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domingo, 13 de agosto de 2023

CUIDADO COM O GRANDE AFROUXAMENTO - Alasdair Macleod

Alasdair Macleod - como analista económico e dos mercados dos metais preciosos - limita-se a discorrer dentro dos parâmetros de evidências relacionadas com  todos os elementos quantitativos e as tendências que se afirmam no domínio financeiro, das moedas e das cotações de metais preciosos. Ele tem razão em assim proceder, pois é a única maneira de fundamentar - de forma impecável - os fenómenos complexos e caóticos, como são os assuntos humanos, mormente na política e economia.

Mas, para dar «substância» concreta ou «carne», a estes gráficos e tabelas de números,  basta pensarmos na Grande Depressão e as suas consequências: um empobrecimento geral, a dissolução das «garantias» dadas (supostamente) pelos Estados aos seus cidadãos, a ascensão de políticos autoritários e belicosos à chefia de Estados, a IIª Guerra Mundial, antecedida por um cortejo de guerras preparatórias (guerra de Abissínia, Guerra Civil Espanhola, a guerra civil e invasão japonesa da China...).  Tudo isto foi consequência do colapso económico-financeiro de 1929 e dos anos seguintes. O Mundo só deixou de estar em depressão (após uma década), com a transformação dos países industrializados em economias de guerra, nomeadamente nos EUA. 

Pense-se em todo o sofrimento humano, no passado e agora... Basta olhar à volta, com olhos de ver.


https://www.goldmoney.com/research/beware-the-great-unwind



This chart strongly suggests that US Treasury bond yields, widely regarded as the risk-free yardstick against which all other credit is measured are going significantly higher, not stabilising close to current levels before going lower as commonly believed. I conclude that US Treasury bond yields could easily double, and the political class will be powerless to stop them going even higher. The implications for interest rates globally are that they will be forced considerably higher as well.

This article concludes that reasoned analysis takes us to this inevitable conclusion. It is consistent with the end of the post Bretton Woods fiat currency era, and the return to credit backed by real values.

The collapse of unbacked credit’s value was only a matter of time, which is now rapidly approaching. The Great Unwind is under way. It is the consequence of monetary and currency distortions which have accumulated since the end of Bretton Woods fifty-two years ago. It will not be a trivial matter.

The trigger will be capital flows leaving the dollar, creating a funding crisis for the US Government. Foreigners, who have accumulated $32 trillion in deposits and other dollar-denominated financial assets will no longer need to maintain dollar balances to the same extent, perhaps even paring them back to a minimum. Furthermore, economic factors are turning sharply negative with energy prices rising ahead of the Northern Hemisphere winter, springing debt traps on western alliance governments. So how could bond yields possibly decline materially in the coming months?

 - Continuação do artigo de Macleod, em inglês AQUI

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

SEM MERCADOS FUNCIONAIS NÃO HÁ CAPITALISMO // O OURO COMO VALOR-REFÚGIO

As economias capitalistas são também designadas pela expressão «economias de mercado». Ora, para que tal tipo de economia funcione de acordo com os pressupostos do capitalismo, é necessário que os mercados estejam a preencher a função centralíssima que lhes é atribuída. A função em causa, é a descoberta do preço das mercadorias ou serviços, pelos próprios mecanismos do mercado. Ou seja, quando existe muita procura de qualquer coisa, vai haver uma subida do preço visto que haverá mais compradores dessa coisa (mercadoria, ativo financeiro, matéria prima, etc.) e esse maior número não poderá ser instantaneamente compensado pelo aumento de produção desse bem, haverá uma escassez relativa no mercado em relação às necessidades. O inverso se passa quando existe um excesso de oferta dessa mercadoria ou ativo financeiro em relação aos compradores. 
Neste sistema, todo ele virado para o lucro, também a taxa de juro - ou seja - o rendimento de um bem ou ativo, é crítico para entusiasmar ou - pelo contrário - desencorajar, os potenciais compradores. Para o cômputo da rentabilidade, é decisiva a taxa de juro real - ou seja - descontando a taxa de inflação. Se a taxa de inflação for de 6%, o ativo que dê um juro de 4% tem, na realidade, rendimento negativo de 2%.
No caso das obrigações, veículos de investimento financeiro com enorme peso global (maior que o peso global das ações), tem-se assistido - nos últimos 40 anos - a grande descida, indo mesmo, nos tempos mais recentes, para território negativo. Ora, em boa lógica, tal não deveria ocorrer: é insólito investidores estarem dispostos a perder dinheiro, quando investem numa obrigação. Mais; eles sabem que esta irá dar-lhes uma «remuneração» consistentemente abaixo do valor da inflação. Isto, mesmo fazendo o cálculo com a taxa de inflação das estatísticas governamentais, que têm estado muito manipuladas, no sentido de subestimar a inflação real.
Se virmos este fenómeno, que ocorre nas obrigações soberanas de várias maturidades, em países ocidentais muito diversos, chegamos a uma conclusão paradoxal: Ou os investidores deixaram de procurar obter lucro (hipótese absurda), ou estamos perante uma forte distorção dos mercados. Mas, sendo este último caso, não podemos dizer que a economia funciona numa modalidade «de mercado». É fatal constatar que não existe um verdadeiro mercado. Por outras palavras, atores muito poderosos falseiam o jogo, mantendo os juros artificialmente baixos.
Nós sabemos que esses atores existem e que são realmente poderosos: São os bancos centrais das principais economias capitalistas, que aliás arrastam consigo bancos centrais de outros países, menos ricos. Eles obrigam o mercado a aceitar valores de juros da ordem de 1% para as obrigações soberanas, o que significa que quaisquer compradores irão certamente perder muito do investimento, em termos de valor real. Podem ser perdas da ordem de 10% .
Mas como é que os bancos centrais conseguem isso?
- Simples; os bancos comerciais, as instituições de segurança social, as companhias de seguros, etc... têm exigências estatutárias em manter uma certa percentagem das suas carteiras de títulos em ativos financeiros considerados «seguros». Por definição, as obrigações e papéis emitidos pelos Tesouros dos Estados, são considerados mais seguros que quaisquer outros ativos financeiros, mesmo que isso não seja verdade. Qualquer banco comercial, companhia de seguros, etc., terá que se conformar com as regras para poder operar.
O montante dos juros está na proporção inversa do preço da obrigação: Isto significa que as obrigações de juro mais baixo são as melhores. De facto, uma entidade emissora (um Estado, ou uma empresa) pode ter compradores para as suas obrigações, apesar delas terem um juro mais baixo, quanto mais segurança e maiores garantias lhes fornecer. São estas as obrigações mais desejáveis, porque envolvem menos riscos. As obrigações com comprador mais incerto, terão de oferecer maior juro, para superar a hesitação de eventuais compradores.
A intervenção dos bancos centrais nos mercados, com a compra massiva de obrigações e de hipotecas colateralizadas, institucionalizou-se a partir de 2009. Agora, também se verifica em relação às ações e derivados. Isto faz com que não haja qualquer realismo na atribuição do preço destes ativos financeiros, ou dos juros associados. Esta distorção tem repercussão óbvia nos mercados financeiros em geral, desde as taxas dos depósitos a prazo, até às taxas de juro para empréstimos diversos (investimento das empresas, habitação, automóvel, consumos, etc.). Isto vai afetar as pessoas, a sua economia concreta, do dia-a-dia.
É o custo do dinheiro que está a ser manipulado, quando intencionalmente se distorcem os juros destes ativos financeiros. Ora, isto subverte completamente a economia dita de «mercado livre», visto que os mercados de capitais e de crédito são os mais importantes.
A economia capitalista típica fica «emperrada», perde a sua eficácia e agilidade: Por exemplo, há enorme dificuldade em fazer estimativas para um investimento, que não seja a muito curto prazo. As alocações de capital aventureiras, ou mesmo «estúpidas», multiplicam-se neste ambiente, de juros historicamente baixos. Isto quer dizer que há - nestas condições - uma maior tendência a aplicar mal, ou menos bem, o capital pelas empresas. É previsível que, perante tanto capital mal investido e perante uma crise, uma quantidade grande de empresas e de negócios se vão tornar não rentáveis, vão à falência.
Está-se, agora, a passar duma fase de juros obrigacionistas ultra- baixos para uma «normalização», embora muito abaixo - ainda - dos valores médios históricos. Porém, esta inversão já está a afetar os especuladores. Eles pediram empréstimos para investir na compra de ações nas bolsas: Têm de pagar de volta os empréstimos contraídos num prazo curto, mas as ações não estão a subir do modo que eles previam. Nota-se uma descida acentuada, embora ainda não descalabro, dos valores bolsistas para muitas ações cotadas. Claro que a bolsa não será o único setor a sofrer numa grande crise financeira. Vai haver uma destruição massiva de capital, em todos os setores da economia.
Estamos portanto a entrar num período de severa recessão. Face à reversão dos mercados, o colapso é certo; é só esperar. É como o retorno do pêndulo. Em breve, vai entrar-se num mercado em descida, em contração, após mais duma década de mercados altistas. Note-se que, tanto as subidas como as descidas foram impulsionadas - não por mudanças na rentabilidade das empresas e das economias - mas pelas políticas dos bancos centrais. São estes que têm provocado as oscilações, por mais que digam que pretendem «estabilizar» os mercados.

