A ideia que é mais difundida, é que a União Europeia seria a consequência de uma vontade de paz, de bom entendimento entre povos diversos, mas partilhando uma cultura comum, com valores comuns e, portanto, que poderiam ser vertidos dentro de um mesmo molde, para produzir uma harmoniosa síntese, «uma cidadania europeia».
«A Europa», é uma construção, sem dúvida, muito presente no discurso de políticos (de praticamente todos os quadrantes), mas sem outro fim senão o de fazer com que os eleitores, os povos, continuem a oferecer mandatos periódicos e incondicionais à oligarquia europeia, a «dona» dos chefes políticos das nações mais poderosas. Estes políticos europeístas apoiam e são apoiados pela grande burguesia dos respetivos países. Sobretudo, todos eles fizeram vassalagem ao suserano americano.
A «diversidade política» é apenas aparente, não reflete uma real contradição de projetos de seus atores, antes pelo contrário: Os partidos, os que formam governos em cada país, as assembleias de deputados nacionais, os grupos políticos artificiais no parlamento europeu, todas estas instâncias estão bem controladas, para que o interesse comum seja entendido como o da oligarquia europeia. Por isso, quase não existe contestação no seio do Parlamento Europeu, às políticas europeias. Tudo é feito para que se mantenha o simulacro de unidade dos povos, quando apenas existe unidade de uns lacaios que fazem o frete (muito bem pago) de "representar" os povos.
A propósito disto, quando na Europa se discutia (entre as elites políticas e empresariais), como se deveria implementar o projeto do Euro, quais os efeitos na Europa e no Mundo dessa moeda transnacional, pan-europeia, lembro-me ter visto na TV, uma entrevista ao Presidente Bill Clinton. Perguntava o entrevistador, «Não se tornará o Euro uma ameaça para o Dólar e portanto para os EUA?», ao que Bill Clinton respondeu, em substância: «Aquilo que é benéfico para a Europa, é também para os EUA». Esta pequena frase generosa, à primeira vista, poderia ser interpretada como se o presidente dos EUA aceitasse que os seus aliados formassem um império rival, mas tendo os mesmos princípios gerais que o dos EUA e portanto, benéfico para os EUA também. Mas poderia ser a resposta, ambígua, do presidente que sabia que a unificação monetária da parte ocidental do continente europeu iria principalmente beneficiar os EUA. Estes, poderiam fazer com que os produtos e as empresas estadunidenses mais facilmente penetrassem e dominassem o mercado europeu unificado. Já não ter que adaptar os seus produtos e estratégias a 27 diferentes realidades nacionais (pequenas, médias ou grandes) que complicavam muito, era - em si mesma - uma vantagem estratégica considerável para os EUA: Desde logo, económica, devido ao desaparecimento de tarifas diversas e à uniformização de legislações comerciais e laborais nos diversos países do Euro.
Uma discussão aprofundada sobre a hegemonia dos EUA e quais seus verdadeiros beneficiários, com o coronel Macgregor no programa de Jay Martin.
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