From Comment section in https://www.moonofalabama.org/2024/03/deterrence-by-savagery.html#more

A selvajaria é uma jogada perdedora. Ao jogá-la os EUA e Ocidente estão a destruir toda a sua legitimidade e influência ideológica, normativa e institucional. Eles não podem sequer vencer militarmente o Hamas, Ansarallah e o Hezbollah, pois estes sobrevivem e lançam suas estratégias de supressão do inimigo e de luta de guerrilha. Os objetivos de Israel não se concretizaram e os EUA estão mais isolados e extremistas do que jamais estiveram. Isto não será esquecido; existem alternativas agora ao seu domínio.
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quinta-feira, 20 de outubro de 2022

EFEITOS PERVERSOS DA SUBIDA DO DÓLAR




Infelizmente para a economia americana e para as economias dos países ocidentais, um dólar «forte» não resulta de uma renovada capacidade produtiva, de um renascer da atividade industrial, como se poderia ingenuamente crer, se apenas nos restringíssemos a medir a força relativa do dólar, em relação a outras divisas dos restantes países ocidentais.

De facto, os EUA estão no meio de uma crise, que se traduz por cada vez menor influência geopolítica, com a deserção da Arábia Saudita e da OPEP do arranjo, que data de 1973 e que deu origem ao «petrodollar». Este está na base do dólar ter sido - nestes anos todos- considerado, por amigos ou inimigos, como moeda de reserva internacional, que todos deviam possuir, pois só com dólares se podia adquirir petróleo.

Porém, a enorme produção de dólares durante todo o período de 2008 até agora, só se tem vindo a acelerar. A recente inversão de tendência da FED é apenas aparente, pois o «Quantitative Tightening», (ou seja, limitação, não redução, do aumento da massa monetária), apenas tem um efeito psicológico. De facto, a FED continua a fazer, através de «swaps» com os grandes bancos sistémicos, operações que se traduzem num aumento do crédito disponível.

Mas, por que razão a FED se sente obrigada a continuar com o «Quantitive Easing» (ou seja, impressão monetária) pela porta do cavalo?

A FED e Jerome Powell temem a possibilidade de congelamento do crédito, a grande ameaça da crise de 2008, que quase se transformou  em  rutura do sistema. Este congelamento ocorreu de novo em Setembro de 2019, com a subida dos juros para valores inéditos de 10%, do mercado «repo», ou seja, o crédito de curto prazo interbancário, antes - portanto - da epidemia do COVID. A partir de Setembro de 2019, a FED começou a fazer o papel de fornecedor de liquidez ao referido mercado «repo», sendo a crise do COVID aproveitada como pretexto para a FED despejar - de forma já não disfarçada - somas abismais nos bancos.

Quanto à subida das taxas de juro das obrigações, esta começou antes da FED e os outros bancos centrais do Ocidente decidirem uma subida das taxas de referência. Estas subidas oficiais foram avalizar aquilo que os mercados secundários já estavam a fazer. Portanto, não é por os presidentes dos Bancos Centrais declararem que vão subir as taxas de juros, que elas sobem. Passa-se o contrário, elas sobem primeiro nos mercados; os bancos centrais são obrigados a seguir a onda.

Com a subida das taxas de juros das obrigações, a situação tornou-se muito perigosa para os mercados financeiros, em particular, tendo em conta os montantes astronómicos de derivados, aos quais estão expostos os grandes bancos sistémicos, os fundos de pensões, as companhias de seguros e o negócio das hipotecas. O Banco de Pagamentos Internacionais (o banco central dos bancos centrais, com sede em Basileia) calcula que existiam, em Junho de 2021, o equivalente de 8.8 triliões de dólares investidos em derivados pelas entidades acima citadas. Destes instrumentos derivados, os mais comuns e que mobilizam maiores somas mundialmente, estão adossados a índices de taxas de juros. A subida rápida destas taxas de juros pode despoletar a venda em cascata e/ou situações de incumprimento. Como as instituições financeiras, bancos e outros, estão muito alavancados, é fatal que vários entrem em falência. Warren Buffet, há muitos anos, dizia que os derivados são «armas financeiras de destruição massiva».


