O mundo está fora de mim, no sentido trivial
Mas também se pode dizer que ele penetra
Em todos os poros da minha pele,
Pelo ar que respiro, pela comida que ingiro
Pela água e pelo vinho,
Pelas letras, os sons e os cheiros
Ele penetra por todos os canais
Dos sentidos.
Eu não recuso este fluxo constante
De sensações.
Porém, ficar cativo,
É outra coisa; estar cativo das coisas materiais
Ou até das ideias, das que se originam
Nas agitações fúteis, sempre procurando
O novo; como se, perante a novidade,
Devêssemos baixar a cabeça, curvar a espinha!
Se quiseres argumentar que eu «estou fora do mundo»
Tens razão, num certo sentido:
No sentido antigo e caído em desuso
da palavra «mundo»...
Como «mundano» ou «mundanidade»...
Se não sou deste mundo, estou contente
Estou mais aconchegado no mundo
Da infância, das recordações
Dos momentos felizes, da pesquisa
Científica e intelectual,
Do prazer de conversar com iguais...
Sim, não é com naturalidade, nem com desembaraço
Que «falo» através de telefones móveis, ou de teclados
Digitando palavras, como agora...
Sou realmente antiquado e não tenho complexos!
Sou capaz de compreender os mais jovens,
Mas duvido que a recíproca seja verdadeira.
Estou fora do mundo e ele está fora de mim.
Sim, do mundo fútil, coisificado e destruidor
Do que há de mais humano na humanidade,
Estou fora!
Por muito que vos custe, pensai de outro modo;
Já será um princípio de emancipação.
Não pretendo que pensem como eu;
Mas pensem!
Com alma, espírito e todo o ser,
Libertos da prisão doirada da tecnologia
Que ambiciona encerrar nossas mentes.
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