O caso do ouro, enquanto investimento é interessante, pois se pode considerar o contrapeso dos investimentos financeiros. Ações, obrigações, derivados... o ouro move-se - quase sempre - em direção oposta àqueles ativos financeiros. Quanto mais os investidores temerem pelos investimentos feitos, mais frequentemente irão adquirir ouro, de forma a contrabalançar eventuais perdas. Funciona o ouro, não como um investimento para «ganhar dinheiro», mas antes como seguro, como forma de preservação de valor fundamental.
Embora as pessoas tenham tendência a pensar em termos de dinheiro, se este dinheiro se desvaloriza muito, um aparente lucro pode ser - afinal - uma perda. Dizem alguns que preferem não investir em ouro, porque ele não dá rendimento, mas origina despesas. No entanto, quando comparamos a rentabilidade efetiva das obrigações do tesouro dos EUA, ou outro investimento obrigacionista considerado como muito seguro, verificamos que o ouro bate estes ativos financeiros. Se obrigações a dez anos derem um juro de 1,5% mas havendo inflação no mesmo período de 5,5%, então a rentabilidade das obrigações é claramente negativa (é de menos 4%).
Mesmo que o ouro não dê rendimento, a sua valorização será, no mínimo, igual ou superior à taxa média de inflação. No exemplo acima, basta o ouro ter uma valorização muito modesta, mas positiva de 5-6% em dez anos, já está em clara vantagem (~ 0% em termos reais), em relação às obrigações, com - 4% em termos reais. Na realidade, vemos que o ouro, em períodos longos, tem melhor rentabilidade que quaisquer investimentos financeiros, incluindo nos «hedge funds» mais rentáveis.
O gráfico abaixo, mostra dois períodos em que o valor do ouro tem uma subida considerável, não apenas mantendo o poder de compra do capital investido, como dando um lucro significativo. Em geral, porém, não se deve ver o ouro como um meio de se ganhar muito dinheiro, mas antes como uma forma de se preservar o capital. Princípio válido em condições de grande perturbação, como é o caso no presente e no próximo futuro!

Valor da onça de ouro em dólares. Grandes subidas de 1971-80 e de 2001- até agora

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PS (28/01/2022): Vale a pena consultar a entrevista de Michael Hudson publicada na «Unz review», AQUI.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

COLAPSO DA LIRA TURCA: LIÇÃO SOBRE (HIPER) INFLAÇÃO


 A forçada manutenção da taxa de juros muito baixa, por ordem direta de Erdogan, foi desencadear uma aceleração da inflação. Há, neste momento, uma inflação de 18-19%. É um ponto de fuga para a perda total de controlo da divisa e, portanto, o crescer da espiral da hiperinflação. 
Temos um povo ansioso por vender as suas liras e comprar moedas «fortes» (dólar, euro, etc.). Há uma fuga maciça de capitais. 
A ausência de «tampão monetário» como, por exemplo, abundantes reservas em divisas estrangeiras no banco central turco, conjugada com uma dívida externa importante, podem levar a uma falta de pagamento (os sovereign bonds deixam de pagar juros, ou o principal).
A possibilidade de reversão desta situação dramática implica que o banco central decrete uma subida muito acentuada dos juros (da ordem dos 20%), para tornar rentável o investimento nos «bonds» turcos e para estancar a hemorragia de capitais. 
Esta hipótese seria viável, dado que nos últimos anos a Turquia comprou (o seu banco central, sobretudo) muito ouro. A venda do ouro no mercado internacional pode fornecer suficientes divisas estrangeiras de que tanto carece. Veremos o que acontece nos próximos dias/semanas.
Mesmo assim, não há garantia de sucesso, pois a situação agora criada acompanha-se da grande quebra de confiança quer do público turco, quer internacional. 
Se não houver uma rápida e significativa descida da inflação, haverá consequências políticas: é matemático.

