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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

HUMANIDADE E O PARADOXO DA SUA EVOLUÇÃO

Acredito que a espécie humana se deixou enredar numa espiral de ganância de poder e de sensação de omnipotência pela tecnologia. Os humanos, na origem, eram somente uma entre numerosas espécies animais. Havia contemporâneas de Homo sapiens outras espécies de homens, até há menos de 50 mil anos atrás. A evolução tecnológica foi tão rápida na escala de tempo da Evolução geral, que perturbou gravemente o desenvolvimento harmonioso da espécie Homo sapiens. Pode-se compreender, olhando à nossa volta, como todo o aparato dos confortos da civilização, enterram, anulam, substituem, as nossas capacidades naturais, isto é, as que nos foram legadas por milhões de anos de evolução biológica. O efeito desta desconexão é todo o drama da civilização humana atual, da civilização tecnológica, em particular. Tal como com a evolução biológica, esta evolução tecnológica é essencialmente não reversível.

Mas, há uma grande diferença na escala de tempo; a inovação biológica tem de se instalar a partir de uma ou várias mutações, compatíveis -obrigatoriamente - com as funções vitais dos indivíduos que são seus portadores, mas também que se possam integrar no ambiente e através da descendência. Portanto, a evolução biológica, tipicamente, demora muitas centenas de anos, ou várias gerações humanas, para se firmar e consolidar. A evolução tecnológica é incomparavelmente mais rápida, com consequências importantes, não apenas nas vidas humanas individuais e ao nível das sociedades, mas mesmo na natureza, em geral. Nos últimos cem anos, têm ocorrido revoluções tecnológicas consideráveis (em vários campos da atividade humana) mais ou menos todos os 20 anos. A evolução das mentalidades, das instituições sociais, já para não falar da adaptação da biologia humana, não podem acompanhar esta progressão. Ela, ainda por cima, não é uniforme, nem previsível, mas é caótica no sentido matemático do termo (não se lhe pode atribuir uma lei). As pessoas estão completamente expostas aos efeitos «secundários», aos «danos colaterais», da tecnologia contemporânea. A arqueologia estuda a evolução das técnicas como, por exemplo, o talhe da pedra; há evolução, mas apenas em longos intervalos de tempo. Aliás, é por isso que tem sido possível efetuar a datação dum sítio arqueológico, somente pela análise da tecnologia de talhe utilizada. Vemos, no entanto, ao longo das poucas dezenas de milhares de anos seguintes, que houve um acelerar exponencial da inovação tecnológica: no paleolítico, a mesma técnica era aplicada durante intervalos de tempo da ordem de milhares de anos, sem modificação notável ou detetável. Hoje em dia, a modificação durante as nossas vidas, é tal que a geração anterior, a dos nossos pais, parece ter vivido num tempo longínquo: perfeitamente imaginável, profusamente documentado, mas muito diferente do quotidiano presente.

Este desequilíbrio, ou seja, a impossibilidade das sociedades integrarem e assimilarem no seu interior as inovações tecnológicas, faz com que elas apenas reajam, o que é confundido com «adaptação», mas que - de facto - não é. E as pessoas, individualmente, acabam também por ficar disfuncionais, como não podia deixar de ser. Este disfuncionamento é em relação a características que são absolutamente essenciais para a sobrevivência do humano, enquanto tal: a sociabilidade, a empatia, o altruísmo, a responsabilização coletiva, a dádiva, a partilha, a preferência do «ser» sobre o «ter». Existe muito empobrecimento mental e afetivo na sociedade tecnologizada. As pessoas não estão nada adaptadas, daí a enorme explosão de violência irracional, não motivada, em sociedades de abundância material. É nessas sociedades que ocorrem frequentes surtos de violência, com pessoas tornadas loucas, capazes de matar quaisquer outros; noutros casos (bem mais frequentes), a situação de desespero, de vazio, de depressão precipita as pessoas a pôr fim às suas vidas, a suicidarem-se. Estes fenómenos extremos de disfunção social, são noticiados, mas eles recobrem um outro domínio do não-reportado, de profunda disfunção, na vida pessoal e social. O consumo das «drogas», sejam elas prescritas sob forma de medicamento, ou procuradas no mercado negro das drogas ilícitas, tem como causa a insatisfação, a frustração das pessoas, relegadas ao dilema absurdo de consumidores resignados, ou à revolta sem objeto, que não será transformada em revolução, enquanto transformação coletiva e social.

Como estou inserido neste mundo e não tenho a veleidade de me extrair dele para ter uma visão de conjunto, que pudesse fornecer um diagnóstico da patologia social e a consequente cura dos males sociais, resta-me apenas dirigir algumas palavras, que penso de bom-senso, nesta altura de acumulação de tensões, de violências, de protagonismos :

Este contexto, obriga a nos preocuparmos com aspetos básicos, não apenas a nossa sobrevivência material individual, como social.

- Estamos no tempo em que deve haver reforço das interações positivas dentro da família e na sociedade que rodeia os indivíduos (os grupos de amigos, de colegas do trabalho...).

- Não devemos ser ingénuos, não devemos deixar-nos manipular através dos nossos sentimentos instintivos, principalmente o medo e a insegurança a ele associada.

- Construir e preservar o que já está construído, no sentido literal e metafórico, deve ser uma nossa preocupação constante.

- Fazer um esforço real e honesto em direção ao Outro; ou seja, sermos capazes de nos pormos na pele do outro. Isto não quer dizer que - automaticamente - aprovemos as suas ações. Não somos diferentes do Outro, na essência: nem superiores, nem inferiores.

