PÁGINAS SOBRE MÚSICA

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Fórum Económico de São Petersburgo: discurso histórico do presidente Putin


                                                             Tradução simultânea em francês

Nota: O discurso de Putin no Fórum Económico de São Petersburgo é uma peça de oratória muito cuidadosa, que vale a pena ver e ouvir. Não apenas para aprovar ou desaprovar, para aplaudir ou vilipendiar. É de facto importante não obstante haver nela (inevitavelmente) uma argumentação a favor das medidas de «operação especial na Ucrânia» pela Rússia, como de contraposição em relação à barreira de propaganda dos países do bloco NATO. A audição atenta deste discurso  demonstra que é impossível não ter em conta vários ângulos e dados concretos, para equacionar as questões. Como todos os discursos dum Chefe de Estado, este tem de ser analisado em termos críticos e considerando o contexto. 

Pareceu-me valer a pena transcrevê-lo dada a barragem de propaganda anti-russa e anti-Putin que tem atingido o universo mediático ocidental, ocultando o acesso à visão, ao ponto de vista do outro lado: Que sejam argumentos válidos ou não, o que é importante é que cabe ao leitor-auditor decidir. Do meu ponto de vista, a censura e distorção propagandística das posições russas não proporciona o acesso à realidade, portanto à verdade. São parte duma intolerável censura de alguns poderosos, que se atribuem o direito de ditar a todos os outros cidadãos o estes que têm direito, ou não, de ajuizar!








quinta-feira, 23 de junho de 2022

segunda-feira, 20 de junho de 2022

NOTURNO EM DÓ # MENOR DE CHOPIN (YEOL EUM SON & SARAH CHAN)

https://www.youtube.com/watch?v=-aVlWq5gRpo&list=OLAK5uy_nOJO659mwX4WuT7PVxzlOlx8kQ8ibLbe8
Yeol Eum Son:  Noturno em Dó # menor, para piano solo, do disco de noturnos de Chopin (alguns são em versão de piano solo, outros com orquestra de cordas).




                                            https://www.youtube.com/watch?v=CEKdzzq1hJc

Sarah Chan: Os puristas dirão que a versão para violino e piano é um atentado contra a música de Chopin! Mas, as pessoas com ouvido e sensibilidade irão apreciar deveras este maravilhoso Noturno, também na sua versão para violino e piano. 

Uma faixa do álbum SWEET SORROW.

 

domingo, 19 de junho de 2022

sábado, 18 de junho de 2022

GONZALO LIRA AVISA SOBRE RISCOS DE ALARGAMENTO DA GUERRA NA UCRÂNIA A PAÍSES VIZINHOS


                                       https://www.youtube.com/watch?v=ZQB7uWuWpBw
 
Uma provocação da Lituânia contra a Rússia* é desenhada para desencadear uma guerra generalizada na Europa. Estamos perante o momento mais grave da vida na Europa e no Mundo. O risco de deflagração nuclear é tremendo.
Veja o vídeo de Gonzalo Lira (cidadão dos EUA, radicado na Ucrânia, vivendo em Karkhov) e passe-o a todas as pessoas, para tomarem consciência.


(*cortaram o acesso terrestre ao enclave russo de Kaliningrad)

