Impressiona a futilidade de impor tarifas punitivas contra a China, numa escalada sem precedentes de guerra comercial dos EUA contra a economia que a fornece de muito o que eles precisam.
A retaliação da China não se fez esperar: subiram as suas taxas alfandegárias para 25%, em produtos muito críticos para a economia dos EUA: soja, automóveis e produtos químicos.
O impacto directo destas tarifas sobre estes sectores será grande, sem dúvida nenhuma. Mas o impacto indirecto, ou seja, sobre os mercados bolsistas dos EUA, não é de menosprezar. O efeito sobre os negócios, sobre as empresas e, em última instância, sobre os cidadãos, pela subida mais acentuada da inflação, vai fazer com que os EUA sejam os perdedores desta guerra comercial.
O impacto directo destas tarifas sobre estes sectores será grande, sem dúvida nenhuma. Mas o impacto indirecto, ou seja, sobre os mercados bolsistas dos EUA, não é de menosprezar. O efeito sobre os negócios, sobre as empresas e, em última instância, sobre os cidadãos, pela subida mais acentuada da inflação, vai fazer com que os EUA sejam os perdedores desta guerra comercial.
Para cúmulo, o Yuan tem vindo a aumentar paulatinamente desde a desvalorização em Agosto de 2015 que, na altura, causou um mini-crash bolsista. Num contexto de agravamento de guerra aberta comercial, não se pode ter a mínima dúvida de que a China vai desvalorizar agressivamente o Yuan.
Num contexto geopolítico, não se pode esquecer que a China possui hoje vários parceiros estratégicos, como a Rússia e o Irão, além de que países ocidentais, como a Alemanha, anseiam melhorar o seu comércio com o gigante asiático.
Os seus vizinhos asiáticos, alinhados com os EUA no passado (incluindo o Japão e a Coreia do Sul) têm aprofundado laços de amizade e comércio com a China, fazendo ouvidos moucos aos apelos americanos para reforçar o «cerco»: por exemplo, a Coreia do Sul tem a China como primeiro parceiro comercial, 70% do comércio externo é com a China.
Face a tanto desplante e agressividade dos EUA, podemos adoptar dois pontos de vista:
- ou se trata de uma manobra desesperada para juntar a si o «campo ocidental», mas sem a força e capacidade de pressão que tiveram no passado,
- ou então, trata-se de conseguir uma transição para o mundo multi-polar, em que os EUA se obrigam a si próprios a viver com as suas capacidades produtivas, visto que as tarifas são uma medida proteccionista, permitindo que as indústrias se desenvolvam internamente ao abrigo dos concorrentes internacionais, permitindo que a capacidade industrial perdida seja restaurada.
Em todo o caso, o «século americano», iniciado com Bretton Woods em 1944 nos finais da Segunda Guerra Mundial está, senão encerrado, no seu último capítulo.
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