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PS1: Note-se que a posição de Erdogan, no fim de contas, não é qualitativamente diferente da posição da FED e dos principais bancos centrais ocidentais: Pois, estes estão constantemente a fazer engenharia financeira (Q.E. e outras manobras) para baixar artificialmente os juros. Dizem sempre, para «justificar» as suas políticas inflacionárias, que é para «estimular a economia». 
Portanto, se é absurdo para o caso da Turquia, por que razão não o é também para os bancos centrais dos principais países ocidentais? 
- Penso que há apenas uma variável que difere, nas 2 situações: É o fator mais instável e caprichoso, a confiança do público nas divisas, nos seus governos e bancos centrais. O volume de divisas em circulação não pode ser um justificativo. Onde é mais provável que haja uma avalancha de neve: Quando o montão acumulado for gigantesco, ou quando for moderado?

PS2: O caminho para a hiperinflação está bem encetado, com as pessoas a comprar o que podem, não o que precisam, com muita pressa em verem-se livres das liras, antes que estas desvalorizem ainda mais. Se o fenómeno da inflação é sempre, em última análise, um fenómeno monetário, também é verdade que é intensificado pela psicologia das massas.

PS3 (17-12-21): Erdogan não está a revelar o real propósito da sua política económica e financeira (e cambial). As «justificações» de que as taxas de juro altas é que «causam a inflação» ou os argumentos religiosos, são «camuflagens» da sua verdadeira política.  A real motivação seria outra: embaratecer o custo do trabalho na Turquia. Assim, os produtos turcos podem vencer os competidores, embaratecendo seu custo de produção. Ele aceita, em troca, que a lira se desvalorize muito... Esta é tese defendida pelo blog «MoA». 
Em todo o caso, Erdogan não poderá facilmente recuperar os capitais perdidos na sangria, por ele provocada, neste último ano. Estou cético em relação à explicação dada por MoA. O meu palpite é que, independentemente das intenções, esta política vai penalizar demasiado o povo turco e vai causar redemoinhos políticos.

PS4: Erdogan, numa manobra desesperada, faz  a promessa de que os depositantes em liras nos bancos receberão uma compensação igual à perda de juros causada pela desvalorização. Assim, provocou a corrida para compra de lira, que teve uma espetacular subida.
No entanto, a bolsa, cujas ações tinham compensado, pela sua subida, a perda de valor resultante da desvalorização da lira, começou por subir e, logo de seguida, sofreu um «crach» de 7.1% na mesma sessão. 
Penso que a Turquia está a seguir o mesmo percurso que a Venezuela, para a hiperinflação.

segunda-feira, 16 de março de 2020

O «RESET» ESTÁ EM CURSO; NADA SERÁ COMO DANTES


- Segunda-feira, 16 de Março 2020: 

Hoje de manhã, depois da redução para zero das taxas de juro do FED no passado Domingo, acompanhada pelo anúncio de um «QE» (impressão monetária) de 800 biliões de dólares, a reacção dos mercados foi um desastre total.

                 
          Fig.1: bolsa de Nova Iorque automaticamente fechada 15 min.  após abertura

Os mercados tinham já antecipado estas medidas, pelo que o seu anúncio teve um efeito negativo. É como se dissessem: «aquilo que a FED anunciou não impede a economia mundial de continuar paralisada».

De facto, estamos no início duma recessão/depressão prolongada, pois os sistemas produtivos de grande parte do mundo, incluindo Europa e os EUA, estão bloqueados.

Esta paralisia não é causada pela pandemia de coronavírus, mas é agravada pelo PÂNICO que esta pandemia suscita. Quando se fala de «pânico», é preciso ter em conta que as pessoas são - sobretudo - movidas pelo efeito amplificador do alarmismo veiculado pelos media. Este alarmismo, por sua vez, incita os cidadãos a atitudes e comportamentos irracionais e «convida» a que os dirigentes se sintam na obrigação de dar «resposta» à altura das expectativas do público. Está-se então num «ciclo vicioso», em que cada medida extrema, obriga a nova medida ainda mais extrema. Vejam-se os casos em que uma medida tomada num país europeu é logo adoptada noutros.

Do ponto de vista económico, a pandemia de medo tem como consequência a «morte» de muitos pequenos e médios negócios, de empresas familiares, como na restauração, turismo e todas as outras, que estão dependentes ou são subsidiárias daquelas.

Isto significa que vai haver uma transferência de riqueza: certos negócios serão adquiridos por um valor irrisório e outros ficarão em situação de monopólio ou quase. 

Ao nível social, vamos assistir à multiplicação de respostas e atitudes extremas, não causadas por uma racional prudência, mas por fanatismo, tal como ocorreu em muitos episódios de epidemias que assolaram a Europa e o mundo, em séculos passados.

Actualmente, as epidemias são muito melhor compreendidas, têm tratamento e prevenção muito mais eficazes, do que no passado. A media, aqui também, tem um papel negativo, pois amplifica o medo e não dá a conhecer correctamente o que existe ao dispor da medicina e dos sistemas de saúde modernos para combater as epidemias. Pelo contrário, tem tendência a ignorar informações, como as que venho recolhendo de órgãos de informação diferentes da media convencional, as quais são moderadamente animadoras. 
Visionem - a este propósito - a entrevista (em francês) pelo Prof. Didier Raoult à MANDARIN TV法国华人卫 e que reproduzi na minha publicação recente: 


Em suma, quando este episódio de pânico causado pelo coronavírus e amplificado pela media desaparecer, vamos nos deparar com novas situações, impossíveis de antecipar. 
A única coisa em que eu apostaria, é que o «reset» vai ocorrer sobretudo na esfera financeira e económica, mas também terá consequências significativas nas esferas social e cultural.

quarta-feira, 4 de março de 2020

CONSEQUÊNCIAS ECONÓMICAS DA PRESENTE SITUAÇÃO



Como referido noutros artigos deste blog, as causas profundas da crise têm sido ocultadas pela media, que se compraz em chamar a epidemia do coronavírus à responsabilidade pelo colapso de todo o sistema financeiro. Sabemos que o coronavírus foi o alfinete que perfurou a bolha monstruosa de todos os activos, que foi crescendo ao longo de uma década. 

