A presente crise não é senão uma fase transitória, uma etapa, de uma mudança muito mais profunda que se apresenta. Por um lado, o grande capital globalizado e os governos que ele tem «na mão». Por outro, uma cidadania global, capaz de interagir sem fronteiras, descobrindo colectivamente formas de troca não mercantis, que se exprimem primeiro no domínio dos saberes e - em breve - serão seguidas por trocas significativas no domínio de objectos. Com efeito, as acções têm sempre muitas consequências, muitas delas completamente imprevistas pelos que efectuaram tais acções.
É verdade que a elite globalista, a oligarquia, ou «fabricou de todas as peças» a presente crise (improvável, mas que não se pode completamente arredar), ou aproveitou uma crise que, devido à intrínseca complexidade e fragilidade dos sistemas socioeconómicos, estava em «incubação». De qualquer modo, foi um veículo biológico (uma epidemia) que desempenhou o papel de catalisador do colapso gigantesco deste sistema mundial fragilizado.
Embora eu tente ser racional e crítico, não me vejo como infalível. Por isso, prefiro não «decidir» qual das teses é a mais próxima da realidade. Prefiro tentar compreender como é que a «elite» do poder se apoderou desta ocasião para uma transferência massiva de riqueza dos cidadãos/riqueza pública detida pelos Estados, para os empórios privados. Este fenómeno é o exacerbar do processo de transferência desencadeado na sequência da falência do banco de investimento Lehman Brothers em 2008... As dezenas de triliões de dólares que foram, nessa altura, despejados de bancos centrais nos bancos comerciais e noutros receptores privilegiados, aparecem como quantias modestas em comparação com as centenas de triliões que estão agora sendo despejadas. É evidente que este dinheiro, criado a partir de nada, torna-se «real» quando é usado pelos principais actores financeiros.
Eles conseguem assim arcar com as imensas perdas sofridas, sem terem de declarar falência. Mas, o efeito colateral inevitável de tal expansão monetária, sem haver qualquer aumento de produção e havendo antes uma retracção acentuada, é que o dinheiro vai valer menos, muito menos. Os assalariados e pensionistas vão ser vítimas: poderão auferir o mesmo salário ou pensão, em termos nominais mas, em termos reais, irão sofrer cortes brutais, devido ao disparar da inflação.
A inflação ficará mascarada inicialmente por uma certa deflação, porque os sistemas produtivos irão demorar a reactivar-se após o colapso e porque o receio das pessoas fará com que estas adoptem comportamentos de poupança extrema e não de consumo. No entanto, ao verem que os preços dalguns itens sobem de maneira exponencial, irão compreender que o dinheiro se está a desvalorizar e terão o reflexo de gastar depressa o máximo do seu salário ou pensão, pois sabem que, quanto mais tempo passar, menos o seu dinheiro valerá.
Se os capitalistas e seus agentes no Estado dizem cinicamente que «nunca se deve deixar passar a oportunidade de uma valente crise», eles têm razão, a seu modo. Porque, o que estamos a assistir, é a uma aplicação da doutrina de «choque e pavor», muito bem explicada, há alguns anos, no livro best-seller de Naomi Klein ,«O Capitalismo do Desastre».
A população de grande parte do mundo, apanhada de surpresa, aceita passiva e receosa «estados de sítio» que lhe são impostos, sob pretexto de combater o Covid-19. Mas estes tais estados de sítio, além de ilegais e abusivos, são cobertura para a instauração permanente de controlos totalmente ilegais, de vigilância generalizada, de abusos policiais, de forçar determinadas condutas.
Dentro de pouco tempo, irão coagir as pessoas a serem vacinadas, para que fiquem «fichadas» com uma espécie de passaporte sanitário, sem o qual não poderão fazer quase nada... O «boletim de vacinas» será indispensável para se obter um passaporte, um emprego, para a inscrição na escola, etc.
A oligarquia mundial espera, desta maneira, conseguir um controlo máximo, que inviabilize quaisquer dissidências, para instaurar a «Nova Ordem Mundial», governando através de directivas dos organismos mundializados (a ONU e suas agências especializadas e também o FMI, a OMC, etc.), com uma moeda única digitalizada (fim das moedas em papel); em breve, iremos para um super-exército único e um governo centralizado único.
Mas, as pessoas não são todas «carneiros e ovelhas», pelo que uma série de resistências e dissidências vão surgir, perante este ataque.
Uma nova forma de auto-organização, horizontal, adoptando o princípio da partilha (e não de valor de mercadoria), vai manter tais comunidades vivas e em boa saúde, não apenas em remotos lugarejos, também em comunidades urbanas, onde as redes de afinidade terão cada vez maior peso, pois serão elas que poderão efectivamente prestar ajuda mútua, visto que os sistemas estatais de saúde e de apoio social foram desmantelados e privatizados.
