Estava semi-adormecido, à longa mesa corrida da taberna.
Nisto, aparece uma barulhenta e alegre tropa fandanga, tangendo vários instrumentos, com roupas de fantasia. Esta tropa aclamava o Rei Momo, enquanto entoava a folia célebre «Rodrigo Martinez».
Logo se dispuseram em roda, com duas figuras no centro. Estas dançavam com trejeitos cómicos e eróticos. Os passos eram duma «baixa dança», mas as suas poses grotescas faziam rir a assistência, enquanto os músicos executavam variações sobre a simples melodia, introduzindo sucessivas figurações.
No centro, o par (um homem e um travestido) mudava suas maneiras a cada nova quadra, adoptando sucessivas mímicas, cruas sátiras de aristocratas, poetas, cortezãs ...
Contagiado, fui para junto da roda, batendo o pé ritmicamente e cantando os estribilhos brejeiros. Só depois desta alegre folia, a tropa carnavalesca começou a beber. Nada do que se passou a seguir me ficou na memória, porque o espírito de Bacco se apossou de meu cérebro.
Acordei no dia seguinte, deitado no soalho da taberna, com dor de cabeça e língua pastosa, típicas da ressaca, mas bem disposto; regressei a casa.
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