- Devemos ser tolerantes, no sentido de não nos colocarmos numa posição ideológica, seja sobre o que for: As questões concretas é que importam; elas passam-se no terreno do real, não nos vapores etéreos das ideologias. Avaliar as situações através do filtro da ideologia, é pior que usarmos um espelho deformante para ver o real; é como caminhar às apalpadelas, num nevoeiro espesso. Eu sei que todos temos, quer queiramos quer não, uma ideologia (implícita ou explícita), mas acho que neste domínio é preciso relativizar: O que nos parece a «verdade última», também no passado, as gerações anteriores tiveram ilusões semelhantes e os resultados foram geralmente deploráveis.




terça-feira, 4 de abril de 2023

BATERIA LÍQUIDA SUBSTITUI BATERIA A LÍTIO ?


 Este vídeo é muito entusiasta, mas não me convence inteiramente, porque estes líquidos têm um ponto de congelação não muito baixo. Além disso, com cristais em suspensão, estes formam muitos núcleos de cristalização que (em tempo muito frio) poderão formar cristais maiores e entupir os circuitos do carro, senão mesmo o sistema de bombeamento dos fluídos nas estações de serviço.  

Vou esperar por uma avaliação técnica completa, ou seja, como é que um carro movido a bateria líquida se irá comportar nas condições mais diversas.

 Quanto ao problema da sua reutilização, a alegada recarga após o líquido estar «gasto», importa saber quantos ciclos de uso e reciclagem aguentam tais misturas «líquidas». 

Por outro lado, uma reciclagem nunca é perfeita, há sempre uma parte irrecuperável. Há sempre, também, dispêndio de energia no próprio processo de reciclagem. 

Mais estudos têm de ser feitos.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

ALAN WATTS (1915-1973): «TECNOLOGIA DO FUTURO»

Alan Watts, profundo e actual


                 «TODA A GENTE TERÁ UM APARELHO NA ALGIBEIRA, GARANTO-VOS»*

É importante, hoje mais do que nunca, conhecer Alan Watts: O filósofo e o homem, os seus ensinamentos e a coerência das suas escolhas de vida. Mas, além disso, foi um dos mais lúcidos espíritos e um brilhante comunicador. Os seus ensinamentos são muito actuais, passados 50 anos!

*NOTA: «ESP» = PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL 

terça-feira, 16 de março de 2021

PARADIGMA TECNOCRÁTICO VERSUS PARADIGMA BIOLÓGICO*

 Estamos a viver uma transformação -real e profunda- em todos os domínios. A começar pela nossa própria capacidade de subsistência. E, indo ao ponto de subverter as nossas imagens/representações do mundo, os nossos valores, a nossa maneira de nos relacionarmos com os outros e com a Natureza. 

Esta mudança tectónica, que eu venho observando, tem como característica a deslocação de muito do que nos era dado como adquirido: a convicção do poder da ciência para resolver nossos problemas, por exemplo... 
Mas, a um nível mais fundamental, modifica-se a nossa relação íntima com o mundo das coisas, dos objectos. Estou falando de objectos tecnológicos, como o telemóvel, por exemplo. De simples coisas úteis, de «escravos mecânico-electrónicos», ao serviço dos homens, tornaram-se objectos sem os quais «não podemos viver». 

Somos dependentes destes objectos tecnológicos, propriamente como um adito de drogas duras em relação à sua dose quotidiana de heroína, cocaína, ou outra substância. 
Não é necessário haver ingestão ou incorporação física no organismo, não é necessário haver uma substância que transita no nosso corpo e vai modificar os sinais ao nível das sinapses neuronais. O adito pode ser caracterizado como alguém que está necessitado de reforço constante de um estímulo, e este pode não ser químico: pense-se nos viciados do jogo; a sua «injecção» é de dopamina, que é gerada no próprio cérebro, estimulado pela excitação do jogo. Do mesmo modo, a dependência que se instalou, sorrateiramente, para a maior parte das pessoas, com a «necessidade» de estar permanentemente «conectado», vai induzir uma transformação social. Mas, note-se, que ela não é programada, nem planeada, pelos que dominam as redes de poder com perversa  inteligência: não, estes mecanismos são antes aproveitados a vários níveis, sobretudo para consolidar o poder. 
Para mim, não há dúvida que continuamos a viver numa sociedade sujeita a divisão em classes, em que uma classe, ou uma fracção ínfima da população, detém o comando e pode «viciar o jogo». Mas, também sei que os que estão por baixo, os desapossados, tendem a exagerar o poder dos que os governam; tendem a considerar que os poderosos são omnipotentes, quando estes mascaram sua ignorância através do teatro do poder, da representação, da narrativa ininterrupta, que inunda o espaço público... é isso que os torna poderosos, ao fim e ao cabo. 
- De que serviriam as armas dos seus exércitos, de suas polícias ... se os indivíduos que as accionam não se sentissem convencidos e obrigados a cumprir as ordens que vêm de cima? 
- De nada lhes serviria um aparato tecnológico de vigilância, se nós decidíssemos colectivamente, retomar os nossos relacionamentos a um nível pessoal, apenas utilizando a Internet como uma espécie de aperfeiçoamento das comunicações epistolares e para mais nada... nem «chat», nem vídeos, nem música...

Claro que isto não vai acontecer: é aí, precisamente, que reside o poder as «elites», elas sabem que estamos dependentes dessas «máquinas maravilhosas» e que o nosso universo de relações, o nosso ambiente, tanto humano, como material (mercadorias...), não se pode sustentar sem elas. 