Em termos económicos, o ponto crítico é de que as pessoas são convidadas a ficar em casa, a trabalhar a partir de casa, etc, o que significa a paralisia: isto passa-se nos EUA com o maior banco mundial JP Morgan; há vários Estados que convidam os funcionários públicos a ficar em casa, as escolas apenas leccionarem os cursos on-line, etc. A redução das actividades, a um nível generalizado, origina um colapso simultâneo da oferta e da procura de bens e serviços.

No plano dos activos financeiros, o colapso das obrigações soberanas já atingiu ou ultrapassou o nível de 2008, segundo Mike Maloney
Vai haver uma série de «bail out» e «bail in» na banca. O «bail in» é um resgate «interno», feito com a «cooperação» forçada dos depositantes, o que significa que estes vão perder uma parte do dinheiro que têm depositado nas suas contas.  
A moeda vai ser desvalorizada pela impressão frenética de divisas, em todos os países: isto vai propulsionar a hiper-inflação. 
Os Estados estão já numa situação de défice*, mas o PIB vai (está a) descer bruscamente, simultaneamente com o aumento da dívida dos Estados. 
Vai haver uma explosão do défice dos Estados.
[*Já é bem mais grave que os números oficiais, pois maquilham  o PIB com falsas estimativas da inflação]

            
 Gráfico da evolução do índice de preços (a roxo) e receitas de impostos dos EUA (a verde)

O gráfico acima é assustador, porque esta tendência de divergência, entre índices de preços e receitas estatais, vai acentuar-se e não só nos EUA, como em todos os países.
O único instrumento que o FED e os outros bancos centrais possuem, neste contexto, é a redução da taxa de juro. Supostamente, esta redução estimularia a economia. 
Esta redução foi de 0.5%, a 3 de Março, mas a reacção dos mercados (por exemplo, o índice DJ Dow Jones da bolsa de Nova Iorque) mostra que este «estímulo» já não tem praticamente nenhum efeito. 
O Dow Jones subiu momentaneamente um pouco, aquando do anúncio da redução dos juros, mas logo inverteu a tendência e continuou a descida.
As pessoas, entidades, media que têm menorizado, ao nível do seu discurso, a gravidade da presente crise (simultaneamente de natureza monetária, económica e financeira), ou são inconscientes ou são cúmplices da oligarquia. Com efeito, a «ratoeira» está a fechar-se para os assalariados, os pensionistas, os pequenos e médios empresários...

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PS1 : Actualização
A conversa aqui em baixo publicada (06/03/2020) confirma e reforça os pontos principais do artigo
https://www.youtube.com/watch?v=QJ6emj4C8lE

PS2: Actualização: deflação + inflação
O colapso dos activos financeiros de toda a espécie (acções, obrigações, derivados) corresponde a um choque deflacionário. Entretanto, nos mercados de produtos «tangíveis», assiste-se a uma progressiva paralisia nas cadeias de fornecimento, quer de produtos acabados, quer intermédios. Na eventualidade provável de rupturas de abastecimento de produtos essenciais, vamos assistir a uma corrida para os armazenar, antes que desapareçam das prateleiras dos supermercados. Vai haver inflação causada pela escassez de produtos, real ou fabricada.

PS3: Actualização: militarização da economia
Sob pretexto de proteger a sociedade de um vírus, impõe-se uma espécie de estado de sítio. Impõe-se uma paralisia praticamente total da economia, obrigando as pessoas a depender a 100% do Estado e do governo. As coisas não irão reverter ao «status quo ante», mas evoluir para um globalismo totalitário «light». Nem as liberdades, nem o exercício dos direitos cívicos existem, neste momento, por vontade da casta dirigente. Durante quanto tempo?

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

«BANK RUN» EM BEIRUTE... muito grave, mas não se fala nos media ocidentais!



Pierre Jovanovic volta de Beirute (Líbano), onde se passam cenas quotidianas de violência, nas agências bancárias*. Nestas, os empregados e o público engalfinham-se em lutas corpo a corpo (como se pode ver numa passagem deste vídeo) porque o governo decretou uma limitação de levantamento semanal para todos os depósitos, desactivando todas outras formas de pagamentos e transferências em cartões (Visa, Mastercard,...) e obrigando o público a fazer bichas para «pedinchar» uns 200 dólares por semana para sobreviver. 


Há uma autêntica atmosfera de revolta no ar, porque tudo resulta de um sistema bancário corrupto, de um governo corrupto, de um regime que não tem viabilidade e que se tem mantido apenas pelos discretos apoios financeiros da França, Arábia Saudita, Emiratos, etc..


Como explica este jornalista, a situação é tanto mais explosiva, que existem muitas armas nas mãos da população, que passou por 15 anos de guerra civil.


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A media ocidental está completamente comprada, pois a situação (explosiva) desenrola-se desde Outubro passado, mas não tem suscitado «interesse». Porquê este black-out informativo?
- Os poderes, certamente, não desejam que as pessoas se ponham a pensar no que poderá também acontecer na banca dos países europeus!

quinta-feira, 20 de junho de 2019

DESFAVORÁVEL PARA A ECONOMIA / FAVORÁVEL PARA O OURO

                              


Numa situação política e estratégica internacional de grande tensão, com os preços do petróleo a dispararem, com a  guerra comercial aberta dos EUA com a China a atingir o comércio internacional e não apenas as trocas bilaterais, com a aposta cada vez mais clara dos bancos centrais em comprar ouro e despejar o dólar o mais depressa possível, e com a Reserva Federal (Banco Central dos EUA) a dar sinais claros de inversão para breve da sua política de subida das taxas de juro... todos estes  factores fazem com que a subida do ouro seja muito acelerada e esteja a atingir um novo máximo.

