From Comment section in https://www.moonofalabama.org/2024/03/deterrence-by-savagery.html#more

The savagery is a losing card. By playing it the US and the West are undercutting every ideological, normative and institutional modality of legitimacy and influence. It is a sign that they couldn't even win militarily, as Hamas, Ansarallah and Hezbollah have won by surviving and waging strategies of denial and guerilla warfare. Israeli objectives have not been realized, and the US looks more isolated and extreme than ever. It won't be forgotten and there are now alternatives.
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sexta-feira, 8 de março de 2019

REFLEXÃO: AQUILO QUE PASSA POR POLÍTICA...


Quando os sacerdotes bufões da media falam, incitando as pessoas a pensarem isto ou aquilo, a rejeitarem A e seguirem B, ou vice-versa, desde que sejam sempre passivas… eu tenho tendência para virar a cara para o lado. É que me dá uma náusea, uma sensação de enjoo. Devo ser um caso muito especial, pois senão eles/elas – mediáticos/as – estariam órfãos/órfãs de público.

Aquilo que verifico, afinal, é que todos estes «cientistas» de pacotilha conseguem açambarcar a atenção dum número considerável de pessoas, apenas usando as técnicas de «public relations» e da psicologia mais trivial, mas sempre eficaz. Aliás, estas técnicas manipulativas são eficazes, sobretudo pela simples razão de que têm um público cativo, previamente condicionado, tornado passivo.

A principal questão política - ou sociológica, se se preferir- é que, nas sociedades desta era de consumo de massas e de democracia "representativa", tudo é feito para afastar as pessoas de uma verdadeira intervenção na vida pública.
Os «especialistas» de tudo, ou seja, os «doutores da treta», encarregam-se de «pensar por nós», de falar e escrever o que lhes apetecer, nos seus termos. 
Aquilo que fazem ou dizem é relevante apenas porque lhes foi concedido o monopólio da palavra e da presença nos écrans; os restantes membros da comunidade, os que teoricamente são também cidadãos, apenas têm que ouvir e calar. Dizem-lhes: «vão votar»! Ao mesmo tempo que reduzem ao acto de votar toda e qualquer participação da cidadania, negam-lhe o conhecimento real e verdadeiro das escolhas que lhes apresentam … 
O cidadão é tratado exactamente como sendo menor mental: tal é o desprezo pela inteligência do cidadão-eleitor, que apelam ao voto com campanhas publicitárias feitas de imagens e slogans vazios. 

O sistema mantém-se pela passividade, pela exploração da tendência para a preguiça, pela ausência de curiosidade, da grande maioria. 
Este sistema está desenhado para funcionar na perfeição, com cidadãos apenas interessados em «resolverem» seus assuntos pessoais e seguirem os seus ídolos do desporto, da canção, do cinema… 
Estas formas de alienação funcionam por personificação. O  imagina-se na pele do seu ídolo: consegue aceder a um «estado de graça», identificando-se com o jogador no relvado, ou a cantora no palco, num cenário de sons e cores, etc…  
Assim, transformou-se o povo numa enorme multidão de adolescentes eternos/as, apenas desejosos/as de dar vazão a seus desejos, às suas pulsões. Tais pulsões implicam sempre o consumir, o usufruir dum estatuto especial ou «status», exclusivo duma «elite» do dinheiro. Não é preciso que este consumo seja óptimo, mas tem que ter a chancela mediática que identifica seus consumidores como gente privilegiada e que as outras invejam – supostamente - por não terem possibilidade de tal consumo de luxo, desse tal esbanjar, afinal. 

Assim, o sistema político-mediático que nos governa está permanentemente a inverter os termos daquilo que foi sendo consignado nas constituições e nas leis, ao longo de dois séculos e meio. Os textos legais permanecem, em muitos casos, mas são letra morta, porque não tem havido correlação de forças favorável a que se imponha o seu respeito. Este esvaziamento da democracia tem sido levado a cabo nos últimos 30 anos, pelas políticas ditas neoliberais no domínio económico, acopladas ao crescente autoritarismo político e à reconstituição dos privilégios para uma pequena minoria. 
É essencialmente contra este neo-feudalismo que têm lutado os movimentos sociais nos finais do século passado e primeiros decénios do presente século. 