MITOLOGIAS (VII) O GRANDE MITO DO NOSSO TEMPO



O pensamento sobre o mundo que nos rodeia é condicionado pela nossa experiência sensível. Mas não é essa experiência sensível. Esta, depende dos aparelhos sensoriais de que somos dotados, não se pode dissociar da «janela de realidade» à qual eles estão associados. Por exemplo: os olhos humanos estão limitados, na sua capacidade de  deteção, ao espectro visível das radiações eletromagnéticas; a gama de sons que os humanos conseguem ouvir está limitada a um certo intervalo de frequências.
Mesmo que a humanidade tenha superado muitas das limitações à perceção direta do real, através de instrumentos, estes são - afinal - órgãos sensoriais artificiais, como o microscópio, o telescópio, etc.: a perceção tem limites.
Mas, além disso, todo o equipamento científico contemporâneo é baseado nos pressupostos afirmados por uma elite científica nos vários campos e aplicam-se as leis da física. Estas leis, não apenas formam a trama da nossa compreensão do Universo, como são o fundamento sobre o qual construímos os instrumentos, físicos e concetuais, sobre os quais repousa o nosso saber científico.
O Bios é um domínio especial do Cosmos. Pode-se colocar a hipótese de que qualquer ser biológico esteja dotado de sensibilidade e duma forma de consciência, a qualquer nível de complexidade em que realizemos o nosso inquérito. Assim, em relação a bactérias, ou a células integradas num tecido do corpo, não se pode falar duma ausência de sensibilidade, mas de sensibilidade adaptada às suas funções vitais. Esta sensibilidade é finalizada: Claramente, possui um propósito que é o de viver, de continuar a existir enquanto conjunto coerente e integrado. Esta situação é comum a qualquer célula, seja com vida independente, ou integrada num conjunto mais vasto. Note-se que, todas as células estão relacionadas entre si pela descendência; uma célula descende sempre de uma outra, ou outras, células. Temos portanto, para cada célula, seja ela de vida autónoma ou integrada num organismo, a sensibilidade e a «genealogia»: Não serão estas duas características suficientes para determinar que estas unidades de matéria viva, possuem propósito e, mesmo, consciência? O problema é antes devido ao facto da nossa mente estar amarrada ao materialismo mecanicista persistente, disseminado como «senso comum» na nossa época.
Não podemos nos dissociar do instrumento de medida, para fazer uma medição de algo. O princípio da incerteza  de Heisenberg tem grande importância teórica na Física Quântica. Mas, ao nível da filosofia do conhecimento (ou epistemologia), devia-se também adotar o postulado de que não podemos nos debruçar sobre qualquer realidade, empírica ou conceptual, sem que o «aparelho conceptual/metodológico» que é o nosso, deixe de interferir na observação, na interpretação dos dados e na teoria que as enquadra. Trata-se de um vai-e-vem, pois a teoria é influenciada pelas observações do objeto sob investigação, mas o referido objeto não é «visível» sem  teoria explícita, ou implícita. O exemplo seguinte, dá uma ideia do que pretendo exprimir: Quando os humanos olham a Lua, veem mais do que um disco brilhante no céu; veem a Lua como planeta, como satélite do nosso planeta, cujas propriedades foram descobertas ou confirmadas pelas viagens do homem à Lua no século XX, etc. Os homens da antiguidade viam a Lua como Deusa, ou como uma manifestação especial da Divindade. Não há nenhuma civilização ou cultura que veja a Lua somente como um "disco esbranquiçado, no céu noturno". De facto, quando se olha para a Lua é impossível vê-la, simplesmente e somente, assim.
A um nível sistemático pode-se dizer que a observação direta ou mediatizada por instrumentos técnico-científicos, de um qualquer objeto, está profundamente imbuída do modo como nós - indivíduos dentro de determinada cultura, sociedade, época - vemos e pensamos o Mundo. Note-se que a conceptualização do objeto se enquadra dentro da nossa visão do real. 
Tenha-se em conta que existem muitos casos, na história das ciências, em que - literalmente - os cientistas observaram determinado ser ou fenómeno, sem o reconhecer enquanto algo digno de ser analisado, estudado, descrito em detalhe, investigado. Não foi por descuido ou miopia, mas porque não possuíam o conceito que lhes permitia isso: Este, foi criado e desenvolvido depois, noutra geração de cientistas. A partir desse momento e não antes, tal conceito poderá ter sido usado para descrever e estudar o referido objeto ou fenómeno. A transformação deu-se ao nível do domínio cognitivo  ou psicológico; quanto ao objeto, ele sempre foi igual, ou equivalente.
Assim, a realidade que nos dizem ser a «ultima ratio» da ciência, não é mais que um conjunto de visões ou preconceitos duma dada época. Não existe visão «objetiva» na ciência: Há pesquisas, mas elas ocorrem no interior dum certo aparelho ideológico/científico; existe um enquadramento dos fenómenos, das observações, das experiências, dentro do paradigma aceite.
Esse paradigma é difícil de modificar, muitas vezes: Se o pensamento dos físicos fosse realmente objetivo, eles teriam adotado, muito antes de Copérnico, a interpretação heliocêntrica. Existe prova segura de que tal teoria foi enunciada por filósofos gregos da antiguidade. Eles, aliás, forneceram muitos argumentos em apoio de tal teoria.
Uma situação análoga se verificou com a Teoria da Relatividade de Einstein: Muitos cientistas notáveis, na primeira década do século XX, recusaram a teoria de Einstein. Curiosamente, o próprio Einstein, que recebeu o Prémio Nobel, não pela sua Teoria da Relatividade, mas pela explicação do efeito fotoelétrico (um fenómeno quântico), era cético em relação às interpretações da Física Quântica, que outros cientistas desenvolveram na primeira metade do século XX. Ele recusava a existência duma indeterminação ontológica, no íntimo da matéria.
A abertura não é sempre caraterística do pensamento dos científicos. A ideia de que o cientista típico é alguém com grande criatividade intelectual, que pensa fora da rotina, do convencional, é muito romântica, mas totalmente errada, especialmente na nossa época. Com efeito, nos laboratórios de pesquisa ou departamentos científicos das universidades, o mais frequente são atividades de reprodução, com maior ou menor variação, é continuação dos caminhos já traçados. As propostas mais inovadoras são - com frequência - rechaçadas. Os cientistas em posições dominantes, decidem sobre a atribuição - ou não - de créditos para tal ou tal investigação. Eles têm receio de que um projeto envolvendo demasiadas incógnitas, não dê origem a resultados publicáveis. A investigação científica tornou-se convencional, dominada por carreirismos e pouco favorável - afinal - à verdadeira inovação. O único aspeto que mantém este sistema institucional, é a capacidade em atrair financiamentos (estatais e privados). Por outras palavras, os responsáveis pelos laboratórios e institutos especializaram-se em fazer «lobbying», em captar verbas para suas linhas de investigação, para suas instituições.
A ignorância científica, ao contrário do que muitos pensam, está em progressão na nossa sociedade e o fenómeno tem-se acelerado. Os programas do ensino secundário são cada vez mais «leves», nas componentes científicas. Os adolescentes não têm contacto com a ciência experimental, propriamente dita. O que chamam de «revolução» informática consiste em transformar jovens em «ratinhos de laboratório», conectados ao computador, que reagem a estímulos e são mantidos numa dependência (como a adição aos jogos de computador). Isto dá enorme satisfação aos adultos (os pais, ou os educadores), encantados, porque as crianças estão «muito sossegadinhas» em frente aos computadores!
Certos domínios, menos tecnologizados, como a epistemologia (a filosofia das ciências), podem ainda ter alguns progressos nesta civilização. Porém, a generalidade dos domínios tem uma produtividade real muito escassa. Porque razão afirmo tal coisa?  Porque, comparando resultados científicos de hoje com os dum passado não muito remoto (alguns decénios), verificam-se várias coisas imprevistas: Há uma multiplicação de artigos em publicações científicas, mas demasiados não correspondem a reais avanços nas respetivas ciências. Se fizermos uma medição qualitativa honesta, vemos que os investimentos e o número total de pessoas técnicas e científicas se multiplicaram, mas quanto ao progresso científico e técnico, deixam muito a desejar. Para uma mesma quantia investida, a ciência que se fazia há 50 ou mais anos atrás, era bem mais produtiva. Com menos, fazia-se mais, descobria-se mais e inovava-se mais. O aparelho dito científico tem, hoje, um papel de «validação» da sociedade tecnocrática. Isto é patente, por exemplo, em Medicina. Rios de dinheiro são gastos, sem real progresso na saúde da população geral. Este é o resultado mais visível.
Na sociedade futura, alguém que se debruce sobre a realidade da ciência do começo do Século XXI, irá espantar-se com os volumes de investimentos em investigação aplicada à medicina - que implicaram défices de investimentos noutras áreas - consentidos pelas pessoas e pelos Estados. Mas que são tragados por uma medicina devoradora de recursos,  ultra- tecnologizada e com resultados no inverso daquilo que seria de esperar. Com efeito, a população está cada vez mais doente. Está mais dependente dos cuidados de saúde, mais frágil, menos autónoma, em todas as faixas etárias, sobretudo nos países industrializados. 
Sabe-se perfeitamente que muitas doenças podem ser eficazmente combatidas com prevenção, educação e hábitos de higiene. Apenas esta abordagem é eficaz, ao nível populacional, para as doenças ditas «de civilização» (obesidade, diabetes, cancros, alcoolismo, doenças psíquicas, etc.). Isto não é do interesse das grandes farmacêuticas, pelo que as pessoas vão continuar a adoecer e consumir mais remédios, para lucro dos grandes acionistas destes empórios.

