PÁGINAS

sábado, 18 de outubro de 2025

VENEZUELA - NOBEL DA «PAZ» E «FRUTO PENDENTE»

 O presidente  Trump deve ter feito uma grande pressão para que o elegessem prémio  Nobel da Paz. O juri do Nobel deve ter sentido alguns pruridos de consciência  e decidiu antes escolher uma venezuelana, líder  de oposição  anti chavista e grande amiga dos EUA.  Maria Corina Machado, eleita prémio Nobel da Paz, "não é nenhuma flor pacifista":

- Internamente, não cessou de fazer apelos incendiários à sublevação contra o regime de Maduro.

- Em relação  ao estrangeiro, convidou os «pacíficos»  Netanyahu e Trump, a invadirem o país, com a garantia de que, se o fizessem e a pusessem na presidência, teriam garantido o petróleo venezuelano e tudo o mais. 

Não  creio que estas tomadas de posição públicas sejam adequadas para quem está comprometida num caminho de paz e de oposição não  violenta!



No entanto, a Venezuela tem forças militares e populares que não seria prudente ignorar. Se houvesse invasão pelos EUA ou forças mercenárias, a tarefa não seria fácil. Além disso, a Venezuela está hoje de boas relações com as potências mais significativas do ponto de vista económico e militar dos BRICS, a China e a Rússia. Tanto os chineses como os russos já  deram discretos sinais de que não irão ficar passivos perante uma eventual tentativa de derrube do regime venezuelano.

Um império em decadência acelerada já não mete tanto medo, sobretudo após os fiascos militares deste século XXI: Afeganistão, Iraque, Líbia, assim como outras situações em que os americanos foram obrigados a recuar.  Na verdade, as " guerras sem fim" que eles vão criando - incluindo a Ucrânia  - são apenas causadoras  de morte, destruição e dívidas colossais, além de criarem animosidade em muitos povos e governos diversos. Alienaram laços  fortes com a Arábia Saudita, Indonésia e vários países africanos ou latino-americanos. O apoio incondicional ao governo de Israel, nestes dois anos de matança de civis indefesos em Gaza, também contribuiu para que muitos perdessem a ilusão sobre as intenções humanitárias e benévolas de Washington.

Maduro, vendo as provocações constantes, o assassinato dos tripulantes de lanchas, supostamente transportando droga para os EUA (creio que já afundaram 4 desses barcos), percebeu que as forças militares dos EUA se preparavam para  uma invasão da Venezuela. Estas brutais execuções  extra-judiciais de pessoas que os americanos nem sabiam ao certo quem eram, são mais uma prova da hipocrisia do poder imperial. Mas, sobretudo, revelavam o intuito de criar o pretexto da agressão («casus belli») e derrube do governo de Maduro.

O fruto pendente das enormes reservas de petróleo  e das minas de ouro da Venezuela devem ter feito salivar os "neocons".  Wolfowitz, um destacado neocon, conselheiro de George W. Bush, argumentava (em 2003) que a invasão do Iraque "se pagaria a si própria"  com as enormes somas obtidas na venda das reservas de petróleo deste país. Sabemos que não foi assim, mas também sabemos que pessoas gananciosas e estúpidas são capazes de cair duas vezes no mesmo erro. 

De qualquer maneira, não é  a oligarquia dos EUA que vai pagar a fatura. São os pobres, que irão mais uma vez servir como carne para canhão em guerras do Império Ianque...

A CHINA TERÁ DEZ VEZES MAIS OURO DO QUE RECONHECIDO OFICIALMENTE


 Sendo impossível resumir de forma satisfatória  esta longa entrevista, queria deixar aqui minha opinião  sobre a validade das previsões: 
- De facto, todos nós fazemos previsões  nas nossas vidas e damos crédito a previsões  feitas por outros. Porém, trata-se de balizar os possíveis, tendo em conta o saber acumulado. 
É a este nível que se situa a fraca credibilidade da imprensa mainstream, sobretudo em questões  económicas. 
- Pela minha parte, tenho dado atenção à  questão  do ouro, sobretudo como salvaguarda perante um sistema baseado na dívida, como tem sido o sistema financeiro mundial, no passado  meio-século. 
 O desenvolvimento anómalo dos setores bancário e financeiro, veio criar um ambiente favorável aos especuladores e aos que já eram muito ricos. Enquanto os muito ricos enriqueceram ainda mais, os novos pobres foram-se somando, incluindo nos países  de capitalismo mais dinâmico.  

A contradição aguda entre o vigoroso progresso técnico e científico, em todas as áreas e o alastramento da pobreza sob todas as formas, deveria fazer-nos pensar que o capitalismo se esgotou.
 Deve-se procurar alternativas melhores, mais justas, enquanto formas de produção  e de sistemas sociais e políticos.  
Cabe aos jovens de hoje e às gerações vindouras, a tarefa de inventar alternativas válidas - em termos sociais e humanos - ao tipo de economia e de sociedade que têm vigorado no Ocidente.

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

GROUND em DÓ MENOR por William Croft



 Este Ground em Dó menor foi, durante muito tempo, atribuído a Henry Purcell. Recentemente, foi reconhecido que seu autor é William CroftMuitas pessoas aprenderam este «ground», como sendo de autoria do famoso Purcell. A peça - em si mesma - é uma pequena obra-prima, além de ser uma curiosidade da História da Música ocidental. 
Decidi escolhê-la para ilustrar a técnica de escrita musical conhecida como «a variação». 

No caso do Ground, trata-se de variações baseadas sobre um baixo repetitivo (Ostinato), sobre o qual o tema melódico é tratado de várias maneiras: A variação pode incidir sobre os aspectos melódico, rítmico ou modal.

