo sobre as pessoas. Seguindo a política dos pequenos passos, habitual na UE, o prolongamento até ao Verão de 2023 será seguido de novos, em anos seguintes; depois, será tornado permanente. 

Estas duas tentativas de governança mundial sanitária têm muito em comum. Além disso, conjugam-se perfeitamente com a projetada introdução de moedas digitais centralizadas pelos bancos centrais dos Estados. (3)

O que liga concretamente o passe sanitário com as moedas digitais estatais, é a Identificação Digital, a famosa ID (4). Esta vai conter dados sanitários (vacinas, etc.) e poderá ter muitos outros dados, tais como: perfil genético, situação fiscal, cadastro. Estes dados estarão disponíveis para burocratas, polícias, funcionários de saúde, etc, que terão um acesso incondicional aos dados, outrora considerados confidenciais. 

A perda total da confidencialidade e o que significa não é compreendida pela generalidade das pessoas. Pode implicar uma fragilização das pessoas, face a criminosos de «delito comum» (chantagem, extorsão, roubo eletrónico, etc.)  De facto, vai tornar mais fáceis, porque anónimos e difíceis de rastrear, estes cibercrimes. Mais grave ainda, é a violação da privacidade por um Estado totalitário, pois os agentes do Estado irão usar os dados pessoais contra as pessoas dissidentes, como meios de coerção. O acesso às suas contas bancárias pode ser cortado, o que equivale a «morte económica», num contexto onde somente existe o dinheiro eletrónico.  Ninguém pode garantir que, mesmo num país respeitador dos direitos dos cidadãos, nunca ocorra uma deriva autoritária, ou um golpe anti- democrático. 

O globalismo não está derrotado. Há um reformular do globalismo, provisoriamente aplicado apenas a países aliados ou vassalos dos EUA (o chamado «consenso de Washington, do final da Guerra Fria nº1). Os países ditos não-democráticos - os que não se conformam com o domínio político e económico do «Ocidente»-  quaisquer que eles sejam, serão constantemente provocados, hostilizados, subvertidos e sancionados. 

É assim que a elite globalista espera submeter as populações dos diversos países à "ordem" deles, a «NDM» «nova  desordem mundial». 


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*Nada mais equivocado do que esta designação de pandemia, desde que em 2009, face à epidemia de gripe suína, a OMS decidiu mudar os critérios e a definição do próprio termo pandemia, de tal modo que o fator mortalidade e globalidade da infeção possam ser omitidos, ficando apenas a disseminação e contagiosidade. Graças a tal modificação da definição, qualquer gripe sazonal passou a satisfazer os critérios para ser classificada como «pandemia». Também desde o início, o COVID foi caracterizado como «pandemia», numa altura em que, fora da China, no resto do Mundo (cerca de 6 milhares de milhões de indivíduos), existiam apenas escassas centenas de casos comprovados.

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(1) https://off-guardian.org/2022/04/19/pandemic-treaty-will-hand-who-keys-to-global-government/

quarta-feira, 20 de abril de 2022

JA EXISTE GOVERNO MUNDIAL? VEJA PIPPA MALMGREN NO DUBAI e decida...

 



Dubai, Março de 2022. Cimeira do Governo Mundial 2022, discurso de PIPPA MALMGREN ex-conselheira da Presidência dos EUA, SOBRE O FUTURO DAS MOEDAS DIGITAIS EMITIDAS PELOS BANCOS CENTRAIS E SEU PAPEL NA NOVA ORDEM MUNDIAL.



terça-feira, 19 de abril de 2022

QUEM CONTROLA QUEM?