No princípio do século XX (embora num contexto diferente, pois se tratava dum capitalismo ascendente), os trabalhadores apenas podiam contar - em qualquer situação de necessidade (desemprego, doença, óbito de familiares...) - com a solidariedade entre iguais, ao nível familiar, profissional ou de classe.
Agora, as pessoas vão ter que reaprender o significado das expressões «solidariedade» e «ajuda mútua». Com a necessidade, espero reaprendam depressa e se autonomizem portanto, do ponto de vista mental, em relação ao sistema do capitalismo «neo-feudal» que se está a tentar impor à custa da destruição dos Estados de «Welfare».
O «Welfare State», ou Estado Social, é uma forma de organização social em que - nalgumas instituições - não se aplica a lógica capitalista (do lucro), como nos Serviços Nacionais de Saúde, nos Seguros Sociais, nos Regimes de Pensões, nas Escolas Públicas, etc.
A luta de classes está bem visível, para quem a queira ver, nesta época de mundialização. Neste momento, é mais fácil observar a ofensiva dos globalistas e dos seus governos-vassalos. O mito duma «classe média» enquanto suporte da «democracia liberal», cai; observa-se a sua ruína acelerada, juntando-se às camadas proletárias. A oligarquia quer instaurar uma espécie de censura com o «politicamente correcto», de forma a que as dissidências não tenham audiência, ou apenas pequenos círculos sem expressão. Mas ela vai continuar a precisar de múltiplas competências, que implicam um pensamento crítico e um espírito inquiridor, qualidades necessárias nas profissões com importante componente científica.
No final, os que estão por baixo, na escala social, vão aperceber-se de que seu número e sua união fazem a força, como no passado.
Não é pelo facto das forças repressivas disporem de tecnologias sofisticadas para controlar e reprimir as massas, que estas são impotentes; é pelo medo que os oprimidos são dominados. É pela interiorização dessa opressão, desse medo, que vastas massas se deixam conduzir, que se deixam «tosquiar».
Assim que a multidão se aperceber do que lhe está a acontecer e, sobretudo, como é que isso acontece, as coisas serão mais difíceis para as oligarquias mundializadas.
ENTREVISTA COM ROBERT KIYOSAKI:
VÍDEO SOBRE A ESTRATÉGIA DO CHOQUE:
*NB: Quando coloco vídeos ou textos doutras pessoas no meu blog, estou a afixar as opiniões de seus autores. Podem ser as minhas, em parte, mas não são necessariamente sempre conformes com o meu modo de ver e sentir os problemas. Podem ter sido escolhidos porque colocam desafios, porque são susceptíveis de provocar a reflexão e discussão, porque têm - a meu ver - um valor de testemunho ou de documento sobre um determinado momento da nossa história colectiva...
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PS1 (09/04/2020): Um artigo de «The Saker» na UNZ Review coloca as questões que nunca são equacionadas naquela imprensa, totalmente ao serviço dos globalistas:
https://www.unz.com/tsaker/nwo-globalism-and-us-leadership-rip/
PS2 (02/05/2020) : Caitlin Johnstone, de uma forma lapidar, defende a liberdade de expressão contra as censuras e exclusões, antes devolvendo às pessoas a responsabilidade pela avaliação do que vêm ou lêem...
https://caitlinjohnstone.com/2020/05/03/why-you-should-oppose-the-censorship-of-david-icke-hint-its-got-nothing-to-do-with-icke/
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PS1 (09/04/2020): Um artigo de «The Saker» na UNZ Review coloca as questões que nunca são equacionadas naquela imprensa, totalmente ao serviço dos globalistas:
https://www.unz.com/tsaker/nwo-globalism-and-us-leadership-rip/
PS2 (02/05/2020) : Caitlin Johnstone, de uma forma lapidar, defende a liberdade de expressão contra as censuras e exclusões, antes devolvendo às pessoas a responsabilidade pela avaliação do que vêm ou lêem...
https://caitlinjohnstone.com/2020/05/03/why-you-should-oppose-the-censorship-of-david-icke-hint-its-got-nothing-to-do-with-icke/
Nomi Prins, neste artigo muito bem escrito e documentado, explica para quem realmente têm ido e irão agora, de novo, as ajudas...
ResponderEliminarhttp://www.informationclearinghouse.info/55027.htm
Martin Armstrong argumenta que Bill Gates tem sido um perigo maior para a paz mundial do que a existência de arsenais nucleares:
ResponderEliminarhttps://www.armstrongeconomics.com/world-news/war/us-deterrent-against-war-was-our-economy-not-nukes/
Franck Lepage, uma análise aprofundada, que vale a pena ouvir:
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=p6d82YwSFII
um artigo profundo e lúcido de Peter Koenig: https://www.globalresearch.ca/corona-aftermath/5708875?utm_campaign=magnet&utm_source=article_page&utm_medium=related_articles
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