PÁGINAS SOBRE MÚSICA

sexta-feira, 27 de abril de 2018

COREIA DO NORTE - COREIA DO SUL: CIMEIRA HISTÓRICA

                              

Estive recentemente na Coreia do Sul, com minha esposa de origem coreana e visitei a sua família. Não tive ocasião de falar em pormenor com os meus cunhados sobre o assunto  do dia, mas tive oportunidade de perceber que na sociedade sul-coreana existe um grande alívio, uma força muito particular, a das pessoas e povos que estão certos que o caminho que estão trilhando é aquele que devem fazer. 
Os coreanos, como confucionistas que sempre foram (pelo menos 99% deles), não se guiam pelo princípio do «prazer» mas do «dever». Eles sabem que o devem a si próprios, à sua descendência e à imagem que transmitem ao Mundo, que assim tinha que ser. Era o único caminho honroso.
Lembro-me de uma conversa amistosa que tive há cerca de vinte anos sobre o problema da resolução das relações entre as duas Coreias, com uns amigos coreanos que então estavam a trabalhar como quadros superiores em Portugal: disse-lhes nessa ocasião, que não me considerava um especialista do seu país, apesar da minha esposa coreana, mas que falava «do coração». Dizia eu, que tinha atrevimento de considerar o seguinte:
- Só poderia haver solução para o problema das Coreias, se houvesse um diálogo directo entre os dirigentes das duas Coreias. 
Coreia do Sul estava refém dos seus «amigos» americanos, assim como a Coreia do Norte, dos «amigos» chineses ( e russos)
Se não houvesse diálogo directo, as Coreias iriam manter-se num estado de «nem guerra, nem paz» indefinidamente, porque isso satisfazia os desejos das respectivas potências tutelares. 
Os meus amigos olharam-se uns aos outros, considerando o que dizer ... e, para minha surpresa, deram-me uma  subtil réplica, disseram-me que eu «falava como um coreano». Fiquei convencido - na altura - que a sua opinião era de que eu me tinha um bocado intrometido nos assuntos «internos» do seu povo, mas compreendiam que eu amasse a sua Pátria.

Chegou então o momento, como dizia ontem o Embaixador da Coreia do Sul em artigo de opinião do DN. Vai ser um processo longo e complicado, mas para as pessoas ou as nações se porem «a caminho», o essencial é dar o primeiro passo. Este já tinha sido dado afinal...  algures e em segredo. 
Eu estou convencido que as conversações iniciadas hoje, são um teatro diplomático, longamente negociado entre as duas partes, para consumo da media. Provavelmente, os pontos fundamentais já tinham sido acordados antes dos jogos Olímpicos de Inverno, na Coreia do Sul, este ano. 
Os últimos resquícios da guerra fria estão a fundir-se, como as últimas neves invernais se vão transformando em jovens e cantantes riachos primaveris!

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