Mas, este tipo de sociedade dominada pelo tecnológico, num grau até aí desconhecido, vai de par com a perda das liberdades tradicionais, tornou-se uma sociedade de vigilância permanente, de intrusão permanente, sem haver verdadeiro consentimento das pessoas, uma sociedade onde reina o medo, a suspeição do outro. 

Isto não teria de ser assim, obrigatoriamente; é-o, porque estamos numa sociedade hierarquizada, onde a «ordem» é tida como sinónimo de poder hierárquico. 
Porém, podia-se objectar que os ditadores dos séculos anteriores não tinham sequer estes instrumentos de controlo e vigilância: faziam - no entanto - reinar o terror entre os seus súbditos. Isto é verdade, mas temos de reconhecer que eles usavam os meios adequados, no seu tempo histórico, para impor a sua lei. 
A questão essencial era (e é) a da eficácia dos meios coercivos. Numa sociedade que vive no limiar da fome, por exemplo, a retirada dos meios alimentares equivale realmente a uma condenação à morte. 

A questão da cedência das nossas liberdades a troco da nossa «segurança» é dupla: 
- Primeiro, não é nada difícil ceder as liberdades, mas é extremamente difícil recuperá-las. Algo que significa uma luta de gerações: quem viveu ou vive sob ditadura, sabe que é assim.  
- Segundo, basta ver que a nossa «segurança» é sempre muito relativa; sobretudo, que a desestabilização do nosso pequeno mundo é - com grande frequência, senão sempre - originada pelas decisões das «altas esferas» do poder. 
Os poderosos não se importam - até lhes convém - que as pessoas comuns, «os súbditos», estejam num estado de constante insegurança e incerteza, pois sabem que o reflexo da imensa maioria é ir a correr procurar «salvação» junto dos governantes. 
Estes, muitas vezes, não têm senão um poder ilusório, «mágico», que se limita ao fabricar dum discurso, duma narrativa destinada a reforçá-los no poder.

Como esta sociedade de tecnologia totalitária é destrutiva do próprio tecido da sociedade, o paradigma natural/biológico terá de se afirmar. Irá notar-se primeiro nas margens e depois em sociedades inteiras, que escaparam ao pesadelo tecnológico. 
O paradigma biológico não deverá ser entendido como forma redutora, mas como inspiração para uma economia realmente baseada na optimização energética, na reciclagem, na gestão apropriada e prudente dos recursos... 
... E na transformação das relações estúpidas, de competição destrutiva, depredadora, em algo mais inteligente, como a cooperação e também a competição, mas esta entendida como emuladora.
Não é possível, nem razoável, propor algo detalhado, um plano, um programa, para tal sociedade. Podemos imaginar que esta se irá reger por regras, ou «leis», que se inspiram directamente na biologia.
Mas, estou convencido que os agrupamentos humanos, pequenos ou grandes, sejam pequenas comunidades ou nações inteiras, cedo verão a vantagem em adoptar tal paradigma novo, abandonando a presente adição a uma tecnologia destruidora e avassaladora dos humanos. 
Não existe tecnologia neutra, porque os modos de pensar as coisas, a sociedade, as relações entre seres humanos, etc. estão permanentemente condicionados por essa mesma tecnologia: A ideologia, que uma dada tecnologia necessariamente segrega, vai condicionar, de forma decisiva, o tecido social. 

É o que temos diante dos olhos, neste momento. Acredito que o espectáculo não seja agradável para muitos, como não o é para mim!

(*) É importante distinguir entre Biologia e Biotecnologia. O paradigma que eu chamo biológico, é a antítese da grande indústria farmacêutica, do agro-negócio, da modificação genética designada por «vacinas anti-COVID», etc. 
Estas utilizações da biotecnologia, nas mãos dos globalistas, correspondem exactamente ao paradigma tecnocrático. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

[Manlio Dinucci] USO MILITAR ESCONDIDO DA TECNOLOGIA 5G

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A Arte da Guerra

O uso militar escondido da tecnologia 5G
Manlio Dinucci


Na Cimeira de Londres, os 29 países da NATO  comprometeram-se a “garantir a segurança das nossas comunicações, incluindo a 5G”. Por que razão esta tecnologia da quinta geração da transmissão móvel é tão importante para a NATO?

Embora as tecnologias anteriores fossem destinadas a fabricar 'smartphones' cada vez mais avançados, a 5G foi concebida não só para melhorar o seu desempenho, mas principalmente para ligar sistemas digitais que precisam de grandes quantidades de dados para funcionar de modo automático. As aplicações mais importantes da 5G serão realizadas, não no campo civil, mas no campo militar.

Quais são as possibilidades oferecidas por esta nova tecnologia, explica-as o relatório Defense Applications of 5G Network Technology, publicado pelo Defense Science Board, uma comissão federal que fornece consultoria científica ao Pentágono:

Ø   “A tecnologia 5G emergente, comercialmente disponível, oferece ao Departamento da Defesa a oportunidade de usufruir a baixo custo, os benefícios desse sistema pelas próprias necessidades operacionais”. Por outras palavras, a rede comercial 5G, construída por empresas privadas, será usada pelas Forças Armadas dos EUA com uma despesa muito inferior àquela que seria necessária, se a rede fosse construída apenas para fins militares.