A passivização do público, a sua transformação em seres pulsionais, em «crianças para toda a vida» é o objectivo dos defensores dos privilegiados. 
As pessoas estão condicionadas a pensarem os políticos como uma casta à parte: os que «sabem sobre todos os assuntos», que «têm ideais e que os defendem com ardor», que - por vezes - mentem, mas «que se lhes deve dar um certo desconto».
O que as pessoas não compreendem é que os políticos profissionais são pessoas comuns, com os seus defeitos e qualidades. Quando são entrevistados ou participam num evento público, têm por detrás o aconselhamento dos especialistas em imagem, têm gabinetes de apoio onde pessoas com valências técnicas, que eles/elas não possuem, lhes vão decifrar questões de economia, de saúde, de relações internacionais, etc. 
Assim, aquilo que dizem em público, será ou aparenta ser, profundo; sobretudo, será aquilo que seu auditório cativo, seu eleitorado e o público em geral, desejam ouvir.

Uma intervenção nesta política-espectáculo mais se pareceria com um jogo de espelhos. Tal intervenção seria análoga àqueles percursos labirínticos nas feiras, com espelhos que nos desorientam e nos fazem andar em círculo… 
A primeira coisa que alguém terá de fazer se deseja entrar neste jogo, é desfazer-se de qualquer prurido moral quando se trata de abocanhar um naco de poder, de influência, de visibilidade mediática… A segunda, será de escolher e seguir o líder, alguém com mais poder, em condições de favorecer o candidato, colocando-o numa lista em posição elegível.

Face a esta desoladora paisagem, face a este espectáculo de cinismo e ganância obscenas, as pessoas sensíveis...
- ou se recolhem num mundo pessoal, íntimo, cultivando seus «jardins secretos»; 
- ou se sentem desesperadas e descrentes de tudo e acabam por se auto destruir, pelas dependências a drogas e de um estilo de vida que acaba por desembocar no suicídio, muitas vezes. 
As pessoas com carácter forte, rebelde, não conformadas, por vezes adoptam uma postura quixotesca, sem qualquer esteio prático, porque não se inserem nas lutas sociais, na vida quotidiana de seus concidadãos e sonham com românticos Che, afinal um mito construído. 
Os restantes, os que escolhem o caminho estreito da resistência realista, mantendo-se próxima do sentir dos outros, sem se auto proclamarem como chefes, estes são demasiado poucos para serem capazes, por si sós, de inverter a tendência.

Embora tudo o que escrevi acima pareça de um pessimismo atroz, não o é, pois é a partir da constatação de uma dada situação, tendo identificado as nossas falhas de toda a ordem, que podemos encontrar os meios para se avançar. 
Não se trata de cruzar os braços e lamentar a nossa impotência, mas antes, de ver como ela foi construída, confeccionada pelos poderes, embora ela não seja uma fatalidade. Porém, um diagnóstico crítico e auto-crítico é necessário para desenharmos estratégias individuais e colectivas, que não terão de ser únicas, nem uniformes, mas que deverão ser confluentes. 
Esta será a metodologia capaz de contrariar e inverter, subvertendo a presente ditadura, que se reveste das aparências da liberdade e da democracia. 
Ela será realisticamente eficaz e alcançará a sua finalidade, se conduzir a que as pessoas se ergam e livremente, democraticamente, moldem o presente e o futuro de suas vidas e das sociedades.


sábado, 14 de janeiro de 2017

NA GUERRA, A PRIMEIRA VÍTIMA É A VERDADE...


Estamos à beira de uma guerra, mas ninguém no Ocidente se incomoda com isso. 
A opinião pública foi quase completamente anestesiada com a política-espectáculo e essa guerra é vista como mais um espectáculo. 
Só que, desta vez, pode ser bem pior do que aquando do desencadear das guerras locais, pois será uma guerra entre super-potências nucleares. O público, os eleitores, os contribuintes, dos países ditos «ocidentais» só se incomodarão quando os efeitos baterem às sua porta. 

A horrível guerra civil na Síria só começou a incomodar os europeus quando estes tiveram de abrir as portas dos seus países a um mar de refugiados. Mesmo nessas circunstâncias, não lhes interessava saber como é que a guerra (imposta a essas populações) destruíra o modo de vida dos sírios e as vidas de muitos parentes deles. O que lhes importava era se o seu modo de vida iria ser perturbado pela presença dessa gente de «tez escura». 

