(Acima) Mapa do Afeganistão: A negro, áreas controladas pelos talibans; a vermelho, áreas contestadas; a cinza, áreas sob controlo do governo de Cabul
A derrota é total, depois de uma guerra cruel DE VINTE ANOS contra os talibans, mas também contra a população dum país, que nunca se deixou dominar passivamente. O resultado é que a insurreição taliban controla quase todo o país. Ela está agora a cercar a poderosa base militar US de Bagram, onde as tropas US tinham enormes recursos militares e de espionagem*. O seu abandono precipitado, ao ponto de deixar material estratégico intacto, só tem paralelo com a desesperada fuga de Saigão, no verão de 1975.
Nessa altura, o mundo contemplou a derrota humilhante dos americanos e o desespero com que se agarravam aos trens de aterragem dos helicópteros, que conseguiam escapar-se do telhado da embaixada dos EUA em Saigão.
Na longa história de sofrimento deste país da Ásia Central, são proeminentes as responsabilidades de todos os dirigentes dos EUA, desde o tempo em que o Presidente Jimmy Carter dava o aval a Zbigniew Brzezinski para apoiar a guerrilha dos mujahedin contra o governo do Afeganistão, considerado demasiado próximo da União Soviética.
Infelizmente, os grandes responsáveis pelas mortes e desgraças das guerras quase nunca são capturados, julgados e sentenciados pelos seus crimes. Entre eles deve-se incluir o «complexo militar-industrial-securitário», composto por grandes capitalistas e fundos de investimento. São, não somente as empresas envolvidas no fabrico de armamento, como também as empresas tecnológicas e ainda os que na administração, o «Estado Profundo», têm tomado a defesa dos interesses destes grandes capitalistas.
Fica-me uma pergunta: como é possível, que pessoas tão sabedoras como eu, daquilo que tem sido o desempenho militar dos EUA e aliados da NATO, no século XXI (só para falar deste século), não considerem que a «democracia ocidental», tão apregoada, é apenas uma capa vazia, sem qualquer real significado, senão o de perpetuar a ilusão nos eleitores?
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(*) «Initially, the Taliban spokesman said that everything had been either been taken by the Americans or destroyed, but it seems that U.S. forces have left behind radar and navigation systems as well as hundreds of vehicles.»
PS2: Veja como Pepe Escobar analisa o complexo jogo diplomático sob auspícios da SCO e envolvendo os Taliban e governo afegão.
O representante (no congresso US) Ron Paul, também estabelece uma comparação entre a retirada americana do Afeganistão com a retirada de Saigão em 1975:
ResponderEliminarhttps://www.globalresearch.ca/saigon-afghanistan/5749405
Pepe Escobar, escreve (tal como eu), que estamos num momento «do tipo Saigão»:
ResponderEliminarhttps://www.unz.com/pescobar/a-saigon-moment-in-the-hindu-kush/
Citando Max Parry «Meanwhile, Afghanistan has become the globe’s leading narco-state under NATO occupation which accounts for more than 90% of global opium production» ver em https://www.globalresearch.ca/war-afghanistan-real-crime-century-behind-opioid-crisis/5751978
ResponderEliminarArtigo de Pepe Escobar; o epílogo ( queda do governo afegão e a tomada de Cabul) está próximo. De facto, como tinha dito, será uma espécie de «Saigão nº2»: https://www.unz.com/pescobar/a-saigon-moment-looms-in-kabul/
ResponderEliminar- Isto é a transcrição de parte da conferência de imprensa dada pelo presidente Joe Biden:
ResponderEliminarRemarks by President Biden on the drawdown of U.S.forces in Afghanistan - July 6, 2021
Q Is a Taliban takeover of Afghanistan now inevitable?
THE PRESIDENT: No, it is not.
Q Why?
THE PRESIDENT: Because you — the Afghan troops have 300,000 well-equipped — as well-equipped as any army in the world — and an air force against something like 75,000 Taliban. It is not inevitable.
...
Q Mr. President, will you amplify that question, please? Will you amplify your answer, please — why you don’t trust the Taliban?
THE PRESIDENT: It’s a — it’s a silly question. Do I trust the Taliban? No. But I trust the capacity of the Afghan military, who is better trained, better equipped, and more re- — more competent in terms of conducting war.
...
Q Mr. President, some Vietnamese veterans see echoes of their experience in this withdrawal in Afghanistan. Do you see any parallels between this withdrawal and what happened in Vietnam, with some people feeling —
THE PRESIDENT: None whatsoever. Zero. What you had is — you had entire brigades breaking through the gates of our embassy — six, if I’m not mistaken.
The Taliban is not the south — the North Vietnamese army. They’re not — they’re not remotely comparable in terms of capability. There’s going to be no circumstance where you see people being lifted off the roof of a embassy in the — of the United States from Afghanistan. It is not at all comparable.
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It is not at all comparable. This is a totally different ... type of helicopter.
Taliban enters Kabul, awaits ‘peaceful transfer’ of power - August 15, 2021
KABUL, Afghanistan (AP) — Taliban fighters entered the outskirts of the Afghan capital on Sunday and said they were awaiting a “peaceful transfer” of the city after promising not to take it by force, but panicked residents raced to the leave, with workers fleeing government offices and helicopters landing at the U.S. Embassy.
In a nationwide offensive that has taken just over a week, the Taliban has defeated, co-opted or sent Afghan security forces fleeing from wide swaths of the country, even though they had some air support from the U.S. military.
On Sunday, they reached Kabul.