Detalhe de quadro de Salvador Dali «Persistência»
Há quem diga, «deixa o passado morrer»
Mas, este estribilho não tem sentido
Além de afundar mais e mais a pessoa
Numa perplexa e obscura ignorância
Eu digo, «somos todos feitos do nosso passado»
Ele habita connosco e assim será até morrermos
Mesmo depois da nossa morte,
Venha lá o que vier, o passado não se apaga.
Permanece neste mundo como
Entalhe ou relevo do real
Esquecer o passado é como
Apagar a tua personalidade
Eu gosto do passado, porque ele
Tem a ver comigo e com os meus
Os falecidos também vivem em mim
Sem eles, o que seria eu?
Compreendo que não se deva ficar
Agarrado ao passado, cismando
Por aquilo que não pode voltar
Mas não devemos recalcá-lo
O relegar as memórias
Para um poço sem fundo
É um exercício violento
Destruidor da psique
Mais sensato é pegar nas recordações
Boas e más, conversar com elas
Dar-lhes espaço para respirarem
Transmutando os momentos
Maus, em lições de vida
E os momentos bons, em alegria
Recorrente.
Nunca sigas falsos sábios, feirantes,
Chupadores de sangue, que nos querem
Transformar em zombies e nos dominar
Busca sabedoria nos grandes sábios do passado,
Nos verdadeiros valores do presente...
E ouve o teu coração:
Ele te dirá, melhor que ninguém,
O que deves fazer e como ...
Murtal, Parede (24-06-2023)
Para consulta de textos poéticos de Manuel Banet, neste blog:
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