Quem costuma prestar atenção aos discursos políticos, ideológicos e mediáticos dominantes, sabe que nestas esferas se manufaturou - desde há longa data - um consenso: A democracia é um sistema que está inerentemente associado com a «liberdade» dos mercados, sendo uma heresia, sob o ponto de vista económico, mas político também, querer «regular» os mercados. Isso (regular os mercados) seria a marca das ideologias mais ou menos autoritárias, pondo dentro do mesmo saco os fascismos, incluindo o nazismo, as regulações social-democráticas ocorridas  após IIª Guerra Mundial no Ocidente e todos os socialismos autoritários, desde a União Soviética, os diversos regimes «comunistas», em vários continentes, até à China contemporânea, um híbrido de capitalismo/comunismo.
Esta visão do mundo, propriamente ideológica, é reafirmada por um montão de discursos, que confluem para afirmar essa tal inevitabilidade: ir contra a «liberdade» dos mercados, é estar a fragilizar - também - a liberdade política e a ordem social liberal.
Note-se que este discurso é apenas uma atualização dos ataques no século XIX, contra as correntes sociais e socialistas (o que incluía marxistas e fortes correntes anarquistas). Nesta fase, o capitalismo industrial triunfante parecia efetivamente ser um modo de produção cuja maior eficácia e produtividade eram inegáveis. Eram comuns os argumentos de que o capitalismo «não se dá bem» com ditaduras, que uma economia capitalista não se concebe sem concorrência e que a concorrência implica liberdade dos indivíduos, uma imprensa livre, etc., etc.
De facto, nas suas linhas fundamentais, os argumentos permanecem os mesmos. Porém, o próprio capitalismo não só envelheceu, como também se transformou, de tal modo que se pode legitimamente perguntar se algo do «livre mercado», ou se algo dum genuíno liberalismo, tanto económico como político, permanece nos países tidos como guardiães dos mercados livres e da democracia liberal. Estes, são os países «ocidentais», um conceito político, pois inclui países como o Japão, a Coreia do Sul, ou a Austrália, que não são geograficamente «ocidentais».
Curiosamente, as esquerdas liberais ou libertárias,  parlamentares ou extra- parlamentares, têm feito a mesma apologia dos mesmos «valores», apenas desejando a «limitação» dos grupos económicos muito grandes, apenas porque são muito grandes, deixando o resto na mesma. Quanto à sua formal e retórica aversão aos monopólios, tem origem em slogans dos anos 60 e 70, onde ainda havia um segmento significativo das esquerdas «ocidentais» que eram realmente anti- capitalistas, que punham em lugar central a luta de classes e a luta anti-imperialista. O que se vê, hoje, na «esquerda» é que as pessoas bem podem conservar uma auto- imagem «anti- capitalista», mas (infelizmente), a meu ver, ela não corresponde à realidade.
De resto, a «liberdade dos mercados» carece de qualquer razão profunda para se lutar por ela, não pode ser considerada um valor em si mesmo, a não ser que se ache justificado que a Grã-Bretanha tenha, em nome da liberdade de comércio, imposto o ópio e as guerras do ópio ao império da China, como se fosse direito inalienável do império Britânico, vender as mercadorias que quisesse, aonde quisesse e a quem quisesse. 
Pessoas que se dizem liberais hoje acham  frequentemente, que o capitalismo está a ser plenamente falseado pela existência dum ordenado mínimo, o qual impediria o mercado laboral de funcionar «em plena liberdade» e que os trabalhadores aceitem voluntariamente (sic!) trabalhar por salário abaixo do tal mínimo. O salário mínimo é acusado de falsear a concorrência, devido aos «pobres capitalistas ocidentais» serem confrontados com a produção a menor custo, noutras paragens, com salários mais baixos. Tudo isto são falácias, fáceis de desmontar!
Podia-se escrever um longo capítulo de exemplos, desses tais «valores neoliberais» contemporâneos. Penso que o leitor poderá facilmente perceber aonde quero chegar, mesmo sem multiplicar os exemplos: Trata-se de um exercício de hipocrisia, que mascara um racismo classista, vindo diretamente do setor capitalista mais reacionário e anti-humanista.
Esta corrente, tem hoje em dia um renovo: O neomalthusianismo é a ideologia que subjaz um complexo ideológico. Ouvem-se nomes diferentes como o transumanismo, o keynesianismo, o militarismo, mas eles são somente, afinal, «parágrafos diferentes do mesmo credo». Esta corrente floresce graças aos muito ricos e poderosos bilionários, que se colocam como patronos ou benfeitores «humanitários» e «aconselham» governos e outros, servindo-se de «fórums», como o de Davos, controlando quer a «media de massas» tradicional, quer os novos instrumentos mediáticos da Internet (Twitter, Facebook, Google, etc...) .
O nível extremo deste poder de controlo revela-se nas instâncias internacionais. Elas não deveriam estar submetidas à pressão de financiadores privados, como acontece no caso da OMS. É conhecido que o financiamento maior da OMS provém da Fundação Bill Gates, sendo também muito grande a contribuição das grandes farmacêuticas. A OMS deveria escapar a tal sujeição, funcionar apenas como agência da ONU, tendo só contribuições dos diversos países membros.
Quando interesses privados, de um modo insidioso, com a colaboração de Estados, se imiscuem na gestão de aspetos da vida que deveriam ser públicos, obtém-se uma rede de interesses muito fortes, as chamadas «parcerias público-privadas». Estas, nada mais são do que estruturas para impor um regime de monopólio em setores inteiros da economia, portanto, a negação total da «livre concorrência». Pense-se em Portugal: No setor energético (EDP, GALP, GDP etc.), no setor das autoestradas (BRISA), no setor das comunicações e media (NÓS, MEO, jornais de grande tiragem e grupos de imprensa, além de copropriedade com o Estado, vivem de subsídios estatais), nas empresas de transportes (a TAP e muitas outras). Na educação, as universidades «privadas» são, na verdade, parcerias com o Estado, tal como os colégios (da primeira infância, ao fim do secundário), viáveis somente devido aos constantes subsídios e ajudas diversas do Estado.
As parcerias público- privadas, tão do agrado da classe capitalista, como da corrompida classe política, são - nada mais, nada menos - que monopólios de renda, para os interesses capitalistas privados. O Estado fica - de facto - como garante da viabilidade económica destas estruturas. O apoio que ele (Estado) presta, pode ser direto: Como foi o caso, para salvar bancos privados, como o BES e outros. Em Portugal, os contribuintes, defraudados pelo Estado que governa «em nome deles», são quem desembolsa os milhões para cobrir as perdas dum banco americano («Lone Star»), que adquiriu, em condições de privilégio inéditas, o «Novo Banco» resultante do falido BES (Banco Espírito Santo).
Aquilo que se observa em Portugal é igual, em mais grotesco, ao que ocorre em países mais fortes, como os EUA, a Alemanha, a França, etc...
Estas relações são de tipo ternário:
- O Estado faz reféns os cidadãos, obrigando-os a contribuir com seus rendimentos (o imposto sobre rendimentos), com contribuições obrigatórias (para segurança social, etc.) e com os impostos diretos (IVA, etc.).
- As grandes empresas conseguem dominar o mercado, um domínio em monopólio ou oligopólio (duas ou três empresas num setor, «ditas concorrentes»). Isto é obtido mediante toda a panóplia de instrumentos e táticas, que incluem a absorção de concorrentes mais fracos, a exclusão dos potenciais concorrentes, incluindo a sua sabotagem, a utilização de conivências instaladas no aparelho de Estado, etc.
- As empresas monopólios ou oligopólios, estabelecem com o Estado, diretamente ou através de empresas e instituições estatais, acordos de parceria. Estes, além de reforçarem as suas posições de mercado, dão-lhes acesso a fonte de financiamento seguro, à garantia de salvamento, mesmo perante erros da gestão empresarial, etc.
Pode-se dizer que estas parcerias reúnem todas as vantagens dos sistemas privados e todas as dos públicos mas, para maior vantagem dos privados, sobre as estruturas públicas. Com efeito:
Podem exercer a sua atividade, seguindo apenas as regras do mercado; podem ser cotadas em bolsa; podem negociar acordos salariais e outros dentro da empresa; não estão sujeitas a seguir critérios definidos pelo governo, seja para promoções ou concursos externos de pessoal, como nas empresas públicas; podem sobretudo distribuir os lucros obtidos pela empresa, entre os acionistas e membros de topo da gestão.
Mas, têm as vantagens dum investimento público, como: A possibilidade do Estado investir diretamente com dinheiro público, ou com dívida pública (que os contribuintes terão de pagar futuramente); têm a garantia do Estado para qualquer empréstimo que façam; têm acesso às redes de influência e de poder, sobretudo. Esta simbiose permite-lhes estar por dentro do poder político qualquer que ele seja, sem parecer.

