Vejam esta parte de uma série de entrevistas: verão que Paul Craig Roberts dá uma resposta clara e límpida...assim como a uma série de outras questões fundamentais.
PÁGINAS SOBRE MÚSICA
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segunda-feira, 30 de abril de 2018
domingo, 29 de abril de 2018
A IMPARÁVEL POTÊNCIA DO AMOR
As pessoas «vulgares» não compreenderão o que eu escrevo; ou, pelo menos, irão tomar como literal o que é metafórico e vice-versa; irão tomar o particular pelo geral, ou o inverso... mas isso é assim, qualquer que seja a época, o substrato cultural.
Por isso, não me vou importar muito em explicar as coisas. Apenas direi que escrevo como penso, em vários planos diferentes, em simultâneo. Assim, uma pessoa capaz de compreender isso, será um convidado «com pernas suficientemente operacionais», para se deslocar do rés-do-chão para os andares e vice versa, descer até à cave e abrir todos os alçapões da memória, que surjam.
A humanidade não precisa de mais bens de consumo. Ela está literalmente a sufocar em bens de consumo. Vejam os mares contaminados por séculos devido a plásticos que se fraccionam mas não desaparecem; vejam os aterros com toda a «porcaria» que é produzida pela «civilização» do consumo, quer nas grandes cidades do «1º Mundo», quer nas do «3º Mundo».
Em paralelo com os aterros, mais e mais betão vai engolindo solos, muitos deles aráveis, quase todos de grande potencial, como os aluviais, presentes nas beiras dos rios, onde se situam quase todas as cidades.
Entretanto os arsenais aumentam, as pessoas dos países ditos em desenvolvimento são apanhadas em guerras cruéis, destituídas de outra causa, a não ser da ganância dos poderosos... mas revestidas de mil e um pretextos, desde a defesa da nação, da tribo, da cultura, dos direitos humanos, do espaço vital, do acesso aos recursos, etc.
Uma sociedade, nos países ditos desenvolvidos, super informada mas que se «esmera» em olhar para o lado, ou para «acreditar», sem espírito crítico, nas patranhas que a média dominada por interesses poderosos, lhos vende quotidianamente.
As sociedades e as pessoas estão, sem o saberem, cativas nos seus afectos, no seu intelecto e nas suas emoções, através da droga dos «smart phones» e de todo o lixo des-informativo que percorre as redes digitais, ditas sociais (na realidade, o mais anti-sociais que se possa imaginar).
Mas este alheamento torna as pessoas ao mesmo tempo insensíveis aos males que acontecem longe da sua esfera de «interesses e afectos» e hiper sensíveis a tudo o que lhe acontece a elas, aos seus próximos, ou mesmo a «causas» distantes de milhares de quilómetros, mas que decidem tomar como «suas». Tudo o resto, é-lhes indiferente.
O acesso universal a toda a espécie de informação apenas desencadeou ou potenciou uma resposta de enfado a tudo aquilo que a pessoa «civilizada» não considera «interessante», aquilo que não reforça as suas convicções (leia-se preconceitos).
O novo e o contraditório são tidos como o «intruso abusivo» inclusive por universitários, por intelectuais. Se há uma convicção deste tempo, é a de que cada um tem o legitimo direito a manter-se dentro de sua «esfera de conforto», de repudiar, ou descartar tudo o que venha desconstruir a sua narrativa pessoal, da sua bem pensante e pós-moderna vacuidade.
Abaixo, uma foto de uma «calçada de gigantes», fenómeno natural fotografado numa ilha ao sul da Coreia. Tem o valor simbólico, para mim, da Natureza nos proporcionar os meios pelos quais podemos aceder a outro patamar como indivíduos e como civilização.
Contra este estado de espírito, apenas uma religião cósmica, com a profunda consciência do dever para com os nossos semelhantes e para com a Natureza, poderá combater com sucesso. Não poderá usar as armas do «inimigo», a demagogia, o carisma dos líderes, etc. Deverá aceitar que o processo é longo e não terá atalhos possíveis. Será uma obra de paciência, de amor, de confiança no Todo Universal, de Tolerância e de Sabedoria.