Ø  Os especialistas militares prevêem que a 5G desempenhará um papel determinante no uso de armas hipersónicas: mísseis, armados, também, com ogivas nucleares, que viajam a velocidades superiores a Mach 5 (5 vezes a velocidade do som). Para guiá-los em trajectórias variáveis, mudando o curso numa fracção de segundo para escapar aos mísseis interceptores, é necessário recolher, processar e transmitir enormes quantidades de dados muito rapidamente. O mesmo é necessário para activar as defesas em caso de ataque com essas armas: não havendo tempo para tomar uma decisão, a única possibilidade é confiar nos sistemas automáticos 5G.

Ø  A nova tecnologia também desempenhará um papel fundamental na battle network (rede da batalha). Sendo capaz de ligar, simultaneamente, numa área circunscrita, milhões de equipamentos receptores e transmissores, permitirá aos departamentos, e  aos militares individualmente, transmitir entre si e praticamente em tempo real, mapas, fotos e outras informações sobre a operação em curso.

Ø  Extremamente importante, será a 5G para os serviços secretos e para as forças especiais. Tornará possíveis sistemas de controlo e de espionagem muito mais eficazes do que os actuais.

Ø  Aumentará a mortandade dos drones assassinos e dos robôs de guerra, dando-lhes a capacidade de identificar, seguir e atacar determinadas pessoas, com base no reconhecimento facial e noutras características.

A rede 5G, sendo um instrumento de guerra de alta tecnologia, tornar-se-à também, automaticamente,  num alvo de ataques cibernéticos e de acções bélicas efectuadas com armas da nova geração. Além dos Estados Unidos, esta tecnologia é desenvolvida pela China e por outros países. Portanto, a disputa internacional sobre a 5G não é só comercial.

As implicações militares da 5G são quase completamente ignoradas porque, mesmo os críticos dessa tecnologia, incluindo vários cientistas, concentram a sua atenção nos efeitos nocivos para a saúde e para o meio ambiente, devido à exposição a campos electromagnéticos de baixa frequência. Empenho esse, da máxima importância que, por conseguinte, deve ser combinado com o uso militar dessa tecnologia, financiada indirectamente pelos utentes comuns.

Uma das principais atracções, que favorecerá a difusão dos 'smartphones' 5G, será a de poder participar, pagando uma assinatura, em jogos de guerra de realismo impressionante, em transmissão contínua (in streaming), com jogadores de todo o mundo. Desse modo, e sem se aperceberem, os jogadores financiarão a preparação da guerra - da guerra real.

il manifesto, 10 de Dezembro de 2019

NdT: Embora tenha visto mencionado em vários artigos da especialidade 'o 5G', traduzo 'a 5G' porque esta sigla refere-se à Tecnologia ou à Rede da Quinta Geração. Assim sendo, esses vocábulos (Tecnologia, Rede, Quinta, Geração) são substantivos do género feminino, portanto, o artigo que os precede tem de estar em concordância com os mesmos.

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http://www.natoexit.it/ -- ITALIANO


DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT, 
em todos os países europeus da NATO
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

terça-feira, 23 de julho de 2019

OS MERCADORES DE CANHÕES E O FIM DO COMPLEXO MILITAR-INDUSTRIAL NOS EUA


            