Geralmente, os media estão cheios de notícias que desencadeiam um reflexo «visceral» nos seus leitores/auditores: esta gestão das emoções é monitorizada cientificamente, por cientistas comportamentais, psicólogos, sociólogos, antropólogos, etc. «que venderam a alma ao diabo».
Não são os únicos, pois nas universidades, em particular, abunda esta espécie, que se reveste dos louros académicos para viver como parasita da democracia. Estas pessoas são compradas, ou melhor, são apropriadas. Estamos a falar do funcionamento de instituições com potencial para influir na opinião pública, tais como a media de massas, o ensino superior, os corpos de elite do Estado, as instituições de investigação (estatais ou privadas).
É impossível alguém não-conforme com a ortodoxia permanecer nestas instituições durante muito tempo, pois seria marginalizado e finalmente expulso, se levantasse frequentemente a voz para afirmar algo desagradável aos seus patrões. Também, não há grandes hipóteses de tal vir a ocorrer, pois os candidatos são sujeitos a uma seleção que privilegia a conformidade, em detrimento da criatividade e originalidade. No processo de seleção, uma pessoa que sai fora dos cânones aceites e desejados, até  poderá ser dotada de inteligência e  capacidade criativa acima dos outros concorrentes. Mas, os que selecionam os candidatos não vão selecionar essa tal pessoa, porque têm de escolher alguém que «encaixe» no perfil traçado.

