Quando eu estiver a fazer barro
Sim, que resta de tudo o que este corpo desejou
Quando eu estiver num diálogo com os vermes
Que amor se acalenta ou se acabou?
Estamos sempre escutando aquela voz
Que nos diz sermos eternos
Porém, da vida eterna descremos
Não há coerência, nem senso
As coisas transitórias eu amo
Na sua transitoriedade,
A sua fugaz aparência
Não me ilude, mas encanta
Assim somos feitos, como sempre
Sem qualquer renúncia a tomar
O que é efémero, por eterno
E o eterno, menos que um sopro
Vogue eu, venhas tu,
Acordados neste sonho, para
Mais viajarmos em voo
Não de asa, mas de vento
Só nos cantos obscuros da mente
Encontro aquele fio de lã
Que nos dá o discernimento
De Ariadne nos Infernos
O resto é como uma barca,
Que se toma sonhando, no Verão
E as gaivotas deslizam audazes
Junto dos nossos mastros
Navego pelo sonho como pela vida
Sem distinguir, não vá eu acordar
Numa terra desconhecida
Acordar sim, mas no outro lado,
Naquele sereno céu estrelado
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