Desde os inícios da polifonia (Séc. XII-XIII), que um dos processos mais usados na composição, é o da construção a partir de um baixo. Deste baixo, o compositor extraía a textura harmónica, ou seja, a sequência de acordes. A partir do baixo e da voz mais aguda - portadora, em geral, da melodia - procedia-se ao «enchimento», ou seja, compunham-se as vozes intermédias. Estas deslocavam-se em movimento paralelo ou contrário ao da melodia. Esta «receita» para a construção duma peça musical tornou-se muito utilizada desde a época renascentista e dominou a escrita musical no Barroco. Note-se que muitas peças onde não figura explicitamente o termo «variação» no título, são - apesar disso - construídas sobre o referido princípio.

Na música posterior, seja ela Clássica, Romântica, Pós-romântica ou Contemporânea, continuou a ser aplicado o princípio da variação, em múltiplas peças vocais e instrumentais. 


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- EXEMPLOS DE OBRAS BASEADAS NO PRINCÍPIO DA VARIAÇÃO:


AS FOLIAS, DO FOLCLORE AOS MEIOS ARISTOCRÁTICOS


Ária com variações, dita «A Frescobaldina»


FANDANGO- FLAMENCO - FOLIA - PASACALLES - CHACONA 


 Louis Couperin, «Pasacalle em sol menor»






quinta-feira, 16 de outubro de 2025

APOSTILA: SABEREI... [OBRAS DE MANUEL BANET]





Saberei eu... sorrir?

Quando, vestidos de branco

Partilharmos instantes

Poucos, dum último olhar


Saberemos nós guardar

Intimidade num hospital

Indústria de morte asseptizada

Que nos vê como corpos?


Saberei eu ... no momento

Da separação, que seja

Realmente a nova etapa

De nosso amor?


Amor, que seja eu

O primeiro a partir.

Deixa-me adormecer

Sob teu carinhoso olhar


Não consigo viver sem ti

Não por ter necessidades

De qualquer espécie

No vazio da tua ausência


Mas, não saberei

Viver sem ti

Tão simples como isso;

Sem ti, nada faz sentido


Eu não temo a morte,

Mas tua ausência

Porque, agora sei,

És meu fluído vital


Deixa-me crer que a morte

Seja, afinal, a transição.

Pois, Amor, se assim for

Não terei queixumes


Não precisarei de nada

Sabendo que nos veremos

De novo noutra dimensão

As almas emparelhadas


SINDICATO DO CRIME U.S.A.

 



Vale a pena ouvir este diálogo  entre George Galloway e Gerald Celente, caracterizando o regime dos EUA como uma monstruosa empresa criminosa, só diferindo da Máfia num aspecto: É que cometem os seus crimes odiosos à  frente de toda a gente ... e gabam-se das façanhas!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Saga dos neandertais na Ibéria e sua hibridação com H. sapiens



 A imagem popular dos Neandertais como bestas possantes, resistentes a condições adversas, mas de pouca inteligência, veio «explicar» durante decénios a extinção deste grupo de humanos arcaicos, à medida que se espalhava a população dos "Cro Magnon"* que são nossos ancestrais diretos, humanos anatomicamente modernos.

Porém, desde cedo, a imagem de brutamontes dos Neandertais estava posta em causa, pelo facto de existirem várias evidências de importações de tecnologias de talhe da pedra, oriundas dos Homo sapiens, pois estão já presentes em África, antes da última onda migratória para a Europa*. No entanto, essas técnicas foram copiadas e adaptadas por neandertais. As técnicas de talhe «Levallois» são tipicamente de transição entre a cultura Musteriense (típica de neandertais) e de «Homo sapiens sapiens».

Antes de estarem disponíveis as técnicas de análise de ADN antigo, João Zilhão e equipa (1998) levantaram a hipótese de que o Menino de Lapedo (ver vídeo abaixo), possuía inegáveis traços anatómicos de neandertal, embora fosse um «humano moderno».  Zilhão interpreta este hibridismo como sinal de que havia - disseminados na população a que pertencia o menino de Lapedo - genes originários dos neandertais. Tal como acontece com a nossa herança de genes neandertais, os cruzamentos na origem do hibridismo do Menino de Lapedo tiveram lugar muito tempo antes (milhares de anos).

No âmbito da genética das populações é sabido que os genes podem persistir ou desaparecer numa população ao longo das gerações, devido aos efeitos da selecção (selecção «darwiniana»), ou devido ao acaso.  Sabemos que quanto mais distantes no tempo forem os acontecimentos de hibridação  inter- específica,mais os genes importados estarão diluídos nas gerações subsequentes. 

Observou-se uma percentagem maior de genes de origem neandertal em populações atuais da Ibéria, em comparação com a percentagem em populações da Europa Oriental ou Asiáticas.  Este facto reforça um conjunto de evidências de que a extinção dos neandertais foi muito mais tardia na Ibéria, em relação a outras zonas que eles povoaram. 

Os documentários abaixo são interessantes. Em certos pontos, avançam com teorias ou hipóteses, para as quais não existe acordo na comunidade científica. Isso é o normal na ciência, que precisa do confronto de posições para o avanço nas pesquisas, nas investigações no terreno, nos debates teóricos...

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* Os primeiros humanos modernos (chamados de Cro-Magnon) chegaram à Europa há cerca de 45.000 anos. 