Acredito que esse tempo virá, mas que será provavelmente depois de eu ter morrido. Porém, já vislumbro sinais disso, embora sejam ainda maiores os sinais das desgraças e tragédias que se abatem neste Planeta. Mas isso mesmo, pode ser um sinal de que se alcançou o ponto de viragem. Deus queira que assim seja, oxalá!
sexta-feira, 27 de abril de 2018
COREIA DO NORTE - COREIA DO SUL: CIMEIRA HISTÓRICA
Estive recentemente na Coreia do Sul, com minha esposa de origem coreana e visitei a sua família. Não tive ocasião de falar em pormenor com os meus cunhados sobre o assunto do dia, mas tive oportunidade de perceber que na sociedade sul-coreana existe um grande alívio, uma força muito particular, a das pessoas e povos que estão certos que o caminho que estão trilhando é aquele que devem fazer.
Os coreanos, como confucionistas que sempre foram (pelo menos 99% deles), não se guiam pelo princípio do «prazer» mas do «dever». Eles sabem que o devem a si próprios, à sua descendência e à imagem que transmitem ao Mundo, que assim tinha que ser. Era o único caminho honroso.
Lembro-me de uma conversa amistosa que tive há cerca de vinte anos sobre o problema da resolução das relações entre as duas Coreias, com uns amigos coreanos que então estavam a trabalhar como quadros superiores em Portugal: disse-lhes nessa ocasião, que não me considerava um especialista do seu país, apesar da minha esposa coreana, mas que falava «do coração». Dizia eu, que tinha atrevimento de considerar o seguinte:
- Só poderia haver solução para o problema das Coreias, se houvesse um diálogo directo entre os dirigentes das duas Coreias.
A Coreia do Sul estava refém dos seus «amigos» americanos, assim como a Coreia do Norte, dos «amigos» chineses ( e russos).
Se não houvesse diálogo directo, as Coreias iriam manter-se num estado de «nem guerra, nem paz» indefinidamente, porque isso satisfazia os desejos das respectivas potências tutelares.
Os meus amigos olharam-se uns aos outros, considerando o que dizer ... e, para minha surpresa, deram-me uma subtil réplica, disseram-me que eu «falava como um coreano». Fiquei convencido - na altura - que a sua opinião era de que eu me tinha um bocado intrometido nos assuntos «internos» do seu povo, mas compreendiam que eu amasse a sua Pátria.
Se não houvesse diálogo directo, as Coreias iriam manter-se num estado de «nem guerra, nem paz» indefinidamente, porque isso satisfazia os desejos das respectivas potências tutelares.
Os meus amigos olharam-se uns aos outros, considerando o que dizer ... e, para minha surpresa, deram-me uma subtil réplica, disseram-me que eu «falava como um coreano». Fiquei convencido - na altura - que a sua opinião era de que eu me tinha um bocado intrometido nos assuntos «internos» do seu povo, mas compreendiam que eu amasse a sua Pátria.
Chegou então o momento, como dizia ontem o Embaixador da Coreia do Sul em artigo de opinião do DN. Vai ser um processo longo e complicado, mas para as pessoas ou as nações se porem «a caminho», o essencial é dar o primeiro passo. Este já tinha sido dado afinal... algures e em segredo.
Eu estou convencido que as conversações iniciadas hoje, são um teatro diplomático, longamente negociado entre as duas partes, para consumo da media. Provavelmente, os pontos fundamentais já tinham sido acordados antes dos jogos Olímpicos de Inverno, na Coreia do Sul, este ano.
Eu estou convencido que as conversações iniciadas hoje, são um teatro diplomático, longamente negociado entre as duas partes, para consumo da media. Provavelmente, os pontos fundamentais já tinham sido acordados antes dos jogos Olímpicos de Inverno, na Coreia do Sul, este ano.