ARTIGO DE OPINIÃO POR Dmitry Orlov via Club Orlov blog,
TRADUÇÃO POR MANUEL BAPTISTA, PARA O OBSERVATÓRIO DA GUERRA E MILITARISMO
No seio da vasta teia burocrática do Pentágono existe um grupo encarregue de monitorizar o estado geral do complexo militar-industrial e a sua permanente capacidade para satisfazer as exigências da estratégia nacional de defesa. A secção para aquisição e a secção para política industrial gastam cerca de $100.000, por ano, para produzir um Relatório Anual para o Congresso. Ele está disponível para consulta pela generalidade do público. Está mesmo disponível para o público em geral na Rússia e os peritos russos têm satisfeito a sua curiosidade mergulhando nele.
De facto, ele encheu-os de optimismo. Note-se, a Rússia quer paz, mas os EUA parecem querer a guerra e continuam a fazer gestos ameaçadores contra uma longa lista de países que recusam seguir a sua escolha, ou simplesmente não partilham seus «valores universais». Mas, agora, acontece que proferir ameaças (e sanções económicas, cada vez mais ineficazes) é praticamente tudo o que os EUA consegue realizar, apesar dos níveis absolutamente astronómicos de despesa com a defesa.
Vejamos com o que se parece o complexo militar-industrial dos EUA, visto sob lentes russas.
É importante notar que os autores do referido relatório não estavam a tentar convencer os legisladores a financiar um projecto específico. Isto torna-o mais valioso do que muitas outras fontes, para as quais o objectivo dos autores é desencadear a generosidade das verbas federais e que -portanto – tendem a ser pouco rigorosos nos factos, mas abundantes na propaganda. Sem dúvida, que a política continua desempenhando um papel, na forma como vários detalhes são tratados, mas parece limitado o número de questões incómodas, que os autores descartaram para compor o quadro, na análise da situação e na formulação de recomendações.
O que mais chocou os analistas russos foi o facto destes peritos avaliarem o complexo militar-industrial dos EUA numa perspectiva de …mercado! Na realidade, o complexo militar-industrial russo é exclusiva propriedade do governo russo e trabalha somente em seu interesse: qualquer outra coisa seria considerada traição. Mas o complexo militar-industrial dos EUA é avaliado com base na sua…rentabilidade! De acordo com o referido grupo de trabalho do Pentágono, tem de – não só fornecer produtos para os militares – mas, igualmente, adquirir uma fatia de mercado no comércio global de armamento e, talvez o mais importante, maximizar o lucro dos investidores privados. Neste aspecto, tem-se saído bem: para 2017, a média da margem de lucro antes de impostos, dos fabricantes de armas dos EUA, variou entre 15 e 17%. Nalguns casos – a Transdigm, por exemplo – conseguiram obter nada menos de 42 – 45%. “Ah!” exclamaram os peritos russos, “descobrimos o problema! Os americanos legalizaram a agiotagem de guerra!” (Esta, a propósito, é apenas uma das muitas formas da chamada corrupção sistémica, que floresce nos EUA.)
Seria normal que cada empresa contratante na defesa, simplesmente tomasse o seu lucro a partir do preço final mas, em vez disso, há toda uma cadeia alimentar de contratantes, os quais – legalmente – são obrigados a maximizar os lucros dos seus accionistas. Mais de 28000 companhias estão envolvidas, mas os contratantes de defesa de primeira linha, para os quais o Pentágono dirige 2/3 das encomendas, consistem apenas em Seis Grandes: Lockheed Martin, Northrop Grumman, Raytheon, General Dynmics, BAE Systems and Boeing. Todos as outras empresas estão organizadas numa pirâmide de sub-contratantes com cinco níveis hierárquicos e cada uma delas faz por sugar, o melhor possível, os níveis acima deles.
A insistência nos métodos de mercado e a exigência de maximização da rentabilidade, é um processo incompatível com a despesa na defesa, a um nível muito elementar; a despesa com defesa é intermitente e cíclica, com longos períodos de baixos níveis de encomendas importantes. Isto obrigou os Seis Grandes a fazerem cortes nos departamentos de produção de defesa, para aumentar os dirigidos à produção civil.  Igualmente, apesar do tamanho enorme do orçamento de defesa dos EUA, este é finito (e havendo apenas um planeta para fazer ir pelos ares), tal como também o é o mercado global de armamento. Visto que, numa economia de mercado, uma empresa é colocada perante o dilema de crescer ou ser comprada, isto precipitou imensas fusões e aquisições, resultando o presente mercado concentrado em alto grau, onde existem uns poucos actores principais, em cada domínio.
Em resultado disto, na maioria dos domínios, como discutem os autores nos 17 domínios – a marinha de guerra, as forças terrestres, a força aérea, a electrónica, o armamento nuclear, a tecnologia espacial, etc -, pelo menos num terço das vezes, o Pentágono tem a escolha de exactamente um contratante, para um dado contrato, fazendo com que a qualidade e o tempo de entrega sofram por isso e resultando em subida dos preços.
Num certo número de casos, apesar do poderio industrial e financeiro, o Pentágono encontrou problemas insolúveis. Concretamente, acontece que os EUA tem apenas um estaleiro com capacidade para produzir porta-aviões nucleares (é apenas um, e o navio porta-aviões Gerald Ford não é propriamente um sucesso). O referido estaleiro é o «Northrop Grumman Newport News Shipbuilding» em Newport, Virginia. Em teoria, poderia construir três navios em paralelo, mas dois dos lugares estão sempre ocupados pelos porta-aviões existentes, que precisam de manutenção. Isto não é caso único: o número dos estaleiros com capacidade de construção de submarinos nucleares, de contratorpedeiros e de outros tipos de navios, é também exactamente um. Portanto, em caso de conflito prolongado com um adversário a sério, em que uma proporção importante da armada dos EUA tenha sido afundada, há impossibilidade de substituir os navios afundados, num espaço de tempo razoável.
A situação é – de algum modo – melhor quanto às fábricas de aviões. As fábricas existentes podem produzir 40 aviões por mês e, se necessário, conseguiriam produzir 130. Por outro lado, a situação com tanques e artilharia é absolutamente deplorável. De acordo com o referido relatório, os EUA perderam completamente a capacidade de construir a nova geração de tanques. Já nem é uma questão de faltarem fábricas e equipamentos; os EUA vai na segunda geração de engenheiros que nunca efectuou o design de tanques e a que o fez, está prestes a reformar-se. Os da nova geração, que os substituem, não têm ninguém de quem aprender e só sabem de tanques pelos filmes e jogos vídeo. Quanto à artilharia, resta apenas uma linha de produção nos EUA que pode produzir canhões com diâmetro maior que 40 mm e esta seria incapaz de activar a produção em caso de guerra. A empresa contratante recusa-se a expandir a produção, a não ser que o Pentágono garanta – pelo menos – 45 % de escoamento, visto que senão, será não rentável.
A situação é semelhante para uma longa lista de áreas; é melhor para tecnologias com uso duplo, que podem ser obtidas a partir de companhias de produtos civis e significativamente pior para as altamente especializadas. O custo unitário para cada tipo de equipamento militar tem subido ano após ano, enquanto os volumes adquiridos são cada vez mais baixos – por vezes atingem zero. Nos últimos 15 anos, os EUA não adquiriu um único novo tanque. Continuam a modernizar os modelos antigos, mas a um ritmo de não mais de 100 unidades, por ano.
