Nota prévia:
Este poema foi escrito na sequência do 11 de Setembro de 2001. Publiquei-o a 29 de Setembro desse mesmo ano. Não tinha ilusão sobre a política de abutres grandes e pequenos que iria desenrolar-se daí por diante. Infelizmente, para todos nós, a minha intuição estava correta!
Manuel Banet
(Murtal, Parede, a 02 de Maio de 2024)
Fábula: O CONSELHO DOS ABUTRES
Reuniu-se o Conselho Supremo dos Abutres,
Para decidir de magna questão:
O Abutre-chefe, bateu as asas e disse:
"Senhores; a situação é grave.
Há grande falta de carniça no mercado!"
Virando-se para um dos seus generais,
Interrogou: "Não haverá por aí uma
Guerra que se aproveite?"
Ao que o general abutre respondeu: "De momento,
Que se veja, não! Porém, temos planos para
Remediar tão penosa situação "
"Dizei-me então", retorquiu o Abutre-Chefe,
"Tem de ser algo em grande,
E que nos sirva por muitos e bons anos!"
G: "Recebi informação dos nossos amigos Chacais
Que um banho de sangue de carneiros está em preparação,
Pelos abutres do outro lado"
A-C: "Quais? Dizei-me tudo o que sabeis!"
G: "Aqueles mesmos que preparámos e treinámos
Durante longos anos e que agora se têm rebelado
Contra o Vosso supremo comando:
Vão causar um genocídio, dentro da nossa coutada,
Para mostrar que já não nos temem ou respeitam!"
A-C: " Dentro da nossa coutada !?"
Aí, pediu a palavra o velho Abutre, que já tinha sido
Conselheiro de muitas empresas de carne-para-canhão
E disse: "Pois bem, deixemos que atuem!
Assim, teremos pretexto para desencadear as nossas operações!"
Grande algazarra se elevou então no Conselho:
Uns gritavam: "O quê? Deixar que soframos uma tal humilhação?!"
Outros: "Mas se desta vez os cachorros
Se puserem a ladrar que estamos feitos com o outro lado?"
A maioria estava muito excitada, ao saber
Que a grande crise estava prestes a terminar:
Os abutres não se importam de onde vem a carniça,
É sempre bem-vinda, para satisfazer suas grandes panças.
O Abutre-chefe ergueu-se então do seu trono,
Voejou em torno da mesa de conferências e pousou no meio desta.
Fez-se logo um silêncio sepulcral. Então disse:
" Sim; este é o momento!
D'agora em diante, teremos abastecimento
Copioso, tanto e tanto, que ainda vai sobrar
Pra satisfazer a gula dos falcões, hienas,
Chacais e todos os nossos amigos:
Eles são os nossos aliados naturais!
Vamos organizar o cenário da guerra,
Vamos organizar o cenário da guerra,
Com sua preciosa colaboração."
O enviado dos falcões disse então:
"Estamos d'alma e coração convosco!
Temos nossas esquadrilhas preparadas
Para atacar. Iremos vestidos de pombas,
Como é nosso hábito, para que os cordeirinhos
Da nossa cerca fiquem quietos e calados!"
O Embaixador das Hienas, pediu a palavra
E disse: "Se Vossas Senhorias me permitem,
Devido aos longos anos que tenho de
Experiência com as hostes cornudas,
Penso que podemos dar precioso contributo
A tão nobre causa; temos esquadrões
Bem treinados para semear o terror
Nos rebanhos, receitas infalíveis
Para os desorientar, para confundirem
Nossos dizeres com apelos de cães-pastores:
Assim eles serão voluntários
Para irem imolar-se pela nossa causa!"
"Muito bem!" Disse o Chefe-Supremo.
"Ordeno que ponham em marcha os preparativos
Da grande guerra que irá, com nosso selo,
Marcar o início desta nova era! "
Todos aplaudiram entusiastas, fazendo juras
D'eterna fidelidade ao Céu dos Abutres,
À civilização da Carnificina,
Ao modo de vida Necrófago.
À civilização da Carnificina,
Ao modo de vida Necrófago.
A voz rouca do velho abutre fez-se
Ouvir, após a gritaria ter acalmado:
"Amigos: que tal escolher uma data
Simbólica de início da grande campanha
Ficava a calhar o 11 de Setembro:
Sim: Onze do nove de setenta e três!
Com certeza se recordam desta data,
Para a qual eu muito contribui
Discretamente preparando
Aquele magnífico holocausto!"
C-A: "Está bem, velho e fiel amigo"
Disse o Grande Chefe Abutre,
"Acho que é uma ótima ideia!"
Dito isto, encerrou solenemente o Conselho,
Com piedosa oração e toda a assembleia se dispersou,
Cada qual indo cumprir sua missão,
Dando seguimento às ordens do Chefe Abutre.
Utilizando os animais das fábulas, chamando a atenção para certas realidades:
ResponderEliminarhttps://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/02/as-ovelhas-e-o-lobo.html
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPode consultar os poemas publicados neste blog em 2024, na ligação seguinte:
ResponderEliminarhttps://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/opus-vol-iii.html
A fantochada sanguinária da política-espetáculo americana continua, leiam
ResponderEliminarE. Curtin:
https://off-guardian.org/2024/09/15/another-september-11th/