No conjunto, as sociedades ditas de «democracia ocidental» vivem numa espécie de teatro ou de simulação permanente. Ai de quem se atreva a dizer «o rei vai nu!»
As circunstâncias delineadas nos parágrafos acima, não são as únicas em que ocorre uma ficção de «concorrência». Todo o conjunto da sociedade é atravessado pela mesma corrução intrínseca, pela mesma hipocrisia institucionalizada, pela supressão dos mecanismos de controlo popular. É preciso compreender que o poder sobre os indivíduos, implica um controlo, mandar nas pessoas, forçá-las a conformarem-se com as normas (sobretudo, as não escritas) e, por estes meios, manter as hierarquias de poder em todo o tecido social, sem as quais (segundo eles) a sociedade dita «civilizada» não poderia subsistir. Sem hierarquia, tudo cairia no caos, na anarquia. 
De facto, a «civilização» deles, é realmente sinónimo de violência e de caos, sobre os pobres, os destituídos, os excluídos. O «socialismo para a elite e escravatura do capital para os servos», é o verdadeiro mote da sociedade que eles querem implantar (Great Reset), conservando apenas a retórica da «democracia liberal». Mas, isto nunca é patente, antes é sempre ocultado pelo poder!

Jacques Baud DESMASCARA A NARRATIVA OCIDENTAL SOBRE CONFLITO NA UCRÂNIA





 Jacques Baud é um ex-membro dos serviços de inteligência da Suíça, tendo conhecimento direto e pessoal de muitos acontecimentos, que relata no seu livro «Poutine, maître du jeu?». 