 


sexta-feira, 17 de junho de 2022

PEQUENO DETALHE QUE PASSOU DESPERCEBIDO MAS DE GRANDE IMPORTÂNCIA

 


Gonzalo Lira refere no vídeo que o diretor da agência internacional de energia atómica revelou em Davos, este ano, que a Ucrânia tinha em Zaporizhzhia, a maior central nuclear europeia, quantidades de plutónio suficientes para fabricar uma bomba.

Não deixe de ouvir este curto vídeo na íntegra.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

RECESSÃO, FALÊNCIAS, DESEMPREGO, DESTRUIÇÃO DE CAPITAL & INFLAÇÃO

                                                    
                                    «Segundo Biden, os EUA são a economia que mais cresce no Mundo» 

Algumas datas relevantes na economia capitalista:

   
    Foto: 1929: 3ª-feira negra, Wall-Street


1929: Na Segunda-feira Negra de 28 de Outubro, o índice Dow desceu cerca de 13 %. Na sessão seguinte, Terça-feira Negra, o mercado desceu quase 12 %. Em meados de Novembro, o índice Dow tinha perdido cerca de metade do seu valor.

1987: Segunda-feira Negra é também o nome que costuma ser dado à queda global, súbita e muito inesperada do mercado de ações a 19 de Outubro de 1987.

2022: Este ano traz-nos outra Segunda-feira Negra, a 13 de Junho, em que as ações dos EUA, caíram logo na abertura da sessão, enquanto a economia continua sofrendo uma inflação elevada, conforme os relatórios, e quando a FED (Reserva Federal Americana, o banco central dos EUA) projeta uma subida das taxas de juro de referência, avivando os receios de uma recessão.
O mercado de cripto-moedas sofreu uma descida de sua capitalização global de cerca de 12% na Segunda-feira, descendo para apenas 980 milhares de milhões de dólares, após o fornecedor de cripto-moedas "Celsius", ter revelado na véspera (Domingo), que suspendia as transações, os levantamentos e as transferências da plataforma, citando «condições extremas de mercado». O setor sofreu perdas - desde seu  máximo, alcançado em Novembro de 2021 - de mais de 2 triliões de dólares.
Os mercados de ações dos EUA e da Europa foram ao tapete, enquanto o risco nos mercados da China também aumentou.

O mercado de ações é apenas uma fração da economia financeira. Os derivados, os mercados de câmbio, as obrigações soberanas e as de empresas, tudo isso está em colapso, perante uma inflação que se revela em toda a sua dimensão ameaçadora. Porém, as pessoas bem informadas sabiam já há muito tempo que vinha a caminho. Infelizmente, no meio dum colapso geral, há pessoas que  «acreditam no Pai Natal», pois querem entrar agora nos mercados financeiros, ouvindo vozes de sereias, que lhes dizem: «Aproveite, agora que o mercado está em quebra: poderá realizar enormes mais-valias!». O jogo da bolsa é um jogo de soma zero; quando alguém ganha, um outro (ou outros) perde(m). As bolsas são casinos; não há a mínima seriedade: Os vencedores, são os que estão «por dentro». São gerentes ou grandes acionistas dos bancos sistémicos, das grandes empresas transnacionais, etc. Os que possuem indicações confidenciais sobre as decisões das corporações e dos governos. Se não pertences ao muito restrito clube dos multimilionários, não estás «por dentro». Se te pões a jogar nesse casino, o mais certo é ficares depenado.

PS1: Alasdair Mcleod dá-nos a leitura aprofundada do colapso em curso, na finança mundial.  https://www.goldmoney.com/research/a-perfect-storm-in-banking-is-brewing

PS2: A economia dos países europeus da NATO tem sido sacrificada, intencionalmente, para satisfazer a vontade de hegemonia dos EUA, a pretexto de «defender» a Ucrânia. Só imbecis, ou pessoas inteiramente sujeitas a lavagem ao cérebro, podem estar convictas nesta fase, de que as intenções da NATO/EUA eram de salvaguardar a Ucrânia e a Europa de uma «ameaça» russa. Pelo contrário, aquilo a que se assistiu foi um acirrar do conflito até ao ponto de que a Rússia decidiu invadir a Ucrânia, perante a ameaça de armamento nuclear às suas portas e de laboratórios desenvolvendo armas biológicas: https://www.moonofalabama.org/2022/06/ukraine-the-us-is-on-the-road-towards-escalation.html#more O resultado para a Europa e sobretudo para os países pobres é catastrófico. Desde o princípio, avisei para o que estava realmente em jogo.

ALGURES...

[OBRAS DE MANUEL BANET] 



 Algures, sobre a Terra

Existe um povo feliz

Um povo que está em harmonia

Consigo próprio e com seu Criador

Que cuida do jardim da Natureza

Com a simplicidade de um filho

Que cuida de sua Mãe. 