O dólar forte é causador da aceleração da insolvabilidade duma economia ocidental largamente dolarizada. Basta pensar-se na imensa quantidade de dólares emitidos pelos bancos internacionais (não-EUA) e que circulam no sistema financeiro mundial. São impropriamente chamados «euro-dólares» pois, na realidade, são dólares emprestados, ou emitidos por entidades algures no mundo (não apenas na Europa!), fora dos EUA. No momento presente, em todo o mundo, as trocas comerciais e as transações financeiras são em mais de 60%, feitas usando dólares. Isto significa que muitos governos têm de comprar dólares no mercado internacional para poderem pagar prestações e juros das dívidas contraídas em dólares. Isto é particularmente verdadeiro para países frágeis do Terceiro Mundo. Nos mercados, a subida do dólar tem um efeito depressor das exportações dos EUA, enfraquecendo o débil tecido industrial dos EUA. O facto de muitas mercadorias serem importadas pelos EUA, com preços mais baixos, poderá ter um efeito no curto prazo, mascarando perante os eleitores o falhanço da política económica do governo Biden. Porém, creio que, mesmo esse efeito, vai ser anulado pelas ruturas de stocks, pelo aumento da inflação e pelo crescimento do desemprego. De qualquer maneira, a visão politiqueira a curto prazo, tanto em políticas económicas como em geoestratégia, têm sido uma característica da presente administração.

A política de manter um dólar alto tem efeito dramático em países como o Japão, acelerando a sua monetização da dívida e sobretudo obrigando-o a colocar à venda as «Treasuries» americanas, mas para poder fazer face a um custo acrescido (em dólares) das importações. Quando vemos isso em relação a uma economia ainda muito forte, embora também altamente endividada, faz-nos lembrar as economias da Europa, em particular de Portugal, que estão muito endividadas também e que têm uma estrutura produtiva bem mais frágil.

A política económica americana tem sido impiedosa para com os seus aliados, quer estes sejam da Europa Continental, quer do Reino Unido, quer do Japão. Como os poderes dos EUA dispõem do instrumento dólar, usam-no como arma de guerra. São eles que estão a cavar a fossa do seu próprio poderio. Isso não deveria surpreender um estudante da História. Os impérios, em geral, falham pelas medidas que tomam, relativamente a seus súbditos ou vassalos. Não são submersos por uma vaga de invasões de outros poderes, senão quando já estão internamente muito fracos, incapazes de manter o funcionamento do sistema. É exatamente o que estamos a viver agora.




ALGUMAS CITAÇÕES RELATIVAS AO TEMA:

Rising interest rates are also a sea-change for derivatives, and particularly for the banks exposed to them. Interest rates swaps, of which the Bank for International Settlements reckoned there were $8.8 trillion equivalent in June 2021, have been deployed by pension funds, insurance companies, hedge funds and banks lending fixed-rate mortgages. They are turning out to be a financial instrument of mass destruction.

https://www.goldmoney.com/research/banking-crisis-the-great-unwind




As the USD rises in strength on the back of Powell’s impossible Volcker-revival and tangled derivatives, other Dollar-desperate nations from Argentina to Japan find themselves with not enough Greenbacks to pay their debts or settle trades, wires and oil purchases, which thus forces them to print (i.e., debase) more of their local currencies to make USD-denominated payments.

But Japan takes the cake for debasing its own currency all on its own, as no nation has ever loved a money printer and currency-debaser more.

This might explain why Japan is leading the charge in dumping its USTs into the FOREX markets, which only adds more pressure to rising yields and hence rising rates.

Thanks Kuroda—just one more central banker with a mouse-clicker gone mad… Perhaps he’ll be next in line for a Nobel Prize?