Os últimos resquícios da guerra fria estão a fundir-se, como as últimas neves invernais se vão transformando em jovens e cantantes riachos primaveris!
quinta-feira, 26 de abril de 2018
E. SNOWDEN: A LIBERDADE DE INFORMAR E SER INFORMADO. COMPLETAMENTE ESMAGADA PELOS GOVERNOS
Se não questionamos o poder, isto que se tem passado vai continuar a acontecer!
terça-feira, 24 de abril de 2018
segunda-feira, 23 de abril de 2018
[OBRAS DE MANUEL BANET] EXTRAITS DE «MAIS...»*
* Volume inédit de poésies (1983-84) en langue française
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MAIS ...
Y aurait-il ...
des paroles sans voix
des idées sans chemin
des voitures sans routes
des visages sans mains
des oiseaux sans plumage
des maîtres sans chevaux
des paquebots sans
équipage
des ombres sans teint
des traîtres sans servage
des semences sans fruits
des sentiers sans
villages
des hommes sans cerveau
des maîtresses sans
corsages
des soupes sans pain
des bergers sans
troupeaux
des fenêtres sans nuages
des portes sans maisons
des prairies sans
corbeaux
des yeux sans mirages
des festins sans passions
des glaces sans couteaux
des pays sans esclavage
des empires sans nations
des couleurs sans
drapeaux
des domaines sans
partages
des vignes sans tonneaux
…
MON PAYS (CHANSON)
Dans mon pays,
il y a des
gens
Au visage serein
Qui vous prennent par la main
Avant que l’on sombre dans l’ennui …
Dans mon pays,
il y a des
maisons
Qui n’ont ni poutres ni chevron
Mais où l’on trouve du pain
Et une place à deux pour la nuit …
Dans mon pays,
il y a des
trains
Gonflés de larmes et d’illusions
Sans doute il y aura des déceptions
Car le bonheur est un train qui fuit …
Dans mon pays,
il y a des
bateaux
Avec en proue des mots d’amour
De femme, d’espoir sans défaut
Mais qui ne reviennent pas toujours …
Dans mon pays,
il y a une
terre
Pauvre – du granit et de la chaux –
Mais c’est le mien, c’est bien mon lot
Et je veux que l’on m’y enterre …
SAVOIR VIVRE
Pour que revienne
le sourire
Au plafond de nos
espoirs
Il suffit de nous
dire :
« Ni du tout
bleu, ni du tout noir … »
Comme le ciel
pince-sans-rire
Tout à coup se
met à pleuvoir
De rien te sert
de le maudire
Vaut mieux s’en abreuvoir
…
Que ton cœur en
vain soupire
Ou qu’il s’ébatte
sans savoir
D’où vient ce mal
qui le déchire
Tu sais qu’il
bat, c’est son devoir …
LASSE FONTAINE
Lasse fontaine
des cris et des rires
Tu t’endors comme
un chat
Aux creux de la
vague …
La vérité est que
les soupirs
S’évadent au
grand dam
Des gens dont le
front se plie …
N’importe.
Tu es dans mon palais
Aussi fraîche que
de la menthe
Assez robuste
pour nourrir un bouc
Assez prude pour
ne pas en avoir l’air
Mais on te croit
fondue des neiges
Alors que,
vraiment, nul ne sait d’où tu viens
PARI(S) POUR
L’ESPRIT
Si l’anse
paisible,
corps doux,
S’élance
impassible,
du corps …
… sait, ô corps-
-sage
(sein doux
sain) :
« Vie
Sage »,
-
message
où se lit …
…d’ouvrage en orage :
« L’âge se
vit »
PENSÉES SAUVAGES
N.1 :
L’amour est un problème de temps
N.2 : Tu
m’as tout entier tapi dans ton trou
N.3 : Ru o muh’l
N.4: Impôt-cible
N.5: Lis tes
ratures
domingo, 22 de abril de 2018
sexta-feira, 20 de abril de 2018
[OBRAS DE MANUEL BANET] EXCERTOS DE «ARQUEOLOGIA»*
[*Recolha de poemas inéditos de 1987 a 2016]
1- A Revolta dos Anjos
-
Quem somos nós? Quem sou eu, quem és tu?