Seus filhos e filhas crescem livres

Não sabem o que é opressão

Palavra ausente do seu vocabulário

Suas canções recordam gestas

Do passado tumultuoso que viveram

Os antepassados. Mas, de resto,

Não têm memória duma guerra

Sabem o que é a paz, porém


Isto parece impossível 

Aos velhacos e perversos indivíduos

Que tudo escarnecemos, destruímos

Deitamos um manto de mentiras

Sobre inúmeros crimes hediondos

Somos de tal modo estúpidos

Que não sabemos o que é melhor

Para nós, para o nosso futuro

Mas somos orgulhosos dum saber

O saber técnico, que nem dominamos 


 E se não acreditam no que digo

Não faz mal, nem me surpreende

Também não irei dar-vos pistas

Seria a forma de destruir o povo 

De que vos falo. 

É possível que existam mais como ele

Eu quero acreditar que formam 

O núcleo a partir do qual a humanidade

Algum dia, noutro século, ou milénio

Regresse à sua vocação primeira

E cuide do paraíso terreal 


Ter a custódia, não é a posse,

Não é a propriedade 

Daquilo que é de todos

Não há dúvida que isso é assim

Pelas Leis da Natureza e pela Razão

Pelas quais se guiam, sábios,

Os povos sem história, os povos felizes.


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Murtal, Parede, 13 de Junho de 2022

terça-feira, 14 de junho de 2022

Madrid 29 de Junho: CIMEIRA DA NATO E IMPERIALISMO

                                    

A NATO vai realizar o seu "show mediático" em Madrid no final do mês de Junho de 2022. Esta cimeira - ao contrário do que os estrategas político-militares atlantistas previam - não será a ocasião para proclamar o «triunfo das forças do Bem, sobre as forças do Mal».
Será antes um cerimonial para mostrar a «legítima» inquietação da NATO perante a subida em potência do eixo Euroasiático: China, Rússia, mas também Índia, Síria, Cazaquistão, Irão e muitas outros, formando um tecido de alianças, pactos, tratados e rotas comerciais, vitais para essas nações intervenientes, mas sem aliança militar formal.
A história do Ocidente é fértil em tentativas de conquista dos territórios hoje disputados entre eslavos de Moscovo e de Kiev, de histórias de cruentas guerras que se concluíram em derrotas para os exércitos ocidentais. Isto, parece não inquietar os contemporâneos que conduziram ao abismo, à crise económica, política e moral esta Europa Ocidental, submissa ao Império Ianque. Os orgulhosos donos dos países em causa servem-se das máquinas de propaganda, da «media mainstream» que controlam, para darem a ilusão às populações de que a NATO está a apoiar eficazmente e permitir a vitória do exército ucraniano. Não irei aqui repetir o que tenho escrito - desde Janeiro de 2022 - sobre o assunto.
Quero somente relembrar o que sucede frequentemente às tentativas de expansão dos impérios, para além das suas zonas de influência tradicionais: No passado, todos eles se depararam com grandes dificuldades logísticas, que levaram a um abastecimento moroso e periclitante da(s) frente(s) de batalha, um esforço económico incomportável, quer do país central da aliança imperialista, quer de potências subordinadas, ao ponto de causar graves catástrofes económicas e sociais, em países previamente estáveis. Outra consequência, é a insubordinação de potências médias dentro da aliança, que sentem desprezados os seus interesses legítimos, posta em cheque a sua estratégia de desenvolvimento e arcando com uma excessiva contribuição para o «esforço de guerra». É neste quadro, que chegam à conclusão de que não se justifica manterem solidariedade com a potência dominante. Por seu lado, esta potência hegemónica manifesta desconfiança, tem intentos pouco claros e total ausência de respeito pela soberania dos seus «aliados». O que descrevo acima, não só pode ser ilustrado com situações de séculos passados: Verifica-se agora, com a aliança atlântica ou NATO, nos últimos anos e com especial acuidade, nos últimos meses.
Sinceramente, não irei chorar pela derrota do Ocidente, como não farei uma apologia dos aliados China-Rússia, em plena ascensão. Apenas quero destacar a desinformação que envolve o cenário: O coro de luminárias que enxameia as redações e as colunas de opinião do «mainstream», não vê o que, porém, é claramente visível: Ou tem cegueira ou miopia. Pelos vistos, a cegueira de quem não quer ver. As primeiras baixas, diz-se, quando rebenta uma guerra, são a objetividade e a neutralidade das análises. Eu penso que se passou a um novo patamar, com esta guerra russo-ucraniana. A media corporativa, não merece sequer «os bytes, os raios hertzianos, ou o papel onde está impressa». Oxalá que a cidadania acorde e veja: que seja a Berezina da coorte mediática.
Por contraste, Scott Ritter, um militar americano com experiência, escreve um esclarecedor artigo sobre o híper- expansionismo da NATO e a húbris dos seus líderes. Ele vê com objetividade como a NATO tem levado ao descalabro os países europeus: Veja AQUI.


segunda-feira, 13 de junho de 2022

ENTREVISTA COM C. J. HOPKINS: «o totalitarismo de hoje precisa dum simulacro de democracia»

 Elze van Hamelen entrevista o dramaturgo, romancista e satirista político C.J. Hopkins. A conversa é sobre seu novo livro 'A ascensão do novo reich normal'.

A entrevista foi transcrita em «De Andere Krant» (04-06-2022) (em holandês)




VANESSA BEELEY DESMASCARA A MEDIA MAINSTREAM SOBRE A CHINA


                       Conversa com Vanessa Beeley
 
Ela DESMASCARA A PROPAGANDA SOBRE a China: 

Vanessa Beeley é uma jornalista independente que expõe a propaganda chocante relacionada com a opressão Uighur na China. Pode surpreender-se, ao saber a verdade, que nunca ouviu antes. 

Clayton Morris  recebe Vanessa para falar sobre a campanha do governo americano para transformar a China no inimigo número um.