But Japan is not alone, as other nations dump the once sacred UST just to keep their currencies afloat…

https://goldswitzerland.com/how-an-illiquid-dollar-ruins-the-world/





"... Rates rising have absolutely frozen the real estate market. If you own a property, who is going to buy it? Rates have gone from 3.25% to more than 7%. I am on the record that once we saw a 3% yield on the 10-Year Treasury, you would start to see a tightness in credit. Now, we are over 4%. What few people are talking about is what has this already done to the derivatives market?

...Think about how big the derivatives market is. Total credit worldwide is $350 trillion, but you have derivatives pushing $2 quadrillion. I have said this all along, derivatives will blow up. Warren Buffett has called them financial weapons of mass destruction. They are far bigger than central banks can fix.”

Holter goes on to say, “The real economy runs on credit. Everything you look at, everything you touch and everything you do every day has many uses of credit to get to the final product or situation..."


" So, once credit freezes up, it’s completely game over. In a past interview, I said they are pulling the plug. They have to pull the plug because, mathematically, the debt cannot be paid. The derivatives cannot perform. So, they have to pull the plug. They also have to do one other thing, and that is they have to kick the table over. What will the false flag event be? I have no idea...

They have to kick the table over so they can say our policies were working, but whatever this event will be stopped them.”



[...]
Equally important are the global ripple effects of the US Fed’s increasingly desperate and distorted actions. The strong USD policies intentionally and currently used by the Powell Fed have had a crippling and destabilizing impact on global currencies, from developed to developing, as the rest of the world has been forced to import US inflation and debase their own currencies to settle trillions in imposed USD transactions. In short, as the USD rises, the rest of the world’s currencies (and hence economies), friend and foe alike, are forced to suffer. As Matthew quips: “With financial and political allies like the U.S., who needs enemies?”



segunda-feira, 13 de novembro de 2017

HOMEM DE MÃO DA GOLDMAN SACHS

       GATO ESCONDIDO COM RABO DE FORA... 

Por outras palavras:
- Pode-se fingir que não se sabe de nada, durante algum tempo, mas não constantemente. 
Draghi, num sistema transparente e democrático, nunca seria escolhido como cabeça do BCE. Durante quanto tempo mais ele será intocável? Talvez enquanto a eurocracia e os governos corruptos forem tolerados pelos respectivos povos.



               
                   veja AQUI o artigo de Martin Armstrong
Quando Draghi, o actual presidente do Banco Central Europeu (BCE), foi presidente do banco de Itália soube que o Banco Monte dei Paschi di Siena SpA escondera um prejuízo de quase quinhentos mil milhões de dólares usando derivados, dois anos antes dos procuradores terem conhecimento das transacções complexas, de acordo com documentos revelados no tribunal de Milão. 
Mario Draghi, estava perfeitamente ao corrente de que os derivados estavam a ser usados para esconder perdas. Não esqueçamos que Draghi foi um homem da Goldman Sachs e que esta ajudou o governo grego a esconder a situação real das finanças do país, com vista a entrar no «clube» do Euro. O esquema ficou a descoberto com a crise de 2010, de consequências trágicas para o povo grego e para outras economias frágeis da eurozona. 

Agora vê-se claramente que Draghi tinha plena consciência dos problemas decorrentes das operações arriscadas do Deutsche Bank AG, que ajudaram a precipitar o grande colapso de 2008. 

O banco italiano Monte Paschi fez exatamente o mesmo que o DB. Estava a perder cerca de €370 milhões de euros numa transacção anterior, que eles designavam por «Santorini» (esta é uma ilha no Mediterrâneo que ficou destruída com a explosão de um vulcão). Um novo negócio rendeu mais ou menos uma quantia equivalente e permitiu distribuir as perdas por um período de tempo maior. Estas fraudes são usadas para reduzir os impostos a pagar pelo banco.

