NO CREPÚSCULO SANGRENTO
As pessoas não aprendem nada. Ou pelo menos, as que se recusam a aprender... com a História, com os exemplos de homens e mulheres que souberam dizer «não à guerra, a todas as guerras!». Cada geração tem de reaprender o sofrimento, a perda dos seus mais queridos, o rasgão irremediável nas suas vidas? Mas para quê, afinal?
- Para engordar os industriais das indústrias de armamentos, para engordar a corja de jornalistas e de políticos que nos atiram com falsas evidências, com propaganda, quanto mais descarada, mais funciona...
Se os humanos estivessem cientes
De como estão a ser sacrificados,
Certamente haveria uma revolução
Amanhã de manhã!
É por isso, para que não haja revolução, que os pobres proletários de todos os países, são imolados nos campos de batalha. É com sacrifícios à «pátria», mas que na verdade é o negócio dos tais, dos que gritam e se agitam pela guerra.
Se eu vos disser que não tenho inimigo em nenhum povo; que sou incapaz de desejar a destruição da guerra, não apenas do meu próprio país, como de qualquer outro, em especial, o que chamam de «inimigo»
Bem, esses que vivem como abutres, da carniça dos infelizes que caem sob as balas, as bombas ou as baionetas... Esses vão gritar: «És um traidor, um cobarde, não mereces viver! »
E eu direi: «Apenas vos respondo que Jesus Cristo foi julgado, mais ou menos nesses termos, pelo Sinédrio. Não me comparo a Jesus. Mas, é para dizer que cada justo que se erguer e faça valer a verdade fundamental da sua consciência, do seu sentido profundo de justiça, derrota os «Sinédrios» e todos os que o condenam! »
Dizem que hoje seria «o dia da lembrança». Mas hoje mesmo, também se cometem crimes com armas modernas, em populações indefesas, que ficam duplamente soterradaas, primeiro nos destroços dos edifícios, segundo no silêncio cobarde de todos os que olham, ouvem e não dizem nada.
"O inferno é os outros" como diza alguém? Não, o inferno é os outros que são indiferentes, que sabem e se calam, não divulgam, não se indignam, porque são cobardes. Porque estes tais, não parece que cometam um crime, porém é com o seu silêncio que os piores crimes continuam a ocorrer quotidianamente, com toda a impunidade...
Fica aqui, abaixo, um poema anti-guerra do mais célebre e genial poeta português do século XX.
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«O Menino da Sua Mãe»*
Poema de Fernando Pessoa
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
Duas, de lado a lado,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe.
Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, a lá da
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
Que volte cedo, e bem!
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
Abaixo um link para uma análise do poema, com interessantes informações sobre dados biográficos do poeta.
ResponderEliminarhttps://modernismo.pt/index.php/m/menino-de-sua-mae
Veja «Middle East Eye» veja como a realidade terrível do genocídio é contada pelas pessoas que a sofrem. Não pode deixar de tomar nota do contraste com a propaganda qu tem sido propalada nestes 18 meses pela media corporativa.
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/@MiddleEastEye