Uma jornalista de grande nível que pode seguir, no canal do Telegram: https://t.me/VanessaBeeley

domingo, 12 de junho de 2022

DIMINUIÇÃO DA POPULAÇÃO, OBJETIVO DE CAMPANHAS DE VACINAÇÃO? VEJA DOCUMENTÁRIO

Documentário-inquérito em como a OMS, nos anos 80, realizou um programa disfarçado de esterilização das mulheres africanas, em especial no Quénia, usando a campanha de vacinação anti tétano, com vacinas contendo anticorpo anti- Hormona Gonadotrofina Coriônica (HGC), pelo que as mulheres, que engravidavam e que tinham sido previamente vacinadas, abortavam. 
A não perder: 

Em complemento, veja a mesa-redonda sobre a utilização de vacinas anti-COVID, hoje, para diminuir/anular a fertilidade das mulheres.

 https://infertilitymovie.org/a-diabolical-agenda/








sábado, 11 de junho de 2022

ENCONTRO «BILDERBERG» 2022: O QUE ELES NÃO QUEREM QUE VOCÊ SAIBA

 


IR PARA:

The 2022 Bilderberg Meeting in Washington DC: Geopolitical Realignments and Disruption of the Global Economy in the Post-Pandemic World



EM TRADUÇÃO PORTUGUESA :

A Reunião Bilderberg de 2022 em Washington DC: Realinhamentos geopolíticos e ruptura da economia global no mundo pós-pandemia

Não é todo dia que um grupo de elite de mais de 120 líderes políticos de alto nível, CEOs corporativos e representantes dos mundos das finanças, academia e mídia se reúnem para discutir assuntos globais. Mas quando uma reunião de alto nível acontece, você pode imaginar que receberia ampla atenção da mídia. No caso das reuniões do ultrassecreto Grupo Bilderberg, no entanto, não é o que geralmente acontece. Em vez disso, a grande maioria da grande mídia simplesmente evita fazer qualquer menção a eles. A reunião Bilderberg deste ano, realizada entre 2 e 5 de junho no luxuoso Mandarin Oriental Hotel em Washington DC, não foi exceção.

Estabelecido em 1954, as reuniões do Grupo Bilderberg são apenas para convidados e normalmente ocorrem uma vez por ano. Cerca de dois terços dos participantes vêm da Europa, com o restante vindo da América do Norte. Publicamente, o Bilderberg gosta de afirmar que suas reuniões são simplesmente um fórum para 'discussões informais'. Na realidade, porém, eles exercem uma enorme influência global.

A nomeação do ex-primeiro-ministro belga Herman van Rompuy como o primeiro presidente do Conselho Europeu em 2009 ocorreu poucos dias depois de ele participar de um jantar especial de Bilderberg que aparentemente foi organizado com o único propósito de considerar sua candidatura. Muitos outros ex-alunos do Bilderberg, como Bill Clinton, Tony Blair e Angela Merkel, também passaram a assumir cargos políticos importantes após participar de suas reuniões. Por esta razão, as listas de participantes do Bilderberg são muitas vezes vistas como uma boa indicação de onde pode estar o poder futuro.

Participantes notáveis

Participantes notáveis ​​do mundo da política na reunião deste ano incluíram Henry Kissinger, de 99 anos; Mark Rutte (Primeiro Ministro dos Países Baixos); Sanna Marin (Primeira-Ministra da Finlândia); Charles Michel (presidente do Conselho Europeu); e Margaritis Schinas (Vice-Presidente da Comissão Europeia). O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky também foi cotado para contribuir este ano por meio de um link de videoconferência.

Entre os participantes do mundo corporativo estavam Albert Bourla (presidente e CEO da Pfizer); Emma Walmsley (CEO da GlaxoSmithKline); Ben van Beurden (CEO da Shell); Bernard Looney (CEO da BP); Eric E. Schmidt (ex-CEO e presidente do Google); Yann Lecun (vice-presidente e cientista-chefe de IA do Facebook); Kevin Scott (CTO da Microsoft); José Manuel Barroso (Presidente da Goldman Sachs International).

Outros nomes de destaque que aparecem na lista de participantes incluem o Rei da Holanda; Jens Stoltenberg (Secretário Geral da OTAN); William J. Burns (Diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos); Jake Sullivan (Diretor do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos); e Jeremy Fleming (Diretor da Sede de Comunicações do Governo Britânico).

Bilderberg espera que a instabilidade global continue

A lista dos principais tópicos de discussão na reunião deste ano sugere que Bilderberg espera que o atual período de instabilidade global continue. No topo da lista de discussão estava o tema 'Realinhamentos Geopolíticos'. Isto foi seguido por discussões sobre 'Desafios da OTAN', 'China', 'Realinhamento Indo-Pacífico', 'Competição de Tecnologia Sino-Americana' e 'Rússia'.

Tão preocupante quanto esses tópicos de abertura foi uma discussão sobre 'Continuidade do Governo e da Economia'. Francamente, só podemos adivinhar exatamente a que isso pode estar se referindo. Continuidade após o quê , em outras palavras. Outra pandemia global e um colapso da ordem pública? Colapso econômico? Uma escalada da guerra na Ucrânia? Embora uma possível indicação possa ser encontrada no tópico de discussão que se seguiu (“Disrupção do Sistema Financeiro Global”), a mensagem geral de Bilderberg parece ser que o mundo não voltará ao normal tão cedo.

A further thought-provoking topic came in the form of a discussion titled ‘Disinformation’. Given the growing worldwide controls on freedom of speech over the past two years, particularly online, and the Biden administration’s attempt to set up a so-called ‘Disinformation Governance Board’ with the stated goal to “coordinate countering misinformation related to homeland security”, the participation of several heavyweight representatives from big tech in the meeting suggests Bilderberg has decided that achieving ‘Continuity of Government and the Economy’ is dependent on gaining still further control of the online world.