Devido a todas estas tendências, a indústria de defesa continua a perder, não só engenheiros especializados, como o pessoal qualificado para executar o trabalho. Os peritos do estudo citado estimam que o défice em máquinas-ferramentas atingiu os 27%. No passado quarto de século, os EUA deixaram de fabricar uma vasta variedade de equipamento para manufactura. Somente metade desses instrumentos podem ser importados de nações aliadas ou amigas; para o restante, há apenas uma fonte, a China. Analisaram as cadeias de abastecimento de 600 dos mais importantes tipos de armas e encontraram que um terço destas têm falhas, enquanto outro terço está completamente inviável. Na pirâmide de cinco patamares dos sub-contratantes do Pentágono, as manufacturas de componentes estão quase sempre relegadas para o terço inferior e as notícias de que terminaram com certa produção ou mesmo que encerraram totalmente, tendem a ficar submersas no pântano burocrático do Pentágono.
O resultado final de tudo isto, é que o Pentágono continua a ser, em teoria, capaz de efectuar pequenos incrementos na produção de armas para compensar as perdas correntes em conflitos localizados, de baixa intensidade, num contexto geral de paz, mas mesmo agora, isto está no extremo limite das suas capacidades. No caso de um conflito a sério, com uma nação bem armada, aquilo em que será capaz de dispor será apenas e somente o material e partes sobresselentes dos stocks, que ficarão rapidamente esgotados.
Uma situação análoga prevalece na área dos elementos de terras raras e de outras matérias-primas para produzir componentes electrónicas. De momento, as reservas acumuladas destas matérias, necessárias para produzir mísseis e tecnologia espacial – nomeadamente satélites – é suficiente para os próximos cinco anos, à taxa de uso corrente.
O relatório enfatiza especialmente a situação trágica na área de armas nucleares. Quase toda a tecnologia para comunicações, escolha de alvos, cálculo de trajectórias e armamento das cabeças dos mísseis intercontinentais (ICBM) foi desenvolvida nos anos 1960 e 70. Até hoje, os dados são carregados a partir de disquetes de 5 polegadas, que pararam de ser produzidas em massa há 15 anos. Não há substituição para elas e as pessoas que fizeram o seu design estão já «a fazer tijolo». A opção escolhida tem sido comprar pequenas quantidades produzidas, de todos os consumíveis, a preços extravagantes, e desenvolver a partir do zero a completa tríade de componentes estratégicos baseados em terra, a um custo de 3 orçamentos anuais do Pentágono.
Existe um grande número de problemas específicos em cada área, descrita no relatório, mas a mais importante é a perda de competência entre o pessoal técnico de engenharia devido ao baixo nível de encomendas para peças suplentes ou para o desenvolvimento de novos produtos. A situação é tal que novos e promissores desenvolvimentos saídos de centros de investigação como o DARPA não podem ser realizados face ao presente conjunto de competências técnicas. Para um certo número de especializações-chave, existem menos de três dúzias de especialistas treinados, com experiência.
Esta situação deverá continuar a deteriorar-se, com uma diminuição de 11-16%, na próxima década, do pessoal empregado no sector da defesa, principalmente pela ausência de jovens candidatos qualificados, para substituir os que estão a reformar-se. Um exemplo concreto: o trabalho de desenvolvimento do F-35 está próximo do fim e não será necessário desenvolver um avião de combate até 2035-2040; no intervalo, o pessoal envolvido no seu desenvolvimento estará sub-ocupado e o seu nível de competência irá deteriorar-se.
Embora, de momento, os EUA continuem à cabeça das despesas mundiais com defesa ($610 milhares de milhões de um total de $1.7 biliões em 2017, o que perfaz cerca de 36% de todas as despesas militares no planeta) a economia dos EUA já não tem capacidade para suportar a pirâmide tecnológica completa, mesmo num momento de relativa paz e prosperidade. No papel, os EUA continuam a aparentar ser os líderes da tecnologia militar, mas as fundações da sua supremacia militar foram erodidas. Os resultados disto são plenamente visíveis:
  • Os EUA ameaçaram a Coreia do Norte com acção militar mas, depois, foram forçados a recuar, porque não tinham capacidade de combater numa guerra contra ela.
  • Os EUA ameaçaram o Irão com acção militar, mas foram forçados a recuar, porque não tinham capacidade de combater numa guerra contra ele.
  • OS EUA perderam a guerra do Afeganistão contra os Talibãs e quando o conflito mais longo da história dos EUA estiver finalmente terminado, a situação política reverterá ao «status quo ante», com os Talibãs no governo e os campos de treino de terroristas islamitas de novo operacionais.
  • Os agentes dos EUA (sobretudo Arábia Saudita), combatendo no Iémene causaram um desastre humanitário, mas foram incapazes de vencer militarmente.
  • As acções dos EUA na Síria levaram a uma consolidação do poder e do território do governo sírio e a uma nova posição de domínio regional por parte da Rússia, do Irão e da Turquia.
  • A segunda maior potência militar da NATO, a Turquia, comprou o sistema de defesa S-400, russo. A alternativa dos EUA é o sistema Patriot, que custa o dobro do preço e não funciona realmente.
Isto tudo aponta para o facto de que os EUA já não possuem um poderio militar propriamente dito. Isto é uma boa notícia pelas, pelo menos, quatro razões seguintes.
Primeiro, os EUA são de longe a mais belicosa nação sobre a Terra, tendo invadido uma data de nações e continuando a ocupar muitas destas. O facto de que já não possa lutar, significa que as oportunidades para a paz estão destinadas a aumentar.
Segundo, assim que entrar na consciência geral que o Pentágono é, nada mais que uma sanita gigante, por onde se escoam os fundos públicos, estes fundos serão cortados e a população dos EUA poderá ver as somas que correntemente engordam os agiotas da guerra serem gastas em algumas estradas e pontes, embora seja mais provável que vá para pagar os juros da dívida federal (enquanto houver liquidez).
Terceiro, os políticos dos EUA vão perder a capacidade de manter a cidadania num estado permanente de ansiedade sobre a «segurança nacional». De facto, os EUA possuem uma «segurança natural» – dois oceanos – e não precisam muito de qualquer defesa nacional (desde que se mantenham dentro das suas fronteiras próprias e não tentem causar distúrbios nos outros). Os canadianos não irão invadir e embora a fronteira do sul precise de alguma vigilância, esta pode ser assegurada a nível dos Estados e condados, por alguns tipos que usam armas e munições, que já estão de ambas equipados. Logo que o logro da «defesa nacional» a 1,7 biliões de dólares deixar de pesar nos seus ombros, os cidadãos comuns poderão trabalhar menos horas, ter maiores lazeres e sentirem-se menos agressivos, ansiosos, deprimidos e paranóicos.
Finalmente, mas não menos importante, será maravilhoso ver os agiotas da guerra reduzidos a esgravatar no ferro-velho para obterem uns trocos. Tudo o que os militares têm sido capazes de produzir desde há longo tempo é miséria, aquilo que se designa tecnicamente por «desastre humanitário». Olhem para o rescaldo da intervenção na Sérvia/Kosovo ou no Iémene, e o que verão? Quer para os seus habitantes, quer para cidadãos dos EUA que perderam parentes seus na guerra, que tiveram de ser amputados, ou que sofrem de PSTD (Síndroma de Stress Pós-Traumático), ou de traumatismos cerebrais.
Seria apenas justiça que a miséria provocada fosse bater à porta daqueles que a causaram e se aproveitaram dela.