Nesta conversa interessante, Baud considera que os ocidentais sacrificaram intencionalmente a população ucraniana para atingir os seus objetivos geoestratégicos.

PS: Veja AQUI a transcrição de uma entrevista ao jornal on-line «Gray zone»

segunda-feira, 18 de abril de 2022

[PROPAGANDA 21, Nº13] ENTREVISTA COM PIERS ROBINSON


 Tenho escrito séries de artigos sobre propaganda e seu papel na atualidade da pandemia de COVID, assim como na guerra da Ucrânia.

Para os números passados de ambas as séries, clicar nos links:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/propaganda-21-n12-narrativa-do-poder.html

(NO NÚMERO 12, PODE ENCONTRAR OS LINKS PARA OS ANTERIORES)

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https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/04/cronica-da-iiimundial-guerra-biologica.html

(ESTA CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL TEM LINKS PARA AS ANTERIORES)

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Hoje, apresento o nº13 da série PROPAGANDA 21, com a entrevista, de Elze Van Hamelen, a Pier Robinson:

Este investigador da propaganda tem realizado estudos sobre fenómenos recentes, respeitantes ao papel dos Estados, dos governos, da media, na gestão da perceção do público. Ele mostra como a democracia, nos países ocidentais (em especial na Europa), tem sido esvaziada de todo o conteúdo.

Pela nossa parte, na primeira das séries acima mencionadas, temos posto em relevo que os grandes Media, Empresas Tecnológicas, Indústria Bélica e Governo, se têm incestuosamente coligado, para levar a cabo a guerra surda contra os seus próprios povos, aqueles que teoricamente eles «representam». 

A tomada de controlo pela tecnocracia nas sociedades ocidentais não se passa no futuro distante duma «ScFi» («Ficção Científica»): passa-se aqui e agora.

Mas, com a agudização da crise económica em toda a sociedade ocidental, as formas subtis de propaganda que conseguiram persuadir muitas pessoas (a «fabricação do consenso») podem estar nos seus limites. Começa a despontar a consciência nas pessoas de que têm sido manipuladas. Por isso mesmo, as pessoas deveriam perceber que «a crise do COVID» não desapareceu, continua e pode ser «reativada», sempre que convenha aos poderes.

Se esta consciência se alastra, o reflexo dos poderosos é aumentar o nível da repressão, é criar ataques de falsa bandeira para amedrontar os súbditos e justificar um «estado de exceção permanente». Mas, se isso tudo não chega, irão recorrer à guerra, como é o caso presente, em que querem arrastar toda a Europa para um holocausto coletivo, pra satisfazer a agenda delirante da ínfima oligarquia de bilionários, de banqueiros e de proprietários das grandes indústrias bélicas. 

Esta guerra da Ucrânia dá-lhes o pretexto, quer a ganhem ou percam no terreno, para instalarem formas totalitárias de governança nos países da Europa ocidental, tradicionalmente com regimes de «democracia liberal». Os instrumentos necessários para isso já existem: divisas digitais emitidas pelos bancos centrais, obrigatoriedade de passe vacinal para se viajar, ou para ir a múltiplos locais dentro do próprio país, etc. A deriva totalitária é fácil, porque já criaram ou estão a criar as condições para o controlo permanente através de apps, obrigatórias na prática, sem as quais não se poderá fazer nada. 

Mas, o melhor é ouvir a entrevista abaixo (ligar legendagem, em inglês, para seguir o diálogo)



PS1: Em complemento, um resumo de uma conferência muito oportuna sobre a «Guerra de Informação», da Pré-História até à Ucrânia. A guerra da informação é afinal sinónimo de propaganda de guerra. Joe Laurie faz uma panorâmica notável desta forma de guerra.

PS2: A media faz «black-out» sobre importante estudo, incidindo sobre um número elevado de pessoas, que demonstra que a inflação do coração é mais frequente em pessoas vacinadas com o COVID, do que na população não vacinada. Consulte AQUI.