 Neandertais SOBREVIVERAM ATÉ 25.000 ANOS ATRÁS 




      CRIANÇA DE LAPEDO : hibridação H. sapiens x H. neanderthalensis


RELACIONADO:






segunda-feira, 13 de outubro de 2025

PRIMEIRO REACTOR NUCLEAR A TÓRIO (NA CHINA, DESERTO DE GOBI) FUNCIONA EM CONTÍNUO

 


Esta tecnologia usa matéria-prima abundante (o Tório), largamente distribuída no planeta, ao contrário do isótopo de urânio utilizado nas centrais atuais. 

A quantidade de Tório disponível no território da China, é suficiente para fornecer eletricidade a toda a sociedade chinesa durante 20 000 anos.

Será uma energia praticamente ilimitada.

domingo, 12 de outubro de 2025

APOSTILA: O Remanescente são Palavras [OBRAS DE MANUEL BANET]

 


Deixa a ridícula miragem

De sermos perpétuos, eternos

Não desprezes um suspiro

Um olhar, ou gesto inacabado


Sermos aquilo que somos

Parece o mais difícil, afinal:

Neste mundo, enganados somos

Pelos espelhos da nossa vaidade


Afinal, a felicidade está no instante,

No efémero, no real ao nosso alcance;

Nesta curvatura do espaço-tempo

Onde cegos e surdos caminhamos


Mas ouvir os sons naturais,

Apreciar uma paisagem intacta

Sem «monumentos» que plantaram

Os humanos na sua ébria vaidade


Colher tais impressões não cansa:

Levo-as para casa, nelas renovo

A misteriosa e potente força

Que a Vida nos oferece


Fecho os olhos e vejo a realidade

Transmutada em sonho único

Que nenhum artifício captaria

Porque o sonho é meu guia


 


Revelado quem sabotou Nordstream


Vladimir Putin, numa conferência de imprensa recente, afirmou que estavam identificados os autores da sabotagem. Seriam os britânicos, dos quais se sabe que têm dos melhores grupos especializados em sabotagens marítimas. Esta sabotagem contou com a monitorização e o provável apoio logístico de navio da marinha dos EUA. As entidades da OTAN estavam com certeza ao corrente, pois a área onde ocorreu a sabotagem tem sido - ao longo dos anos - sujeita a constante vigilância por radar, por satélite, ou por patrulhamento de guardas costeiros da Dinamarca e da Alemanha.
A hipótese avançada pelos responsáveis da OTAN, como explicação para o sucedido, não tem ponta de verosiminhança, a começar pelo facto do iate «Andrómeda» não estar equipado com sistemas de compressão/descompressão necessários para descer os homens a 80 metros de profundidade, e também o facto de não ser tarefa para «amadores», mas apenas para homens bem treinados e experientes, o que implica que teriam de pertencer a um corpo de elite militar.
Quanto à  posição oficial da Alemanha, o chanceler Merz, recentemente, mostrou a sua total subordinação aos americanos e desprezo pelos concidadãos, ao se «regojizar» da sabotagem e de «jurar» que nunca mais haveria ligação por gasoduto com a Rússia. Isto, no preciso momento em que na Alemanha (e noutros países da Europa central), o custo elevado do gás (o gás comprimido americano custa 3 a 4 vezes mais caro que o russo, em gasoduto) tem causado o empobrecimento da população, devido às faturas de gás e eletricidade. Além disso, observa-se a fuga para outros países ou a falência, de muitas empresas industriais. Está previsto para o ano de 2025, um défice do PIB de cerca de 30%.

sábado, 11 de outubro de 2025

O MURO DAS LAMENTAÇÕES - HAVERÁ, DESTA VEZ, RESPEITO PELO PLANO DE PAZ?

Leia AQUI (https://chrishedges.substack.com/p/trumps-sham-peace-plan) o artigo de Chris Hedges, na íntegra.


Praticamente, tudo aponta para um falso plano de paz, tanto mais que um plano sério teria de explicitamente mencionar o estatuto da Palestina como de «Estado soberano», coisa que evita a todo o custo.  
Acho que - lamentavelmente - este «plano de paz» teve mais a ver com a preocupação de Trump em ganhar o «prémio Nóbel da Paz». Reflectindo sobre isto, se ele não o ganhou foi uma injustiça, digo eu. Pois, não só ficaria junto de outros ex-presidentes dos EUA, sem dúvida premiados pelas «pacíficas invasões e guerras que iniciaram ou alimentaram», como de Henry Kissinger, Secretário de Estado sob Richard Nixon, que aconselhou bombardeamentos massivos com napalm nas zonas rurais do Vietname  e organizou o golpe contra Salvador Allende, no Chile em 1973.
O Comité Nobel para a Paz está, há muito tempo, transformado numa espécie de «tambor», ecoando as «virtudes» de personagens do imperialismo americano, ou de seus apaniguados. O último  caso é o Nóbel, atribuído* a Maria Corina Machado, golpista venezuelana.

*Ver artigo por Code Pink, uma organização feminista revolucionária dos EUA.

Alastair Crooke receia - com razão - que este «plano de paz» seja apenas mais «poeira para os olhos», com vista a um ataque surpresa contra o Irão, organizado pelos «pacíficos» Trump e Netanyahu.

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PS1: Aaron Maté Escreve um artigo onde aponta o facto do cessar-fogo entrar em vigor sem que nenhuma das causas subjacentes do conflito tenham sido abordadas.


sexta-feira, 10 de outubro de 2025

COMO É QUE PORTUGAL NÃO FOI ABSORVIDO PELA ESPANHA

 Na realidade, esta questão é um bocado misteriosa para mim, que não sou historiador e tenho ideias demasiado esquemáticas do que foi o Condado Portucalense e todas as relações entre famílias reinantes, de Portugal, Castela e restantes reinos ibéricos, que tanta influência tiveram na evolução da geografia política da Península Ibérica. 