A noção clara de que a situação da dívida, mesmo nos países afluentes, está num ponto crítico e de que - a todo o momento - se pode desencadear um «crack» nas acções e nas obrigações, sem outro possível refúgio senão os metais preciosos, é agora lugar comum nos meios financeiros. A crise económica continuou pós 2008, até hoje, apenas disfarçada por medidas cosméticas, mas estas estão a desfazer-se claramente. 
Porém, as pessoas comuns são mantidas no escuro por uma média vendida aos poderes, pois só assim é que conseguem evitar, por enquanto, corridas aos bancos para levantamento dos depósitos. A confiança do público é mantida através da ilusão sobre o estado verdadeiro da economia.
Os poderes - estatais e outros - estão a jogar na ilusão de que possuem o controlo da situação, quando a verdade é que ninguém a pode controlar. 
O melhor que se pode fazer, ao nível individual, é seguir a estratégia dos bancos centrais; estes compram ouro em quantidades significativas. São toneladas de ouro que são adicionadas mensalmente aos cofres de bancos centrais, em quase todo o mundo. Este sector do mercado é responsável pela subida espectacular: em Setembro de 2018 o ouro estava a cerca de 33 euros/grama. Agora (Junho de 2019), está praticamente a 40, em dez meses subiu 21%.


                           

Quando as coisas na economia real vão mal, o ouro e os outros metais preciosos sobem espectacularmente: é sinal de que os investidores (sobretudo, os grandes) estão descrentes da economia real e se refugiam nos metais preciosos, como salvaguarda num contexto de crise. 
Muitas pessoas comuns são apanhadas de surpresa e ficam arruinadas: muitas, estão a comprar casa, ou outros bens, a crédito. Ficam com uma sobrecarga de dívida no pior momento, no pressuposto - errado - de que tudo irá correr normalmente.

Vejam no link seguinte:

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

SIGNIFICADO DA SUBIDA DAS TAXAS DE JURO

          

Sabemos que a FED está empenhada na subida das taxas de juro, que servem como referência para o mercado do crédito americano e - por extensão - se repercutem nos mercados doutros países. Na Ásia, zona que tem sido a exportadora principal de bens para os EUA (e países europeus), esta subida já está a causar uma acentuada queda nas bolsas. Não admira, pois se os americanos tiverem menos condições para obterem crédito, irão consumir menos... logo, importarão menos bens da Ásia. 
O aumento das tarifas nos EUA, sobre importações provenientes da China (guerra comercial) também joga o seu papel, mas o factor principal reside na diminuição do consumo de bens nos EUA em consequência do QT,  quantitative tightening , ou seja, uma restrição progressiva do crédito, através da subida dos juros.

A economia americana está ainda numa fase de recuperação da grande depressão de 2008, pois os índices oficiais não reflectem a realidade. O crescimento do PIB é fictício, pois a taxa de inflação oficial calculada está muitos pontos abaixo da taxa real. Muitas empresas terão dificuldade em absorver as condições mais desfavoráveis de obtenção de crédito para elas próprias e - em simultâneo - uma perda nas vendas, pela menor capacidade aquisitiva dos seus clientes.  
No resto do mundo, já se nota uma grave crise nos mercados bolsistas dos países emergentes. Se o motor da economia mundial é o consumo, havendo diminuição significativa do mesmo nos países mais afluentes, como os EUA, isso implica um efeito desproporcional nas economias essencialmente exportadoras, como as do Extremo Oriente.

Se os países emergentes já entraram numa crise, a zona geográfica que se segue é - sem dúvida - a Europa, a qual não vê o fim das suas próprias crises internas: desde a Grã-Bretanha e o «Brexit» a arrastar-se, até Itália com o governo a propor um crescimento da dívida no orçamento em conflito com as regras acordadas ao nível da UE, passando pelos contestatários (polacos, húngaros e checos e agora, também os italianos) das políticas oficiais da UE sobre migrações e refugiados. 
Sabemos que o ranking da dívida dos países, emitida por agências «oficiosas» como «Standards & Poor», «Fitch» e «Moody's», vai condicionar o nível de taxas de juro das obrigações emitidas: quanto mais descrente estiver o mercado na capacidade dum dado país pagar o que pediu emprestado (quanto maior o perigo de bancarrota), mais elevados serão os juros que esse mesmo país terá de pagar para ter compradores das suas obrigações. 
A Itália está em vias de deixar de ser classificada como de nível «de investimento» ou seja, das suas obrigações soberanas passarem a serem consideradas demasiado arriscadas, «junk». 
Nessa ocasião, não haveria mais aquisição por parte das instituições que tradicionalmente o fazem, bancos, seguradoras ou fundos de pensões.  Então, restaria apenas o ECB (BCE), mas este prometeu acabar com as compras de obrigações soberanas da zona euro, até ao fim deste ano de 2018. 

Como todo o sistema económico e financeiro actual está estruturado em torno do crédito, da dívida, que consequências terá o congelamento do crédito, decorrente da generalizada suspeição sobre a capacidade de pagar dos diversos países?  
- Temos a experiência recente de 2008, para nos dar uma ideia, mas desta vez, os montantes em jogo serão ordens de grandeza maiores e quase todos os países têm um excesso de dívida acumulada, quer seja estatal, das empresas, ou das famílias: isto irá obrigar a que se adoptem medidas extremas. 
Uma delas é o «bail in», ou resgate interno, ensaiada primeiro em Chipre e depois na Grécia: 
Nestas circunstâncias, os que possuem dinheiro nos bancos vão ficar cortados do acesso às suas contas, vão obrigá-los a aceitar acções ou outro papel qualquer dos ditos cujos bancos, em troca  de poderem recuperar uma parte do dinheiro que estava depositado nessas contas.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

BANCO CENTRAL EUROPEU - UM CÍRCULO VICIOSO INFERNAL INSTALADO NA ECONOMIA EUROPEIA

                     Resultado de imagem para ECB

A política monetária decidida pelos bancos centrais traduz-se em efeitos concretos nas economias, não apenas nas regiões correspondentes às divisas que emitem, como até globalmente, na economia mundial.
Como exemplo podemos citar a FED, Reserva Federal Americana, o banco central dos EUA. Com as sua política de subida progressiva das taxas de juro, o «tapering», desde há dois anos atrás, tem mantido o dólar bastante alto, mesmo ao ponto de este seu valor, face a outras divisas, ser prejudicial para os próprios EUA. Além disso, o alto valor do dólar tem sido desastroso para os países emergentes, que têm pedido dinheiro emprestado em dólares e vêm a sua dívida aumentar sem poderem fazer nada.

