(Vinicius de Moraes/ Toquinho) cantado por CLARA NUNES
Ai, quem me dera terminasse a
espera
Retornasse o canto simples e sem fim
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim
Ai, quem me dera ver morrer a fera
Ver nascer o anjo, ver brotar a flor
Ai, quem me dera uma manhã feliz
Ai, quem me dera uma estação de amor
Ah, se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem casais
Ai, quem me dera ao som de
madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim
Ai, quem me dera ouvir o nunca-mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E, finda a espera, ouvir na primavera
Alguém chamar por mim
Uma das mais belas poesias/canções da autoria de Vinicius de Moraes, com música de Toquinho.
A aparente espontaneidade da letra, evolui rapidamente para um registo onírico e utópico, muito ao jeito de toda a geração de sessenta, a geração do amor e da revolução.
Mas a beleza lírica do comentário da flauta envolve a melodia simples numa aura de encantamento.
Para mim, isto é musica clássica / popular brasileira.
O lirismo e a energia interior da voz de Clara Nunes, são o modo adequado, e o bom gosto, de cantar este trecho. A alma não se diz, nem se escreve; emana como uma melodia, como uma voz quente e vibrante de quem sente o que está cantando.
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