O que me apraz sublinhar é que o estado de guerra não era de todo o mais comum entre os reinos vizinhos de Portugal e Castela. Antes pelo contrário, as casas reais estavam aparentadas por uma série de casamentos entre príncipes dos dois reinos, forma como eram seladas ou consolidadas as alianças, nessa época.  Apenas uma visão maniqueísta coloca os dois reinos ibéricos em contenda permanente. 

Lembremos que o grande período de hostilidade aconteceu no final do Séc. XVI, quando o rei D. Sebastião de Portugal morreu em combate na batalha de Alcãcer Quibir (Marrocos) e foi sucedido pelo Cardeal D. Henrique, o qual não possuía descendência. 

As cortes estabeleceram que o legítimo herdeiro do trono era Felipe IIº de Espanha, tendo os seus exércitos invadido Portugal e derrotado uma fraca resistência militar, fiel ao candidato português ao trono (D. António Prior do Crato, «bastardo» real) e durante 60 anos foi o domínio dos Felipes na coroa de Portugal, não fusionada com a de Espanha, mas mantidos os dois reinos separados, com à cabeça, o mesmo monarca. 

Esta situação agradava a uma parte da aristocracia portuguesa. Por isso não houve grande resistência em Portugal durante a maior parte do período. Foi devido a uma série de acasos felizes que a conjura de 1ª de Dezembro de 1640 teve sucesso. Um facto importante, foi que o exército castelhano estava ocupado - nesse preciso momento  - a reprimir uma insurreição na Catalunha. Esta foi um fracasso, mas o resultado foi que, entretanto, Portugal sob o novo monarca, D. João IV,  teve tempo de organizar um exército próprio e fazer face às incursões espanholas. A guerra «de baixa intensidade» que se seguiu, durou bem até ao reinado de D. João V. Só no  reinado deste monarca português se chegou a uma paz estável com Espanha, com os casamentos de príncipes herdeiros. Nesta ocasião, foi celebrado o casamento entre o monarca espanhol e D. Maria Bárbara de Bragança princesa real, que se tornou assim Rainha de Espanha. 

Porém, os interesses de Espanha e Portugal continuaram a entrechocar-se no continente Americano. Houve combates na América do Sul por causa da delimitação dos territórios das colónias pertencentes a Espanha e a Portugal. Posteriormente, em 1801, na «Guerra das Laranjas» Portugal foi invadido pelo exército espanhol, por iniciativa do primeiro-ministro Godoy e nas boas graças do Consul vitalício, Napoleão Bonaparte.  

Durante a terrível guerra civil espanhola (1936-39), participaram forças portuguesas, de um lado e do outro: são conhecidas participações diretas de comunistas e de anarquistas nas milícias republicanas; do lado falangista, também houve voluntários. Esta guerra ocorreu já durante a ditadura de Salazar (1932-1968). Ele e o seu regime eram totalmente favoráveis aos insurrectos comandados por Franco. Quando algum «rojo» atravessava a fronteira para Portugal, era quase certo que seria apanhado, entregue aos falangistas e executado.  

No período pós-25 de Abril de 74, houve grupos (ELP, MDLP) de portugueses contra-revolucionários (grupos armados, praticando atos terroristas)  que se acolheram em Espanha, onde ainda vigorava o regime falangista. 

Mais tarde, aquando da adesão de Portugal e Espanha à então CEE, havia um certo preconceito dos eurocratas e dos principais países membros formando então «o Mercado Comum», em colocar Portugal e Espanha «no mesmo barco». Isto porque viam maior vantagem na adesão da Espanha com a sua indústria, agricultura e relações com a América-Latina. 

Porém, acabaram por encontrar uma fórmula, em que as indústrias portuguesas com maior potencial foram entregues, como «prenda de casamento da CEE» ao país vizinho. Os espanhoís puderam desenvolver em Portugal uma estratégia agressiva de aquisições em vários sectores, na indústria, nas pescas, no imobiliário, etc. O resultado foi o acentuar da «terceiro-mundialização» de Portugal, como se pode verificar até hoje. 

Nos períodos em que Portugal fez face a Espanha, em geral, tinha o apoio duma grande potência, como o Reino Unido ou a França. Também nestas circunstâncias, Portugal teve de ceder muito a seus aliados, não só no seu império colonial, como em relação ao comércio da metrópole: por exemplo, os britânicos conseguiram obter exportações em exclusivo de uma série de artigos para o Reino lusitano  e obtiveram o exclusivo do cultivo e exportação dos vinhos do Porto, da transformação das lãs da Covilhã, etc. 

Pode dizer-se que o Portugal do século XVIII já tinha características de neocolónia, embora fosse - ele próprio - um império colonial. Mas o colonialismo português foi, quase sempre, subordinado a interesses estrangeiros até ao final do período colonial. Com efeito, eram numerosos os empreendimentos agrícolas, industriais e mineiros, nas colónias portuguesas, entregues a parceiros da OTAN (EUA, Reino Unido, França, Bélgica...). Também na metrópole,  durante o período da ditadura de Salazar, as grandes empresas com lucros assegurados eram britânicas, alemãs, estado-unidenses, francesas e doutros países. 

O regime de Salazar e Caetano oferecia as bases estratégicas (as bases aéreas das Lajes, Açores e de Beja) às forças armadas de países da OTAN. Estas, tinham, graças a estas bases,  a possibilidade da sua aviação alcançar pontos estratégicos no Médio Oriente. Em contrapartida, Portugal recebia destes países apoio diplomático dentro  da ONU e noutras instâncias, assim como armamento.