domingo, 2 de junho de 2019

SNOWDEN FALA SOBRE TECNOLOGIAS DO CONTROLO SOCIAL

                           
https://www.commondreams.org/news/2019/05/31/edward-snowden-technology-institutions-have-made-most-effective-means-social-control

COM A TECNOLOGIA, AS INSTITUIÇÕES CONSTRUÍRAM «O MEIO MAIS EFICAZ DE CONTROLO SOCIAL NA HISTÓRIA DA NOSSA ESPÉCIE» . 


O lançador de alerta ex-contratante da NSA, disse - numa entrevista por videoconferência numa série intitulada «Diálogo Aberto» duma unidersidade canadiana da Nova Escócia - que as pessoas que controlam os sistemas de poder exploraram o desejo dos humanos de estarem conectados, em ordem a criar sistemas de vigilância em massa.  Disse que, agora mesmo, a Humanidade se encontra numa espécie de «momento atómico» no campo da ciência da computação 
"Estamos a assistir à maior redistribuição de poder desde a Revolução Industrial e isto acontece porque a tecnologia forneceu uma nova capacidade." 
"Isto está relacionado com a influência que alcança qualquer um, em qualquer lugar". "Não atende a fronteiras. O seu alcance é ilimitado se assim se desejar; porém as salvaguardas não o são".  Sem tais resguardos, as tecnologias conseguem afectar o comportamento humano.

As instituições podem "monitorizar e gravar as actividades privadas de pessoas numa escala tal, que está próxima da omnipotência" disse Snowden. Isto é feito através de «novas plataformas e algoritmos», através dos quais o comportamento pode ser modificado. Nalguns casos, conseguem prever o nosso comportamento ou decisões - e também influenciá-los - em várias circunstâncias. Também exploram a necessidade humana de pertença"
"Nós não subscrevemos uma coisa dessas," acrescentou, descartando a noção de que as pessoas sabem exactamente o que estão fazendo quando se envolvem em plataformas sociais como o Facebook.
"Quantos de vós tendes uma conta Facebook e leram realmente os termos de serviço?" perguntou Snowden. "Tudo tem centenas e centenas de páginas de linguagem jurídica que nem sequer estamos qualificados para ler e avaliar - e no entanto, é considerado que nós estamos obrigados a respeitar esses termos.
"É através de uma ilegítima conexão entra a tecnologia e uma forma incomum de interpretar a lei contratual que estas instituições têm sido capazes de transformar a maior virtude da humanidade - que é o seu desejo de interagir e conectar-se para cooperar e partilhar - transformar isso tudo numa fragilidade."
"Agora essas instituições são tanto comerciais como governamentais ... estruturaram-se de modo que se tornaram o mais potente meio de controlo na história da nossa espécie. Esta realidade é o que se chama de vigilância de massa."

Pode ouvir Snowden na íntegra (começa a falar em torno dos 25 minutos do vídeo.)

https://vimeo.com/337847675

https://www.youtube.com/watch?time_continue=2203&v=oizhVJstxC4



sábado, 5 de janeiro de 2019

JOGOS DE GUERRA SÃO JOGOS PERIGOSOS...

«As condições de concorrência e rivalidades entre potências imperiais e o atiçar de nacionalismos diversos»... seria uma frase conveniente para começar a descrever os antecedentes da Primeira Guerra Mundial, assim como para estes tempos conturbados.
Com efeito, uma super-potência, os EUA, triunfante de uma guerra-fria (por vezes, quente) com a super-potência rival, encontra-se confrontada com a emergência de potências que não aceitam mais um estatuto subordinado (a China e a Rússia). Estas têm sabido obter uma série de cooperações «win-win». Muitos dos países envolvidos são os que têm desejo de se tornarem independentes dos laços neo-coloniais, sob os quais são explorados, desde as suas independências das metrópoles...
Este tecido de acordos vai marginalizar o papel dos EUA e dos seus aliados, numa parte substancial do comércio mundial, de igual modo fazendo perder ao dólar o papel de reserva obrigatória (nomeadamente, sob forma de obrigações do Tesouro Americano) em bancos centrais e comerciais em todo o mundo e como divisa predominante no comércio mundial. 
A hegemonia militar também está posta em causa, com a demonstrada (na Síria, principalmente) capacidade superior do armamento russo e a tecnologia chinesa que permite colocar em questão a superioridade da Navy dos EUA (foi notada a declaração de uma alta patente chinesa, dizendo que seria perfeitamente possível afundar porta-aviões americanos com mísseis chineses, frase que não deixou de soar como ameaça).