Somos
instantes perdidos na imensidão do tempo
Somos
transitórios como a carne
Somos
menos estáveis que um grão de areia
Somos
somente um elo duma cadeia que se estende desde um ser vivo primitivo…
…
Sou tudo isso e temos a vaidade de reclamar a imortalidade!
-
Segui estrada fora… conheço-lhe os prazeres e os perigos…
…
Toda a verdadeira caminhada é solitária
Que
este pensamento não sofra contestação
…
Bem louco seria aquele que emprestasse os pés em vez das botas!
2- Quando…
… Todas as profecias se
gastaram no vão desejo do amanhã
… As bocas se calaram no
súbito ruir da noite em tom de incêndio
… As fontes secaram
fechando as gargantas sedentas de cristal
… A Terra foi a enterrar
no espaço sideral
3- Tudo…
… Nasce, cresce e morre;
Se transforma,
Se vai escoando, se vai
esvaindo
Se vai crescendo, se vai
desenvolvendo
Se vai… …
… E tu, pra onde vais?
Tu, alma desvalida
Feres onde, vida?
Vives onde, ferida?
Do chão até às nuvens
Clamam vidas
Em seus quatro sentidos
Na água também,
Que é túmulo e fonte de
Ti,
- Ó Vida!
quinta-feira, 19 de abril de 2018
quarta-feira, 18 de abril de 2018
[OBRAS DE MANUEL BANET] excertos de «UM CORPO MERECE SEMPRE VIVER»*
* poemas da colectânea inédita intitulada «Um Corpo Merece Sempre Viver»
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SÃO HORAS
São horas de fumar o presente
E arrumar o passado num baú
Com versos em tons de malva
Só colhidos nas horas mortas
Em postais ilustrados, com beijos
muitos,
Xicorações e lenços de seda
antiga,
Amarelecida como folhas de um
outono
Vindouro; cada frase desbotando
no vão
Do portal escancarado, sob chuva
de março,
Irrigando os senteiros entre
rochas
E troncos
retorcidos...
|São horas de fumar o presente
São horas de perder as horas
São horas de contemplar o umbigo
São horas de ouvir os pêlos da
barba crescer
São horas de afogar o cansaço no
regaço
De uma noite onde se esconde teu
rosto
E se empresta um tempo ao
silêncio
E se goza a tragos ansiosos a
estupidez
De nos preocuparmos com coisas
vãs
São horas de fechar o livro
São horas de sonhar...
GNOSE
Via surgir esses rochedos do mar
Se retirando em oração rouca;
Eram modelo da Verdade pouca
Que aos olhos é dado contemplar.
Os olhos cerrou, que assim
guardavam
Melhor a visão, analogicamente
Certeira, do combate que a mente
E a matéria entre si travavam.
Mergulhado em meditação ousada,
Atravessou oceanos, atmosferas,
Espaços estelares, até ao Nada
Dilatando sua visão das esferas
Ao Todo Universal, a razão
empolgada
Descobriu por fim que Tu eras!
ÉS O MENINO QUE SE INTERROGA
És o menino que se interroga
sobre os campos submersos – as misteriosas profundezas oceânicas- revolvendo na
praia as conchas, os búzios, essas frágeis concreções que juncam a areia,
trazidas pela paciência coleccionadora da maré...
Assim o saber que ao Homem se
oferece:
Lá está exposto, qual carapaça
fóssil
De um ser no Universo...
Mas quando poderão novos Newton,
Darwin ou Jacques Monod,
Reconstruir do fundo oceano da
nossa memória genética, o “Homo”
Ainda não “sapiens”,
Mas já menino
Interrogando as conchas e seixos
rolados
Até à praia pela força
Das marés?