As armas, aviões, carros de combate, etc. fornecidos, eram muitas vezes em segunda mão ou modelos que já não eram usados pelos países doadores (por exemplo, aviões da guerra da Coreia, dados pelos americanos). 

As guerras do período colonial foram guerras «proxi», em que os soldados eram portugueses, mas a grande maioria do equipamento provinha de aliados da OTAN. Quanto aos interesses defendidos, estes eram claramente os dos grandes empórios estrangeiros e da política hegemónica dos EUA, em confronto com o campo socialista e os movimentos anti-coloniais. 

Portugal, em conclusão, é um país muito dependente, quer dos seus parceiros da UE, quer dos seus aliados mais fortes da OTAN. Configura-se uma situação neo-colonial, em que é  mais vantajoso para os senhores feudais (o grande capital internacional) que Portugal permaneça como país nominalmente independente. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

REINICIALIZAÇÃO SERÁ ORIENTADA PARA EXTRAIR RIQUEZA DAS PESSOAS!

 Reinicialização (reset em inglês):  o termo escolhido pelos globalistas para a tomada de controlo financeiro e monetário  em todos os países.  Através destas alavancas (controlo do dinheiro digitalizado e controlo dos cidadãos através da vigilância 24/24) e usando os Bancos Centrais, os bancos comerciais e os Estados, eles procuram obter um controlo a 100% da população. 

                                    https://youtu.be/pukTTXAmENA?si=zFIrZbkhHmlywvZi



terça-feira, 7 de outubro de 2025

GAZA: AS MENTIRAS PROPALADAS PARA ENCOBRIR O CRIME DE GENOCÍDIO


 Escutei várias vezes com atenção este vídeo do «Le Quotidien Global». No seu conteúdo, este relato é dos mais objetivos que tenho até agora ouvido sobre Gaza, a Palestina, Israel, o regime de Netanyahu. Também é notório que os poderes ocidentais, foram apoiantes ativos, sobretudo EUA e Reino Unido, da campanha de terror contra civis, desde o primeiro momento. 

Quando se faz a apologia da ação militar de Israel em Gaza, está-se a criar clima favorável a todos os atos que depois cometeu. Seus apoiantes, chefes de Estado e governo, de vários países ocidentais deveriam também ter um lugar reservado no banco dos reús, no Tribunal Penal Internacional.

Quando a media corporativa perpetua as mentiras típicas da propaganda de guerra e não faz nenhum esforço para desfazer aquilo que propalou, sabemos que a sua missão deixou de ser (há muito tempo, na verdade) de divulgar as notícias o mais próximo possível da realidade e de modo objetivo, neutral, não enviesado.

Ás numerosas pessoas que há dois anos me diziam que o Hamas tinha cometido atrocidades, eu respondia que a saída de 7 de Outubro para fora da prisão de Gaza, FOI UM ATO MILITAR  e que numa circunstância assim, os militantes palestinianos tinham que se preocupar - em exclusivo - em neutralizar as forças inimigas da IDF (forças armadas de Israel) que mantinham o cerco da Faixa de Gaza. 

As barbaridades atribuídas aos gerrilheiros palestinianos eram construções da propaganda sionista, destinada a virar a opinião pública mundial contra os palestinianos. Compreendi logo isso e depois veio a ser confirmado plenamente, com provas irrefutáveis. 

De facto, os objetivos mais importantes da operação da resistência palestiniana foram alcançados. Mostraram que Israel (o seu governo, as suas forças armadas) era opressor, sem qualquer preocupação com os aspectos humanitários, com prazer sádico em matar e humilhar uma população indefesa. 

O objetivo declarado pelo governo de Netanyahu de «liquidar o Hamas», não apenas não foi conseguido, como a posição do Hamas se fortificou no seio do povo palestiniano, como também a nível internacional. Além disso, a questão do estatuto da Palestina enquanto Estado independente, nunca se colocou com tanta força como agora. 

Não sei, evidentemente, o que o futuro trará, mas creio que é importante que Gaza fique como símbolo da barbárie contra um povo indefeso e que resiste desde 1948. 

Com efeito, foi vítima da histórica injustiça que lhe foi feita, quando a ONU reconheceu o Estado de Israel e deixou «no vácuo» a questão do reconhecimento dos territórios palestinanos, conforme prometido, enquanto território nacional dos palestinianos.

O 7 de Outubro de 2023 será lembrado como um gesto de libertação, de coragem dos resistentes, não apenas do Hamas, como doutras organizações da Resistência palestiniana. 

A resistência de todo um povo - os palestinianos de Gaza e dos restantes territórios - ficou demonstrada. Os habitantes de Gaza recusaram abandonar a cidade que tinha sido transformada em ruínas, assim como todas as infraestruturas e recursos (hospitais, escolas, mesquitas, igrejas cristãs, etc), intencionalmente bombardeadas e demolidas pelos  israelitas.

É terrível o peso que devem sentir muitos judeus, pelo mundo fora, perante a perpetuação de crimes em massa, que só têm paralelo no horror e desumanização que os nazis fizeram ao povo judeu, logo em 1933, mas que se foi intensificando como morticínio em massa, nos finais da IIª Guerra Mundial. 

Mas, o sofrimento da população palestiniana durante estes anos todos, desde antes da implantação do Estado de Israel, deveria ensinar a todos que não se pode aceitar um Estado étnico (um Estado que apenas reconheça como cidadãos de pleno direito os de uma dada etnia) e/ou um Estado com religião oficial (em que é crime criticar a religião e onde as leis são moldadas para se conformar com um credo religioso), nem um Estado que discrimine como não-cidadãos quem aí vive desde há séculos e séculos. Chama-se neste último caso, «apartheid», nome dado ao regime de segregação racial promovido pelos brancos na África do Sul, que só acabou na década de 1980.