O relatório, datado de 17 de Setembro de 2010, foi classificado de «reservado», o que mostra que o Banco de Itália sabia que, ao não incluir esse negócio nas contas com o seu valor real, Monte Paschi estava a esconder uma perda. Se o banco tivesse usado a quantificação «mark-to-market» no quarto trimestre de 2008, teria colocado, no relatório respectivo, as perdas resultantes da crise de crédito que estava a sofrer.
Sabendo tudo por detrás do pano de cena, Draghi também soube tudo sobre o uso de derivados para mascarar as perdas excessivas de certos negócios e fazer de conta que elas não existiram. 
O problema grego foi também todo ele construído com base em derivados, para fazer crer que a Grécia preenchia os critérios para estar na Eurozona.
A Grécia entrou no Euro em 2001, com Costas Simitis presidindo ao governo. Nessa altura, devia €3.4 milhares de milhões de euros, que tinha pedido emprestados. A Goldman fabricou um «swap» de divisas, graças ao qual a dívida grega, denominada em dólares  e em yens, passou a ser devida em euros, mas estes eram cotados a um preço inteiramente fictício. 
A dívida grega, denominada em euros de 2000, quando o euro estava a 0.82 do dólar. Isto teve como consequência que esta dívida duplicou, com a subida do euro para $1.60, em 2008. Obviamente, a Goldman não ofereceu uma saída, mas estruturou um novo negócio de que apenas podia beneficiar ela própria, pondo a Grécia a vender dólares, na baixa desta divisa. 
A Goldman também montou um «swap» para pagamento dos empréstimos fora da contabilidade; sendo uma operação sobre divisas, portanto escapando à categoria de «empréstimo», não pesava contabilisticamente na dívida. 
Este negócio foi mantido fora da contabilidade pública e escondida dos mecanismos de controlo do Euro. Assim, criou-se a ideia falsa de que a Grécia se estava a aproximar dos critérios de Maastricht. 
A Goldman sobre-cotou o negócio, de tal maneira que, no orçamento grego, dos $6.35 milhares de milhões de trocas comerciais e de rendimentos, em 2001, 12% vinham da tal reestruturação via «swap». 
Eles - Goldman - ganharam com este negócio uns $300 milhões. Fez pressão para que a Grécia utilizasse os aeroportos e os rendimentos da lotaria, como parte da transacção para garantir a rentabilidade desta operação de agiotagem sobre a Grécia. 
Apenas três meses depois de assinado o acordo, os mercados da dívida (obrigações soberanas) mudaram completamente, em consequência dos atentados do 11 de Setembro.  
Além disso, o dólar desceu e o euro aumentou. Os governantes gregos começaram a ver que o negócio não estava a correr bem. A dívida nacional grega quase duplicou em tamanho e, em termos reais (ajustando as divisas), ela iria novamente duplicar por volta de 2008, em termos nominais, em Euros. 
A Grécia enfrentou uma outra crise financeira em 2005, que poucos compreenderam. A Goldman Sachs voltou a «reestruturar» o acordo, mas desta vez vendendo um «swap de taxa de juro» ao Banco Nacional Grego, sob o novo governo Karamanlis, que chegou ao poder em 2004. Isto aumentava ainda mais a dívida, estendendo os pagamentos para lá de 2032. 
A Goldman  conseguiu obter assim, outros $500 milhões de dólares dos gregos, como foi largamente noticiado na imprensa ( Independent Friday 10 July 2015; Greek debt crisis: Goldman Sachs could be sued for helping hide debts when it joined euro).
A Goldman «nem pestanejou» quando Atenas tentou vender outro pacote de «swaps». O então presidente da Goldman Sachs, Gary Cohn, foi lá pessoalmente e ofereceu-se para financiar a dívida do sistema de saúde do país, empurrando ainda mais dívida para o futuro. A Goldman não se limitou a recolher chorudos honorários, como terá colocado grandes apostas em como a Grécia iria falhar, baseado em informações internas. Têm estado fora do alcance da lei, em qualquer parte. 
Entretanto, devido ao facto de que o ECB vai cortar seu programa de compra de obrigações soberanas em 50% no próximo ano, Draghi não poderá auxiliar o governo italiano. 
As regras relativas ao resgate (interno e externo) de bancos poderão vir a ser aplicadas em força no próximo ano, em todo o lado, não apenas na Itália.