Do lado do banco central europeu (ECB) nada disso aconteceu, entretanto. Apenas uma vaga promessa de que iria reduzir o programa de compra sistemática das emissões de dívida dos países mais fracos do euro. Caso o ECB efectivamente cumpra a promessa, as obrigações destes países irão, sem dúvida, sofrer um tombo (e os juros das mesmas, uma subida abrupta). Veremos se irá aplicar mesmo esta medida que anda a anunciar há tanto tempo
Em consequência dos juros das obrigações soberanas desses países, a estrutura toda do crédito ficará afectada, provocando um arrefecimento brusco da economia. 
Mas a economia do espaço Euro está longe de estar «sobreaquecida»; esta travagem equivaleria a uma descida para nova crise de depressão. 
As economias dos países que beneficiam das compras sistemáticas de obrigações soberanas (Portugal, Espanha, Itália, Grécia) estão - neste momento - a sobreviver, com algumas dificuldades. O encarecimento brusco dos juros seria sinónimo de catástrofe para elas. A economia real sofreria imediatamente com isso e também os especuladores internacionais, «hedge funds», etc., iriam atacar o Euro e «abocanhar», por baixo preço, muitos activos rentáveis, denominados em Euros. 

O ECB causa e mantém uma estrutura artificial do crédito no espaço Euro, ao fazer as compras sistemáticas da dívida dos referidos países. As obrigações destes, estando artificialmente cotadas, vão influenciar o preço do dinheiro, a estrutura do crédito em toda a zona. 
A remoção deste amparo artificial irá fazer com que as obrigações de dívida dos países do sul europeu revertam para valores realistas, que reflectem o grau de confiança dos investidores internacionais nestes títulos e, por extensão, nas economias dos países emissores. 
Assim, criou-se uma dependência tremenda, entre o banco central e os países mais fracos da zona Euro. A continuação deste estado de coisas, que dura desde 2012, levanta a questão importante da alocação do capital: 
- Com efeito, num sistema capitalista, a maneira de avaliar a pertinência de um investimento é pelo retorno sobre o capital investido, o rendimento obtido depois de descontadas as diversas despesas, incluindo o custo do crédito. Ora, caso o crédito seja artificialmente baixo, a avaliação da adequação e rentabilidade dum investimento poderá ser muito falseada. 
Quanto mais tempo a estrutura do crédito estiver distorcida e der sinais errados à economia real, mais se irão multiplicar os investimentos equivocados, que resultarão em perdas em vez de lucros, logo num maior número de falências. 
Uma má alocação do capital, o seu desvio para muitos negócios que são apenas rentáveis na aparência e no curto prazo, verifica-se já hoje, em detrimento de outros investimentos, que poderiam ser realmente produtivos: 
- Vejam-se as valorações bolsistas, geralmente a níveis de 20 ou 30 vezes acima da avaliação das empresas cotadas, ou no imobiliário: trata-se de bolhas especulativas, portanto totalmente insustentáveis e destinadas a rebentar, mais cedo ou mais tarde.

Está, desde há vários anos, instalado um sistema de dependência mútua, mas destrutivo, porque a remoção destas compras sistemáticas pelo ECB poderá precipitar uma catástrofe; mas sua manutenção apenas origina distorção inflacionária dos mercados, que mais cedo ou mais tarde, acabam por reverter aos valores de longo prazo.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

ECB E OUTROS BANCOS CENTRAIS REUNIDOS EM SINTRA

                       
A reunião em Sintra deverá apresentar poucas novidades e não terá outro fim senão propaganda.
 Espera-se que Draghi avance com alguns detalhes sobre a política do ECB para o próximo ano, em particular dê pistas sobre o modo como as compras de activos pelo ECB vão reduzir-se ao longo do tempo. O crescimento anunciado das taxas de juro, esse vai ter que esperar mais tempo. Assim, o ECB mantém as taxas perto de zero, durante pelo menos mais um ano. 
As medidas drásticas pós crise de 2008, a política de zero por cento de juros, a compra de activos -muitos deles tóxicos - aumentando a carteira dos bancos centrais até níveis nunca vistos antes, supostamente terão levado a uma recuperação da crise. Porém, tal não é nada líquido. Primeiro porque esta «recuperação» é a mais incipiente e prolongada no tempo, com uma série de indicações da economia real que os podem legitimamente fazer duvidar do efeito benéfico das medidas. Estas tiveram como resultado mais palpável a subida das bolsas de acções nos vários países ocidentais, mas em grande parte esta subida não corresponde a um efeito de maior desempenho das empresas ou de maior disponibilidade de meios das famílias ou mesmo de investidores institucionais, como os fundos de pensões. Estes aumentos das bolsas explicam-se sobretudo por um lado, pelas auto-compras realizadas pelas grandes empresas, pois obtinham crédito praticamente gratuito, tendo usado largamente esse crédito para aumentar artificialmente a sua cotação bolsista (satisfazendo assim os accionistas  e enchendo com bónus as algibeiras dos gestores) e, por outro pelas avultadas e sistemáticas compras pelos bancos centrais, nomeadamente temos conhecimento do facto no caso do banco do Japão e do banco nacional suíço, mas penso que haverá outros. Além disso, a compra sistemática das obrigações soberanas - pelo ECB - criou uma distorção muito grande no mercado do crédito. A anulação deste «quantitative easing» pelo ECB irá com certeza originar muitas perturbações nos mercados, sobretudo nos do imobiliário e no crédito às empresas, ambos com efeitos «bola de neve» potencialmente catastróficos.
Mas os banqueiros centrais e os políticos dos governos respectivos todos eles dançam a mesma dança: uma vez é o BCE, outra vez a FED, outra vez o Banco Central do Japão. Os bancos centrais da China e da Rússia, às vezes, também participam na valsa, embora não o façam ao compasso dos ocidentais... tentam desligar-se da hegemonia do dólar: o banco central russo desfez-se de metade das obrigações do tesouro dos EUA em Abril. O banco central da China também vem reduzindo a sua exposição ao dólar. 
Num contexto de guerra económica, os prejuízos das altas tarifas no comércio (impostas por Trump) terão como resposta, vendas maciças das obrigações do tesouro dos EUA, originando descidas no valor de mercado das mesmas. Apenas a FED e o Tesouro dos EUA irão adquirir esses activos, mas estão limitados, pois a dívida gerada acumula-se sem controlo. 