Não tenho nenhuma compaixão pelos sionistas e seus comparsas: andaram a atear campanhas de ódio, de propaganda do mais vil conteúdo, para «justificar» os horrores cometidos quotidianamente, nestes dois anos de matança. Não chamo a isto «guerra», pois os alvos principais dos sionistas eram civis e os palestinianos resistentes armados, não tinham meios para contrariar, de modo eficaz, os atos do exército inimigo.

O meu horror e tristeza não ficam confinados ao regime monstruoso de Netanyahu e seus apoiantes internos e externos: 

É que nós temos vivido numa bolha de ilusões, nos regimes ocidentais, de «democracia liberal»; de que estes tinham valores e que os assumiam. Não! Apenas usaram, durante mais de um século, uma «indignação» fabricada, para lançar campanhas contra seus opositores, encobrindo os crimes deles próprios contra forças anti-coloniais, anti-capitalistas, pró-socialismo, pró-autodeterminação, que surgiram neste século e meio, em todos os continentes e nos países-sedes coloniais e imperiais. 



A VISÃO DO MUNDO DE UM ESTATÍSTICO, NASSIM TALEB

EUA & Subida da China





 

domingo, 5 de outubro de 2025

«CLAIR DE LUNE» DE CLAUDE DEBUSSY (+ Recordação de infância)

EVGUENY KISSIN 


                                           https://www.youtube.com/watch?v=_5h4Y66HnG0


-  NOITE CLARA DE LUAR E ESTRELAS

- VULTOS SOBRESSAÍAM SOB A ABÓBADA CELESTE.

A criança -que era eu - olhava com maravilhamento estes adultos, que evoluíam nos jardins, no ar noturno um pouco húmido. Já era Setembro e, nas montanhas ao longe, uma manta de névoa esbranquiçada recobria os cumes.

A música, essa, era um mistério, um sortilégio inexplicável, um efeito mágico de todo o ambiente que se desprendia dos jardins ornados de estátuas, mosqueadas de musgo verde escuro.

Gostava de poder regressar a estes momentos mágicos, para sempre idos. Mas, pelo menos, posso ouvir com toda a atenção esta interpretação de Evgueny Kissin, do «Clair de Lune» de Debussy. Não me recordo se o concerto de que guardo memória incluía ou não, a célebre peça de Debussy. 
O que sei é que os jardins e a atmosfera nostálgica me transportaram para um estado de sensibilidade serena. Neste estado, consegue-se usufruir dos sons, como se produzidos pelo nosso cérebro: Somos um com a música, embora saibamos perfeitamente que vem de fora de nós.

Recolho-me em Debussy, como noutros compositores, pois cada um deles tem algo único para me dar. É uma espécie de segredo que eu guardo, em relação aos compositores que mais frequento. Talvez Debussy e Rachmaninov, sejam os que melhor me projetam para a infância ideada, sonhada, talvez vivida como se fosse outra vida.

Como se pode ser feliz, na infância ! Se na minha infância o fui, devo-o aos meus pais, que me educaram o gosto musical e me proporcionaram estudar música. Não me tornei um músico profissional, nem um executante que se pudesse apresentar num recital público. 
Porém, estou convencido que apreendo as peças musicais com um grau de compreensão mais elevado, do que se nunca tivesse estudado música. A gramática e o estilo em música são como no discurso literário. A não compreensão dum texto literário, pode resultar da incapacidade em apreender a sua estrutura gramatical e o estilo do mesmo.

O intelecto e a sensibilidade são ambos de grande importância para usufruirmos plenamente da música. Também o silêncio; fazer o silêncio interior, deixando que os sons nos penetrem, se organizem na nossa mente. Só assim conseguimos captar a totalidade da beleza do que estamos a ouvir.


sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Prof. Mearsheimer: EXISTE ALGO NOS FICHEIROS EPSTEIN QUE CONDICIONA TODA A POLÍTICA DOS EUA

A lucidez e cuidadosa documentação do Prof. Mearsheimer mostram que as supostas propostas de paz, vindas da administração Trump e dirigidas aos palestinianos, não têm qualquer hipótese, são uma «proposta» de criação duma Palestina neocolonial, sob controlo de Israel. Nada aponta, na proposta de acordo, para instaurar um Estado palestiniano independente... Mearsheimer explica que um tal alinhamento com o governo genocida de Netanyahu mostra que Trump (e pessoas da administração Biden), têm estado sob um processo de chantagem. Netanyahu é um político experiente e sem escrúpulos, que conhece bem os meandros de Washington.


 

HIPOCRISIA DO RECONHECIMENTO DO ESTADO DA PALESTINA


Como refere o artigo de Kit Knithly no «Off-Guardian», as potências ocidentais decidiram reconhecer o Estado da Palestina e advogarem a «solução» dos dois Estados. 

- Mas, a que preço? Com que intenções? Terão assim assegurado que muitas pessoas, seus cidadãos, irão esquecer a sua inação vergonhosa, durante quase dois anos de genocído pelas forças armadas de Israel contra o povo indefeso da Faixa de Gaza? 

Pensam, os governantes ocidentais, que a nova Palestina ficará erradicada dos «elementos terroristas» ... Leia-se, dos diversos grupos que têm efetuado ações de defesa armada contra os atos de agressão e barbárie de Estado de Israel. Nunca será demais insistir: Os responsáveis nos países do Ocidente, tinham conhecimento dos planos genocidas de Netanyahu, muito antes de Outubro de 2023. 