Após uma discussão sobre 'Segurança Energética e Sustentabilidade' na qual podemos assumir que os CEOs da Shell e da BP desempenharam papéis de destaque, a seguir na agenda foi um item intitulado 'Saúde Pós Pandemia'. Com a vacina COVID-19 da Pfizer tendo se tornado recentemente o medicamento mais lucrativo da história, a participação de seu CEO este ano pode ser interpretada como um sinal de que Bilderberg está apostando no domínio da empresa na medicina farmacêutica para continuar.

Outros tópicos abordados (ou pelo menos aqueles sobre os quais nos falaram) incluíram discussões sobre a 'Fragmentação das Sociedades Democráticas' e 'Comércio e Desglobalização'. A reunião aparentemente terminou com uma discussão sobre a Ucrânia.

E aí está. Além de um artigo bem escrito escrito pelo observador de longa data do Bilderberg Charlie Skelton que foi publicado no Guardian, a cobertura da grande mídia da reunião de 4 dias foi praticamente inexistente. No entanto, não era como se a grande mídia não tivesse ninguém presente, pois os participantes incluíam representantes seniores de Axel Springer, The Economist, The Financial Times e outros. É simplesmente que eles – e os Bilderberg – não querem que você saiba disso.

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Este artigo foi publicado originalmente no Dr. Rath Health Foundation .

Diretor Executivo da Dr. Rath Health Foundation e um dos coautores do nosso livro explosivo, “ The Nazi Roots of the 'Brussels EU' ”, Paul também é nosso especialista na Comissão do Codex Alimentarius e teve experiência como testemunha ocular, como um delegado observador oficial, nas suas reuniões. Você pode encontrar Paul no Twitter em @paulanthtaylor

A imagem em destaque é da Dr. Rath Health Foundation


quinta-feira, 9 de junho de 2022

Que teoria política para o nosso tempo?

[REFLEXÕES DE MANUEL BANET] 


- A igualdade não é uma fórmula quantitativa. A liberdade não é  um conceito abstrato. Ambas estão em íntima relação.

A retórica habitual dos atores da política centra-se muitas vezes nestes dois conceitos de «liberdade» e de «igualdade». Mas nós não devemos entrar numa discussão nos seus termos sofísticos. Por isso, digo que a liberdade não é um conceito abstrato. Entenda-se a afirmação anterior, quando estamos a construir um programa, com objetivos claros e com estratégias exequíveis. Politicamente, a liberdade só pode ser avaliada como uma propriedade ou característica relativa ao funcionamento do sistema político no seu todo e nas suas partes; e isto, «desce» até ao nível dos indivíduos. A liberdade nunca pode ser «concedida», é uma propriedade integral do sistema, o qual será tanto mais pleno de liberdade, quanto mais ou melhor se verificarem tais e tais condições, para os indivíduos e comunidades. 

Do mesmo modo como afirmo relativamente à liberdade, também a igualdade deve ser vista como uma característica sistémica, nunca se poderá ver em isolamento, nem tem sentido reclamá-la sem que se verifiquem as condições de liberdade para assegurá-la. Igualdade sem liberdade, não faz sentido. O inverso, liberdade sem igualdade, também não. Isto significa que todas as retóricas que se destinam a dar prioridade a uma em detrimento da outra, são discursos vazios, sem substância ou coerência lógica. Não podemos medir a igualdade, mas podemos avaliá-la: Ela traduz-se, no concreto, em igualdade de meios e condições materiais* de que usufruem os indivíduos, não apenas no plano dos direitos e deveres cívicos ou políticos, como nos restantes. «Igualdade», em termos de discussão política séria, não pode significar uniformidade, não pode significar uma repartição «igual» da riqueza. Além de que a tentativa de alcançar este objetivo é contrária à manutenção da liberdade dos indivíduos e comunidades, logicamente tal implicaria uma classe de burocratas, fosse qual fosse a ideologia afixada, encarregues de administrar essa tal «igualdade». Pode-se compreender que tal burocracia, inevitavelmente, terá o essencial do poder (e com as benesses que daí decorrem), enquanto todos os outros ficarão sem poder: Logo, não existirá nenhuma igualdade, mas o contrário**. 

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*Alguns usam a expressão «igualdade de oportunidades», mas eu penso que esta formulação é enganadora. Pode parecer que um filho de rico e um de pobre, têm as «mesmas oportunidades», se frequentarem a mesma escola: Na prática, isso não é assim. Por outro lado, alguém com um melhor desempenho na sua profissão que outros, não seria justo que lhe fossem recusadas maiores oportunidades para potenciar a sua formação, etc. devido a um princípio rígido «igualitário». 

**Perante a experiência longa e penosa do regime saído da revolução bolchevique e de todos os seus avatares que surgiram sobretudo no século XX e debruçando-me em profundidade  sobre essa história, cheguei à conclusão de que foi feita a demonstração pela prática e em tragédias terríveis para os povos em causa, do que afirmei sinteticamente acima.

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-Preservar o máximo de conectividade e de autonomia. 

Na natureza, verifica-se que seres vivos, populações e comunidades  perduram no ecossistema, graças às estratégias que desenvolveram ao longo da evolução e que lhes permitem um máximo de resiliência. Ora, esta resiliência numa espécie social, como é o caso da nossa, equivale a manter um relacionamento, que será sempre diferenciado, com os outros: A família, os colegas de trabalho, o grupo de amigos, etc. Note-se que uma das tragédias maiores do nosso tempo, é o paradoxo da abundância material ao nível social, enquanto se assiste a um isolamento cada vez maior do indivíduo: Em vez da partilha, o fechamento; em vez do convívio, o isolamento; em vez da comunicação, a agressão, etc. Muitos médicos e cientistas sociais sabem que, nas sociedades contemporâneas, as patologias mais frequentes são de natureza social na sua génese.