Em geral, existe uma orientação globalista dos bancos centrais ocidentais, que permite que a oligarquia se tenha mantido e enriquecido, enquanto a imensa maioria tem vindo a perder capacidade económica. Os dirigentes que andam há quase dez anos a espevitar a inflação, com o objectivo de espevitar a economia,  podem ser responsabilizados pela ruína das «classes médias» na Europa ou na América. Com efeito, aqueles cujos salários ou pensões - no melhor dos casos - estagnaram em termos nominais, desde há uma década, tiveram um decréscimo de nível económico da ordem de 50% ou mais. Mas os economistas com vendas nos olhos ou comprados pela grande finança, continuam a pregar a teoria «neokeynesiana», que cada vez se torna mais grotesca por, sistematicamente, o remédio preconizado levar ao contrário do que tinham desejado. Isto chama-se (para retomar a célebre definição de Einstein)  insanidade, ou seja, repetir vezes sem conta o mesmo acto, apesar de resultados contrários  ao objectivo pretendido: O «quantitive easing» conduz à destruição de capital, pois massa monetária não é igual a riqueza, o que toda a gente sabe!

sexta-feira, 2 de março de 2018

DA FALSA RECUPERAÇÃO À NOVA DESCIDA AOS INFERNOS

Durante todo o período que sucedeu à grande ruptura de 2007/2008, as opiniões públicas foram embaladas por vozes de sereia, que proclamavam uma espectacular recuperação dos mercados financeiros e das economias dos países do «Ocidente». Na realidade, o que é que se passou?

As sociedades ocidentais têm estado dominadas por um tipo de capitalismo designado por «crony capitalism», ou seja, capitalismo mafioso. Neste capitalismo, não funcionam as «regras de mercado», muito pelo contrário: Os mecanismos de formação de preços nos mercados financeiros - nas acções, nas obrigações, ou nos derivados - estão todos manipulados pela intervenção constante dos Bancos centrais, com o beneplácito dos governos e para maior salvaguarda, não das economias nacionais, mas das mega corporações, com projecção mundial.
  
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A este estado de coisas soma-se, no «Ocidente», uma descida constante dos índices da «economia real», ou seja, os que revelam dados da produção de bens e serviços. 
Sabemos bem que os países asiáticos se tornaram os fornecedores da maioria dos bens industriais no mundo inteiro, invertendo completamente a situação, relativamente à realidade de há cerca de 40 ou 50 anos atrás, em que as produções industriais estavam situadas, em maioria, na América e Europa.

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Em muito poucas décadas, o Ocidente desindustrializou-se e o Oriente recebeu todo o tipo de indústrias, quer as tradicionais, quer as «de ponta», principalmente devido à política de deslocalização, levada a cabo pelos grandes industriais europeus e norte-americanos. Estes puseram seus lucros em primeiro lugar; não se importaram nada com a sustentabilidade das economias de seus próprios países. 

Agora, acumulam-se sinais inquietantes de um excesso de confiança nas bolsas e no imobiliário. 
Mas a economia real estagna, por mais que as estatísticas dos governos (quer dos EUA, quer da UE) sejam manipuladas, de maneira a dar impressão de que há uma recuperação. 
Os empregos criados são de baixa qualidade, temporários, muitos deles, a tempo parcial. 
A inflação é também manipulada para dar  impressão de crescimento do PIB. Se houver uma subestimação acentuada do fenómeno inflação, os valores de aumento aparentes do PIB não serão corrigidos de forma adequada. 
Os índices das bolsas também estão falseados, com a contínua auto-compra de acções pelas grandes empresas, as que detêm um peso importante nas transacções em bolsa. 
Os bancos centrais, com os seus programas de «QE», também contribuem de maneira decisiva para esta falsa euforia. 

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Os grandes bancos - tal como nas vésperas do grande «crash» de 2008 - estão a emprestar muito pouco uns aos outros, o que indica desconfiança recíproca na liquidez dos mesmos. 
Os especuladores continuam atirando capitais (que podiam ser para investimento produtivo) para a nova «túlipa-mania», as criptomoedas.

O aumento anunciado, em 4 etapas, das taxas de juro pela FED (Reserva Federal Americana, Banco Central - privado- dos EUA) irá provocar uma saída dos capitais investidos na Europa (e no Japão), atraídos pelas melhores taxas de juro do outro lado do Atlântico. A manter-se o programa anunciado, o resultado será catastrófico para o conjunto da UE. A única incógnita é saber-se quando é que a fuga de capitais para os EUA começará em grande escala: talvez ela seja visível já nesta Primavera e Verão de 2018. Esta saída de capitais irá provocar um abrandamento das actividades económicas, em todo o lado de cá do Atlântico, a poucos meses de intervalo. 
Em particular, irão sofrer maior embate países como Portugal, muito dependentes de factores "voláteis" - como o turismo - para a sua recuperação, depois dos anos de austeridade forçada. 

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Claro que os EUA, a prazo, não irão «vencer» numa competição em que têm jogado a cartada de afundar os seus próprios aliados e parceiros mais chegados, os países europeus, principalmente. 
Mas, transitoriamente, a sua economia parecerá mais atraente que as da União Europeia.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

FILME DE TERROR ECONÓMICO: A LOUCURA COMO «NORMA»


(VEJAM ENTREVISTA COM JIM RICKARDS, EM BAIXO)