Cala-se a história sombria do conluio da grande finança com os governos imperialistas, incluindo o governo nazi, para a saída dos judeus da Europa e sua instalação na Palestina, terra árabe conquistada aos otomanos na 1ª Guerra Mundial, sob mandato britânico, desde o final da 1ª Guerra Mundial: 

Na declaração Balfour (1917), diretamente sugerida pelo banqueiro Rothchild ao primeiro-ministro britânico em 1917, prometia-se uma terra que não era britânica, mas árabe, para satisfazer a ambição sionista de «dar terra própria» ao povo judeu. Mas, esta generosa «oferta», à custa de território alheio, tinha como contrapartida, satisfazer a premente necessidade britânica de que os EUA entrassem na guerra. 

E assim foi: Bernays e muitos outros nos Estados Unidos, orquestrando uma enorme campanha, lograram mudar a opinião do povo americano, que se tinha manifestado, até então, como anti-guerra. Conseguiu o lóbi judaico obter essa reviravolta graças a uma parte substancial dos «opinion makers» nos jornais, maioritariamente nas mãos de magnates judeus da grande finança. 

Infelizmente, a conivência da classe plutocrática no Ocidente em expoliar a terra dos que sempre lá viveram, os palestinianos, ainda é considerada tabu. Desenvolve-se um complexo de culpa, que faz com que muitas pessoas tenham medo de «passar por anti-semitas». Ora, os semitas tanto são os judeus naturais do Médio Oriente, como as populações palestinianas e outras, nesta região. 

Os supostos «semitas» que vieram em massa povoar as terras do que depois se tornou o Estado de Israel são - na imensa maioria não semitas- de origem Khazar, ou seja, povos do sul do Cáucaso. O império Khazar existiu na Idade Média, e converteu-se oficialmente ao Judaísmo: Depois dele se ter desfeito, as populações foram para diversos países do Leste europeu. Eis a razão de ter existido importante população judaica (Ashkenazi) nos países eslavos (Rússia, Polónia, etc) e nos germânicos (A Alemanha, nessa altura, dividida em muitos reinos e principados). 

Estes Ashkenazi não têm os genes típicos das populações Sefarditas, os judeus de origem ibérica. Estes, que vieram do Mediterrâneo,  têm parte importante de ascendência dos judeus da Palestina, que se dispersaram em toda a bacia Mediterrânea, após a destruição de Jerusalém, pelo exército do império romano em 70 A.C. 

É verdade que os judeus foram mantidos em ghettos, nas cidades da Europa cristã medieval e que, devido aos interditos que pesavam sobre eles, estavam proíbidos de exercer certas profissões. Mas, graças à interdição para os cristãos, de receber juros em operações bancárias de empréstimos, a atividade bancária era tolerada para os judeus, que acabaram por desenvolver redes bancárias de grande dimensão, na altura. Eles tinham uma relação ambivalente com o poder civil e com a igreja católica: Forneciam dinheiro e crédito bancário, a príncipes e papas. Mas, estes - de vez em quando - desencadeavam ondas de fanatismo religioso contra eles. 

Foi assim que, nos finais do século XV, em Espanha e Portugal, os judeus foram forçados a converter-se (muitos, superficialmente aceitando o baptismo cristão, iam seguindo - em segredo- os ritos judaicos: os marranos) ou, em alternativa, a exilarem-se: Muitos foram para o Norte de África, para os Países Baixos, ou o Império Otomano, ou ainda para outros países. 

Evidentemente, os autóctones da Palestina não tinham qualquer responsabilidade nestas intolerâncias contra os judeus. Sob o Império Otomano, os judeus gozavam de relativa liberdade, eram estimados e respeitados, podiam exercer livremente a sua religião. Havia conselheiros judeus na corte Otomana e tinham posições de destaque nas instituições académicas. 

Só a crueldade e o cinismo podem fazer "pagar" ao povo palestiniano pelos males dos quais, nem eles, nem seus antepessados, são responsáveis. Eis um enorme crime contra todo um povo, que o Ocidente nunca assumiu e que não se pode perdoar (pelo menos, aos seus responsáveis). Querem agora arrasar mais de 20 séculos de História, com medidas cosméticas que não irão jamais cancelar os problemas, mas projetá-los nas vidas das gerações presentes e futuras. 

Na realidade, só a generosidade natural das pessoas, sem a interferência da idologia ou de poderes, sejam eles quais forem, poderá resolver os problemas, cancelando injustiças e ódios, de forma a que as comunidades possam viver enquanto vizinhas, em paz e sem se odiarem, sem pretender dominar as outras.

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PS1: A pirataria do Estado de Israel continua. Agora capturaram 500 pessoas da flotilha para Gaza, no alto mar, em águas internacionais. Não há muita media a dar conta do sucedido. Vejam:

https://consortiumnews.com/2025/10/01/watch-live-feed-from-sumud-flotilla/


PS2: Veja como os governos ocidentais traem os esforços dos membros da frota de paz e fazem como se não tivessem obrigações enquanto signatários de convenções de direitos humanos e de leis, que Israel está constantemente a violar: 

https://www.youtube.com/watch?v=KKK2ztmlE4Y

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

EMMANUEL TODD: «a Europa é agora uma colónia dos EUA»


 Jeff Rich, o historiador australiano de «Burning Archive», analisa uma entrevista dada em francês por Emmanuel Todd (historiador e demógrafo), que tem a característica da clareza e da visão no longo prazo, embora enraízada no presente.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

A «LÓGICA» DA GUERRA




A «lógica» da guerra não é muito complicada de se perceber. Mas, para tal, é necessário fazer tábua rasa dos argumentos sobre «quem fez isto, quem fez aquilo» e deixar de se atribuir responsabilidades, consoante as simpatias ou antipatias pessoais, ideológicas e outras.