A autonomia dos indivíduos, dos grupos e das sociedades, não é a antítese da conectividade. Há mesmo um efeito de potenciação de ambas. Se pensarmos quem é mais autónomo, não são pessoas com menos conexões, pelo contrário. E o mesmo se poderá observar em conjuntos maiores: Em famílias, comunidades locais, regionais ou nacionais. A autonomia não deve ser confundida com autarcia: São posturas essencialmente diferentes, apesar do prefixo «auto» ser comum. A autonomia significa que o indivíduo ou grupo não está dependente, em qualquer aspeto vital, dos outros quer estes sejam indivíduos ou grupos. Mas, não significa que o ser autónomo rejeite o intercâmbio, a realização conjunta de projetos. Aliás, verifica-se no concreto que, quanto maior autonomia do indivíduo ou grupo, mais está disponível para se abrir aos outros, ao exterior. A atitude que se pode classificar de autarcia, implica a vontade de isolamento e a organização dos diferentes aspetos da vida para realizar e manter esse isolamento. Num indivíduo, corresponde com frequência a uma patologia, a um autismo. Numa sociedade, traduz-se na redução ao mínimo dos contactos com o exterior, quer nos planos das trocas comerciais e culturais, ou na circulação dos indivíduos, etc. Em geral, quando se pensa a independência em termos de Estado, de Nação, é no plano da autonomia dessa Nação, em relação a outra ou outras, que é entendida, não se está a pensar em alcançar um estado de autarcia.

- Gerir ao nível local o que é adequado ao nível local.

A sociedade de hoje é demasiado complexa para poder viver em autarcia. Esta ocorre "naturalmente" pelas circunstâncias em que se encontrem pequenos grupos, tribos ou etnias, muito isoladas da civilização: Por exemplo, nalgumas tribos da Amazônia. Mas, em sociedades complexas, existem demasiados patamares a ter em conta, o que tem provocado dois movimentos contrários: Ou uma tendência centralizadora, impondo as soluções de cima para baixo, do centro para a periferia; ou a solução de atribuir autonomia de decisão e correspondente responsabilidade aos atores de cada um desses patamares. No caso primeiro, assiste-se a um estreitar ou mesmo anular da autonomia e das liberdades, em grau maior ou menor, consoante a violência com que essa centralização é imposta. No segundo caso, é condição para a gestão do grupo e da sociedade, no respeito dos indivíduos e coletivos. Digo condição, apenas, porque para que se realize tal funcionamento, em qualquer dos patamares, é necessário que os atores estejam conscientes dos valores e treinados no debater e agir coletivamente. 

- Construção orgânica dos diversos patamares com metodologias comuns, mas âmbitos legais distintos

Se a organização da sociedade for erigida desde a base, sem imposições de uma elite que se coloca como a «representante» (na realidade, a proprietária) da população, os diversos patamares de organização têm de obedecer aos mesmos princípios gerais. É portanto inútil e mesmo prejudicial estar a especular sobre o concreto dessa organização social, o fundamental é haver, ao nível da população, um entendimento consensual do que sejam os princípios de uma boa governança. Esta «governança», por oposição a «governo», seria sinónima de linhas-guia relativas aos processos de tomada de decisão, de execução das medidas acordadas e de avaliação. Note-se que, aqui, não há apelo a uma utopia, seja ela qual for: As utopias deram demasiadas vezes em tragédias, na história da humanidade. Pelo contrário, a construção orgânica é anti -utópica: O que socialmente é construído, está em potência nos princípios gerais adotados pela sociedade. Não existe nenhum plano prévio, de como se deva organizar e gerir. São os próprios povos interessados, que se mobilizam, debatem e chegam a consenso sobre os caminhos a adotar nas diversas tarefas de construção de instituições. Quanto aos «âmbitos legais distintos»: Significa que determinado patamar tem competência legal para gerir uma determinada área geográfica, ou setor de atividade. Os princípios gerais devem ser adaptados, a cada um desses âmbitos, o que - evidentemente - deverá ser feito pela sociedade, não por um indivíduo ou grupo de indivíduos.

- Não ter pressa nas deliberações e ter preocupação na implementação das decisões

Muitas pessoas confundem rapidez, com eficiência. Isso é consequência duma sociedade em que ser-se servido imediatamente, segundo o seu capricho, tornou-se «exigência» das pessoas, que se acham no seu direito, sobretudo se têm dinheiro e poder. As deliberações entre iguais, têm de ser conduzidas com respeito por todos os intervenientes, seja qual for a metodologia utilizada no debate. Isto é lógico, pois se um ou alguns intervenientes no debate não são respeitados, então é evidente que não existe, ou deixou de existir, igualdade. A obsessão com a «eficácia» é - muitas vezes - uma forma de mascarar vontade de poder sobre os outros e sobre a sociedade. Os ditadores utilizam o argumento da eficácia para alargarem as medidas arbitrárias, para outorgarem mais poder a si próprios, etc. A eficácia é medida por aqueles que tomaram as decisões, fazendo pontualmente ou constantemente a avaliação do modo como estas são implementadas. Isto aplica-se em todas as esferas de atividades humanas coletivas e em todos os patamares de organização. Quem monitoriza a aplicação das decisões, detém uma parte importante do poder, senão mesmo todo o poder. Portanto, à decisão coletiva deve corresponder também a monitorização coletiva da sua aplicação. Num novo modo de organizar a política na sociedade, este aspeto deve ser tido em conta desde o princípio. Os processos de monitorização coletiva das decisões não devem ser estabelecidos a posteriori, mas concomitantemente à  tomada de decisão coletiva. O conceito-chave é de que a coletividade, seja a que nível for, tenha sempre o controlo do processo: tanto na etapa de discussão duma proposta ou resolução, como durante sua implementação, incluindo a sua monitorização e avaliação.  