A questão que se coloca é da «armadilha de Tucidides». Este filósofo e historiador grego do século Vº A.C. dizia que uma potência dominante, mas em decadência, podia ser empurrada para a guerra por potências menores, mas em ascensão, por a primeira ter ainda esperança de assim vencer, antes que estas rivais se tornassem demasiado fortes. Alguns estrategas e pensadores geopolíticos pensam que esta «armadilha de Tucidides» se poderá colocar na actualidade.
Outras questões são agitadas, como a famosa visão geoestratégica de Mackinder, sobre a centralidade do espaço do Continente Euro-asiático, cujo controlo seria vital para a potência hegemónica (na altura, era a Grã-Bretanha). 
Na verdade, a guerra já está desencadeada em múltiplas frentes: Há guerra económica , com embargos, sanções, etc.; financeira, com bloqueios de transferências de capitais e com medidas para tornear o bloqueio de pagamentos; comercial, com tarifas de importação; de propaganda, com media agressiva e demagogos excitados ... 
Não será muito difícil imaginar que um «tiro num equivalente do Arquiduque, num qualquer lugar a fazer de Sarajevo» possa desencadear uma cadeia de actos que conduzam à chamada guerra «cinética» (ou seja, com tiros) entre grandes potências.  

Neste contexto, importa afirmar alguns factos: 
- A guerra, hoje em dia, não é uma questão de conquista, de alargar o «espaço vital» duma nação (ou império). 
- Não é também uma questão de aniquilação dum adversário, pois o que restar de suas defesas, depois de um primeiro ataque nuclear é suficiente para causar um dano devastador no inimigo. É um facto que os geo-estrategas de salão ou de gabinete deveriam compreender, mas não «conseguem»; infelizmente, são eles que têm influência decisiva nos governantes e presidentes. 
Estou convencido que os militares de alta patente, mas próximos do «terreno», têm uma maior noção das realidades. Os que lhes são subordinados, os oficiais de patentes mais baixas, os sargentos e os soldados, deveriam ser críticos e mostrar-lhes que não estão dispostos a fazerem de alvo, para satisfazer os sonhos megalómanos e as ambições de «políticos-militares». 
Todas as noções do que seja uma guerra, que vigoram no sub-consciente de grande número de pessoas, incluindo dos «geo-estrategas de gabinete», estão  moldadas pelos vídeo-jogos e pela evocação de cenários passados, reais, mas que não são transponíveis. 
É sabido que os generais treinam e preparam as suas divisões para combater situações análogas às da última guerra passada. Mas a guerra seguinte não se parece com a anterior. Eles ficam desarmados, em termos conceptuais pelo menos, quando as realidades do novo conflito lhes caem em cima.

A questão - de facto - mais grave nisto tudo, é que o desenvolvimento pacífico dos povos tornaria possível a abundância ou pelo menos, a ausência de escassez e de miséria, mas os governos têm feito do armamento e das forças armadas a sua prioridade. Ambos são gastos inúteis, no melhor dos casos (o de não haver utilização dos mesmos) ou, no pior, causadores de destruições massivas de vidas e bens materiais, destruições  brutais e irreversíveis em termos ambientais, também. 
Perante isto, as pessoas e as forças que desejam a paz e que lutam pela paz são demasiado pouco contundentes, são demasiado tímidas, porventura talvez tenham receio de serem difamadas, julgadas «traidoras», etc. 
Mas isto é exactamente o que os «obreiros da paz» podem esperar de governos e políticos, apostados em levar os povos até à beira do precipício: 
Os políticos fazem carreira mostrando ódio face a um adversário, real ou imaginário. Os grandes interesses do complexo militar- securitário - industrial estão por detrás, fornecendo financiamento, incluindo os media (largamente sob seu controlo) e também toda uma série de «think-tanks», ou clubes de intelectuais muito distintos, que argumentam academicamente a favor da tal guerra, como se fosse um jogo intelectual. Para eles, é isso mesmo; para milhões de humanos... será outra coisa, bem mais sangrenta!  
Eles não nos dizem aquilo que é evidente: «se preparas a guerra, esta torna-se mais provável de acontecer (até mesmo por acidente...)». 
Preparar a paz significa retirar aos políticos corruptos a base sobre a qual eles contam: muito do seu poder se desvanecerá, se as pessoas tiverem uma visão crítica: isto é, estarem atentas ao que eles fazem e não fixarem sua atenção no que eles dizem. 
Significa isso também desmontar as teias de mentiras, as operações de propaganda que estão na base das nossas «democracias», em que de facto, o povo escolhe «chefes» por algum tempo, mas esta escolha é fictícia porque estes são, na verdade, lacaios dos interesses económicos que - discretamente - os financiam e, portanto, são os que detêm o poder real.
Não se pode construir futuro de paz com os parasitas que vivem das guerras...