Com efeito, a guerra é um encadeamento de atos preparados meticulosamente, determinados pelos poderes, que estão convencidos de que precisam dessa guerra para chegar aos seus fins. Só que estes fins nunca são claros, nem são enunciados de forma que permita ao comum dos mortais entender o que se passa. O processo atual da guerra está relacionado, como sempre, com uma disputa pela hegemonia. Antes, a hegemonia era relativa a um espaço limitado geograficamente. Mas, a partir da 1ª Guerra Mundial, de forma reeiterada com a 2ª Guerra Mundial e desde então, com a chamada «Guerra Fria», tratava-se de um jogo global, destinado a obter o controlo dos principais recursos do planeta, ou seja, alcançar  a hegemonia mundial. 

Nos dias de hoje, a hegemonia que esteve nas mãos dos EUA e seus aliados/vassalos da OTAN, durante algum tempo (desde 1991 até à primeira década do século XXI), tem sido posta em causa. Tal controlo tem escapado cada vez mais aos ocidentais. Antes, muitos deles possuíram colónias ou eram senhores de países neo-coloniais.

Tem-se registado a perda de influência no comércio mundial, dos países do «Ocidente» e o aumento de utilização de divisas próprias pelo Sul Global, neste comércio e destronando o dólar. No desenvolvimento industrial e na capacidade de inovar em domínios de ponta, os países formando o «coração» dos BRICS, têm mostrado o seu dinamismo. Este tem sido tal, que exercem uma atração sobre os múltiplos países do «Sul Global». Surge a esperança de um contexto internacional mais equilibrado. Um sem número de fatores mostram que o Sul Global e os BRICS são uma força económica e estratégica em ascenção e que o chamado Ocidente, está em decadência, em colapso mesmo, a julgar pelas revoltas que se multiplicam. 

Tipicamente, nos países cujos governos estão ameaçados, a oligarquia que os domina transforma as leis e dispositivos legais, reforça os instrumentos de repressão, de modo a que a cólera dos descontentes não se transforme em insurreição. Para guardarem as aparências, vão impor estas restrições com um pretexto, que é o mesmo, desde sempre: O inimigo externo, os agentes de subversão a soldo desse inimigo externo, a necessidade de mais despesas militares e de cortes nos orçamentos sociais, para fazer face à ameaça (que pode ser puro delírio) .

A UE, sob a batuta de Ursula Von der Leyen, está em estado de quase ruptura; certas oligarquias nacionais não estão dispostas a «ir para o fundo com o navio» e já começaram a criticar as medidas tomadas pela presidente (não eleita) da Comissão Europeia. 

As sondagens de opinião mostram que os povos não têm confiança nos seus líderes; sabem que têm sido utilizados como rebanho de ovelhas, sujeitos a lavagem ao cérebro, sobre «os maus dos russos, o terrível Putin, etc.» 

A guerra é a saída para a oligarquia eurocrática, porque assim poderá impor as restrições que quiser às liberdades e ao funcionamento das instituições nos seus países, poderá espremer ainda mais os trabalhadores e a classe média, para obter os fundos necessários para as forças armadas. Terá um meio muito prático para calar quem discorde destas medidas, acusando essas pessoas de serem agentes do inimigo, traidores que merecem a condenação à morte. Deste modo, será fácil intimidar os que, não estando de acordo com as políticas, não se sintam dispostos a desempenhar o papel de mártires. 

Nós todos podemos saber qual o momento em que uma dada guerra é desencadeada. Penso que todas as pessoas atentas concordam que as palavras de guerra estão em todas as bocas dos responsáveis políticos europeus.  Mas, ninguém pode prever quando uma guerra, seja ela qual for, irá terminar. 

As consequências mais terríveis duma guerra são para os pobres, para os trabalhadores, para as pessoas que não contribuíram para o estado de coisas presente. Por isso, é justo que a guerra - em si mesma- seja criminalizada: Os que a desencadeiam ficam nas suas poltronas, gabinetes, salas de imprensa, a fazer o papel de «chefes de guerra», como se fossem eles a lutar no campo de batalha. Entretanto, no verdadeiro campo de batalha (e fora dele, em «danos colaterais» envolvendo os não-combatentes), as pessoas são mortas, feridas, feitas em pedaços, mas pouco ou nada se fala delas; só para lhes dirigir palavras ocas de agradecimento, quando elas deram o que tinham de mais precioso, a própria vida. 

Não existe guerra justa, porque as guerras são fabricadas pelas oligarquias e destinam-se a ter os súbditos bem controlados. Os pretextos ideológicos, políticos, económicos, etc. são apenas pretextos. As somas gastas na guerra não servem para produzir mais riqueza, só servem para armas e munições e estas, ou ficam armazenadas, ou são utilizadas. Neste segundo caso, vão causar mais destruição de vidas e do que foi construído por gerações de trabalhadores pacíficos. Nenhum país pode melhorar sua economia com o chamado «Keynesianismo de guerra». É uma forma de levar as pessoas a acreditar que a guerra possa fazer sentido económico. Mas isto é uma enorme falácia!


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Relacionado:


PS1:

Veja o vídeo de 09 de Outubro de 2025 e repare como os factos relatados confirmam o que eu disse no artigo acima.


PS2: Leia o artigo abaixo, que nos dá a medida da evolução de um «Estado de Direito, democrático» para um «Estado de Excepção, totalitário»
https://www.rt.com/news/626425-eu-russia-war-scare/