Então, o caso é este:
A figura de Marine le Pen surge -por muito triste que isto seja - como uma tábua de salvação a muitos eleitores franceses, face à enorme podridão moral que infesta toda a casta política gaulesa.
Como cidadão francês, causa-me especial nojo pensar que os socialistas abrigaram Cahuzac, o ministro das finanças, encarregue de perseguir pessoas culpadas de evasão ao fisco, sendo ele próprio um «belo» exemplo dessa mesma evasão! Ou agora, o candidato da direita, dita «civilizada» (supostamente republicana e gaullista), Fillon, que dá o exemplo de «combate ao desemprego» recrutando sua esposa e filhos em empregos fictícios, pela bagatela dum milhão de euros subtraídos ao erário público!
Lamento dizê-lo, mas não existe possibilidade de outro desfecho senão a eleição de Marine le Pen. Não há hipótese de um sobressalto popular, pois o povo miúdo sente-se traído por um partido de «esquerda» que esqueceu completamente as suas raízes operárias e embarcou numa deriva de subserviência canina ao grande capital, ao imperialismo.
Agora, parece-me inevitável que, em França, seja eleita como presidente alguém da extrema-direita.
Este processo é «exemplar do que se não deve fazer». Os partidos tradicionais de esquerda e direita, com o seu comportamento deram a aparência de legitimidade à extrema-direita.
Esta aparência de legitimidade foi potenciada pela política-espetáculo (= endoutrinamento massivo dos eleitores pela mass-media e sistema estatal), a qual foi habilmente utilizada pela extrema-direita, o que não surpreende, pois os seus inspiradores (Mussolini, Hitler, entre outros...) eram mestres em propaganda.
O resultado está aqui:
Daqui a uns dias, o score para a faixa etária dos 18-35 anos será ainda mais negativo para os políticos «convencionais» e melhor para a candidata de extrema-direita.
Remeto para o meu artigo de 18 de Janeiro deste ano.
Escrevo isto com imenso pesar, porém sem aligeirar as responsabilidades das pessoas, organizações e dirigentes «de esquerda»!
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