A resposta à pergunta no título deste artigo é reveladora das convicções profundas, do substrato ideológico, da pessoa que responde:
- Se responde que a primeira liberdade é a da palavra, a de exprimir o seu pensamento livremente, sem receio de ser reprimido ou de ter outras consequências, de algum modo, nefastas para sua vida... tal pessoa será «liberal clássica».
- Se responde que a primeira liberdade é a de poder estabelecer um comércio, uma indústria, um negócio, confiando que o mercado decidirá - em última instância - da sua validade, pois o mercado é constituído por indivíduos que procuram bens e serviços do seu agrado... tal pessoa pode ser designada de «neo-liberal», mas mais apropriado seria «devota do mercado».
- Se responde que a primeira liberdade é poder viver decentemente do seu trabalho, ter segurança dos seus haveres, da sua própria pessoa, não tendo que recear o desemprego ou escassez por a sociedade estar organizada para satisfazer as necessidades individuais e colectivas, em troca do trabalho de cada um... tal pessoa será «socialista», mesmo sem o saber.
Creio que são muito mais as pessoas «socialistas» sem o saber, do que «liberais clássicas» ou «devotas do mercado». Pelo menos, no dia-a-dia, ao interagir com pessoas de condições e profissões diversas, mesmo de substratos culturais diversos, é mais frequente encontrar pessoas que, espontaneamente, tomam o ponto de vista socialista, no sentido acima apontado, em assuntos concretos da vida. Se isto tiver confirmação estatística, é um facto muito notável que, onde predomina o capitalismo sob todas as formas, tantas pessoas optem pelo socialismo.
A possibilidade de mudança duradoira implica que a grande maioria (e não meros 51%) seja favorável a determinado regime, a uma determinada organização social e política. Mas, para isso, será necessário que o socialismo seja pensado e propagado de modos totalmente diferentes pelos seus adeptos.
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