Há dias, li uma notícia sobre o estado de espírito na Dinamarca, segundo a qual muitos estariam convencidos que «os Russos vêm aí...». Ora, os dinamarqueses são um pequeno povo, mas com um nível elevado de cultura. Como é possível terem uma ideia tão absurda como a do exército russo ir invadir o seu território? Como é que estão convencidos que os russos querem destruir as suas infraestruturas? Qual seria o objetivo de uma coisa dessas? A população com medo, sujeita a uma lavagem de cérebro permanente não pensa, não equaciona as coisas. É lhe fornecida propaganda da forma mais neutra, como se fossem informações absolutamente verificadas, quando se trata, na melhor das hipóteses de conjeturas.
Não são conjeturas, as concentrações massivas de equipamento bélico ofensivo ultra sofisticado acompanhado de muitos milhares de tropas da NATO, nas fronteiras da Rússia, supostamente para «defenderem» os estados «ameaçados». Fazem reviver o «papão da guerra fria», desencadeando um reflexo anti-russo nestes povos, assim como noutros, incluindo os dos EUA que pouco sabem da história europeia, na qual participa desde sempre a Rússia. 
Nos EUA, um inquérito de rua a jovens com cerca de vinte anos mostrava que estes não sabiam nada da Guerra Civil (entre os estados do norte e do sul dos EUA), muitos nem sabiam que o norte tinha saído vencedor! Perante essa incultura abismal, entre jovens que nasceram e frequentaram a escola nos EUA, não nos podemos espantar da ignorância mais ou menos total no que respeita à história e cultura europeias.
O legado de Obama é realmente abismal. Numa correria contra o relógio, antes de sair da presidência, procura criar situações de conflito com a Rússia e a China, para embaraçar o eleito, mas ainda não empossado, presidente Trump. 
Vejam aqui  a extensão das manobras que o Estado profundo (Deep State) perpetua, para obrigar o novo presidente a obedecer aos «neo-cons» (que dominam o setor da defesa e diplomacia do governo Obama). 
Os neo-cons têm uma doutrina segundo a qual os EUA são a força indispensável, o benigno império do bem e da democracia, sem o qual o mundo cairá no caos, devendo portanto ser a superpotência única, não devem deixar que qualquer potência esteja em condições de disputar a supremacia. 
Neste caso estarão a Rússia e a China, pelo que eles, neo-cons, acham que se deve fazer uma política eufemisticamente designada por «containement», na realidade de provocações permanentes, com vista a encontrar um pretexto para uma guerra. 
Eles desejam esta guerra, porque estão convencidos que, se lançarem um primeiro ataque, ele seria suficientemente devastador para inviabilizar uma riposta da potência atacada.
Isso é loucura total, numa escala absurda, pois põem em risco a segurança global, põe mesmo em severo risco a população civil dos EUA. 
Com efeito, os dirigentes da China ou da Rússia podem, a certa altura considerar que já chega de seus países estarem constantemente a serem ameaçados por um país agressivo de 350 milhões de habitantes (1300 milhões, só os chineses, 1/5 da população de todo o planeta). 
Pensem que eles se podem sentir tão ameaçados que arrisquem -eles próprios - a desencadear um ataque nuclear de surpresa, arrazando os EUA e muitos dos países ditos aliados, na realidade vassalos!
Felizmente que Putin e Xi Jin Pin não são instáveis e caprichosos, projetando o seu ego numa força militar, ao contrário de dirigentes americanos e alguns europeus. 

O agravamento da crise económica mundial, o não crescimento/recessão mundial que estão previstos para muito breve, vão originar pressões, não necessariamente no seio de grandes potências. Para «aliviar» a pressão sobre os governos, por parte das pessoas descontentes, recorrem a políticas belicistas, que acabam por conduzir a uma guerra. Tradicionalmente, a «unidade nacional» era assim obtida, evaporando-se ou silenciando-se as vozes críticas do governo, por imperativo «patriótico».

No nosso século, como verificámos, os tambores da guerra soam cada vez mais alto. Quando as pessoas «normais», nada inclinadas a aventuras belicistas, acordarem... será tarde demais!!!