JAZZ
Gemido, sofrido, no mato
Carne pisada na roça
Dor, humilhação na choça
Rasgão, sangue pisado no corpo
UM CORPO MERECE SEMPRE VIVER
Um corpo merece sempre viver
Será este o meu derradeiro
Grito quando moribundo ‘stiver.
terça-feira, 17 de abril de 2018
segunda-feira, 16 de abril de 2018
[OBRAS DE MANUEL BANET] ODE À RIBEIRA*
*Da recolha inédita «Lábios do Vento» (1979-1982). A «Ribeira» corresponde à zona do Mercado e do Cais da Ribeira, em Lisboa, locais de trabalho árduo e de vida boémia.
ODE À RIBEIRA
Cais onde desaguam verduras mil
Sinfonia de cores, odores e gritos
Mulheres de olhar experiente
Observam o seu cliente
Gritando os seus pregões
Homens de sacas às costas
Atravessando um mar de alfaces
De couves
lombardas, de aipos
De cenouras, de cravos
De todas as cores
Sob a luz iridescente
Dos candeeiros, os boémios
Sorvem o café, olhar vago,
Madeixa desgrenhada
E ao balcão de esmalte
O rapaz mexe o açúcar nos galões
Vendedeiras com batas pretas
Sobre as saias de roda
Seios abundantes arfando
Faces coradas como pimentões
As últimas prostitutas
Põem rímel e bâton
Nas suas máscaras como na tragédia antiga
Uma algazarra de buzinas
Faz levantar voo a um cortejo de gaivotas
Que debanda para os bordos dos navios
Mastodontes atracados
De onde saem cascatas de peixe prateado
E nisto, o céu começa a clarear
E lá ao longe um rubro clarão de fogueira
Abrasa o fino rendilhado do casario
E as nuvens, róseos animais que o vento deforma
Este vento fresco que sopra de manhã
Trazendo o odor a maresia, a cio e a suor
As negras em filas
Vão carregando canastas de peixe
Que se acumula nos camiões frigoríficos
Os trabalhadores, de cara tisnada, olhar cansado
Mordem o pão, bebem um gole
De vinho do Ti Zé
Aquecendo-se a um braseiro
Puxando umas passas do cigarro
Um zumbido de azáfama
Invade o campo auditivo
E nesta orgia de cores,
Cheiros e sons o espírito levanta voo
Ó homens da noite,
Rudes, sulcados de rugas,
Mãos sempre prontas a afagar as coxas abertas
De alguma sereia nocturna presa no vosso cordame
O chão está juncado de escarros, de beatas e de papéis
Oferece uma consistência mole ao andar
Os tamancos, as rodas dos carros carregando caixotes
A abarrotar de pescada luzente,
Com os seus guinchos estridentes, o seu raspar
O surdo tropel da cavalgada nocturna
E o rio sempre mansamente ondeando
Palpando o cais de seus dedos aveludados
Vai deixando alguns cacilheiros, luzes tremeluzentes
Deslizar suavemente sob o olhar fixo das gaivotas,
Sentinelas sempre alerta
Sobre o cimo dos mastros dos barcos
Balouçando ao ritmo da canção do vento
As alforrecas melancólicas dizem adeus
No meio das ondas aquelas jovens virgens
Que derramam a sua frescura sobre a amurada
No caminho do mar
O navio vai convidando do seu casco amarelo
Os marujos a subirem ao som das sirenes
As escadas de pedra carcomida vão dar
A uma mole de frutas de odor capitoso
Que nos envolve, nos lança um pregão,
Que nos recorda os passos daquela varina
Descendo a calçada, ancas dengosas, as saias alevantando-se
E deixando entrever as pernas rijas
Bebei este Mundo
Penetrai neste grande arraial nocturno de olhos cerrados
Para melhor sentir o cheiro que vos sobe às narinas