Todos nós sabemos que existe uma anulação deliberada e centralmente planeada na origem da supressão das taxas de juro. Os bancos pagam quase nada às pessoas que têm depósitos a prazo e isto em todos os países. A redução é efetivamente coordenada pelos bancos centrais e governos dos países, especialmente dos que pertencem à OCDE. Têm, como «gurus» da economia e finanças, pessoas que se identificam como «economistas», porém mais não são do que sacerdotes do «culto Keynesiano». Para mais esclarecimentos sobre esta curiosa seita, consulte-se neste blogue, A Grande Ilusão 
Só alguns sites , como «Zero Hedge» vão dando conta da enorme catástrofe que tem sido desencadeada desde o topo da pirâmide, como que um colapso controlado, uma implosão controlada do sistema.
Com efeito, a decisão de juros negativos, que incidia não apenas em bonds ou obrigações soberanas (isto é, emitidas pelos Estados), como também sobre depósitos à ordem ou a prazo, iria desencadear, segundo os brilhantes keynesianos, uma corrida ao consumo por parte das pessoas. Eles argumentavam que as pessoas, vendo que não interessava nada conservar o dinheiro de pequenas poupanças em depósitos bancários, acabariam por gastá-las, havendo assim uma «chicotada» no consumo e portanto em toda a economia. Simplesmente, este modelo de comportamento omitia que as pessoas com psicologia de «amealhar», não se iriam converter de um momento para o outro em «despesistas». Os reformados, por exemplo, sabem que não têm grandes hipóteses de gerar entradas de dinheiro; portanto, tentam gerir o que têm com prudência, favorecendo uma poupança pois só esta pode resgatá-los se vierem (quando vierem) dias maus. Eles têm muita prudência e sabedoria, ao contrário dos loucos que governam as nossas economias!
O Japão e a Alemanha experimentam uma corrida à compra de cofres individuais, pois as pessoas simplesmente deixaram de guardar as suas poupanças nos bancos e preferem guardar as suas poupanças em casa, num cofre, ou mesmo «debaixo do colchão». Os modelos de cofres a 700 dólares já se esgotaram no Japão, estando os  comerciantes de cofres à espera de novos fornecimentos das fábricas, para os clientes em lista de espera. 

Eu creio que esta evolução - de consequências tão nefastas para o próprio capitalismo - foi prevista e planeada; não foi realizada  por acidente, como obra de proverbial «aprendiz de feiticeiro». Mais concretamente, a elite globalista do dinheiro e do poder pretende levar a cabo o grande «reset» - ou seja: a reestruturação do sistema monetário internacional, sem perda de seus privilégios e fortunas e com a total submissão das massas, sempre devotamente crentes.
Assim, as medidas apresentadas como «remédios», revelam-se como etapas do «reset», sob esta nova luz: a hiperinflação monetária (o «Quantitative easing» é apenas a produção de dinheiro sem contrapartida em riqueza verdadeira); o apontar para uma inflação de cerca de 2% como se isto fosse benéfico para a economia, quando - na realidade - apenas é benéfico para a redução da dívida enorme dos Estados e corporações; a eliminação progressiva do «cash» (numerário) já conseguida, em grande parte, na Suécia, mas com tendência a se alargar progressivamente a outras divisas (a eliminação das notas de 500€ é um passo nesse sentido); a experiência do «bail-in» - ou seja, do roubo dos depósitos dos bancos - em Chipre, transformou-se em «directriz» internacional, segundo a qual o resgate externo (bail out) de um banco só poderá ser encarado se estiverem esgotadas as possibilidades de um «bail in»... etc, etc.

O funcionamento em concreto do sistema capitalista depende da formação do capital: é necessário haver excedentes, capital disponível para investimento: é assim que se financiam negócios, empreendimentos produtivos. Isto gera riqueza material, o que se traduz em maior quantidade de bens e serviços. É evidente que uma parte importante desse capital disponível gerado, corresponde às poupanças das pessoas. Quase todas as pessoas contribuem para isso. Todos, numa medida maior ou menor, têm dinheiro disponível, durante algum tempo. 
Se retiram o motivo para as pessoas manterem poupanças em  depósitos à ordem ou a prazo, visto que passam a ser «remunerados» com juro zero ou negativo (o depositante tem de «remunerar» o banco por este deter o seu dinheiro!), estão a socavar a base da formação de capital. Mas estão também a criar suspeição em relação à banca e economia: estão a brincar com o fogo, visto que, muito depressa, esta suspeição pode transformar-se em perda de confiança geral do sistema.

É possivel que, de um dia para o outro, os bancos fechem  e quando reabrirem, haverá uma nova divisa, a qual poderá ser adquirida -durante tempo limitado- pelas divisas que circulavam anteriormente.
A nova divisa poderá ser algo parecido com os «special drawing rights» (SDR) ou «direitos especiais de saque» como se chama a divisa que tem sido utilizada ao longo dos anos pelo FMI. Esta divisa contabilística é resultante de um cesto de divisas, o qual agora será alargado para conter o Yuan (divisa da Rep. Popular da China), além do Dólar, Libra, Euro e Yen. Outras pessoas pensam que será uma espécie de «bitcoin», mas sob contrôlo dos bancos centrais. 
Pode ser muita coisa, mas não será algo que favoreça realmente os mais pobres, disso podemos ter a certeza. Muito provavelmente, irá completar e consolidar a espoliação «suave» das classes médias, que tem vindo a ocorrer ao longo dos últimos 20 anos.

O ouro e a prata, metais monetários, serão revalorizados «da noite para o dia». Nessa altura, haverá uma corrida para compra destes metais. Mas quem não os conseguir comprar, ficará com bocados de papel sem valor na mão, quer eles sejam designados por «euros», «dólares», ou outro nome de divisa qualquer.

A instalação do novo sistema monetário internacional está em curso, mas faz-se muito progressivamente, para não assustar as pessoas. 
Temos assistido à transferência de riqueza em doses massivas sem que (quase) ninguém se dê conta disso. Por exemplo, quem tem acesso a empréstimos dos bancos centrais, com juros de praticamente 0% (é o caso dos grandes bancos) tem um enorme privilégio sobre o comum dos mortais, que têm difícil acesso ao crédito (juros de 6 ou 7% no crédito para habitação, com taxa de inflação oficial de 1 %). 

Infelizmente, as pessoas mais afetadas por este «reset», serão as que menos se preocupam. Assim, não saberão certamente defender as suas parcas poupanças. Seja qual for a razão para o seu desinteresse, ficarão mais pobres.

Os globalistas, que dominam os mercados, os bancos, os ministérios e as organizações internacionais, não são inocentes, nem «aprendizes de feiticeiro»: eles sabem o que se está a passar e tentam pilotar o sistema para seu proveito próprio e com prejuízo muito direto dos 99%, em todo o mundo!