- Guardar o realismo na avaliação das situações

No geral, as pessoas mais empenhadas são voluntariosas, tendem a tomar os seus desejos pela realidade. Isto é compreensível psicologicamente mas é prejudicial ao fim e ao cabo, em qualquer grupo ou coletivo, pois impede que aquilo que não está a correr bem, seja retificado. Sem crítica permanente, bem acolhida no debate, não relegada para as margens, o realismo não pode existir, na prática. Nas sociedades autoritárias, a ausência desse debate livre, a não aceitação do papel da crítica, vão conduzir - inexoravelmente - a decisões nefastas para a sociedade e até, por vezes, para o próprio poder instituído. Daí que as sociedades autoritárias sejam, ao contrário do que muitos pensam, menos estáveis do que as sociedades onde a crítica, a aceitação natural dos pontos de vista divergentes, sejam prática corrente.   

-Reconhecer que a atitude inteligente é sempre a de cooperação 

Nós - humanos - não teríamos qualquer hipótese de ter sobrevivido enquanto espécie, sem termos criado coletivamente um ambiente que se diferenciou progressivamente do ambiente natural. Este novo ambiente, humanizado, constituiu-se como um nicho dentro do ambiente natural, tornando possível a vida da sociedade humana. Nos processos fundamentais da evolução humana, a entreajuda tem um papel central. Não digo que não houvesse competição; reconheço que a competição - num certo grau- foi importante para a evolução tecnológica existir. Porém, é preciso desfazer de vez a crença numa versão deturpada e totalmente ideológica do darwinismo, imposta pela classe dominante. Com efeito, sua ideologia difusa, o «neoliberalismo», tem sido arauto de chavões como: Temos de aceitar que há sempre «vencedores e vencidos», no mundo natural e nas sociedades humanas; deve-se aceitar a «lei» de que são selecionados os mais aptos, os melhores, através da competição. Ao fim e ao cabo,  qualquer biólogo ambiental e mesmo, qualquer espírito esclarecido, pode aceitar a premissa de que a competição não só é positiva, como é essencial para a sobrevivência da sociedade. Mas, curiosamente, são os difusores desta ideologia neoliberal que - na prática - fazem tudo para eliminar os seus competidores, para erigir um sistema monopolista na economia e uma falsa competição na política. Em muitos países, os partidos concorrentes aos lugares de poder partem das mesmas premissas básicas, são difusores da mesma ideologia.

Nunca é demais sublinhar que as sociedades precisam da estabilidade. Que é a estabilidade que lhes permite inovar. As revoluções são, em regra geral, baseadas nalguma ideia de transformação profunda da sociedade, que seria absoluto dever levar-se a cabo. Esta ideia de revolução serve bem uma casta sequiosa de poder, seja qual for sua ideologia. Esta prepara-se cuidadosamente, muito tempo antes da revolução, antes das condições para tal revolução estarem maduras. O seu discurso oficial não revela suas intenções. Essencialmente, a casta quer dominar as massas, gerir a sociedade à sua maneira. O poder resultante da revolução é sempre, «por coincidência», o que favorece essa mesma casta, que a mantém no poder e a enriquece. Nalguns casos, consegue perpetuar os seus privilégios, até se tornarem hereditários, ou seja, uma classe à parte.

Pelos motivos acima, devemos difundir a pedagogia  de nos habituarmos a avaliar alguém, ou um partido, ou corrente, não pelo seu discurso, mas pela sua prática, por aquilo que fazem, não pelo que proclamam. Por exemplo, não basta que um grupo seja favorável à cooperação, em discurso. É preciso que a sua prática quotidiana, o seu modo de funcionamento interno, seu relacionamento com outros indivíduos ou grupos, sejam aplicações claras dos princípios de cooperação, de entreajuda, de troca igual, etc. Caso contrário, tal grupo, estará a construir um projeto de tomada de poder sobre a restante sociedade.

Não irei aqui fazer o elogio da cooperação, existem muitas obras que o fazem bem. Para mim parece-me algo evidente, que tem inúmeras vantagens sobre a competição egoísta, sobre a obsessão pela conquista do poder, etc. A minha intenção, neste curto texto de reflexão, foi de mostrar que as ideologias que exaltam o indivíduo acima e se necessário contra a sociedade, as que opõem bem-estar individual ao bem comum, como se estes fossem antagónicos, são - na realidade - o contrário do liberalismo genuíno, ou seja do liberalismo que surgiu no século XVIII, dos filósofos das luzes, e não do «liberalismo» que foi, depois disso, o estandarte ideológico da «política da canhoneira», levada a cabo pelo Império Britânico, ao qual sucedeu o Império Yankee.
No presente, de forma deliberada para falsear o debate, são excluídas, ou deturpadas até à caricatura, as formas de pensar as relações entre humanos, a política no sentido mais nobre da palavra: Nomeadamente, as correntes que preconizem a igualdade verdadeira (sem «igualitarismo»), a autonomia (que não significa «autarcia») e a cooperação (que não exclui, mas integra, a competição).
Se estas ideias tiverem uma significativa implantação nas sociedades contemporâneas ou, pelo menos, em segmentos destas, poderão demonstrar - pela prática - não apenas a sua viabilidade, como suas vantagens face ao modelo hierárquico, elitista, de exercer o poder.
É um problema difícil de resolver; não foi resolvido no passado, por muitos motivos, entre eles: A sabotagem de tais iniciativas, pelos poderes instituídos; a dificuldade dos próprios protagonistas das experiências de sociedade não-hierárquica, cooperativa e livre, em se desfazerem dos preconceitos ou erros conceptuais importados das sociedades das quais eram originários.

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Gostaria muito de receber as vossas críticas e opiniões sobre este texto. Ele tem apenas como função despoletar a discussão. Não tenho dúvidas de que qualquer dos pontos tratados foi apenas aflorado; que seria necessário desenvolver e argumentar muito mais as minhas teses.
Por outro lado, penso que só a reflexão coletiva e a discussão, podem proporcionar a maturação das ideias, a partir deste esboço. Esta atitude está em coerência com o espírito de cooperação, de entreajuda. Escrevam o que pensam na secção de comentários por debaixo deste texto ou enviem-me as vossas opiniões sob forma de e-mail, para: manuelbap2@gmail.com

Aguardo, com sincero interesse, as vossas reflexões!